Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

2012 - UM NOVO ANO, UM NOVO COMEÇO. ATÉ ONDE IR?



2012 - Um novo ano, um novo começo. Até onde ir?

Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça...

                  Não faz tanto tempo assim que comecei minha saga na internet. Fico pensando como o mundo da voltas. Usar uma internet para falar com amigos espalhados por todos os lugares? Nunca pensei isso. Mas um dia aconteceu. Claro já escrevia muito do que penso e do que aprendi no escotismo, mas em maquinas simples de datilografia. Um dia achei que poderia começar. Abruptamente fiz um blog. Acho que foi em março de 2010, parece que foi ontem! Risos.

                  Até hoje me pergunto se valeu à pena. A resposta minha é sim, a dos meus amigos e leitores não sei. A cada dia procuro ver através da minha pequena visão se este foi o Caminho para o Sucesso. Se isto significa ou significou alguma coisa. Claro, todos sabem que hoje não participo mais diretamente em grupos escoteiros, a saúde me reservou surpresas. Talvez este tenha sido um dos motivos dos blogs.

                 No meu primeiro blog tentei criar um estilo. Meu estilo. Amo a UEB nasci com ela no movimento, mas nunca concordei com tudo que fizeram (e fazem). Amigos meus dizem que não, mas acho que nossos líderes não são tão simpáticos e se agarram a função como se estas lhes pertencessem. (risos, só eu penso assim) É como se morassem em um castelo onde determinam o valor dos impostos e quem não pagar será expulso da terra sem nenhum direito (risos)

                Em troca dão pequenas sugestões sem ver as necessidades dos seus súditos. Não consultam a burguesia. Para comentar o que pensava criei o Blogspot do chefe Osvaldo em março de 2010. Rabisquei outros artigos, pois sabia que bater só numa tecla não seria bem recebido ou compreendido pelos futuros leitores. Confirmei que esta não era uma preocupação de todos os escotistas. Postei um pouco dos meus conhecimentos técnicos na condução de seções. Senti que a maioria se interessava por estes artigos e não os outros.

                Não pretendia ensinar nós, orientação ou sinais de pistas. Isto se encontra em centenas de blogs existentes e nos livros da UEB. A idéia era outra. Quatro meses depois o blog se deslanchou. Publicava e publico um artigo a cada vinte dias. Gostava e gosto do blog. Mas sempre tive uma queda por contar historias, pois passei por situações sui-generis na minha vida escoteira. (muitos acham que as historias foram vividas por mim, engano)

Porque não fazer outro blog? Como já tinha diversos fascículos do "Velho" Escoteiro prontos desde a década de 70, surgiu então o blog do "Velho" Escoteiro e suas historias. No principio foi muito fácil. Tinha mais de 40 fascículos escritos. Ao escrever os fascículos me baseei em um antigo Escotista, já falecido. Depois adaptei outras situações me lembrando de uma das melhores coleções escoteiras já escritas. “Opiniões do Delta”. O blog foi criado em setembro de 2010. Neste coloco um fascículo novo a cada 30 dias.
              
                  O blog não deslanchou, mas caminha com suas próprias pernas. Já tem seus seguidores. Estava na hora de fazer o que gosto. Contos Escoteiros. Escrevi em uma semana quatro contos. Montei o blog e em um só dia publiquei as quatro historias. Isto em fevereiro de 2011. Não fez o sucesso esperado no início. Vi que a maioria dos leitores são ávidos em temas técnicos. Por isso o motivo do sucesso do blogspot do chefe Osvaldo. Contos Escoteiros está crescendo. Já está em segundo lugar de freqüência de todos blogs que publico.

                   Três blogs. O tempo já não estava tão fácil de administrar. Como adoro escrever contos, sempre tenho três ou quatro prontos à espera de publicação. A cada vinte dias posto um lá. Mas não estava satisfeito. E se saísse da linha escoteira? Poderia escrever contos não escoteiros? Pelas barbas do profeta! Não deu outra. Escrevi dois contos em uma semana. O blog nasceu. Era uma vez um Conto Fantástico foi publicado em março de 2011. Publico um conto novo a cada trinta dias. Está indo. De vez em quando aumenta os leitores.

                  Gosto dele. É diferente. Mas estava difícil de manter todos eles com artigos e contos uma vez por mês. Se isso não acontece sei que o blog é abandonado. Agora eram quatro. Ainda bem que sou aposentado, mas não é fácil escrever todos os dias. E pensei em outro. Cinco? Mas este último seria mais fácil. Já tinha em meu poder diversas passagens da minha vida em situações divertidas. Porque não fazer um blog? Fiz. Não faço propaganda dele. Vai lá quem quer. Muitos não irão se interessar. Saudade não tem Idade recebe no máximo quinze visitas por mês. Acho que por curiosidade.

                    Não gostava do Facebook. Mas aprendi a gostar. Oferece mais oportunidades de conversar com amigos escoteiros que o Orkut. Aprendi e criei um grupo. Comecei a postar no grupo. Primeiro artigos diversos e depois pequenas adaptações de artigos e historias dos blogs. Diversos amigos também postam temas interessantes. Sempre tem algum novo a cada dia. Como os temas são de duas ou três paginas não posso publicar no Orkut. Ele não aceita. À medida que publicava outro artigo, os anteriores ficavam escondidos no grupo do Facebook.

                     E lá estava eu novamente. Em novembro de 2011 o blog ficou pronto. Alguns se interessaram em conhecer principalmente amigos do Orkut. Agora eram seis. SEIS blogs!!! Um trabalhão. Ainda bem que escrevo um artigo simples ou um conto escoteiro em poucas horas, mas tem outros que ficam guardados nos “meus arquivos” esperando surgir à idéia final. Nem sempre surgem. Para dizer a verdade tenho mais de dez lá esperando uma luz, um “eureka”- risos.                    

                   Uma vez, li uma frase do Chaplin que dizia “Gosto dos meu erros, não quero prescindir da liberdade deliciosa de me enganar”. Acredito que cada um saiba o que se aproveita ou não dos seus erros particulares, mas talvez a liberdade e a delícia de nos enganar, esteja exatamente naquele pequeno prazer de nos sentir certos sobre as decisões. Assim vou levando a vida e meus blogs. Claro, gostaria de ter inúmeros leitores. O número de leitores somando todos eles é razoável. Aproxima-se a quarenta visitas diárias. Só as cidades brasileiras que visitam o blog são aproximadamente de trezentos e noventa. Países aproximam-se de oitenta.

                    Ainda é pouco. Vejo blogs que dizem ter cem duzentas visitas por dia. Risos. Nunca alcançarei isso. Afinal não temos tantos escotistas e escoteiros assim que se interessam pelos meus escritos. Acredito que não vou desistir. Não sei quanto tempo poderei continuar a postar. A vida nos reserva surpresas e elas devem ser bem recebidas. De uma maneira ou de outra fui honesto nas minhas publicações. Sei que não terei aplausos dos membros diretores do nosso escotismo nacional. Paciência. Mas que eles saibam que desejo que acertem no seu caminho para o sucesso.

