Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quarta-feira, 29 de abril de 2015

A morte do Traje, antigo uniforme Social.



Conversa ao pé do fogo.
A morte do Traje, antigo uniforme Social.

             Está chegando sua hora. Pelas determinações da UEB ele vai desaparecer. Foi-se como folha seca no vento na tempestade. Não sei se vão sentir saudades. Ele se pudesse falar diria: - Alguém me perguntou se eu devia acabar? Os que me usam deram seu aval? Então porque me mandam o exilio para não voltar nunca mais? Mas um Traje não fala. Ele é só uma peça de uniforme. Já não tinha mais serventia, pois um novo surgiu. Uma vestimenta, orgulhosa toda pomposa. No seu nascimento baladas foram tocadas, tocaram os clarins da glória quando ela apareceu. Chefe e Escoteiros que lá estavam ficaram abobalhados. Em um espetáculo digno de um perfeito Fashion Week Escoteiro ele foi apresentado. Uma verdadeira apoteose. Tocaram os clarins e os tambores, a melodia rebombou pelo salão. Já treinados os modelos e as modelos entraram como se estivessem se apresentando em um evento no Anhembi. Gisele Bündchen se estive lá estaria boquiaberta! Os chefes presentes ficaram perplexos! Um espetáculo sem igual! Palmas Escoteiras, gritinhos de fãs ecoaram pela apresentação espetacular. Cada um dos modelos exibia um tipo, dizem que eram dezoito! Valha-me Deus! Em um canto vestindo algum humilde Chefe Escoteiro o Traje tentava se esconder. Era demais para ele.

            Muitos queriam comprar. Perguntaram se haveria um leilão para os que estavam ali alvoraçados em corpos de jovens modelos. - E o pobre do traje não sabia onde colocava sua cara. Abriu os olhos e os ouvidos e como bom lobinho ouviu dos lideres: Você vai desaparecer seu bagunçado! Vai para a Tonga da milonga do cabuletê e nunca mais vai voltar. O Traje chorou. Por quê? Pensou. O que eu fiz de mal? Se muitos do movimento me desmoralizaram eu tenho culpa? Quando eu comecei a vestir os astutos chefes do passado que me pediram eu era endeusado. Diziam que eu era um Uniforme Social. Só para atividades sociais e em apresentações que requeriam uma melhor presença dos chefes. Eu não era ainda responsável para vestir os jovens. Eu era para os adultos que achavam que a calça curta não pegava bem para colocar o lenço no Maluf, no Lula, No Jânio ou um politico qualquer. Precisavam de um traje a caráter.

           Ai foi à abertura para todos. Um abre-te Sésamo para a escoteirada me vestir. Até que foi bom, mas então começou o desleixo. Senti-me desmoralizado em alguns casos. A calça de tergal que eu me orgulhava agora era qualquer uma. Uns mudaram a cor, outros abusavam com a maneira de vestir. Em nome dos humildes sem dinheiro calças cinza qualquer serviam. Se eu fui feito com a amostra de um pedacinho do pano da camisa e da calça, que meus pais que me criaram enviaram a todos os grupos no Brasil, para não haver desmoralização e mudanças, agora isto. Escarneciam de mim. Ninguém tomou uma atitude. Cada ano mais e mais me alteravam. E veio os famosos do forte e me deram um sopapo dizendo: - Suma! Tem dois anos para desaparecer! Sabe Chefe, sabe Escoteiro e Escoteira, eu chorei muito. Eu sabia que muitos meninos me compraram com dificuldade, agora eles vão ter que comprar o outro?

           Um dois anos se passaram. A vestimenta sorria agora ela era a Chefe. Mandava e desmandava. Faziam seus preços, enriqueceu alguns, empobreceu outros que como pais não podiam gastar. Muitos disseram que ela foi democrática quando introduzida no grupo. Cada um podia escolher o que quisesse afinal ela a caçula dos uniformes brasileiros e tinha preferencia. Os donos do poder queriam acabar com tudo, mas aconselhados deixaram o Velho caqui na berlinda. Isto era tocar em um ninho de marimbondos. O que vemos hoje? Impuseram um uniforme. Na ânsia de faturar fizeram tantos tipos que a gente fica sem saber se existe uniformidade. Meninos e meninas escolheram o que acharam mais bonito. Nos grupos uma miscelânea de escolhas. Enfim, o traje teve seu tempo que agora esta vencendo. Ele ficará na lembrança daqueles que um dia o usaram e daqui a trinta cinquenta anos ninguém mais vai lembrar-se dele. A nova safra Escoteira, a que estará na ativa, pois durante este tempo a evasão consumiu quase todos do passado terá outra visão, mais moderna, mais atual.


