Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Normas e condutas escoteiras.




Conversa ao pé do fogo.
Normas e condutas escoteiras.

                 Coisas interessantes para meditar. Sugestões para chefes escoteiros novatos, pois os antigos já fazem isto sem sombra de dúvida.

Primeiro - Em todo o Grupo Escoteiro a admissão do jovem ou da jovem não deve ser encarado como um simples ato de admissão. Valorizar seu primeiro dia assim como o dos seus pais é um passo para que ele se sinta importante em pertencer a uma associação escoteira onde encontrou a fraternidade que tantos apregoam. Após a apresentação onde se dará a importância da cerimonia, onde ele e os pais foram apresentados com uma salva de palma escoteira e algumas palavras de boas vindas, um Chefe da sessão que ele vai pertencer deve estar preparado para manter com ele ou ela, uma troca de ideias, com um sorriso, ouvindo mais que falando e saber o que ele ou ela quer, quais são suas ambições quando entrou e então explicar como será sua vida ali na sessão daí por diante e sua importância com todos os novos amigos. Claro que muitos grupos passam esta responsabilidade ao Monitor, mas sempre o Chefe deve ser o primeiro a conhecer o máximo de seu novo amigo na tropa ou Alcatéia. Ninguém será um bom Escotista se não conhece bem os seus amigos escoteiros/a ou lobinhos/a que estão atuando em conjunto.

  Segundo - Gritos sem necessidade, palavrões ou procedimentos não condizentes por parte de algum membro da tropa ou Alcatéia não deve ser motivo para providencias em outra hora ou data. Ao sentir que a lei ou a honra da tropa ou Alcatéia está sendo colocada em confrontação, o Monitor ou o Chefe deve atuar na hora e claro em particular tentando ao máximo mostrar que ele é um amigo e não um inspetor disciplinar. Muitas vezes uma boa conversa resolve mais que Conselho de Patrulha ou Corte de Honra. É sempre bom lembrar que nunca se chama ninguém a atenção na presença de todos. Tudo é feito em particular. Ameaças, suspensões não fazem parte da educação que queremos mostrar a eles. Não esqueçamos que quando entraram exigimos a presença dos pais e uma boa conversa com eles ajudam bastante.

Terceiro - Todo Grupo Escoteiro, Tropa ou Alcatéia deve ter suas normas que sempre serão lembradas. A postura do Escoteiro/a ou lobinho/a deve ser exigida desde o primeiro dia. Quando for fazer sua promessa lembrar que agora ele será um representante do grupo e como tal deve ser visto por todos a sua volta. A ida para casa ou a vinda ao grupo ou mesmo em atividade, a apresentação deve ser ponto de honra para ele e exigido pelo seu Escotista responsável. Alguns grupos aceitam que membros vistam seus uniformes na sede. Não é uma boa prática de cidadania, marketing e exemplo.  

Quarto - Dizer muito obrigado seja bem vindo, eu gosto de você, você é importante para nós devem ser palavras incentivadas por todos os membros do Grupo Escoteiro e ditas sempre que possível. O exemplo começa com o Diretor Técnico e a diretoria. Olhem bem para o jovem que o recebe como ele fica. Saber que é importante naquela organização para ele significa muito. Se considerarmos o Grupo Escoteiro como uma família, atuar como uma deve ser ponto de honra para todos.