                    Se contribui com alguma coisa para uma abertura democrática no escotismo, fico satisfeito. Se minhas historias serviram para divertir quem as leu, mais satisfeito fico ainda. Talvez eu seja como aquele que por fora está desistindo. Por dentro, no entanto sempre encontro uma desculpa para recomeçar. Tenho o escotismo dentro de mim, nunca mudei minha maneira de pensar, mas adaptei muitas coisas que hoje já aceito melhor.

                     Acredito até que o escotismo poderá ser grande, forte e unido dentro dos seus padrões que hoje são definidos. Quem leu meus artigos sabe o que penso. Mas torço por uma maior aproximação das diversas organizações escoteiras em nosso país do mais alto escalão ao mais humilde. Não se faz escotismo só com dirigentes, se faz com chefes abnegados. Eles sim deveriam receber honrarias pelo seu trabalho. Mas como disse em um dos meus blogs, “Chega de caçenga, que os entretantos estão chegando”

Que o ano de 2012 seja um novo começo para o escotismo. Que todos que estão agora de lados opostos, possam sentar a mesa e confraternizar. Que não haja represálias e que o nome escotismo que Baden Powell nos trouxe, sejam de todos e não de um somente. Ninguém é dono de uma idéia. BP não deu direito alienável a ninguém. Assim começa uma democracia, aceitando que os outros possam viver felizes dentro dos princípios que o escotismo oferece.

Sempre Alerta para todos

Osvaldo um escoteiro

Apesar da força poder proteger em casos de emergência, apenas a justiça, decência, consideração e cooperação conseguem finalmente levar os homens para a aurora da paz eterna.


BLOGSPOT DO CHEFE OSVALDO – http://vado1941.blogspot.com
CONTOS ESCOTEIROS                     -  http://historiasescoteiras.blogspot.com
O "Velho" E SUAS HISTÓRIAS –       http://chefeosvaldo.blogspot.com
ESCOTISMO E SUAS HISTORIAS  -  http://escotismoesuashistorias.blogspot.com
CONTOS FANTASTICOS                     http://contosdoosvaldo.blogspot.com
SAUDADE NÃO TEM IDADE              - http://chefe-osvaldo.blogspot.com

SEM ÓDIOS E SEM RANCORES, SERÁ QUE ENCONTRAREI ESSA TAL FELICIDADE?


Sem ódios e sem rancores, será que encontrarei essa tal felicidade? Fasc. 69

Quem é você? Depende de três fatores. O que você herdou, o que o ambiente fez de você, e o que sua livre escolha fez desse ambiente e desta herança.

A todos os escotistas que trazem no pensamento a ação do amor e da fraternidade
               
                     Foi um dia atípico. Meus pensamentos na fabrica me levavam para longe do que estava fazendo. Isto não era bom. Eu sabia que devíamos separar o que fazemos aqui do que somos lá fora. Todos sabem disto. Mas não conseguia voltar à mente para a rotina da fabrica. Ruim isso. Lembrava-me do primeiro dia que conheci o "Velho". Muitos anos se passaram. Acho que mais de oito. Eu também estava envelhecendo. Será que algum dia serei como ele?

              O "Velho" cada dia que passava ficava mais distante. Ainda estava lúcido, mas de vez em quando se calava, olhava para frente como se nada mais existisse. Ficava assim por minutos absorto e muitas vezes horas e horas. 88 anos. Muitos anos. Mas tinha um semblante ainda alegre, seus olhos brilhavam quando podia falar de escotismo. Fora sua vida. Vivera para ele e a Vovó. Eu não sabia o que seria de mim se o perdesse. Se não ouvisse mais sua voz, seus conselhos. Sabia que esse dia iria chegar, mas tinha medo, muito medo. Eu amava o "Velho". Acho que até mais que o meu pai – Que Deus o tenha!

              Platão dizia que devemos temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência. Será? Ou então o que dizia Oscar Wilde que os velhos acreditam em tudo, as pessoa de meia idade suspeitam de tudo e os jovens sabem de tudo. Risos. Não acredito nisso, acredito mais nas ultimas palavras de Platão que devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice.

             No domingo de natal fui a casa dele. Senti seu olhar distante. Desta vez fui acompanhado de minha esposa. Ele não a reconheceu. Olhou-me com aquele olhar enigmático e perguntou – Ainda está vivo? Risos. Devia ter dito "Velho" eu te amo! Não passei com ele a virada do ano. Não deu. Desta vez acompanhei minha esposa a casa dos pais dela. Não dava para escapulir. Sabia que o "Velho" iria sentir a minha falta, muita é claro. Eu era o único que lhe fazia companhia em todas as horas fora a Vovó é claro, sua companheira inseparável de uma vida.

              No grupo fizeram uma grande confraternização. Foi uma semana antes do natal. Cada um levou seu “bornal” com bolos, salgados e refrigerantes. Uma festa e tanto. Mais de trezentos participantes entre membros do grupo e seus parentes. O "Velho" não foi. Vovó disse que ele não estava bem. Passou o dia inteiro em seu quarto. Que ano novo o esperava? Não sabia. Acreditava que iríamos ainda conversar muito. E olhe nunca lhe dei um abraço e poucas vezes um aperto de mão. Um beijo no rosto? Nunca. Achava que ele não iria gostar. Mas que gostaria isso sim gostaria.

              Foi uma linda tarde. Cada tropa se esmerou no pequeno teatro montado no pátio. Cada uma fez uma apresentação teatral e gostei demais das lobinhas da alcatéia Waiganga. Fizeram com perfeição a historia quase completa da Embriaguês da Primavera. Sensacional. Perfeito! Mas a tropa de guias não deixou a desejar. Fizeram uma representação da canção da despedida totalmente diferente. Cada guia corria até os escoteiros, sorria e cantava alto, as demais em coro. E assim foram de patrulha em patrulha. Lindo! Marcou.

              No final uma delegação de monitores e monitoras, alguns pioneiros e escotistas em companhia do Diretor Técnico foram até a casa do "Velho" com a Vovó. O "Velho" desceu as escadas com alegria. Claudicando mas abraçou a cada um. Um santo remédio para o "Velho". Ele adora visitas. Todos se foram. Eu fiquei. O "Velho" me olhou e disse – O que faz aqui? Porque não foi passear com sua esposa? Menino é só um "Velho". Vá procurar melhores companhias. Ri por dentro. Sabia que no fundo ele adorava que eu estivesse ali.

              Depois que todos se foram, o "Velho" se dirigiu a sua coleção de discos LPs. Mexeu, mexeu e retirou de lá um LP de Tchaikvsky, ou melhor, Piotr Ilitch Tchaikovsky. De São Petersburgo na Rússia onde nasceu em 06 de novembro de 1983. Era considerado o maior compositor romântico em seu pais.  Embora não faça parte do chamado Grupo dos Cinco (Mussorgsky, César Cui, Rimsky-Korsakov, Balakirev e Borodin) compositores nacionalistas daquele país, sua música se tornou conhecida e admirada por seu caráter distintamente russo, bem como por suas ricas harmonias e vivas melodias.

