Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

domingo, 29 de junho de 2014

Lista de material para acampamento.


Escrevendo e aprendendo
Lista de material para acampamento.

Encontrei na internet esta lista de material para quem vai acampar. Achei muito extensa, mas resolvi publicar. Eu na minha época não levava nem quinze por cento desta lista, mas como hoje os tempos são outros espero que ela seja útil para os nossos acampadores. Lembrem-se usem o bom censo para nada faltar, mas não leve o supérfluo. O peso de sua mochila faz a diferença em uma jornada.

O material que levas para uma atividade depende muito da duração, daquilo que vais fazer, das condições climatéricas, etc. Deixamos-te aqui uma lista extensa, a título de exemplo, para que possas escolher da melhor forma aquilo que precisas levar para o teu acampamento.

Higiene pessoal
§  Toalha
§  Escova e pasta de dentes
§  Sabonete (numa caixa própria, de plástico).
§   
Roupa e calçado
§  Chinelos de praia, para poderes tomar banho (cuidado com o "pé de atleta").
§  Mudas de roupa interior (uma por cada novo dia)
§  Abrigo de treino (Moletons) (substitui o pijama e é mais prático)
§  Calçado confortável para caminhadas
§  Agasalho para a noite
§  Chapéu de abas (caso não tenhas o chapéu use outra cobertura para proteger do sol).
§  Calção ou short de banho.
§   
Alimentação
§  Cantil
§  Copo (não de vidro)
§  Prato fundo (não de vidro)
§  Talheres (faca, garfo e colher).
Vários
§  Saco-cama
§  Colchonete
§  Lanterna (pilhas e lâmpada de reserva)
§  Bússola
§  Canivete ou faca de mato
§  Caderno de caça
§  Caneta e lápis
§  Isqueiro ou caixa de fósforos
§  Papel higiénico
§  Saco plástico para lixo
§  Saco plástico para roupa suja
§  Protetor solar (para o verão)
§  Rolo de sisal ou outro material.
§   
Para emergências
§  Estojo de primeiros socorros
§  Kit de linhas e agulhas para costura
§  Lista de telefones de bombeiros, GNR, etc. e outros telefones úteis da zona para onde vais acampar.
§  Pequeno manual de primeiro socorros.
§   
Em tempo de chuva
§  Casaco impermeável
§  "poncho" impermeável (para cobrir o corpo e a mochila durante as caminhadas)
§  Caixa de plástico pequena ou saco de plástico hermético para guardares documentos ou outro material importante
§  Sacos de plástico para embrulhar roupa e saco-cama quando vão dentro da mochila
                        Calçado de reserva.


Agora é aprender, sei que muitas vezes a experiência nos ensina e você deve praticar. Acampe, excursione, vá lá onde ninguém foi, descubra, suba montanhas e cuidado, se a mochila estiver muito pesada já sabe o que fazer da próxima vez. Descarte sempre o que não usou uma única vez.

domingo, 22 de junho de 2014

De ilusão também se vive.


Conversa ao pé do fogo.
De ilusão também se vive.

           Sempre escrevo e conto histórias onde a aventura, a natureza e os belos sonhos Escoteiros estão presentes em todas as linhas dos meus escritos. Muitos dizem que o hoje não foi o ontem e o amanhã ninguém pode saber. Verdade sim, mas o nosso Movimento Escoteiro não é feito de sonhos? De sonhar em ser um cavaleiro andante? De montar em uma águia e partir em busca da terra do nunca? Quantos ainda ficam dias sonhando para o próximo acampamento? Sonhando em viver na floresta, em subir em árvores, em construir um ninho de águia ou uma ponte pênsil? E cantar? Sim isto mesmo, cantar ao redor de uma fogueira contando “causos” rindo das piadas alegres, deixar os olhos seguir as fagulhas que sem ninguém mandar se dirigem para o céu? – Mas Chefe, isto ainda existe, de maneira diferente, pois hoje os jovens nem pensam como se pensava no passado. Será mesmo? Não seria nossa culpa, pois aceitamos ou quem sabe impomos um programa que achamos bom por não acreditar mais que não existem Escoteiros sonhadores?