 Quinto - Se você não se preocupar com os pais no primeiro dia que é procurado no Grupo Escoteiro, dificilmente conseguirá apoio deles no futuro. Uma admissão deve ser levada tão a sério como uma matricula no colégio ou muito mais. Não aceite explicações tais como – Só eu pude vir. Meu marido trabalha e assim por diante. Claro existem exceções, mas tome cuidado com muitas delas. Eles não sabem, mas quem precisa do escotismo são eles e não você. Você é um voluntário que está ali para ajudá-los e eles precisam saber disto. Portanto a presença de ambos é necessária. Explique o que o escotismo pode fazer para o filho ou a filha. Tente ouvir deles as duvidas. Diga sem meias palavras que quem vai entrar são eles e os filhos podem vir juntos. Ao primeiro sinal da falta em uma reunião de pais, eventos de pais, ou convites especiais para colaborarem em alguma atividade, sinal vermelho. Olá seu Antônio. Não veio ontem? Olá Dona Lourdes, dei falta da senhora no sábado! E assim cobrando pessoalmente ou por e-mail educados é claro, eles terão uma ideia que são importantes. 

domingo, 25 de maio de 2014

“O FANTÁSTICO JOGO NOTURNO NA MISTERIOSA ILHA DO GAVIÃO NEGRO”


“O FANTÁSTICO JOGO NOTURNO NA MISTERIOSA ILHA DO GAVIÃO NEGRO”

Caríssimo Chefe Osvaldo. Acabei a pouco de ler seu livro. ADOREI!!! Leitura leve, dinâmica e com um suspense saudável. Nos faz querer acabar logo para ver o que acontece em seguida. Claro que sou uma devoradora de livros, mas, quando a leitura te envolve fica muito mais gostoso. (de uma leitora amiga).

Se você ainda não recebeu o que está esperando para pedir? Mais de 640 leitores já leram. Um livro de Escoteiro para Escoteiro. Uma história incrível, e você vai amar o Chefe Remo, os monitores e os dois Escoteiros seniores. Alma do jogo. Vamos lá, escreva para mim: - Chefe Osvaldo, me mande já urgentíssimo em PDF o livro O Fantástico Jogo Noturno na misteriosa ilha do Gavião Negro. Chefe lembre-se GRATUITO! Pronto, espere e vai receber ainda hoje.

Pense uma tropa de 28 Escoteiros sedentos de aventuras em um grande jogo noturno. Pense em quatro monitores da pesada, daqueles que a patrulha confia até a morte. Pense em dois seniores colaboradores que darão a vida para que exista um jogo misterioso e fantástico. Pense em dois chefes aventureiros que fazem do jogo a maior aventura de suas vidas. Agora jogue todo mundo em uma ilha misteriosa com centenas de gaviões negros e um Velho de barba branca coberto somente por um couro de cobra e que pula de galho em galho como um macaco. Agora entre na pele destes Escoteiros onde cada patrulha lutou para chegar a um ponto da ilha e vai ter de atravessá-la de uma ponta a outra durante uma noite escura e sem luar dentro de uma floresta. E para terminar pense em centenas de armadilhas que faz com que cada Escoteiro fica estarrecido com o silêncio e depois o barulho infernal da floresta como se o céu desabasse sobre a ilha. E para terminar pensem em uma luta de “morte” no final do jogo no Forte Hã-Hã-Hãe-quibaana. E que como diz a lenda de histórias de mistério “Só um pode sobreviver”! E aí, vai ficar sem a maior aventura escoteira de todos os tempos?

elioso@terra.com.br 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O herói que não morreu.


Conversa ao pé do fogo.
O herói que não morreu.

“Papai Noel, você que não se atrasa,
Na visita anual que faz a terra
Vê se pode mandar voltar em minha casa
“O meu papai que foi brigar na guerra”

Tenho dificuldades de lembrar-me desta história. Passou-se no inicio da década de cinqüenta. Estava com 11 anos, e ao contar, pode haver lapsos de memória ou mesmo falta de sincronismo. Espero que me perdoem. Afinal tenho bloqueios de minha época de menino, e mesmo assim vou tentar ser bem fiel ao fato que ainda tenho dúvidas se aconteceu. Tinha renovado minha promessa, pois fora lobinho por três anos e meio, e estava lutando para “tirar” minha segunda classe. Havia 10 meses que fizera a passagem. Não era fácil. Como muitos conseguiram, eu também ia conseguir. Participava da patrulha Lobo. Um ótimo time e gostava de todos os meus amigos patrulheiros, alcunha bem conhecida na época.