             Suas obras, no entanto, foram muito mais ocidentalizadas do que aquelas de seus compatriotas, uma vez que ele utilizava elementos internacionais ao lado de melodias populares nacionalistas russas. Tchaikovsky, assim como Mozart, é um dos poucos compositores aclamados que se sentia igualmente confortável escrevendo óperas, sinfonias, concertos e obras para piano. Em poucos segundos estávamos ouvindo  Sinfonia Manfredo, si menor, Op. 58. Baseada no poema dramático Manfredo, de (Lorde Byron). É, o "Velho". Sabe escolher. Ficamos minutos em silencio. Nem nossa respiração ouvíamos.

              Não sei quanto tempo ficamos ali. Mas como sempre a Vovó apareceu com seu lanche maravilhoso da tarde. Desta vez simples. Um queijo curado, fatias de goiabada, pães de queijo quentinho, pãozinho Frances com margarina, rosquinhas deliciosas, brevidades e leite, suco e um café fumegante. É a Vovó. Sempre se esmerando a tratar bem das visitas. Ficamos ali por longo tempo saboreando as delicias da Vovó.

               - Quanto ódio, quanto rancor disse o "Velho". Não entendi. Que ódio "Velho"? Ele me olhou de soslaio e não me deu resposta. Passou alguns minutos de olhos semi-serrados. – Porque não dar as mãos? Porque não dizer que podemos ser amigos? Não há perdão? – Não estava entendendo o "Velho". Um processo judicial antigo que se arrasta há anos, disse. Criou magoas profundas. Expandiu para outros. Fizeram de um desentendimento algum que prejudicou a muitos. São coisas que aconteceram há muito tempo. Ninguem dá o braço a torcer e olhe este não é o escotismo que nós dois conhecemos.

                Fiquei pensativo. Não sabia de nenhum processo. Nunca tinha ouvido falar. Mas devia ser algum grande, enorme para o "Velho" se manifestar daquela maneira. – Veja bem continuou. (Falava baixinho, quase sussurrando), alguns se arvoraram em donos. – Donos de que "Velho"? Perguntei. Sem resposta. – Veja bem, quantas palavras bonitas foram escritas em todos os sites onde participam milhares de escoteiros. Todos desejando boas festas, feliz ano novo, feliz natal. Abraços, sorrisos canções.

                - Mas não vi nenhum dirigente nacional dizendo – Nós da liderança desejamos a vocês um bom natal, um prospero ano novo. Nenhum deles apareceu. Por quê? Se sentem superiores? Devem ser procurados? Nunca irão se aproximar dos demais inferiores? – O "Velho" se calou e fechou os olhos. Parecia dormir. Abriu os olhos e continuou – Difícil distinguir se é ódio, se é rancor, se é prepotência ou sei lá o que. Ninguém quer dar a mão primeiro. O coração fechado. Lei? Ora a lei. Amigos de todos é só para os outros, irmão dos demais é só entre eles.  

                  Fiquei ali imaginando e pensando nas palavras do "Velho". Mas ele continuou enfático - Vocês que estamos começando agora, não percebem isso. Tem uma mente limpa, amiga, simpática, e suas preocupações são outra. Pensei comigo, acho que o "Velho" está certo. Criou-se uma casta, uma tradição entre eles, quase hereditário. Fazem as leis, as normas tudo sobre o prisma que consideram democráticas, mas no fundo não são. São estatutos pré fabricados. Dois ou três escrevem e a maioria aprova sem pensar que poucos opinaram. E vão aprovando aprovando.

                    Não existem consultas, nunca existiu. Uma meia dúzia sabe o que se passa e concorda. Quem discorda é defenestrado. – Veja você continuo o "Velho", alardearam uma escolha de quem quisesse se apresentar para a alta cúpula que enviasse um currículo. Passou uns meses e sabe quem foi o escolhido? O Vice-presidente da liderança anterior. Escolha? Risos. É para rir mesmo. A pessoa certa estava em casa. Lembro que a uns 10 ou 15 anos atrás, jornais de renome trouxeram na página de empregos, a procura de um alto executivo para a liderança nacional. Alguns meses depois foi escolhido alguém que já estava com eles. Para que o anuncio?

                     O "Velho" fechou os olhos. Não ouvi sua respiração. Esperei. Fiquei preocupado. Fui até ele, nada, seu pulmão parecia ter parado de funcionar. Medo enorme! Não "Velho", não faça isso comigo. Não agora. Ele abriu os olhos. Olhou-me e perguntou – O que houve?  Riu e me disse – Calma, ainda vamos ficar uns bons tempos juntos. Tenho que ver as mudanças que precisam ser feitas. Tem muitos prometendo. Não posso morrer antes. Soube de amigos que tem alguns tentando mudar, mas tirar o carrapato que agarrou nas partes íntimas é muito difícil. O "Velho" deu uma boa gargalhada.

                    Olhei no relógio, quinze para a meia noite. Mais um dia com o "Velho". Desta vez ele descarregou em mim suas agruras. Não sei se era verdade. Não tinha amigos na liderança. Não conhecia ninguém lá. Nunca fui a um Congresso, como todos os outros minha preocupação era outra. Vivia pelos jovens. Para mim o que importava. Mas será que o "Velho" não tinha um pouco de razão? Só posso afirmar uma coisa, nos dois sites importantes onde entro quase diariamente, neste natal e ano novo não vi nenhum deles se manifestando. Quem sabe se dirigiram de outra maneira e não fiquei sabendo.

                   Ora de ir. Pena, estava tocando na vitrola antiga do "Velho", o Conserto para piano n. 1 em si bemol. Sabia que a seguir seria o Quebra-nozes. Não dava mais para ouvir. Acho que foi em junho de 1893, que ele recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Cambridge. E em outubro do mesmo ano sua saúde se agrava profundamente. Dia 6 de Novembro de 1893 Tchaikovsky morreu aos 53 anos, em São Petersburgo.

                  Falar mais o que? Tchaikvsky? Dirigentes? Festas, ano novo? Claro, que 2012 seja o nosso ano. Ano que o escotismo possa provar para a nação que podemos mudar para melhor. É "Velho", você não pode me abandonar. Não agora. Sinto que sem você não serei mais o mesmo escoteiro de antes. Sei que a vida continua, mas preciso de você como o peixe precisa da água para viver. E lá fui eu andando pela rua deserta, sem chuva desta vez, sem carros buzinando, só uma lua redonda que nem um queijo no céu.
                               
Adeus Ano Velho!

O ano está indo embora
Com ele, sonhos se vão
Mas é chegada a hora
De pensar nos que virão...

Existem sonhos guardados
Bem no fundo do coração
Passa ano e são renovados
Estes jamais morrerão...

Ano Novo seja bem vindo!
Vou te recepcionar
Te esperarei sorrindo
Não vou deixar de sonhar...