        Quem sabe nós os adultos falamos por eles sem consultá-los dos seus sonhos? É fácil levar meninos para o campo, ficar horas falando disto e daquilo, esticar uma corda para que um por um passe sob os olhos atentos do Chefe. Se for assim o tempo passou e o sonho desmoronou. Pergunto-me se um dia na hora certa, no lugar certo, em uma sombra de uma grande árvore quem sabe ouvindo os sons da floresta ou do bosque tão perto, ou o doce cantar de um regato ao lado, sorrir ao contar que poderiam todos viajar pelas estrelas no céu azul? Seria esta hipótese plausível? Não precisa de muitos, pois não se cria sonhos com dezenas em sua volta, mas você e eu podemos sem sombra de dúvida começar com poucos. Quem sabe os monitores? Pense, continue pensando que você está com eles subindo uma montanha deixando que eles recebam o vento no rosto, que vejam ao longe o ribombar de um trovão e eles assustados não pensaram em se defender da chuva? Chuva? Bendita chuva que se cair irá criar na mente de cada um a vontade de se tornarem aventureiros audazes, e então por que não parar e contar uma pequena história? Criar em suas mentes que eles podem se safar com aquela chuva que os aventureiros de outrora souberam se safar?

      Tudo é tão simples quando pensamos que os jovens querem acreditar, querem ver, querem sentir, querem fazer e você meu amigo ou minha amiga é o espelho deles. O espelho que eles seguirão e não faça nada para estragar esta visão tão bonita. Deixe que eles viagem na imaginação. Acredite que a vida é um processo de maturidade e está só existirá se deixá-los subir a montanha e ver o que existe do outro lado. Tudo que você fará para criar a fantástica ilusão do sublime sonho mudará completamente a razão da existência dos jovens que de novo irão sonhar, mas sonhar os pés no chão, fazendo, agindo e vivendo o que puderam criar. Faça exatamente como o Código Samurai – A perfeição é uma montanha impossível de escalar e ela deve ser escalada um pouco a cada dia. Sem perceber estamos discordando sempre destes sonhos em achar que eles são impossíveis de realizar.

             Ninguém vive sem ilusões, sem uma bela imaginação, sem criar uma fantasia ou devaneio. Deixe que eles façam desta miragem a realidade que podem e devem criar. Aquele poeta não disse que a vida é feita de ilusões, mas não é das ilusões que saem os melhores momentos da vida? Não diga não aos sonhos deles e se eles não têm sonhos crie um para eles copiarem e fizer os seus. Todos os jovens querem viver o sonho de ser herói. Tiraram isto dele e nós podemos devolver em forma de escotismo aventureiro. Não aquele de uma fila interminável por uma estrada com você determinando aonde ir. Não tenha medo do que vai acontecer. Haja sim com cautela, mas sem tirar o espírito aventureiro. Lembre-se ali são eles os donos dos sonhos, os donos da aventura, você é um mero coadjuvante que tenta a sua maneira passar para eles o que um dia viveu. Agora o momento são deles e você deve aplaudir isto.

            Ninguém gosta de sonhar e ficar acordando vendo o tempo passar. Ver o vento vir e ir sem ter ao menos possibilidade de tocá-lo. Sem saber o som da floresta, sem saber como é o orvalho da madrugada a cair suavemente no rosto. Sem saber o que os pássaros dizem sem sequer reconhecer o cantar do regato que lhe forneceu a água para sobreviver. Deixe-os ver o vento balançar as árvores, deixe que eles descubram o caminho a seguir, deixe-os descobrirem como podem viver sonhando com os pés no chão. Esqueça a modernidade por alguns minutos e sim pode se preocupar com as adversidades dos novos tempos, mas faça tudo para que eles andem sozinhos. Eles um dia não terão de fazer isto? Belas são as palavras de Kipling que escreveu um dia quem sabe para nós chefes – Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite... Deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos de desejo provado e do encanto reconhecido!

            Não vamos mais além, mas precisamos retornar aos sonhos que um dia os jovens tiveram, precisamos pensar que o mundo é como um acampamento em que montamos nossa tenda podemos apreciar a natureza, e depois voltamos para a nossa casa que é a eternidade. Termino este comentário de alguém que nunca ouvi falar. Osho. Quem foi não importa, mas uma coisa eu garanto é um criador de ilusões a nos mostrar que o caminho para prosseguir é sonhar e acreditar em seus sonhos:

- Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece. Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar. Coragem! Avance firme e torne-se Oceano!



quinta-feira, 12 de junho de 2014

Mitos, lendas verdades e inverdades do Uniforme Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
Mitos, lendas verdades e inverdades do Uniforme Escoteiro.