Não me esqueço de que naquela ocasião quem conseguisse a primeira classe e se fosse bem à prova de técnica e segurança da faca e machadinha (das pequenas) poderia usá-las no cinto. Via o orgulho do Monitor e do sub, alem do Nonô, que exibiam pelas ruas em seus cintos, a faca do lado direito e a machadinha encapada do lado esquerdo, na vinda e ida à sede. Sonhava em fazer o mesmo. Mas não é esta a história. Ela não é sobre mim. Ela é do Tito. Um jovem moreno claro, cabelos pretos, olhar triste, calado e que se tornou um enigma para mim. Da precária lembrança recordo que Tito adentrou na patrulha cinco meses após minha chegada. Sua apresentação foi bem estranha. Não havia sorrisos em seu rosto. No grito da Patrulha ele nada dizia nem mesmo acompanhar com os lábios.

Em reuniões de Patrulha Tito não se manifestava. Várias vezes notei que ele estava em sintonia com alguém. Não sabia quem ou o que podia ser. Não ouvia vozes só sua maneira de olhar, balançar a cabeça como concordando. Tito era estranho. Estranho mesmo. Os outros não comentavam. Aceitavam Tito como ele era. Um dia procurei o Chefe Jessé e comentei sobre o fato. Expliquei que não falei nada para a patrulha. Não queria criar um clima ruim de falta de confiança ou mesmo de fraternidade. Claro, tinha conversado com o monitor e ele me disse que nada observou. O meu chefe de tropa era um “cara” legal. Disse que não me preocupasse. Cada um de nós temos os nossos problemas e agimos conforme fomos criados em nossa família. Disse também que poderia notar que irmãos sempre são diferentes e compete a cada um de nós aceitarmos como são.

Quando ia saindo o Chefe preocupado, me pedindo reserva, e não comentar-se com ninguém, que o pai de Tito, um Australiano, nos últimos meses da guerra, se alistou. Foi imediatamente enviado para frente de batalha, já em território alemão onde foi morto por uma granada que explodiu a sua frente. Sua mãe já estava grávida de oito meses quando ele partiu em 1943. Tito nasceu prematuro. Seus avôs resolveram não ficar na Austrália e vieram para o Brasil. Ele sabe o que aconteceu. Não esconderam nada. Fiquei pensativo. Talvez na minha pequena cabecinha de jovem de 12 anos não pudesse raciocinar direito e entender como hoje entendo. Mas uma semana depois já tinha esquecido boa parte do que o chefe me contou.

Acredito que comecei a me preocupar e até a ficar com medo, em um acampamento de fim de semana que fizemos nas Corredeiras de São Mateus. Por duas vezes acampamos lá. Um lindo local. Bom arvoredo, e muitas plantações de coqueiros que o proprietário do terreno não tinha plantado e disse que podíamos usar a vontade. Não imaginem grandes corredeiras. Nada mais que um pequeno riacho, que em época de seca, atravessávamos pulando pedras sem molhar os sapatos. Como tinha um belo descampado, com capim comum, armávamos as barracas sem dificuldade e dificilmente seriamos atingidos por uma enchente. Estávamos só a patrulha. Empurrávamos com alegria a carrocinha pela estradinha de terra e vi ao longe uma enorme nuvem negra prenunciando chuva. Como dizia o meu Grande chefe Francisco Floriano de Paula, nuvens baixas cor de cobre, é temporal que se descobre. Se tem chuva e depois vento, fica em guarda e toma tento.