Carol Carolina


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CHEFE ESCOTEIRO? CLARO QUE SIM, EU SOU! Fasc.68


Chefe Escoteiro? Claro que sim, eu sou! – Fasc. 68

Os pais e os chefes escoteiros são os heróis que os filhos acreditam e, naturalmente, confiam que, junto deles, sempre estarão protegidos.
Nenhum obstáculo deverá ser grande o bastante para mudar essa realidade. Para isso, nós, pais e chefes, devemos fazer tudo o que for necessário para continuarmos sendo os heróis deles, e quando menos esperamos, recebemos como recompensa, a gratificante frase; “Você é o melhor pai/chefe do mundo!”

Aos chefes e assistentes de todas as sessões no Grupo Escoteiro, são eles os verdadeiros heróis que fazem do Movimento Escoteiro um orgulho para todos nós.
                Tenho muitos amigos chefes escoteiros, e uma enormidade de jovens amigos e amigas do movimento. Estou em um Grupo Escoteiro do qual muito me orgulho. Grande, enorme, mais de 220 participantes. Sei que sou mais um e não apenas um. Sou um mero assistente sênior apesar de ter a IM de Alcatéia e Escoteira. Sou muito procurado por outros grupos escoteiros. Disseram-me uma vez que um educador não é um ser humano perfeito. É alguém que tem a serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender.

                   Estive visitando o Grupo Escoteiro de um grande amigo. Ele insistiu para que eu fosse lá. Fizemos quatro cursos juntos. Costumamos sair em família. Ele também é casado e sem filhos. Ele insiste para que eu vá para o Grupo Escoteiro dele. – Olhe você é apenas mais um lá (meu grupo ele dizia). Você sabe, somos poucos, muito poucos. Agora mesmo os seniores e guias ficaram sem chefia. Eu tento ajudar, mas não dá para ficar em duas sessões diferentes. Comentei com o Diretor Técnico e ele disse que iria ver o que podia fazer.

                 Para falar a verdade não me animei com a idéia de mudar de lado. O "Velho" até me aconselhou a pensar. Devia ir lá, estudar quem dirigia o grupo e então tomar uma posição. Mas sinceramente me achei em casa estranha. Não da maneira que podem pensar nada disto. O Diretor Técnico até que era uma boa pessoa, mas se colocava em uma posição de líder, de grande chefão e não gosto disto. Vejo é claro no escotismo que precisamos de hierarquia, sem ela não se vive. Mas existe uma diferença, considero todos irmãos escoteiros. Nada de me apresentar com eu sou eu e você é você.

                Outro dia um Escotista me disse que não iria demorar muito, e alguns dirigentes dos nossos órgãos superiores irão dizer – “Sabem com quem estão falando?” Risos. Brincadeira minha, não me levem a sério. Acredito que uma educação de qualidade começa com a valorização do educador. Esta valorização advém do respeito proveniente do reconhecimento. Não achei que o Diretor Técnico estava valorizando seus poucos chefes de sessão. Achei que ele estava valorizando a si mesmo.

                Voltei lá outras vezes, mas fui sincero com meu amigo. Acho que vocês estão sozinhos. Não vi em seu Diretor Técnico alguém que pudesse arregimentar outros adultos facilmente. Sem querer ensinar você - disse - Quatro coisas para mim são essenciais em um dirigente. Seus conhecimentos, a sua conduta, a sua integridade e sua lealdade. Não sei se poderia ter ali no grupo tudo isso. Estou vendo você fazendo enormes sacrifícios. Vejo que até gasta o que não tem com o Grupo e com sua Tropa Escoteira. Precisamos de abnegados, mas vai ser difícil vocês arregimentarem voluntários.

               Voltei para casa triste. Sei que não perdi a amizade do meu amigo. Para dizer a verdade, eu acredito que a primeira função de um chefe escoteiro é ensinar a ver, sentir e fazer. Afinal não estamos lidando com robôs, e sim com pequenos seres em plena descoberta do conhecer e o experimentar. Quem nada tem nada pode dar. Eu só posso doar aquilo que tenho. Sou um chefe escoteiro e sei que o outro precisa de mim, portanto preciso ter alguém para doá-lo.

               Hoje saí mais cedo do meu trabalho. Ficar em casa não era do meu feitio. Arrumei algumas coisas e deixei um bilhete para minha esposa. Ela é claro saberia onde eu estaria. Na casa do "Velho". Nem bem subi a escada que levava a varanda e eis que na janela lá estava ele sorrindo. – Ora viva! Mais um desempregado! Que vergonha! Nem vem que não tem, não posso arrumar emprego para você. – O "Velho" era assim mesmo. Ele sabia que eu era responsável e estava a muitos e muitos anos na mesma empresa.

                Entrei e não vi a Vovó. Ele riu. Sua mamata de lanchinhos hoje não vai dar. Tire o cavalinho da chuva. Ri com ele. Ela saiu com a filha. Não disse aonde ia. (claro que disse, mas a maneira dele era assim mesmo). Não sei se voltam hoje ou se vão passar uma temporada na praia! Os almoços e lanches acabaram. Acho que só voltam o ano que vem. – Tudo bem "Velho" eu disse – Mas você vai se alimentar onde? – Ora ora, você não me conhece? Sou escoteiro rapaz, e dos bons. Faço qualquer tipo de alimentação.

               Adoro o "Velho". Seu estilo é inconfundível. Não precisava dizer nada a ele.. Se eu não fosse mais a sua casa, acho que morreria mais depressa. Ele até que recebia visitas, mas muito esporádicas. Eu era o único que praticamente o visitava duas ou três vezes por semana e aos domingos passava o dia inteiro com ele. E como aprendia! Muito mesmo. Não só escotismo. O "Velho" era uma verdadeira escola da vida. Hoje admiro o clássico, as operas, as grandes orquestras do passado tudo devido a ele. Sem contar escritores que nunca em minha vida pensei em ler seus escritos.

               Entrei, sentei em meu banquinho de três pés, e o "Velho" estava junto a sua vitrola antiga, a escolher mais um LP, pois ele apesar de poder comprar, nunca se animou a trocá-la por um bom aparelho de som mais moderno. Ele adora ver o braço da vitrola ir e voltar quando terminava o disco. E suas escolhas? Sensacionais. Hoje ele estava mais para Mantovani. Um regente que conhece e sabe o que faz. “A lenda da montanha de cristal” fluía divinamente dos seis altos falantes de sua vitrola. Annunzio Paolo Mantovai (pronuncia italiana? Annuntsjo Paolo mantova) nasceu em 15 de novembro de 1905. Ficou conhecido mundialmente como Mantovani. Maestro e compositor tinha um estilo todo especial.

               Fiquei ali com o "Velho" extasiando meus ouvidos com tão belas melodias. Ainda deu para ouvir Songs of Praise e Itália Mia. Para mim era sempre um dia inesquecível de todos os dias que visitava o "Velho". Cada dia uma surpresa. Não sabia que ele amava tudo isso. Aprendi com ele a amar também as belas melodias, óperas, clássicos. Lembro bem o que disse Rubem Alves sobre musica:

- “Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cincos linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes”.