            Adeus Traje. Eu o adotei e em 1975 fiz o meu primeiro. Só para atividades sociais. Não segui a onda de muitos. Mantive meu orgulho em vesti-lo. Até hoje o tenho, claro sempre refazendo, pois a pelanca de velho e a barriga vai mudando com os tempos. Não vou abandoná-lo nunca! De tempos em tempos vou sair por ai, nas asas da minha imaginação para dizer que ele foi digno enquanto existiu. Não me importa se ele foi proscrito, exilado, banido, expatriado, desterrado, degredado e vetado. Eu sempre amei o caqui. Ele é meu companheiro por toda a vida. Não sou contra a vestimenta, mas gostaria de ver mais disciplina mais igualdade e que a vistam com orgulho e não como estão fazendo hoje. Quem sabe um dia os donos do poder irão acabar com estas entendendo o que se passa. Enquanto isto quase 6.000 associados Escoteiros deram no pé. Em um ano quase oito por cento desistiu do escotismo. Motivos? Tem muitos. Nem sei se a vestimenta tem culpa. Que cada um escolha o seu motivo. Eu como bom crítico Escoteiro falo escolhas absurdas que só trazem desmotivação para muitos que um dia pensaram que o escotismo era sério! Sei que é sério, mas a comunidade civil está assustada. Não está em alto e bom som: - A culpa de tudo é dos dirigentes! Foram eles que fizeram toda esta balburdia!

domingo, 26 de abril de 2015

E o cordão dos puxa sacos cada vez aumenta mais.



Conversa ao pé do fogo.
E o cordão dos puxa sacos cada vez aumenta mais.

                         Uma amiga muito querida sempre comenta o que escrevo. Ela já notou que costumo tirar um “sarro” de vez em quando dos nossos dirigentes, mas ela sabe também que escrevo temas sérios. Não sou assim tão religioso, mas como espiritualista acredito no crescimento interno e externo de todos nós. Escotismo é minha paixão, amo demais e não foi ontem. Tem muitos anos desde 1947. Nestes tempos que para mim parece que foi ontem vi coisas que poucos viram. No escotismo como em todas as associações organizações seja onde for isto existe também. Vamos lá. Hoje vou me divertir com os puxa-sacos que existem no escotismo. Muitos perguntam: - É verdade? Temos puxa-sacos no escotismo? Vejamos o que dizem dos puxa-sacos: - É o ato de bajular, palavra que vem do latim bajulare, que significa adular servilmente. Não é difícil encontrar quem é, foi ou conhece alguém que pratica a bajulação, essas pessoas são denominadas de puxa-sacos. O melhor exemplo de bajulador é o funcionário de alguma empresa que, na tentativa de ganhar a confiança, crescer na empresa e/ou obter um aumento no salário, concorda com tudo que o chefe diz e é o primeiro a rir da piada contada pelo chefe.

                Há bajuladores conscientes, pois sabem que realmente são puxa-sacos. “Amado Mestre, meu incontestável Guru...” A figura do bajulador - o famoso bajulador - foi imortalizada por diversos personagens como o indefectível Rolando Lero, (Rogério Cardoso, excelente ator já falecido).  da Escolinha do Professor Raimundo. Retrato da sociedade, onde sempre há alguém disposto a bajular, adular, lisonjear, rasgar elogios, normalmente para obter vantagem. Sabe aquelas pessoas que vivem elogiando, babando e servindo de capacho para outras, na ânsia de serem beneficiadas por tal comportamento? Pois é, vamos dar logo nome aos bois, são os insuportáveis bajuladoras de nosso dia a dia. Eles estão por toda parte: no escritório, na academia, no elevador, no curso de mestrado – sim, até lá – trata-se de uma espécie que se multiplica, infelizmente. Pois bem, o puxa-saco, baba ovo, e seja lá mais o quê, tem em seu DNA a incapacidade, logo, precisa se colocar sempre na condição de adorador do outro para conquistar algo, seja pessoal ou profissionalmente. É patético, triste e banal, mas verdadeiro.

                     O pior é que muitos não sabem que carregam este comportamento em seu DNA e agem como se sua puxação de saco fosse à coisa mais normal da face da terra. Antídoto? Pessoas bem resolvidas, que não cultivem este tipo de gente por perto e que dê um basta a tanta melação. – pelo amor! Já dizia Shakespeare: “Aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador”.  Alimentar este tipo de pessoa por perto pode ser desastroso – perigoso. Temos isto no escotismo? Muitos dirão que não - Deus me livre! Risos. Mas é verdade? Não posso afirmar não estou mais na ativa em grupos escoteiros e regiões. Fico muito atrás de um computador como agora. Mas me disseram que tem. E como tem! Bem eu os vi no passado. Os baba ovos que queriam mais um taquinho, uma medalhazinha ou um carguinho não escondiam suas condições de puxa-sacos. Achei que estavam em extinção, mas não. Eu pergunto por que puxar o saco no movimento Escoteiro? Não tem salário, dedica tempo que não tem, não sairá em capa de revistas e sempre um eterno desconhecido. Olhe que o trabalho a ser realizado é super-cansativo.