Ainda havia um bom caminho para percorrer. Resolvemos dar uma pequena corrida, pois o caminho era bom sem subida. Olhei em volta e não vi Lito. Estava bem atrás de cabeça baixa, balançando o corpo dizendo baixo, tudo bem! Tudo bem! Veio correndo até nós e nos mandou parar. Paramos. Um raio de enorme proporções caiu a menos de 10 metros alem de nós na estrada. Derrubou uma árvore de bom tamanho. Se Lito não tivesse nos parado não sei o que aconteceria. Quando contornamos a arvore caída, ele disse ao Monitor que não fosse para as Corredeiras de São Mateus. – Por quê? Disse o Monitor. - Fiquei sabendo que uma grande “Tromba d’água” iria cair dentro de poucas horas e vai inundar tudo! – disse.

Ficamos pasmados! Primeiro o raio agora a enchente. Afinal quem era Lito? Ele de cabeça baixa, não falou mais. Fomos até próximo às corredeiras e vimos do alto da estrada que nada havia. Nem chuva, nem Tromba d’água, nada. – Esperem, disse Lito, aguardem. Não demorou muito e um trovejar como se fosse um grande avião pousando mostrou uma enormidade de água vindo. Subimos com a carrocinha uns 10 metros acima do morro e a água tomou conta de todo o vale. Se tivéssemos ido em frente, não sei o que seria de nós. Claro, a inundação teria levado todos. Olhamos para o Lito e ele de cabeça baixa nada mais falou. Bem, não vou entrar em mais detalhes, pois assim como veio, a “Tromba d’água” se foi. Não sujou muito a grama e pudemos acampar com um pouco de tranqüilidade.

Outra vez foi quando viajamos de trem até uma cidade onde iríamos acampar com outra tropa amiga. Lito na estação começou a balançar a cabeça, os braços dizendo, tudo bem! Tudo bem! Sabia que dalí não viria boa coisa. Logo ele procurou o Chefe e disse que o trem iria se atrasar, pois tinha desencarrilhado o último vagão onde morreu o condutor. O chefe foi até ao Chefe da Estação e este não sabia de nada, o trem já tinha partido da estação próxima e deveria adentrar pelos seus cálculos daí a 15 minutos. O tempo passou e nada. Duas horas depois foi enviado uma vagonete para saber o acontecido. Confirmou o que Lito tinha dito. Agora sabíamos que Lito tinha alguma anormalidade. Naquela época não tínhamos idéia de nada. Ficamos é com medo de Lito. Mesmo assim fingíamos que ele era mais um patrulheiro e o tempo foi passado. Ele já tinha notado e mesmo assim continuava.

Estamos em um Acampamento nas férias de julho, onde ficamos por sete dias. Sai só com um facão para tentar achar um galho se possível de goiabeira, pois pretendia fazer um arco e soube que ali conseguiria. Não pretendia ir longe. Só saiamos em dupla e disse ao Monitor que voltaria logo e mostrei aonde iria. Ao subir uma pequena elevação avistei a minha frente, Lito, sentado próximo a um Jequitibá não muito grande e falando com alguém. Não vi ninguém. Fiquei ali a espreita e Lito parou de falar. Alguém me tocou nas costas e quando olhei Deus do céu! Um homem fardado, com uma aureola branca em volta da cabeça e disse para não ter medo. Dizer para um menino de 12 anos não ter medo naquela hora era fora de propósito. Tremia e já ia correr quando ele disse que era o pai de Lito. Como? Pensei eu. O pai de Lito morreu na guerra. Ele leu meu pensamento e disse que sim, havia morrido, mas sua alma vinha sempre visitar Lito. Ele era parte dele. Precisava dele.

Não estava entendendo nada. Meus joelhos tremiam. Notei que minha calça estava molhada e pingando. Verdade. Não vou mentir. Fiz poucas e boas como escoteiro e sênior, mas naquela primeira vez eu era um grande medroso. O tal pai de Lito, sorriu (era bem simpático) e me disse que seu filho tinha uma grande amizade por mim. Ele contava comigo e eu não poderia decepcioná-lo. Para mim tudo bem. Naquela hora concordava com tudo. Não vi mais a aparição. Lito estava ajoelhado e chorando. Chorava e chorava. Fui até ele e o peguei pelo braço. Ele se levantou e me abraçou. Disse que eu era o único que sabia do seu contato com o pai. Ele não tinha contado para ninguém.