          Mas tudo que é bom dura pouco. Ora de conversar. O "Velho" esperava como se estivesse numa curva do rio, aguardando a fisgada de um bom piau-três-pintas. Um dos mais difíceis para fisgar. Sempre foi assim. Lembro-me do passado quando o conheci. Seu indefectível cachimbo, o cheiro achocolatado, até que um dia o seu médico disse – Ou para ou então vai viver no máximo um ano e olhe lá. O "Velho" olhou para ele e ia dizer um palavrão, mas sorriu e disse: - Tens razão. Saio daqui e nuca mais vou cachimbar. E nunca mais cachimbou.

          Cachimbo é diferente do cigarro. Existe uma técnica toda especial para usá-lo. A escolha do tipo do cachimbo, saber amaciá-lo (não é fácil) preparar um blends no ponto (misturas), ou seja, algumas espécies de tabacos resultando em sabores surpreendentes. Existe a maneira de encher o fornilho, socar com o socador, deixar um furo para a saída do ar, e depois se refestelar em uma poltrona e sentir o cheiro muitas vezes antes de acender. Nunca usei um cachimbo. O "Velho" tinha mais de 200. Presentes de amigos. Ele dizia, eles não entendem nada. Cachimbo não é presente é escolha pessoal.

            Entrei no assunto que estava na minha mente a semana toda. "Velho" disse – Eu estive lá no Grupo Escoteiro do meu amigo. Aquele que lhe falei. Não gostei do que vi. Para não ser severo com tudo, voltei lá mais duas vezes. Não adiantou. A primeira impressão ficou. Notei lá "Velho", que os chefes estão desamparados. O Diretor Técnico mesmo sendo um bom homem não tem condições de liderança, não sabe arregimentar. Os chefes que ainda ficaram estão à deriva. Tentam de tudo. Não existe apoio.

            O "Velho" me olhou de soslaio e como aquele olhar peculiar ficou pensativo não sabendo na hora o que responder. Passaram-se minutos. Não disse nada. Era o "Velho" que conhecia. Alguns minutos depois ele falou devagar, baixo, e tive que prestar uma enorme atenção ao que ele dizia. – Sempre achei meu amigo - disse – E sempre afirmei que não é possível desenvolver nenhuma programação com os jovens quando o Escotista responsável não tem o aval de todo o Grupo Escoteiro. Não se pode fazer nada se o Diretor Técnico não for competente na sua área.
  
             Ele hoje responde por todo o grupo e também pela sua diretoria. Faz a ligação e orienta os escotistas na sua lida semanal. Um bom Grupo Escoteiro se desenvolve quando aqueles que são responsáveis pelos escotistas do grupo, dão a eles condição de desenvolver seu trabalho, provê-los dos meios necessários e estar ao lado deles sem influir em seu trabalho. Um bom Diretor Técnico tem de ter carisma. Não digo que é um dom nato. Isto até pode ser adquirido.

             Mas, continuou o "Velho" – Se os Escotistas não estiverem bem assessorados, seja na parte material, nos cursos de formação (obrigação do Grupo Escoteiro arcar com as despesas, inclusive de transporte) e sempre receber um sorriso e um muito obrigado do Diretor Técnico, poucos, mas muito poucos iram querer assumir como voluntários no Grupo Escoteiro. O Diretor Técnico sabe o que tem de fazer. Ele não deve esperar elogios. Ele tem é a obrigação de elogiar seus escotistas. Assim como os chefes devem elogiar seus assistentes.

            Uma das maiores decepções de um chefe é saber que não tem nenhum apoio por parte daqueles que o dirigem. Todos precisam deste apoio. Eles são necessários para que exista uma diretriz que afinal de conta nada mais é que a formação de jovens dentro do método esperado. É necessário ver que os escotistas de sessões e claro o Diretor Técnico esperam sempre um incentivo, pois só assim iram saber que os verdadeiros chefes são aqueles que ofertam o que tem e o que sabem, e, mais do que tudo, ofertam seus sentimentos, suas lágrimas aos outros.

             Se isso não é reconhecido, não vale à pena continuar a jornada. O Diretor Técnico é quem é o responsável por tudo isso. Nos cursos de formação ele deve na medida do possível participar de todos. Sua principal função e objetivo é incentivar aos seus comandados (amigos) a fazer o mesmo e dando a eles plenas condições não só financeira como apoio moral e intelectual. Posso dizer para você e você também pode me confirmar. Procure ver os Grupos Escoteiros mais bem organizados, com efetivo acima da media, um bom número de escotistas participantes e vais ver que ali tem um Diretor Técnico que agrada a todos e faz seu trabalho com perfeição, abnegação e altruismo.

              Os Grupos Escoteiros que sentem dificuldade no seu crescimento, que não conseguem manter um corpo de Escotistas para seu desenvolvimento quantitativo e qualitativo, eu analiso que, ou pode ser por falta de experiência na direção ou porque o Diretor Técnico está esperando honrarias ou não se imbuiu ainda na sua responsabilidade. Shakespeare dizia que o ouvido humano é surdo aos conselhos e agudo aos elogios. Uma verdade sem sombra de dúvida.

             Quando entramos como voluntários no movimento escoteiro, esperamos é claro que haja algum tipo de agradecimento e este para nós velhos escoteiros seria o sorriso de um jovem e ver seu crescimento dentro dos padrões da lei escoteira sendo mantidos por toda a vida. Mas também esperamos um sorriso do Diretor Técnico e quem sabe até um “tapinha” de leve a dizer – Muito bom o seu trabalho. O Grupo Escoteiro se orgulha em ter você conosco! Já pensou nisto? E claro você iria retribuir dizendo, obrigado, se não fosse você eu não faria nada!

             Já pensou o Diretor Técnico chegar e elogiar e abraçar seus chefes? Um distrital chegar ao Grupo Escoteiro e elogiar o Diretor Técnico? O dirigente regional fazer o mesmo com seus distritais? E os dirigentes nacionais elogiando os regionais?  Afinal quem não gosta de um elogio? Um “tapinha” nas costas, um “muito obrigado” um “parabéns”? - O "Velho" riu. E riu com nunca tinha visto.

         – Olhe meu amigo, no escotismo é o contrario, cada um espera ser abraçado, elogiado esquecendo que para receber você tem primeiro de dar seu exemplo. Eu sempre dou belas gargalhadas com dirigentes que olham para você como se eles estivessem se sacrificando, que não gostariam de estar ali, e entra ano e sai ano lá estão eles. Firmes! Sorrindo entre si e com os demais com aquele semblante de cansado. Brinco muito, você sabe, quem é da “Corte” nunca irá querer ser um súdito.  E olhe, a uma luta “surda’ de muitos desejosos de pertencer a “Corte” - “O que a Corte decidir, os súditos terão de obedecer’ não seria assim?

             O "Velho" parou de falar, ouvimos vozes. A Vovó chegava. Sua filha a trouxe, mas não entrou. Vovó me saudou me pediu desculpas por não estar em casa para me receber. Linda a Vovó. Ela e o "Velho" faziam um par incomparável. Eu os admirava. Quarta feira gorda. Amanhã é outro dia. Pela rua quase deserta eu como sempre ruminava tudo o que o "Velho" disse. Concordava. Não tinha como ser contrário. Um carro passou por mim buzinando e atrás latas e latas amarradas. Risos. Mais um que se casou. Espero que ele seja tão feliz como o "Velho" e a Vovó. Desculpe, eu também era feliz!