                     O Puxa-saco gasta o que tem e o que não tem. Ele nunca será entrevistado pelo Jô Soares. (os que foram devem ter se arrependido) e ainda são muito vigiados. Qualquer reclamação lá estão os politicamente corretos Escoteiros a desdizer e chamar sua atenção. Então não devíamos ter tais tipos. Dizem e eu concordo que o escotismo toma tempo, a gente gasta boa parte do nosso salário com tudo que fazemos lá, pagamos taxa para tudo e ainda não somos devidamente reconhecidos pela comunidade educacional do Brasil. Portanto seria uma hipocrisia dizer que temos puxa sacos no escotismo. Risos. Mas sei lá, pode ser que tenha. Eu não afirmo. Que os diga os meus amigos virtuais. Eles são as testemunhas que podem afirmar sim ou não. Eles estão ligados diretamente a grupos, distritos região e nacional. Eles é que podem dizer de alunos de curso baba ovo ou daqueles que vão em seminários, congressos e Assembleias.  

                Vocês já viram um figurão sendo entrevistado? Sempre tem um baba ovo atrás sorrindo e concordando. Estes são puxa sacos da gema. E aqueles que ficam horas e horas em frente ao espelho treinando o que dizer, como se posar quando encontrar o chefão? Deus do céu! O chefão diz para fazer isto ele vai correndo, o chefão tem sede ele corre e trás um copo d’água. Em cursos o que tem de puxa sacos não está no gibi. Eles querem a todo custo ser da corte, ser um formador, ser um grande Chefe e puxar o saco faz parte deste bajulador inveterado. Quando se realizam as atividades onde estão presentes os grandes formadores, os Velhos Lobos, os da casta dos lords lá estão eles, bajulando, concordando dando um tapinha nas costas e olhando com aqueles olhos de tartarugas da lagoa, sempre sonhando ser como eles. Muitos me garantem que no escotismo não temos estes tipos. Juram de pé junto. Bem eles sabem melhor que eu se existem ou não. Para mim fica o dito por não dito.


                 Eu só digo que aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador. A bajulação é a moeda falsa que só circula por causa da vaidade humana... Vixe! Ainda bem que no escotismo temos uma maioria que corre disto. São chefes com C maiúsculo no sentido da palavra. Vocês os conhece só de ver sua postura, sua maneira de falar, suas ações e seus sorrisos. Mas não vamos deixar de saudar os puxa-sacos, pois não dizem que o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais? Risos. Puxa-sacos? Vivo a correr deles há anos!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Eba! Hoje é meu dia de Escoteiro.



Conversa ao pé do fogo.
Eba! Hoje é meu dia de Escoteiro.

                       Hoje é nosso dia. Não importa a idade e nem tampouco a saudade seja de um lobo até um cansado Velho Lobo. Dizem que temos sangue no coração e um amor difícil de explicar porque somos Escoteiros. Quando nos perguntam o que somos relutamos em responder. Por quê? São tantas coisas, são tantos amores, são tantas vidas vividas que é mesmo difícil de explicar. Eu por exemplo tenho a resposta na ponta da língua e não sei explicar. Afinal vocês podem perguntar – Se és um Velho Escoteiro não devia ter todas as respostas? Não pergunte a mim respondo. Pergunte a uma lobinha, ela tem a resposta. Ela vai dizer que as batidas em seu coração explicam tudo. Quem sabe o Escoteiro poderá dizer que a vida aventureira é tudo que sonhou? Até os seniores tem a resposta, ele vai dizer que foram as excursões, as escaladas, os bivaques e os fantásticos acampamentos que podem explicar seu amor ao escotismo. E o Pioneiro?  Ele vai dizer que em uma montanha bem perto do céu, existe uma lagoa azul, que só a conhecem aqueles que têm a dita de estar em seu Clã. E aquela Chefe com aquele sorriso que vive dizendo que adora o cantar dos pássaros, gosta de ver um riacho de águas cristalinas correndo para o mar. Ela que adora sorrir vive a dizer que é lindo ver o vento nas árvores, sentir o orvalho na madrugada caindo e molhando sua face. Que nunca mais vais esquecer aquela noite de acampamento.

                  Pois é, hoje é o dia do Escoteiro, dia de sonhar que está sentado na ponta de uma estrela brilhante e lembrando-se de coisas gostosas que aconteceram e acontece com a gente que é um Escoteiro. Quantos de nós já dormimos sob a luz do céu, tendo como barraca o céu estrelado? Quantos de nós amamos cantar o Guingaguli, o Stoldola, a Arvore da Montanha, o Cucu e sentir a emoção do momento ao cantar? Hoje é nosso dia. Nunca esquecemos a nossa promessa, juramos na bandeira fazer tudo pelo Brasil, pela nossa família, pelos nossos irmãos e por Deus. Os que pertencem a uma matilha, uma patrulha, que seja um simples Escoteiro ou Monitor, um Chefe sentir nas veias sangue vermelho a lembrar da velha Kaá a dizer: - “Somos do mesmo sangue, tu e eu”!  – Hoje é nosso dia, eu amo ser um Escoteiro. Ah! Quantos de nós vibramos com um Fogo de Conselho? O lenho ardendo, as fagulhas subindo aos céus, a fabulosa enquete dos lobos, dos Escoteiros. Quantas emoções... Centenas delas fazendo nosso corpo vibrar. E a Canção da Despedida? Marca demais. Não tem quem não sente o corpo vibrar, uma lágrima a cair, que corre pelo rosto, cai ao chão e nos trás o fabuloso perfume da terra!