Queria ser diferente. Não conseguia. Quando começou a vê-lo não entendia nada. O tempo foi passando até que um dia ele se aproximou e disse que era o seu pai. Ele sabia que a noite eu pedia a Deus para trazê-lo de volta. Afinal que adiantava uma medalha escrito nela herói? Se os tais heróis não voltam para casa, será que vale a pena ser herói? – Não entendi bem o que Lito queria dizer, mas ele continuou dizendo que sua mãe chorava muito. Tentava disfarçar quando ele estava presente, mas seus olhos sempre vermelhos denunciava. Em um natal, quando tinha seis anos, continuou Lito, eu pedi a Papai Noel que trouxesse o meu pai de volta. Ele voltou à noite, e sentado no chão ao pé da minha cama, conversou comigo por um longo tempo. Fiquei alegre, quando acordei e procurei minha mãe não vi mais papai.

Ele me aparecia não freqüentemente. Sempre a me dizer o que ia acontecer, o que devia fazer, me orientava com minhas lições, dizia que estava sempre junto de mim em todos os lugares. Aquilo estava se tornando para mim uma obsessão finalizou ele. Olhe meu amigo, continuou. Adoro o meu pai, mas já pedi a Deus para levá-lo para junto de si. Acho que está na hora de ele partir. Não queria um pai assim, queria ele em carne e osso. Disse isto para ele ontem depois que falou com você. Olhe você é o único que conseguiu vê-lo. Minha mãe não acredita em mim e nem o Padre Lívio. Acho que tudo aconteceu assim como estou contando. Pode ser que tenha tido outras passagens que não me lembro. Só sei que um semana depois, Lito me procurou e disse que se pai ia embora. Despediu dele e disse que o esperaria em outra vida. Disse para não me preocupar. Que iria viver até aos 90 anos. Já pensou?

Lembro que o tempo passou. Dois anos depois fui eleito monitor da Patrulha. Lito era o meu sub. Nos entendíamos perfeitamente bem. Não houve mais comentários do seu pai. Lito se tornou alegre, bem disposto e todos gostavam muito dele. Poucos se lembravam da enchente, do raio e de várias outras premonições dele, claro, pois seu pai era o seu confidente. Muitos fatos se sucederam de forma natural. Vivi o escotismo em sua plenitude. Nunca vi um acidente, um braço ou perna quebrada, um afogamento. Nada. Agradeço a Deus por isto. Mas também tenho que agradecer ao pai de Lito, pois poderia ter morrido com um raio ou com uma enchente. Estou vivo. Graças a Deus.

Daquele passado distante, tento reviver o que aconteceu com Lito. Não lembro. Lá pelos idos de 1971, estava dirigindo um curso de Chefes de Alcatéia, e notei que um aluno me parecia conhecido. Olhei sua ficha, e estava escrito Lindomar Fernando Neto. Não me toquei. No final do curso, ele me olhou e disse – Não lembras meu caro chefe? Lembrei! Agora já homem era a cara do seu pai. Abraçamo-nos, fomos após as despedidas juntos até um restaurante. Jantamos, tomamos uma cerveja (ele só refrigerante) e me contou sua vida depois da minha saída. Não quis casar. Achou que devia ser um discípulo da Igreja de Deus. Entrou em um seminário e agora era um padre da paróquia de São Manoel.


Convidou-me para um dia ir visitá-lo. Eu iria surpreender com o seu Grupo Escoteiro. Sorri. Quem diria! Bem como todo final de história feliz, ele também sorriu. Ele foi para um lado e eu fui para o outro. Nunca mais nos vimos. E que seja o que Deus quiser.