Você pode conquistar uma ‘rosa’ fazendo muitos elogios.
Pode até sentir teu inigualável perfume.
Mas, só tocará nela sem se machucar,
Se aprender lidar com seus espinhos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A CORTE ESTÁ EM SESSÃO!


A Corte está em sessão! Fasc. 66

"O julgamento desejável e correto é aquele em que, usando-se variados exames das circunstâncias, se reconhece o que é justo.” 

 (Amiano Marcelino) 

"Estamos habituados a julgar os outros por nós próprios, e se os absolvemos complacentemente dos nossos defeitos, condenamo-los com severidade por não terem as nossas qualidades. "

 (Honoré de Balzac) 


A todos aqueles que foram julgados culpados e foram condenados no escotismo. Lembrando a Palavra de Jesus Cristo - "Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgados, e com a medida com que medis sereis medidos."

Capitulo I      

        Uma sexta feira normal. Muito calor, um prenuncio de chuva para o fim de semana e eu chegando a casa na hora certa. Nem sempre isto acontecia. Sexta sempre ficava mais tarde na empresa. Um servicinho aqui outro alí e quando assustava a noite tinha chegado. Mas nesta sexta não. Cheguei cedo. Um banho, chinelos, e repassei o programa da tropa para o dia seguinte. Era assistente senior. Mas sempre me delegavam atividades que aos outros não eram delegadas. Não sei por que, mas acho que por minha proximidade com o "Velho". Acredito que me achavam mais qualificado. Bem, poderia considerar isso como uma honra.

     Estava absorto em meus pensamentos e na minha leitura quando uma discussão em vóz alta na rua me chamou a atenção. Cheguei à janela e vi dois vizinhos meus conhecidos discutindo em altos brados. Fiquei curioso. Não era comum. A rua onde morava sempre foi pacífica, todos se cumprimentavam e nunca houve um caso como aquele. Outros vizinhos acorreram, mas qual não foi minha surpresa que um dos contendores sacou uma arma e atirou a queima roupa no outro. Um susto tremendo. Nunca esperava aquilo.

      Corri para a rua e o que atirou havia fugido. Logo uma ambulância e vimos que o tiro tinha entrado no ombro, portanto afastou-se o perigo de morte. Porque razão? Eram bons amigos. As familias sempre se visitavam. O motivo? Uma bola de futebol. O pai de um jovem que chutou uma bola no carro do outro foi tirar satisfações. Uma bola, um tiro. Mais tarde o que atirou se apresentou a policia. Fiquei pensando o que acontece no dia a dia com as pessoas. Um desentendimento futil poderia ter levado a uma morte. Um pai de familia, outro pai de familia.

     Lembrei-me de fatos diários na metropole que morava. Mortes, agressões, roubos todos os dias. Quando pensava nisso me lembrava do escotismo. Uma fraternidade, amigos, forjando caráter, ética, respeito. Não seria bom se todos fossem escoteiros? Não poderia ter sido evitado tantas violencias? Bah! Uma palavra que aprendi ha pouco tempo. Bah! Não era verdade. No escotismo os jovens se entendiam perfeitamente. O mesmo não acontecia com os adultos! Casos pipocavam e muitos deles ficaram na clandestinidade. Não sei se era interessante não vir ao conhecimento da familia escoteira. Graças a Deus o Bullyng ainda não fazia parte do escotismo. (será mesmo?)

     O escotismo estava mudando. Continuava este movimento lindo como o conhecemos, mas nem tudo era um mar de rosas. Aqui e alí surgiam casos contados por um e por outro. Julgamentos ditatoriais, desentendimentos, esquemas forçados para uma solução que nem sempre agradavam as partes. Cada caso, um caso. Acreditava que qualquer que fosse o motivo, o bom senso devia prevalecer. Pipocavam aqui e ali fatos e estes nem sempre eram bem explicados pelos nossos dirigentes. Diziam que tais episódios não eram de bom alvitre levar ao conhecimento de todos.

     Eu não pensava assim. Nunca aceitei julgamentos que não fossem públicos. Não conheço muito de leis, mas minha consciencia acreditava que ser “Salomão” era uma tarefa difícil e a justiça escoteira poderia errar. O que via não era mais uma grande fraternidade regida por uma só organização. Outras estavam aparecendo. Um amigo me dizia ser natural. Elas existiam em outros países e se davam bem. Mas aqui eu não via isso. Uma disputa, uma contenda em dizer, - Eu faço certo voce não.

     O sábado ia chegando. Precisava revisar o programa da tropa. Eu gostava da tropa senior. Agora com a presença das guias tudo fluia melhor. Uma nova motivação. Mas as patrulhas não eram mistas e as jovens não deixavam a desejar quando em disputa com os seniores. A amizade entre eles era muito grande. Mais de vinte e quatro. Quatro patrulhas de seis e eu sabia que havia uma fila de espera. O Diretor Técnico nos tinha informado. A probabilidade de ter uma segunda tropa senior estava fora de cogitação por enquanto.

     Antes de dormir fui saber do vizinho. Informaram-me que ainda estava no hospital. Ele passava bem. Deveria retornar no domingo para sua casa. Soube que o outro que atirou chorava na delegacia. Um arrependimento tardio. Claro sempre válido. Era um tema interessante. O "Velho" seria “importunado” por ele (o tema) no domingo. Era o dia que sempre o visitava. Claro que em dias de semana também. No entanto aos domingos passavamos o dia juntos e eu sempre me deleitava com o almoço da Vovó.

     Foi uma reunião extraordinária. Uma participação maciça e olhe que dificilmente algum senior ou guia faltavam. Os monitores tinham planejado uma viagem pelo “espaço sideral” através da sede. Pediram duas horas só para isso. Soube que se prepararam a semana toda. Viagem ao “espaço sideral”. Isto mesmo. A patrulha teria que atravessar todo o pátio sem pisar no chão. Uma distância de mais de 60 metros. Dificil eu pensava. Mas as audaciosas guias fizeram a viagem com uma facilidade tremenda e ganharam dos seniores. E olhem, foi proibido perna de pau. Tinha que ser a mais de dois metros de altura e no percurso cada patrulha deveria ter seus patrulheiros juntos.

     Como? Podem perguntar. Não vou contar. Se voce tem ou colabora com uma tropa senior fale com eles. Deixe que eles desenvolvam. Copiar não vale. A primeira patrulha (de guias) viajou pelo “espaço” em quarenta minutos e a última uma hora de dez (de senior). Ainda deu para cantar belas canções. Apareceram dois violões uma clarineta e um arcodeon. Cantaram como se estivessem em uma grande apresentação de fogo de conselho.