                   É bom demais! Hoje é nosso dia, o dia do Escoteiro. Olhe moço e veja porque me orgulho em ser Escoteiro. Pergunte também ao lobo, a Escoteira, a Guia a Pioneira. Seria a fraternidade? Os sorrisos? O Rataplã? Quem sabe por sermos a maior fraternidade mundial de jovens  a nos mostrar que somos todos irmãos? Pergunte e vais receber centenas de respostas. Todos procuram a felicidade, mas cada um deste belo movimento sabe que ela mora escondida no coração de todos nós. Um amor enorme, uma vontade incrível de vestir o uniforme, de sair por aí dizendo ao mundo que a Fraternidade é assim – Um por todos e todos por um! Tente um dia segurar o vento. Consegue? Ele ri de você, escapa pelos dedos e vai correndo pelos vales e campinas a alegrar os seres vivos que moram na natureza. Assim somos nós. Somos ventos que correm pelo mundo trazendo uma nova era, a era do amor, da fraternidade e da bondade que um dia juramos ter em nossa promessa. Somos amantes da natureza, temos o privilegio de ver um nascer e um por do sol. Sei que muitos que não são também fizeram isto. Mas Escoteiros são diferentes. Ele está ali sentindo o ar puro da floresta, ele gosta de ver a passarada fazendo algazarra no ar!

                       Explicações dizem ser inexplicáveis. Como alguém pode entender o nascer de uma flor, o seu desabrochar? Uma rosa vermelha, uma branca, uma tulipa amarela ou uma cerejeira em flor? Impossível entender quando uma borboleta se liberta de sua crisálida e ganha os céus. Entender o ballet dos vagalumes com suas lanternas dançando gostosamente no ar! Impossível entender amigos deitados na relva, quem sabe em plena selva, tarde da noite, sentindo a brisa da madrugada e contando estrelas no céu! Impossível entender o companheirismo na patrulha, na hora do silêncio a rezar e dormir esperando o nascer do sol para começar tudo de novo! Bom demais! Hoje é nosso dia, amamos ser Escoteiros. Foi Deus quem nos deu esta felicidade. Deu-nos olhos para ver o mar, ouvir as ondas beijando a praia, as gaivotas dançando no ar. Ele na sua esplêndida simplicidade nos deu pernas para podermos explorar as mais altas montanhas, pular as dificuldades da vida e correr pelas campinas atrás das borboletas azuis. Não posso esquecer, Ele nos deu também os ouvidos que nos trazem os sons mais belos dos pássaros, do Uirapuru amigo, uma Cotovia a voar ao longe saudando a natureza em flor.

                         Hoje é o dia do Escoteiro. É hora de cantar, de saudar toda a fragrância da vida solta no ar. Hora de contar estrelas, ouvir músicas incríveis, cantar com os peixes que pulam na cascata dos sonhos ao saudar o entardecer. São lindas fantasias vividas, pisadas nas trilhas longas ou curtas. E na curva do caminho, olhando a Jângal enorme, ver nossa amiga Coruja, nos olhando sorrateira, no galho de um carvalho enorme, sorrir... E dizer a ela: - Dona Coruja! Hoje é o nosso dia. Bem vinda e cante sempre conosco, pois não dizem que o espirito da Coruja mora neste acampamento Escoteiro?  

É gostoso é bom demais, sentir o cheiro do mato,
Ouvir o som do regato, o cantar de um sabiá,
Um vagalume perdido, o uivo de um lobo guará,
Lá ao longe bem distante, nas montanhas verdejantes,
Onde ele uiva errante, onde é o seu habitat.
Gente que coisa boa, beber água da nascente,
Tão fresca e tão brilhante, de olhos fechados sorrindo,
Sentir o orvalho caindo, no rosto daquela manhã.
Do som da passarinhada ao anunciar nos gritantes,
Até o grilo falante, que canta ao alvorecer.


PARABÉNS AOS ESCOTEIROS DO BRASIL E DO MUNDO PELO SEU DIA! 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Memórias de um “Caderno”. Uma Insígnia de Madeira.



Crônicas de um Velho Escoteiro.
Memórias de um “Caderno”.
Uma Insígnia de Madeira.

                    Quem não tem este sonho? Todos têm. Alguns lutam muito outros desistem no meio do caminho. Cada tempo, cada momento tem seu lugar na história e na memória de cada um. Dizem que ser Insígnia no passado era mais difícil que hoje. Não sei se é verdade. Até fins da década de setenta, a Insígnia era dividida em três partes. Parte I, o Caderno. O famigerado Caderno. Todos morriam de medo dele. A parte II era feita no campo. Dez dias ou oito dias. Depois diminuíram para cinco e hoje dividem tantos fins de semana por mês. A Parte III era observação. Hoje tem muitos AP, naquela época não. Lembro que os que se arriscavam começavam pela parte II. No campo. Oito dias e era em local inóspito. A ideia era todos viverem como Escoteiros em um Acampamento. Um Sistema de Patrulhas Perfeito. Monitores em rodízio, obrigações na patrulha eram cobradas. Não importa se cozinheiro, se intendente ou mesmo um simples aguadeiro.