           Convenhamos que eu não seja um estudioso das tradições do uniforme Escoteiro brasileiro. Sei apenas o que vi e vivi com ele e outros amigos. Não vou dar um testemunho como foi em todo Brasil, para mim impossível, mas posso falar mais na minha área de atuação. Este é um artigo que não pretende de maneira nenhuma provocar uma discussão. Sei que nosso uniforme ainda levanta duvidas e hoje muitos que fazem parte da nova geração acreditam que o presente nada tem a ver com o passado. Tenho dito em todos os lugares aonde vou e mesmo em meus parcos escritos que faço do tema, que é difícil analisar uma era sem ter nela pisado com seus pés e sentido o calor do chão de terra. Os novos eruditos que se arvoraram em donos da verdade, muitos deles sequer conheceu o passado a não ser por escritos fazem hoje de suas belas palavras uma verdade que acreditam ser intocável. Não sei. Chega de polemizar. Já me disseram que isto não leva a nada. Fico somente com a análise do uniforme básico. Os do mar e do ar quase não sofreram mutação e até hoje se mantem no tradicional quando foram criados. Parabenizo a eles por este amor que até hoje sentem pelo seu passado.

           Uma vez em uma pequena clareira, um foguinho gostoso um Chefe meu amigo e antigo mineiro já falecido, Doutor Francisco Floriano de Paula comentou com voz calma e ponderada que em Minas no inicio do escotismo o uniforme foi o mesmo usado na Inglaterra. Uma espécie de caqui mais cinza com meiões pretos. Com o passar do tempo surgiu à calça azul com camisa caqui e assim permaneceu por muitos anos. Parece que a partir do final da década de 40, o caqui começou a se expandir por vários estados. Lembrem-se estou falando pelo meu estado Minas Gerais. Não vou contar aqui o que aconteceu quando o governo querendo uma expansão rápida do escotismo nomeou cabos e soldados para organizarem Grupos Escoteiros em todas as cidades. Os uniformes surgiram a bel prazer. Se no sul e no norte não foi assim fica o dito pelo não dito. Quando entrei para o movimento em 1947 os lobos usavam o azulão com o boné conhecido. Os Escoteiros já usavam o caqui curto, chapéu de abas largas e nunca se via adultos trajando calça comprida. Era como se diz uma tradição, pois BP nunca usou o uniforme com calça comprida. Sei que em vários estados ou cidades alguns grupos fizeram adaptações que não eram normativas. Assim apareceu o verde e cores parecidas com o caqui.

             O caqui, portanto era considerado o uniforme oficial dos Escoteiros da modalidade básica no Brasil. Em 1969 muitos já forçavam o uso da calça comprida. Discutiam que em cada estado devia haver uma abertura e varias ideias foram sugeridas. A temperatura de estado para estado, e o estilo de vida da comunidade foram dados como exemplo. Nota-se com orgulho que até no inicio da década de setenta via-se a liderança escoteira portando sempre o caqui curto em qualquer atividade nacional. Eu mesmo conheci Escoteiros Chefes e altos dirigentes não só da nacional como estaduais orgulhosos no seu uniforme caqui. Entretanto havia uma pressão enorme de adultos e seniores achando que precisávamos de um novo uniforme, mais apresentável (?) um que eles pudessem estar bem trajados em atividades sociais, reuniões extra sede e assim em 1975 formalizou-se o uniforme ou traje Azul mescla. O Chefe Darcy Malta Escoteiro Chefe na época, em visita a minha casa explicou como foi sacramentado o novo uniforme apesar de ser contra. Esqueçam esta de farda, uniforme, traje e vestimenta. No fundo tudo é a mesma coisa.