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Só os resultados interessam. BP.


Conversa ao pé do fogo.
Só os resultados interessam. BP.

         Não sou um expert em estatísticas, nem tampouco um especialista em pesquisas de mercado ou outrem. Meus conhecimentos foram adquiridos na Escola da Vida, portanto posso estar cometendo erros. Muitos de nós sempre nos orgulhamos dos nossos conhecimentos. Somos mestres em dizer que é desta maneira que se faz que os números são bons e que o escotismo caminha em passos firmes rumo ao Caminho do Sucesso. Pode ser, porque não? Na década de setenta estive com um Comissário Internacional, um profissional Escoteiro da Associação Interamericana de escotismo. Hoje acredito chamado de Comité ou Região Escoteira e que na época tinha outro nome. Este profissional foi designado para ajudar a expansão em nosso pais. Trouxe em sua bagagem centenas de dólares para nossa expansão (outra historia) Conversamos por vários meses e aprendi muito com ele. Mas lá se foram mais 40 anos. Muita coisa mudou depois disto.

        Uma das conversas foi sobre as mudanças que começaram a se concretizar no escotismo mundial. Um fato interessante foi que ele me disse que na BSA qualquer alteração no programa ou similar não se fazia da noite para o dia. Um profissional da área acompanhava uma sessão escoteira por vários anos para ver se os resultados eram melhores ou piores que os anteriores, pois somente como adulto podia se saber se deram certo. Isto ficou gravado em minha mente e por longos anos nunca fui a favor de mudanças bruscas que não acompanhadas de resultados. Nosso método não é de um dia, uma semana ou meses. Para se saber aonde chegamos com uma mudança demora-se anos. Muitas foram realizadas, mas que eu saiba nenhuma delas foi motivo de acompanhamento e discutido seus resultados. Vou me contentar em duas somente. As demais prefiro deixar par aqueles com maior conhecimento que o meu.

        - Em 1984/85 foi implantado o movimento feminino na UEB.  Sem aprofundar um estudo maior com a FBB para uma união de forças (eu participei de uma comissão com elas que foi extinta por falta de interesse de ambas as associações não estarem interessadas) da noite para o dia surgiu às primeiras experiências na UEB do elemento feminino. Algumas normas e objetivos. Poucos grupos foram autorizados, mas não se esperou os resultados. Em dois anos se liberou geral a todos os Grupos Escoteiros. Se pensar se foi correto em abrir para elas, o que foi acontecendo é que se multiplicou em grupos que ainda não estavam em condições de possuir sessões femininas nada se apurou. Adultos do sexo feminino não existiam em número satisfatório para a liderança e o que aconteceu é que as tropas masculinas absorveram as escoteiras o que mais tarde resultou no movimento misto. Houve estudo para isto? Houve acompanhamento dos resultados? Que eu saiba não. A interpretação ficou por conta de cada participante adulto que dentro do seu pequeno mundo Escoteiro definiu o que era bom e o ruim.

             Acredito que na época nosso efetivo era de aproximadamente 42.000 associados. Todos masculinos. Com o passar dos anos e hoje vou até 2012, nosso efetivo fechou em 76.000 e neste ano dizem que passaremos de 87.000 associados. (O relatório de 2013 da UEB diz que somos 83.000) Vejamos então os resultados. Foi ótimo a participação feminina, crescemos mais de 100% do efetivo da década de 80. Mas se analisarmos bem, o aumento foi feminino e não masculino. Este encolheu se levarmos em conta a população na época e hoje. Só para se ter uma ideia possuíamos 0,03% (32.000 associados contra 119 milhões da população.) comparativamente o efetivo escoteiro com o populacional. Hoje caímos para menos de 0,02% (83.000 associados contra 200 milhões da população), portanto nosso crescimento se compararmos a nossa população não crescemos. Até hoje nunca se fez uma pesquisa séria sobre a evasão, principalmente do elemento masculino. Neste relatório/2013 da UEB nota-se uma pequena debandada de adultos do ano passado para este ano em alguns estados brasileiros. Porque isto acontece? Todos são unânimes em defenderem suas posições, mas presos ao seu universo escoteiro.