                      Oito dias. Uma preocupação geral em que todos saíssem dali sorrindo, amigos, um time de verdade. Pois era assim que se esperava das patrulhas quando os chefes voltassem para suas tropas. Não tinha restaurante, Self Service, nada. Cada patrulha recebia suas rações e cozinhava. Na patrulha todos seriam monitores, cozinheiros, intendentes, almoxarifes, aguadeiro, enfermeiro ou construtor de pioneiras. Horário corrido. Tempo livre só para almoço. As sessões duravam de uma a duas horas. Os temas mais comentados eram Sistema de Patrulhas, Corte de Honra, Jogos, Programando o Programa, Técnicas de Pioneiria, Garbo e boa Ordem, Padrões de Acampamentos, Normas e Regulamentos, Atividades Aventureiras, Métodos e Programas, Tradições e Cerimônias, Conhecendo o Adolescente, Jogos, Deveres para com Deus (Lei e Promessa) e muito mais. Hoje falam muito em temas que os dirigentes julgam mais importantes. Bem cada um tem suas visão do desenvolvimento de um Chefe Escoteiro. Passado é passado. Não sei se eles estão certos e eu errado.

                        Claro que antes de partir para um Curso Avançado da Insígnia de Madeira, começávamos com um Curso de Adestramento Preliminar. Cinco dias no campo. Aprendendo tudo que Baden-Powell deixou como bases do escotismo. Sei de muitos que fizeram a Parte II de campo e desistiram. Por quê? O famigerado “Caderno” o terror dos chefes. Um questionário com dezenas de perguntas para serem respondidas. Dizem-me que hoje alguns estados ainda fazem assim. Outros não. Como fazem não sei se é bom ou ruim. Cada um comentava que o famigerado “Leitor” não tinha “papo dois” ou era ou não era. – Você só recebia o lenço se lutasse por ele. Sem essa de amizade, proteção ou bajulação. A gente nem sabia quem era o leitor. Meu “Caderno” foi posto no correio no final de abril de 1965. Olhei para a moça do balcão e paguei como carta registrada. Seis meses e nada. Cobrar? Um belo dia ele veio de volta. Refaça as alíneas II e VIII. Olhei, era sobre o Sistema de Patrulha e Corte de Honra.

                        Passava minhas folgas devorando os livros de BP e do Velho Lobo. Dois meses depois lá estava eu no correio a despachar. Quatro meses e ele de volta. Refaça tudo sobre Lei e Promessa e tudo sobre Normas e Regulamentos. Mais três meses e lá estava eu de novo sorrindo para a moça do balcão do Correio. Desta vez demorou nove meses. Abri o envelope e junto um Certificado de Aprovação. Sorri de orelha a orelha. Agora era esperar a Parte III. Falar com quem? O Escoteiro Chefe é claro. Mandei uma carta. Sem essa de e-mails ou telefone. Tudo escrito à mão. Até o caderno tinha de ser a mão. O leitor queria ver como escrevíamos. O Chefe Darcy Malta me mandou um ofício. Dizia que seria meu leitor. Não tinha como ver o que fazia na tropa (Grupo Escoteiro Walt Disney em Belo Horizonte). Escrevi para ele como eu era o que fazia quantos acampamentos fizemos nos últimos quatro anos, quantos jovens saíram e quantos entraram.

                      Início de 1967, um Ajuri Distrital em Belo Horizonte. Convidados de vários estados presentes. Eu Chefe de um Sub. Campo Senior. A noite um fogo do Conselho só do sub. campo. Foi ali no calor de mais de 110 seniores que recebi minha Insígnia. A mesma que uso até hoje e o colar. Dois tacos. Ri a valer. Uma alegria sem fim. Nunca esqueci tudo que  fiz para ser um IM. Os oitos dias acampados ficaram gravados para sempre em minha mente. O Ninho de Águia que eu e a patrulha construímos me serviram para dizer que nada é impossível. A chamada às duas da manhã para capturar uma capivara foi demais. Claro que depois foi solta. À tarde das cobras corais me ensinou a não ter medo. Cada patrulha iria capturar uma e ver quais as venenosas ou não. O fogo do conselho foi imaginável. Os grandes jogos em patrulha, as noites em volta de uma fogueira cantando e dançando com a equipe foi demais.

                        Porque escrevo isto? Afinal não é passado? Amanhã ou em alguns anos os de hoje também não terão suas histórias para contar? Histórias aventureiras? Espero que sim. Não sei como são feitos os cursos de Insígnia hoje. Devem ser supimpas. Mas meus amigos não sei se o Sistema de Patrulha, o mais importante no método de BP está sendo realizado a altura. Os acampamentos aventureiros só com a sessão, seja Escoteira ou de Seniores as fotos e o que me dizem não são mais os mesmos. Existem ainda boas tropas, fazendo um belo escotismo. Mas como dizia Baden-Powell, só os resultados interessam. Resultados de jovens alegres, firmes no seu ideal que ficavam cinco, dez ou mais anos na sua trilha desde lobo até pioneiro. Daqueles que tinham Deus no coração. Daqueles que um olhar bondoso se via em qualquer situação de dificuldade.