             Para que os adultos levassem a sério o novo uniforme, vamos chamá-lo de traje, a UEB enviou a todos os Grupos Escoteiros do Brasil um ofício via correio explicando como ele seria confeccionado, quais as ocasiões para o uso e juntou-se um desenho e pasmem-se: - um pedaço do pano tanto da camisa como da calça comprida. Havia a preocupação de que todos fossem reconhecidos sem nenhuma alteração no visual. Para maior formalidade foi dado à possibilidade do uso do paletó e gravata. Que eu saiba uma minoria adotou este último e que em minha opinião não tinha nada de escoteiro. No POR se sacramentou as normas e uso. Todos ficaram sabendo que o dirigente de qualquer atividade determinaria qual uniforme deveria ser utilizado. O POR era firme em um dos seus artigos que dizia nas atividades escoteiras os chefes deviam usar o tradicional, ou seja, o caqui. Eu mesmo dirigi vários cursos onde se exigia ou o traje ou o caqui. Em vários avançados da Insígnia da Madeira que fui o diretor pedia sempre os dois uniformes. Cada dia usamos um ou outro. O intuito era não só formalizar, mas mostrar que a uniformização deveria ser ponto de honra para nós Escoteiros. Interessante que sem a tecnologia de hoje, a disciplina era irreversível. Poucos destoavam e obedeciam sem discutir.

          A partir do meio da década de oitenta muitos adultos e seniores passaram a usar o azul mescla, mas com calças jeans desvirtuando o sentido da aprovação do traje no passado. Não esquecer que por volta de 1984/85 foi formalizado o escotismo feminino no Brasil e um novo uniforme foi acrescentado para elas. Dai em diante a cada liderança nova na UEB a abertura era constante. Acrescentou-se itens e banalizou-se completamente o sentido do uniforme SOCIAL. Cada grupo podia escolher com todos os seus participantes o que gostaram de usar. O próprio chapéu foi escamoteado abrindo a possiblidade do uso de bonés e outras coberturas. Lembramos que a própria UEB em sua loja vende um tipo de cobertura feita de brim ou similar e esta se espalhou por vários Grupos Escoteiros como uma chama. É comum ver o Chefe com ele e os jovens sem nenhum. Finalmente no final da década de noventa bastava portar o lenço com uma camiseta e se considerava uniformizado. A própria UEB foi quem criou esta Torre de Babel com o uniforme Escoteiro. Hoje se arvoram em dono da verdade e impuseram um novo uniforme a quem chamam de vestimenta.

          Com a participação em jamborees e atividades internacionais em outros países copiou-se o lenço preso nas pontas dando uma nova conotação da liberdade individual. Na nova vestimenta ficou a critério de cada um escolher como vestir e esqueceram-se da uniformidade o que sem sombra de duvida é o melhor marketing para o movimento Escoteiro. O tempo dirá. Cada um escolhe se quer a camisa solta ou não. Meiões ou não. Calça curta ou comprida. Lenço bem colocado no pescoço ou solto a escolha. Se isto vai dar nova visibilidade ao escotismo brasileiro vamos aguardar. Comparar o ontem com o hoje não é fácil. Era uma época que tínhamos o maior respeito com nosso uniforme. Nenhum novato poderia colocar peças antes da promessa. Todos faziam questão de estarem bem uniformizados e bem apresentados. Era uma questão de honra. Ninguém saia de casa sem ele. Impossível pensar em vestir na sede, pois o orgulho fazia parte de qualquer Escoteiro. Afinal o próprio BP já dizia que o melhor marketing do escotismo é um Escoteiro bem uniformizado.


             Brinco muito com amigos que comentam comigo sobre a uniformização que uma vez lá pelos idos de 1956 em uma jornada de mais de quinhentos quilômetros, de bicicleta pelo norte de Minas e na região do Vale do Jequitinhonha, próximo à cidade de Almenara, portando orgulhosamente o caqui curto com o chapelão, paramos em um boteco para comer alguma coisa e logo juntou ao nosso redor uma grande multidão de moradores. Em principio calados logo começaram a gritar – São os Escoteiros! São os Escoteiros! Olhamos pasmados aquela multidão que sem pedir nos saudou com uma estrondosa salva de palma. Bah! Emocionante isto. Será que teremos isto com a vestimenta?  Velhos e saudosos bons tempos!

domingo, 8 de junho de 2014

Cozinha mateira? Sei não!


Conversa ao pé do fogo.
Cozinha mateira? Sei não!