      O melhor mesmo foi o jogo de encerramento. Bolado por um senior. Foi feito um circulo com giz e as patrulhas ficavam uma atrás da outra em parte do círculo, bem juntos, como se fosse um castelo de cartas e ao sinal empurrava-se o primeiro que caia de costas empurrando o segundo e assim sucessivamente. Seria como se fosse um grande dominó. A primeira patrulha a cair tinha de levantar rápido e se postar atrás da última. O jogo terminava com a volta no círculo ou se alguma patrulha não conseguisse chegar a tempo. Um divertimento perfeito. Ri a vontade. Um dominó humano!

      No domingo dormí até tarde. Minha esposa já tinha levantado e como sempre perguntei se iria comigo a casa do "Velho". Desta vez para surpresa minha ela disse que não. Combinou em sair com umas amigas e estaria de volta antes das cinco. Eramos um casal quase perfeito. Cada um respeitava os limites do outro. Dificilmente discutiamos. Minha residência ficava a uns cinco quarteirões da casa do "Velho". Resolvi ir a pé. O dia estava lindo, uma brisa gostosa soprava e eu precisava fazer uma caminhada. Isto me fazia bem.

     Para surpresa, ao subir os dez degráus que me levavam a varanda da casa do "Velho", eis que vi alí mais três adultos da mesma idade que ele (83 anos). Não era comum. Eles se divertiam, cantavam, e ao apresentar-me o "Velho" disse: - Todos da patrulha Raposa onde eu era o monitor e depois juntos na patrulha senior Turuna (valente em tupi-guarani). Cada um deles se apresentou a moda militar. Batendo os calcanhares e fazendo uma reverencia dizendo Sempre Alerta! Simpáticos. Gostei deles a primeira vista. Vi que alí uma amizade de mais de setenta anos se fazia presente. Difícil ver e acreditar que ainda existia.

     Entrosei-me logo. Eles apesar da idade tinham uma memória fantástica. Que belos momentos deveriam ter passado. Quantas aventuras! As histórias rolavam uma atrás das outras. Ainda desconhecia este outro lado do "Velho". A Vovó apareceu sorrindo com petiscos que eu já conhecia. Junto a uma deliciosa caipirinha. Uma calabresa ao molho de cebola, coraçõezinhos de galinha no ponto, carne com macaxeira (uma manteiga por cima da macaxeira com tomate, cebola etc.) requeijão fresco, camarão frito, postas pequenas de fritas de cascudo (um peixe de água doce, uma delicia).

      Estavamos alí no regalo, com historias mil aparecendo, quando a Vovó nos chamou para o almoço, nada mais nada menos que a sua fenomenal feijoada, e digo com sinceridade que nunca comi nenhuma melhor do que a dela. Pululavam lá dentro do panelão, costelinhas de porco, lingüiça de porco pura, paio, carne seca da boa vinda do nordeste, pé de porco, rabinho e para acompanhar um arroz soltinho com rapa. Uma cove picada de primeira, laranjas, daquelas grandes, que para dizer a verdade não sei onde Vovó conseguia naquela época.

     Eu sabia que após o almoço, o cochilo não podia faltar, não sabia se seria acompanhado pelos quatro patrulheiros, que em nenhum instante paravam de falar. Comi a mais não poder. Retirei-me para o meu banquinho de três pés na sala grande e lá coloquei uma partitura de Wagner – Wilhelm Richard Wagner, nascido em Leipzig, 22 de maio de 1813. Faleceu em Veneza em 13 de fevereiro de 1883. Para mim não só um maestro, mas um dos maiores compositores e ensaista, mundialmente conhecido por suas óperas e dramas musicais. Uma das suas melhores composições tocava agora baixinho na vitrola antiga do "Velho". Tristan und Isolde. Um marco da música moderna reconhecida por muitos.

A Corte está em sessão! Fasc. 67

Aprende que com a mesma severidade com que julga você será em algum momento condenado. 

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. E você aprende que realmente pode suportar. 

que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. 
E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.


A todos os membros escoteiros que participam de Comissões de Ética nos órgãos escoteiros da União dos Escoteiros do brasil. Um trabalho extraordinário. Saint-Exupéry dizia que é bem mais dificil julgar a sí mesmo que julgar os outros. Se consegue fazer um bom julgamento de ti, é um verdadeiro sábio.

Capítulo II

      Como sempre o pigarro do "Velho" me acordou de supetão. Ele estava só. Seus amigos tinham partido. Olhou-me como se eu tivesse culpa. - Porque não me chamou disse! – Seus olhos piscaram faíscas. – Seu ronco falou – Você os assustou. Não disse nada, sabia que era uma das manias do "Velho". Ele calmamente sorrindo explicou que tinham compromisso com as esposas. Estavam de passagem e não podiam faltar aos compromissos assumidos com elas. Preferiram não acordar você.

        Olhei pela janela e o sol já estava se pondo. Dormi um bocado. Ainda dava para ouvir os acordes de “Das Rheingold” (O Ouro do Reno). Wagner era incomparável. Olhei para o "Velho" e como sempre o inquiri a minha moda, de supetão, sem o deixar pensar muito. "Velho" – Tenho notado, que aqui e alí vários casos de tomadas de decisões e julgamentos dentro do escotismo tem acontecido. Agora em maior quantidade que no passado. Soube de casos que mereciam mesmo a exoneração do escotista. Mas vejo, no entanto que alguns grupos estão atuando ditatorialmente, com seu lider querendo ter o poder nas mãos sem consultas às normas escoteiras.

      O "Velho" me olhou, pigarreou olhou para o teto e não disse nada. Fiquei como ele, calado também. Passado alguns minutos ele começou. Seu jeito, seu estilo, agora sabia que tinha engrenado a conversa. – Olhe disse, aqui e alí tenho ouvido casos. Como voce sabe, aprendi a usar a internet. Fiz uma centena de amigos e trocamos idéias. Muitos deles me pedem conselho como se eu fosse um “Salomão” com todas as soluções a mão. Não sou. Sou mortal como todos.

       - O "Velho" continuou - Soube de um senior que foi suspenso por sessenta dias. Isto mesmo. Sessenta. Um amigo me contou. Não sei se foi verdade. Não importava o motivo, afinal tratava-se de um jovem de quinze anos. Mesmo tendo cometido erros justificáveis para a suspensão o que foi feito foi uma arbitrariedade. Não teve nenhuma defesa. Nao foi discutido em Corte de Honra, não houve ata, seus pais não foram comunicados. Voce sabe, eu não tenho autoridade no escotismo. Entretanto não aceito que alguns dirigentes não conheçam as normas estatutárias. Aconselhei aos pais que fizessem um ofício aos órgãos distritais, regionais e nacionais. Não precisava de tanto. Mas uma lição teria que ser dada não só a este dirigente e que outros tomassem conhecimento para tal erro não se repetir. Não mandaram o ofício. Foram pessoalmente a região.

       Um escotista recém incorporado a minha lista de amigos na internet, escotista esse que quase diariamente mantemos um bate papo agradável, contou-me que por estar aposentado e com tempo útil, foi convidado a colaborar em uma organização não escoteira, lá foi e resolveu colocar o lenço. Imagine que o distrital da área soube e implicou. Sua “excelência” achou que devia ser comunicado com antecedência e ele não podia usar o lenço. Correto, mas um homem só pedir autorização? E olhe, o distrital o ameaçou com o Conselho de Ética, expulsão e criou uma situação patética, não condizente com a fraternidade escoteira.