            Se as sessões mistas foram satisfatórias em termos nacionais não se sabe ao certo. Defender a unidade escoteira não é defender todas as unidades de norte a sul. Não houve nenhuma pesquisa e nem se fala da evasão. Ela até hoje é uma incógnita. Quem fica mais tempo, a menina ou o menino? Os meninos e as meninas deram suas opiniões quando saíram o porquê saíram? Se continuar no ritmo que a UEB mantem de crescimento, pelo que se vê nos últimos anos o elemento feminino será superior ao masculino. Nada contra, mas a ideia era manter equilibrado pelo menos os dois efetivos. Não adianta um crescimento como o atual se a evasão continua. Dizer que as sessões mistas são as únicas responsáveis seria leviano. Existem outros motivos, mas que nunca foram suficientemente estudados. Dados de um Grupo ou um Distrito ou mesmo uma região não servem de parâmetro. Que o elemento feminino hoje se transforma em relação ao masculino é uma realidade. As moças se sobressaem mais e não duvido que em breve estarão em igualdade nas esferas superiores.


      Acho que seria importante uma pesquisa em âmbito nacional. Levar a todos os responsáveis a preocupação em saber que manter uma unidade escoteira em mutação de jovens constante nunca iremos alcançar os resultados esperados. Se o movimento misto tem seu valor seria bom que se soubesse dos resultados. Resultados em longo prazo. Temos vários caminhos para verificar. Ficar sentado à beira do caminho acreditando que a estrada tem sinalização e não vai haver nenhum acidente não é bom para o nosso crescimento. O que fazer como fazer não é aqui sujeito a discussão. Aqui somente um alerta e como dizia nosso mestre Baden-Powell precisamos olhar além dos nossos narizes, pois só assim poderemos alargar nossos horizonte. Bem vindo às moças. Elas já deveriam estar conosco desde os primórdios do escotismo. 


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Caros amigos e amigas;


Velhos e saudosos tempos.
Caros amigos e amigas;

Há tempos iniciei nesta jornada de escritor de histórias escoteiras. Desconhecia até então outros que entraram nesta trilha que hoje percorro com amor. Sei que existem amigos que fazem o que eu faço e eu os parabenizo. Escrever sobre escotismo é uma das coisas mais maravilhosas que já enfrentei. Quando lá pelas altas madrugadas acordo, com uma história no pensamento corro a ligar o PC e começar. Quando na minha varanda tão simples, as tardes ou ainda ao amanhecer do dia e de olhos cemi-cerrados aparece um “Eureka” uma luz lá vou eu a correr e iniciar a minha saga onde amo tanto. Foram mais de 1.600 contos, histórias, lendas, aventuras ou artigos publicados. Eu sou ainda um daqueles velhos Escoteiros que veem o escotismo como no passado, um escotismo aventureiro, cheio de amor, onde o respeito e a ordem faziam parte da unidade escoteira, onde considerávamos todos aqueles que um dia fizeram a promessa como irmãos de sangue. Quem sabe seria aquele escotismo que alguns chamam de raiz.

Acredito que sou um escritor Escoteiro diferente, pois costumo quando escrevo chorar, rir, cantar e voar nas minhas asas da imaginação em busca de um passado que já se foi e que está presente quando as letras vão aos poucos formando frases, e as histórias vão aparecendo aos borbotões. Não tenho ligações com nenhuma organização escoteira onde podem me prender dentro de suas normas e valores que eles acreditam. Sou livre, sou um Escoteiro que viveu um escotismo puro e me honro em saber que nas hostes de Baden-Powell eu vivi tudo aquilo que ele um dia sonhou. O escotismo não me trouxe riqueza e hoje para os lideres escoteiros nacionais sei que me consideram um eterno desconhecido. Minhas histórias são lidas e serão lidas de norte a sul por muitos e muitos anos. Os frutos se existirem serão daqueles que como eu sabem que o escotismo é feito de amor, feito de lealdade e fraternidade. Não acredito em ameaças, em admoestações, em cercear a liberdade que cada um tem no direito de escolher se quer participar deste ou daquele escotismo que acreditam.