                        Eu fui lobo, fui Escoteiro, fui sênior. Aprendi muito e agradeço também aos chefes da Equipe que dirigiram meus cursos. Em plena selva, mas com responsabilidade de saber que ali tinha pessoas que precisam de amor, carinho e uma palavra amiga em qualquer tempo. Dirigi muitos cursos. Muitos insígnias, muitos cursos técnicos, muitos para lobos e seniores. Nunca concordei com os tais cursos de fins de semana para ser um IM. Escrevemos muito sobre a palavra impossível. Eu sou fã dela. Lembro-me daquele general inglês que era mestre em dizer que o possivel fazemos agora, e o impossível daqui a pouco. Oito dias é pouco em uma férias. Afinal é uma vez só na vida! Quem quer faz, quem não quer manda. Hoje não sei se isto ainda existe. Claro tem muitos como eu que dão a vida por isto. São aqueles que ainda não voltaram ao desejo de fugir de uma conversa ao pôr do sol, em volta de um fogo, ou ficar horas em uma montanha só para ver o nascer do sol. Insígnia de Madeira. Desejo de muitos, conquista de poucos. E o caderno? Puxa! O Meu foi demais!

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Cançoes escoteiras. Frére Jacques.



Conversa ao pé do fogo
Frère Jacques e ipe-Aia.

¶ Ipi-Aia ipi ipi-aia, Ipi-Aia ipi ipi-aia 
¶ Ipi-Aia ipi ipi-aia Ipi-Aia ipi ipi-aia 


¶ Frère Jacques, Frère Jacques
Dormez-vous? Dormez-vous?
¶ Sonnez les matines, Sonnez les matines.
Ding, dang, dong. Ding, dang, dong.


                  ¶ Vem depressa correndo Escoteiro, ajudar o cozinheiro a fazer o jantar, supimpa! ¶ - Todos riram. – Você está desafinado me disse Calango, nosso intendente da patrulha. Estive visitando o grupo do Chefe Tornado – Lembram-se dele? – Pois é precisam os ver cantando – Faço ideia. Sabia que ele no passado foi um maestro? - Não sabia. Vocês sabem que ficamos muitos nas tradicionais são belas, são lindas e não vão morrer nunca na mente dos Escoteiros. Calango, lembra-se de Doutor Magalhaes? Ele olhou dentro de si, pensou e disse: Aquele que nos ensinou canções de outras nações? - Isto mesmo. Eu disse. - E ele tinha voz de um anjo. Cantava como uma cotovia. Nem conto para vocês à visita que ele fez a tropa. Fiquei sem jeito e não disse não quando se convidou. Como não dissesse nada, só pedi a ele que não ficasse cantando mais que dez minutos, a menina não gosta e dorme. Risos.

                         - Que nada! Foi um tremendo de um sucesso. A turma ficou vidrada nele e seu violão era de tirar o chapéu. Quando ensinou os Escoteiros a cantar o Frère Jacques nunca vi tanta empolgação. Um coro espetacular formado em poucos minutos. Uma patrulha começava e logo no segundo verso outra entrava e assim por diante. Cantavam baixo, sem gritar pareciam ter ensaiado por meses e meses! Eu não conhecia esta canção, ele me disse ser uma música tradicional francesa. Deu uma pausa com a escoteirada e sentado junto a eles em circulo, contou histórias de meninos cantores, como a canção faz parte da gente, como ela pode nos trazer a paz interior. Quando ele se foi todos os jovens correram até o portão e dando adeus gritavam: - Doutor Magalhaes! Volte sempre, aprendemos a gostar do senhor!

                            E não é que ele voltou? Conquistou a meninada. Agora cantar era gostoso, delicioso, mas ele fez mais, perguntou quem gostaria de aprender música. Todos levantaram a mão. Ele riu e disse: - Não dá para todos, mas escolho cinco e dois meses depois mais cinco, combinado? Notei que as reuniões tinham outro sabor. Nunca imaginei que cantar pudesse trazer as benesses para uma motivação por parte dos Escoteiros. Ali foi cantado o Stoldola, andar de trem, guin-gan-guli, Kumbaya e a Santa Catarina valeu. Doutor Magalhaes era bamba para cantar com meninos e dedilhava o violão como um mestre. Quando ele em coro cantou o Bufarali e El Hermano Gris fiquei estático. Nunca pensei que existiam estas canções e nunca vi algum tão maravilhoso. Olhe nossas reuniões se transformaram. Claro, as atividades aventureiras, os acampamentos e o adestramento nas reuniões nunca faltou.

                             As canções tem um lugar ao sol quando bem cantadas. Infelizmente muitas alcateias e tropas por desconhecerem os valores da canção interpretam de maneira equivocada. Já vi competições de quem canta mais alto, já vi competições de canções em jogos de corrida e quantas e quantas vezes uma voz desafinada alinha a meninada e canta? Não temos alguém com conhecimento para pelo menos uma vez por mês nos ajudar em canções? Você por acaso assistiu um Sarau em um Fogo de Conselho? Maravilhoso, grandioso. Principalmente se foi feito por quem entende. (Um sarau (do latim sera nus, através do galego serão) é um evento cultural ou musical realizado geralmente em casas particulares ou mesmo em eventos onde as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem artisticamente. Um sarau pode envolver dança, poesia, leitura de livros e muitas outras coisas. Bastante comum neste século vem sendo redescoberto por seu caráter de inovação, descontração e satisfação).