          Hoje existe uma plêiade de bons mateiros que se divertem no campo a fazerem comida mateira. Nos dias de hoje porque não? É o pão do caçador? A sopa de cebola? O pão do minuto? Ovo no espeto? Ovo na casca de laranja? Ovo no barro? Milho assado na brasa? A maçã recheada? Frango no barro? Carne moída na batata? Arre! São centenas se deixar os mateiros Escoteiros engordam esta lista em minutos ou horas. Dizem os bons técnicos mateiros que a comida mateira escoteira é a técnica de se cozinhar sem a utilização de utensílios domésticos. Dizem também que é a comida típica dos Escoteiros nos acampamentos. Um deles disse que preparar a própria comida é um desafio e sempre uma grande distração para os jovens. Saber improvisar, ter paciência ver como substituir as tradicionais panelas (pelo menos se tem uma vantagem, evitar lavar panelas, arre!).

            Nada como um bom fogo, boas achas para brasa e já pensou colocar ali uma banana verde uma cebola, uma batata e enrolar o pão do caçador para depois de cozido se deliciar? Só não vale um churrasco no campo de patrulha. Não vale? Vale sim, uma noite fria, um bom fogo mateiro, caçar uns patos do mato ou marrecos, quem sabe uma carninha de tatu, uma cobrinha bem limpa e cortar em rodelas pequenas ficadas em espetinhos, ou de um belo Gavião que vou baixo e se danou? Bom demais. Bem sei que hoje isto não pode, mas quantos patos selvagens ainda existem por aí? Está dando sopa nas lagoas o pato-do-mato, pato-crioulo, pato-bravo, cairina, pato-selvagem e o pato-mudo. Haja patos para encher a “pança” dos escoteiros. Risos. Não pode? Bem o respeito à natureza e a liberdade dos animais e pássaros precisam ser respeitados. Mas ouve uma época que nós Escoteiros vivíamos da natureza selvagem. Na mochila não faltava meio quilo de sal, um vidro de gordura de porco, (quase não havia óleo de cozinha) eu gostava de uns dentes de alho e dependendo o lugar a acampar isto bastava. Lista de mantimentos? Meu Deus! Nem pensar.

             Será que teríamos jovens para um acampamento assim? Uma mochila, uma manta, mudas de roupas e material de higiene, uma pequena lona de 1,5x1,5, claro não podia faltar uma boa faca mateira, um canivete Escoteiro, uma machadinha pequena e mais nada. Ops esqueci o sal a gordura e o alho. Sem eles dava para se virar, mas no máximo alguns dias. E você quer ir comigo? Use de sua imaginação e lá vamos nós. Para onde? Para onde o vento nos levar. Quem sabe na lagoa do Epaminondas? Gente boa. Sempre a nos presentear com um franguinho vivo ou morto. Risos. A lagoa era o máximo. Dela tirávamos belas traíras, bagres e quando chovia enormes corvinas. Pegamos uma vez um pequeno Jacaré. Coitado serviu a seis seniores sem saber que eles adoraram. E os patos selvagens dando sopa a pedir: - Nos faça no espeto bem tostado, por favor! Risos. Uma sopa? Era só desencavar a macaxeira, ou melhor, o aipim, mandioca-doce, mandioca mansa e frita então? Bela lagoa. Era como dizia Pero Vaz de Caminha, nesta lagoa se plantando tudo dá. Mas ele estava errado, nela não precisava plantar, pois tudo dava.

           Mas vamos lá, não vamos ficar somente na lagoa, quem sabe ir até o Rio Chorão? Gente ali vamos nos fartar de peixe, Zé Bigode o intendente da Patrulha Leão, aquele que não tinha bigode disse que pegava com as mãos. Verdade ou não na piracema lá na curva da Cachoeira do Cavalo eu mesmo peguei vários. Mochila nas costas, desfraldem a bandeira e lá vamos nós continuar nossa jornada. Cuidado ao atravessar o Riacho do Piraçu, a correnteza é forte, mas se amarre no cipó e fique frio. Melhor arranchar ali. Tem uma clareira na Mata do Guaporé linda de morrer. Cada um faz uma coisa. Um prepara o fogo mateiro, outro veja a lenha, eu vou buscar uns timburés e uns xuxu do mato. Aqui tem dos grandes. E você Akelá entre na selva e veja se encontra uma colmeia e devagar sem alarde retire um ou dois favos. Não tenha medo das abelhas. Afinal elas sabem que você é uma escoteira. Vamos retirar da cera todo mel que precisarmos. Vamos nos empanturrar de doces de mel. Tem vasilhame? Que isto minha cara Chefe, estava na lista?