Nunca recebi dos lideres Escoteiros da maior organização escoteira qualquer palavra, qualquer convite ou mesmo uma pequeno agradecimento pelo que faço ou pelo que possa fazer para que o escotismo seja reconhecido como um dos maiores movimento de formação de jovens, e isto eu sou pródigo nos meus escritos escoteiros. Neles nunca falta uma lei, uma promessa, um hiato entre um sonho de liberdade e elevo o nome Escoteiro nos pícaros da gloria pois os jovens ou adultos ali descritos, trazem na mente, na alma e no coração o amor grandioso ao escotismo. Meus livros, minhas histórias nunca serão publicadas por nenhuma associação escoteira. Primeiro por que não sou registrado e nem me registrarei em nenhuma delas. Segundo porque apesar de muitos me incentivarem e até um deles, um grande amigo do sul  fez de várias de minhas histórias um começo de um verdadeiro livro Escoteiro e a ele serei eternamente agradecido. Quem sabe um dia terei a alegria de ver meu primeiro livro, minhas primeiras histórias publicadas em alguma editora. Hoje acredito ser impossível. Sei e repito que muitos tem ideias, sugestões para que minhas histórias e meus escritos se transformem em livros, mas o Velho Escoteiro está preso a sua maneira de ser e já não tem mais aquele conhecimento de saber pisar em um terreno para ele desconhecido.

Passei dos 1.600 escritos escoteiros. Histórias escoteiras, artigos Escoteiros, cinco livros contando passagens do nosso querido movimento Escoteiro. Nos meus blogs Escoteiros fico feliz em saber que mais de 80 leitores o procuram diariamente. Aqui no Facebook são tantos que nem sei quantos ali perdem um tempo para saber o que postei e ou quem sabe ver as fotos que gentilmente copio dos amigos virtuais que se sentem a maioria agradecida por servir como ilustrações de palavras colocadas de maneira sincera como se fosse uma homenagem viva do bom escotismo que praticam. Algumas histórias ficam marcadas para sempre. Outras poucas serão lembradas. No final de tudo em sou um Velho Escoteiro feliz. Agradeço a Deus por ter me dado uma vida em um movimento inigualável. Por ter feito de mim um sonhador que hoje por graças Dele posso lembrar-me de nuances rápidas que o passado guardou em minha mente.


Enquanto tiver forças, enquanto a mente ainda puder imaginar e sonhar, enquanto minhas mãos forem firmes na escrita em um teclado continuarei minha saga. Seja ela apreciada ou não pois queira ou não queira me sinto realizado. Agradeço do fundo do coração aos amigos que aqui gostam de ler meus escritos. Para eles tenho uma palavra de carinho de amizade e saber que somos irmãos Escoteiros estejam onde estiverem. Como dizia Wolfgang Amadeus Mozart - Não consigo escrever poesia: não sou poeta. Não consigo dispor as palavras com tal arte que elas reflitam as sombras e a luz, não sou pintor... Mas consigo fazer tudo isso com a música... Ou melhor eu Chefe Osvaldo faço isto com histórias escoteiras, vividas na imensidão de um escotismo grandioso, surgido por um líder inigualável a quem eu dedico minhas mais sinceras homenagens. Histórias são histórias. Como dizem por aí: - Boi não é vaca, feijão não é arroz e quem quiser... Que conte dois!. Um obrigado sincero de um Velho Escoteiro feliz!