                Cante, aprenda a cantar, tenho certeza que os Escoteiros e as Escoteiras irão gostar e os pequerruchos lobos da Alcatéia. Se não tiver um violeiro, se não tiver um saxofonista ou um gaiteiro, quem sabe um flautista, treine um ou convide alguém. Em um acampamento seja qual idade for, não pode faltar um instrumento musical. E o Frère Jacques? Nunca mais me saiu da memória. Mesmo sem instrumentação onde eu passava eu cantava em coro. E que coro! Não faça das horas de laser cantar por obrigação. Mas olhe não se esqueça das tradicionais, estas não podem ser esquecidas. Dizem ou melhor Victor Hugo dizia que devemos ser como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas.

Pus-me a cantar minha pena, com uma palavra tão doce,
De maneira tão serena, que até Deus pensou que fosse
felicidade - e não pena. Cecília Meireles.


Se deliciem com as letras e algumas até o som!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Pinkfloif era ateu... E morreu!



Crônicas de um Velho Escoteiro.
Pinkfloif era ateu... E morreu!

              Estou entrando em um vespeiro. O pior que meus argumentos são fracos e se baseiam em fé e isto não é aceito como prova pelos ateístas. Dizem que se acreditamos na existência de uma ou mais divindades somos nós quem devemos provar que elas existem. Os Ateus  alegam que até hoje não se conseguiu provar a existência de Deus ou outras divindades. Se ninguém foi capaz de provar a sua existência, portanto Deus não existe. Alguns até brincam que se ninguém conseguiu provar a existência do coelhinho da páscoa então ele também não existem. Claro que os religiosos tem muitas alegações que a fé é a principal, mas eles dizem que não serve como prova. Bem existem aqueles que acreditam em milagres, mas os ateístas afirmam que milagres não existem. A cura ia acontecer de um modo ou de outro. Os ateus em sua maioria se consideram perseguidos. Geralmente são tidos como intolerantes, imorais, deprimidos, cegos para a beleza da natureza e dogmaticamente fechados para a evidência do sobrenatural. Nós sabemos que isto não é verdade.

               Tendo em vista que sabemos que os ateus figuram entre as pessoas mais inteligentes e cientificamente alfabetizadas em qualquer sociedade é importante dizem eles derrubarmos os mitos que os impedem de participar mais ativamente do nosso discurso nacional.  Eles afirmam ou os outros afirmam que a vida não tem sentido. Dizem que sim os religiosos é que se preocupam frequentemente com a falta de sentido da vida e imaginam que ela só pode ser redimida pela promessa da felicidade eterna além da vida. Afirmam os ateus que são bastante seguros quanto ao valor da vida. Ela é vivida de modo real e completo. Completam que as pessoas que amam têm mais sentido e não precisam durar para sempre para tê-lo. Mas afinal o que é ser Ateu? Bem as palavras não são minhas, repito o que li. Ateu é quem não crê em Deus ou em qualquer ser superior. A palavra Ateu tem origem no Grego “atheos” que significa “sem Deus, que nega e abandona os deuses”.

                   Completando o que li e posso estar errado, pois esta não é minha seara, dizem que nas religiões teológicas, um ateu é aquele que nega a existência de um ser supremo, onipotente, onisciente e onipresente que está ao mesmo tempo em todos os lugares. O ateísmo é a doutrina dos ateus. É uma postura filosófica que rejeita a ideia de existência de quaisquer deuses. Alguém um dia me perguntou quando um ateu morre para onde vai. Bem pesquisei e tem muitas respostas. Mas ficamos com esta; - vai para lugar nenhum, a vida simplesmente cessa; assim como era antes de nascer. Se não existia antes não tem nenhum lugar para ir. Ops! É coisa grande ser ateu. Mas porque escrevo tudo isto? Vejamos, frequentemente temos aqueles que se consideram ateu e defendem seu ponto de vista quer onde estejam e são desafiados. Existe alguns países que discutem muito este tema, e eu Escoteiro procuro ler e tento compreender as razões de cada um, mas não é fácil. Afinal sou um Velho Escoteiro, quem sabe egoísta com estes temas e o melhor é deixar que cada um acredite na sua verdade.

                 O escotismo badeniano ainda se fecha para muitas aberturas que hoje são colocadas para cada um de nós. São os Gays, são os Ateus e tantos outros que se apresentam a sociedade a exigir seus direitos. Claro que não se pode negar, mas no escotismo ainda existe e vai existir por muitos anos o tabu de não aceitar tais fatos ou discussões. Prendo-me mais na parte que insistem que eles os ateus devem ter seus direitos assegurados no escotismo e não obrigados a fazerem uma promessa que para eles é sem sentido. – Se em outros países isto é discutido abertamente e até aprovado nova maneira de interpretar a lei e promessa porque não aqui? Diz um deles que é meu amigo virtual. Eu na minha plena burrice fico pensando quando um jovem for fazer sua promessa, em uma tropa ou Alcateia que todos acreditam em Deus e ele não vai dizer o que está escrito. É difícil aceitar.