         Acho que não vai chover turma portando durmam com Deus. Que o céu seja sua barraca. Fiquei a vontade para contar as estrelas, façam seu pedido ao passar de um cometa brilhante no céu. Eu hoje nem papo quero, estou cansado e preciso de descanso, pois amanhã o dia não vai ser mole. Sei onde estão as galinhas d’angolas selvagens. Muitos as chamam de Cocar. Vamos pegar três e vamos nos regalar. Um bom cipó e aqui na floresta eles abundam em todo lugar. Você sabia que temos uma grande variedade deles? Tem espécies medicinais, são bons para diarreia, hepatite, leishmaniose e até câncer. Bem não sou medico, mas além de servirem como uma boa corda, os uso como tempero e conheço um com aroma e sabor de alho e cravo. Putz! Sua meia está furada Chefe? Troque já. Calo nas jornadas não é bom. E vamos dar belos galopes atrás delas e não acreditem nelas, são danadas para gritarem: - Tô fraco! Tô fraco! Risos. Se forem bons chefes vamos pegar umas três rapidamente. Depois abrimos o bucho, deixamos as penas, dentro um pouco de óleo e sal e já devemos ter pronto as assadeiras. Três buracos de uns 40 de fundo por 12 polegadas de diâmetro. Cobrir com barro (as galinhas d’angola) e colocar na brasa fechando o buraco em seguida.


            Agora pé na taboa. Deixe as gostosas galinhas d’angola se aquecendo. Vamos voltar em três horas e elas estarão prontas. Ao tirar o barro saem as penas. E que delicia! Mochila nas costas e lá vamos nós novamente. Na Floresta do Jangadeiro vai ser fácil encontrar a Castanha e o Açaí. E olhe o que não falta lá é o Palmito (uma delícia) e na descida vamos passar pelo Lago Vermelho. Uma vez encontrei lá belos inhames, maracujás bananas da terra e folhas de lobrobô. Não conhecem? Risos. Vais ver o ensopado que vamos fazer sem panelas. Sem panelas? Calma. É o truque que uso. Não conto para ninguém, só para quem acampa comigo risos. Quem vai aguentar cinco dias assim? E dez dias? É não é fácil. O melhor mesmo é voltar a Comida mateira. Tudo é levado da sede. Lá é só preparar. Mas você que esteve comigo nesta bela viagem de sonhos aventureiros não gostou? Lembra-se do Macaquinho que pulou em seu ombro na selva do Soldado? São tantas lembranças que tenho certeza estes cinco dias vão lhe marcar para sempre. Quem sabe um dia vamos voltar?        

terça-feira, 3 de junho de 2014

Hinos, marchas e contra marchas.


Crônicas de um Chefe escoteiro.
Hinos, marchas e contra marchas.

             Por que devemos ensinar civismo e cidadania aos nossos jovens? Afinal o significado de patriotismo faz ou não parte do vocabulário Escoteiro? Li não sei onde que a cidadania se constrói com convivência e esta praticada sempre se torna um hábito de comportamento. Um poeta disse que não existe sucesso ou felicidade sem o exercício pleno da cidadania, da ética e do patriotismo. Falaram-me que o decreto lei 5.700 de setembro de 1971 e mantida pela constituição de 1988 obriga as escolas do ensino fundamental e médio a hastear a bandeira e cantar o hino uma vez por semana durante o ano letivo. Será que isto acontece? Dizem alguns que isto nos faz voltar ao passado do governo militar e a lembrança deste regime assusta ainda a muitos. Sei de um politico que defende estas práticas com o seguinte argumento: - A pratica de tais ações podem nos lembrar das diretas-já, a Ayrton Senna que sempre teve consigo uma bandeira do Brasil e isto encerra em si mesmo o amor à pátria, encontra nesse amor o seu maior significado.