       Eu mesmo fui testemunha de um caso acontecido há alguns anos, onde um escotista DCIM decidiu encostar as chuteiras, mandou um ofício a quem de direito. O Diretor de Adestramento (Nome na época). Conhecido por ser um religioso, enviou outro ofício solicitando a devolução do lenço, do anel, do certificado, do colar com as contas, das condecorações etc. No ofício nem costou – Olhe obrigado pelo seu trabalho. So Rindo. Só faltou pedir a cueca escoteira que ele tinha comprado em Londres. Porque devolver? Se não vai mais participar, é uma forma de lembrança, pois tudo isto não foi dado de mão- beijada. Foi motivo de muita luta e teve custos.

    Continuava o "Velho" - Veja bem, são três casos. Poderia dizer que são poucos. Não são. O número de descontententes aumentou consideravelmente. Tudo porque alguns poucos líderes não estão preparados para atuar como dirigente. A prepotencia e a arrogância estão sendo a tônica. Graças a Deus que são minoria.  No entanto estes estão causando com isto um estrago. Com isso provocam o afastamento de muitos adultos que não aceitam estas imposições. Organizações escoteiras paralelas estão aumentando a cada dia. E o pior, nestas também não se vê nada democrático nas lideranças que são sempre as mesmas.

      Mas "Velho", disse – O que se pode fazer a respeito? – Não sei, respondeu. Não sei mesmo. Hoje se tenta melhorar a aceitação dos voluntários ao escotismo. Normas foram criadas. Até uma figura de um acessor. Uma boa idéia. Mas e os resultados? A cada dia a “boca pequena” vocè ouve casos e mais casos. Se são verdadeiros não sei. A seriedade eu acredito tem de ser grande. No entanto a democracia tem de ser maior. Os grupos muitos deles têm de se profissionalizar com tal fato. A responsabilidade dos dirigentes do abandono de adultos e jovens é grande. Agora maior ainda com o movimento feminino.

      - Olhe, continuou, não discordo das Comissões de Éticas. Elas têm de existir. Não podemos deixar tudo a “Deus dará”. Mas falta diálogo. Falta bom senso. Uma boa conversa, em local apropriado se consegue resultados excelentes. O mau disto tudo é que não seguimos o que aprendemos. O Sistema de Patrulhas, a tropa como um todo nas soluções dos problemas, o Grupo com seu Conselho de Chefes atuantes, e um bom e saudável Conselho de Grupo, é a solução ideal para agir na mais perfeita liberdade democrática.

     No passado, quando era um dirigente regional, tivemos vários casos que mereceriam uma Comissão de Etica ativa. Nunca usamos. A visita in-locum um bom diálogo, e um bom entendimento, não só se resolvia como faziamos amigos para sempre. Tive dois casos que mereceram exoneração. Falei com eles, expliquei pessoalmente. Pediram demissão. Melhor assim. Hoje não. Parece que o diálogo sumiu. O bom senso acabou. Um amigo me disse um dia que o escotismo é um ótimo lugar para que aqueles que não conseguiram uma posição de mando em suas atividades fora do escotismo. Estamos cheios de sargentões (que me desculpem os sargentos)

    Não sei. Não acredito muito nisto. Mas temos muitos “mandões” “sargentões” e olhe não vai demorar em surgir nas fileiras escoteiras o tão festejado pelas autoridades brasileiras. “Sabe com quem está falando?” A continuar a arrogancia de alguns, não vai demorar que o culpado irá ser colocado a frente de seu grupo, despido de seus distintos e expulsos conforme os padrões militares. E com todas as honras! A conferir se isto não aconteceu antes.

     O "Velho" fechou os olhos e como se estivesse voltando ao passado disse – Olhe, um jovem atuante, que não falta às reuniões não deve ter esse tipo de tratamento. Se ele cometeu erros posso afirmar que seu chefe tem culpa. Um adulto que quer ajudar e é tolhido por outro, tenho motivos para acreditar que a falta de diálogo e informações precisas não aconteceram. E olhe, não adianta me dizer que os dirigentes já sabem do problema e diversas normas já foram expedidas. Ainda sou daqueles que como minha Avó dizia – Quem quer anda, quem não quer manda. Estamos mandando muito e andando pouco.

      Poderia dizer mais, quem sabe na introdução na década de 70 de uma frase na Promessa Escoteira. Um dirigente, vendo que precisava obter maior obediência aos adultos que se aproximavam do movimento. No final se dizia também – “E servir a União dos Escoteiros do Brasil’. Precisávamos disto? Acho que ele previa uma grande debandada de insatisfeitos em busca de novos rumos. E hoje os julgamentos se multiplicam como se aqueles que não mais queriam estar na UEB deviam ser considerados traidores.
 
       Vovó chegou com seu carrinho de despedida. Um lanche noturno. Como sempre dizer dos quitutes ali colocados não era fácil. Vovó se esmerava a cada dia. Paramos o diálogo, ou melhor, um monólogo, pois deixava o "Velho" falar. Claro eu sabia de sua experiência. Logo me deliciei com um pãozinho doce, salpicado de galinha desfiada ao molho de tomate, um lindo bolo de Maçã, e diversos canapés de todos os tipos. Um chocolate quente, um frapê de uva compunha o acompanhamento líquido.

        Fui embora cedo. Ainda não era meia noite. Deu ainda para ouvir um pouco de Wagner. Das Liebesverbot (amor proibido) era tocada na vitrola antiga do "Velho". Richard Wagner fez de sua vida, uma jornada das alturas do Romantismo para a crise suprema do movimento que ele mesmo orquestrou. Sua linguagem musical derrubou todos os conceitos aceitos de harmonia, uma vez que apontava para o início do período pós-romântico e além. Seu trabalho é sem dúvida um dos pilares sobre os quais repousa a música ocidental.

        A rua estava deserta. Um vento forte me tocou a face. Chuva na certa. Pingos começaram. Logo uma chuva torrencial. Não me importei. Não corri. Deixei a agua correr pelo meu rosto. Em pouco tempo estava todo molhado. Sorria de mansinho com tudo que o "Velho" me ensinou. Sabia que é preciso uma autodisciplina interior, uma maturidade intelectual, uma seriedade moral. Senso de dignidade não se adquire assim.

          Não podemos ser escotistas preguiçosos, levianos, egoístas e indiferentes. Já dizia Blaise Pascal, que o homem é feito visivelmente para pensar; e toda sua dignidade é todo o seu mérito. Todo o seu dever é pensar bem. Uma conduta irrepreensível consiste em manter cada um a sua dignidade sem prejudicar a liberdade alheia. Gostaria de voltar ao passado, nas áureas epocas do escotismo alegre, amigo e fraterno, onde as comissões de ética ainda era um sonho irrealizável.

Se tem algo que ataca a dignidade humana; É o tratamento diferenciado a quem de fato não merece.
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.