           No escotismo a prática de cidadania e civismo ainda não foi esquecida. Apesar do medo constante de alguns pela prática de ordem unida os jovens ainda tem o orgulho de se formar em uma atividade escoteira, aprendem que descansar e sentido faz parte da disciplina escoteira. A Cerimonia de Bandeira é em qualquer grupo um orgulho de todos os participantes. Esta é uma pratica que ainda se mantem viva no espírito Escoteiro e isto nos dá o sentimento patriótico, nos amplia e reforça a visão de família unida em favor de um bem comum. Afinal a pátria não é mais que uma agregação de famílias sustentada por um tronco comum a todos. Nos falta, porém a prática de cantar e se orgulhar de nossos hinos. Tomemos como exemplo o Hino dos Escoteiros do Brasil o Rataplã. Lembro bem que nos tempos idos ninguém recebia a Segunda Classe ou a Segunda Estrela sem saber cantar o nosso hino. Não sei como isto hoje é interpretado. E o Hino Nacional? E o Hino a Bandeira? Não esquecendo o hino da Proclamação da República e hino da Independia do Brasil. Já cantaram o hino do marinheiro? O Cisne Branco é um dos mais belos hinos militares de nossa pátria. Mas temos tantos. O hino do exercito – Nos somos da pátria a guarda, fieis soldados... E assim poderia enfileirar outros tantos lindos hinos aqui.

        Mas voltemos ao nosso hino. Antes era obrigatório para se conquistar uma eficiência, classe ou especialidade isto ainda existe? Nem sei mesmo se nos cursos Escoteiros que são aplicados pela União dos Escoteiros do Brasil se canta os hinos ou mesmo o Hino Alerta. Cantam? Eu gostaria de imaginar no final ou meio de um jamboree, com mais de 5.000 participantes e o apresentador dizer – Estamos premiando com taxa gratuita, dois uniformes, uma barraca, material de campo e sapa, uma bandeira Nacional se tivermos aqui um Escoteiro ou escoteira (não vale Chefe) que saiba cantar nosso hino sem errar, dizer quem foi o autor, qual a data que ele escreveu e quando a UEB considerou-o como nosso hino. Quantos iriam ganhar o prêmio? Isto sem contar sobre o Hino Nacional e o Hino a Bandeira. Quantos sabem quem escreveu e as datas? Risos. Se aparecer alguém eu ficarei surpreso. Mas se isto não acontece não temos culpa? Estamos preocupados com tantas outras coisas que consideramos importantes e quem sabe estas são esquecidas.

       Eu sei que os jovens não só de hoje, mas no passado também são meio avoados com estes hinos. São atividades para eles cansativas e sem graça. Se não aprendermos a criar meios alegres e motivados dificilmente eles irão aprender ou cantar. Mas lembremo-nos que nem sempre nós chefes temos uma voz agradável. Isto tira toda a expectativa e interesse. Conheci um Chefe que tinha um amigo com uma linda voz e ele como Instrutor de especialidade dava um toque especial quando cantavam os hinos. Outro fez um concurso por patrulhas onde era vencedora a que cantasse completa dois ou três hinos. Agora em muitos grupos era obrigatório em todas os cerimoniais que se cantasse um hino. E olhe se premiava a patrulha que melhor se apresentasse. Que as canções e hinos sejam cantadas e não gritadas. Que um instrumento musical seja usado e isto vai dar outra visão e audição de quem canta.

       Uma vez perguntei a uma patrulha o que é musica. Quase cai e costas quando um menino respondeu – A música é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e ritmo seguindo uma pré-organização ao longo do tempo. É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana... Depois fui saber que sua família fazia questão de levá-lo a consertos de grandes orquestras e em sua casa se ouvia muito musicas diferenciadas. A escolha musical é privilégio de cada um, mas a concepção de musica no seu verdadeiro sentido deve ser motivo de seguir para se tornar um habito de comportamento. Escotismo tem outras portas que devemos entrar e ver se lá dentro encontramos uma maneira de educar sem substituir os pais e a escola. Certos valores devem ser adquiridos com a participação não só espontânea como frequente. Os deveres fundamentais para uma vida coletiva visando preservar a sua harmonia e melhorar o bem estar de todos não se adquire só com a experiência. O Chefe Escoteiro tem uma parte fundamental em tais práticas.

            Encerrando lembro que deixar que os outros o façam é uma forma de não assumir algumas responsabilidades que cabe a nós voluntários. O civismo consiste no respeito aos valores às instituições e as práticas especificamente políticas de um país. Não podemos fugir destas responsabilidade onde pretendemos dar ao jovem noções de comportamento dentro da sociedade em que vai permanecer. Hinos, bandeiras, atitudes se traduzem em ética e valores morais. Que cada um de nós pense a respeito e possamos olhar o futuro como a dizer as palavras de BP – O que importa é o resultado.


E VOCÊ? SABE CANTAR DO INICIO AO FIM O NOSSO HINO ESCOTEIRO?