                    Quantos meninos ateus existem e procuram o escotismo? Se eles são ateus os pais também são? Afinal eles serão convidados para participar da vida do Grupo Escoteiro e devem saber como ele funciona. Mas então, são muitos os jovens ateus que querem ser Escoteiros e não o são? Não sei. Um amigo me disse que não importa a quantidade, se é um ou mil os direitos são os mesmos. Isto dá uma boa discussão nas salas secretas das Assembleias regionais ou nacionais. Discussão calorosa. Espero que consciente e educada, pois afinal não somos formados para isto? Eu não quero participar desta discussão. Quando isto acontecer sei que estarei em outra vida, pois acredito nisto e não estarei aqui para ver. Dizem que nestes assuntos sou meio Tucano só fico em cima do muro. Sinceramente eu acredito em Deus, tenho uma fé enorme, adoro a natureza e ela me faz acreditar que tantas maravilhas nesta terra surgindo do nada seriam impossíveis no meu caso, não acreditar em um Deus todo poderoso, criador do céu e da terra.

                      Quem sabe em outra existência quando aqui eu voltar, tudo já foi devidamente esclarecido, votado e aprovado? Aí não irei perguntar aos ateus o porquê uns nascem pobres e outros ricos, uns doentes e outros sadios. Porque esta miscelânea de raças, onde existem os pardos, os brancos, os negros e amarelos. Onde habitam os de boa índole e os que matam por prazer. Os que labutam e os que preferem ser corruptos ou enganadores. E eles eu sei que terão uma resposta à altura, cientificamente provada de tudo o que acontece nesta vida, pois não existe outra para eles. Uma ótima discussão e não quero fazer aqui um seminário dos prós e contras, mas dizer que todos somos iguais perante a lei. Infelizmente ou felizmente o escotismo ainda está preso nos dogmas de Baden-Powell. Eu me prendo a ele. Sou Escoteiro de coração e badeniano por escolha pessoal.

                     Que me perdoem os ateus parte de mim está do lado deles, mas boa parte ainda gosta de acampar, escolher uma arvore sombreada para descansar, colocar o pé na água cristalina de um riacho, cantar com meus companheiros de jornada o Rataplã, subir em uma montanha para ver o nascer e o por do sol, acordar com a brisa fresca da manhã vendo os pássaros no céu com seu cantar maravilhoso e lembrar que ali está o meu Deus que acredito. E aí eu volto no tempo, a lembrar daquele dia glorioso, onde meu Monitor falou para o chefe: Chefe! Eu tenho um patrulheiro que quer fazer a promessa! Que belo dia meu Deus! – E ele sorridente me olhou e disse: - Escoteiro você conhece nossa promessa? E eu sério e persistente levantei meu braço direito em meia saudação e cantei para o mundo que ali era só meu: - EU PROMETO, FAZER O MELHOR POSSÍVEL PARA CUMPRIR MEUS DEVERES PARA COM DEUS E A MINHA PÁTRIA!


Sem mais nada para dizer...            

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O Tesouro do Condor – Um jogo inesquecível.



Conversa ao pé do fogo.
O Tesouro do Condor – Um jogo inesquecível.

Uma explicação.
Publiquei nesta semana um artigo chamado de Carta-Prego. Ouve muitos que comentaram e tiveram interesse pelo tema. Êste complemento conta em forma de história Escoteira como pode ser utilizada em um Grande Jogo Escoteiro. Carta-prego é um excelente meio de aprendizado a aprender a fazer fazendo. Espero que ajude a dar ideias a todos meus amigos chefes. Obrigado! 

                         Faltava pouco menos de meia hora para o encerramento da reunião de tropa. Estávamos em reunião de patrulha a pedido do conselho de monitores, para discutirmos, sugerir e ver como deveria ser o Grande Jogo que constava em nosso programa anual. Uma tradição e nunca o deixamos de realizar. Olhos de Peixe tinha sido transferido para nossa patrulha, a menos de cinco meses, ele tinha vindo de um grupo da capital do estado e se deu muito bem conosco. Enquanto discutíamos, ele deu uma sugestão que achamos excelente. Toda a patrulha votou a favor.

                     Na reunião do sábado seguinte, todos souberam que a Corte de Honra havia aprovado e foi uma alegria geral. Sabíamos como devia ser o jogo e sabíamos que o Chefe Lontra iria melhorar com uma boa “pitada” de aventura. Uma semana antes do Grande Jogo recebemos duas cartas pregos, uma para ser aberta no dia do jogo, às seis da manhã na data prevista e a outra no campo, após o inicio do jogo, que seria sinalizado por grandes rolos de fumaça que avistaríamos de onde deveríamos estar localizados. Era ponto de honra, só abrir as Cartas Prego no dia e horário determinado. Isto não tinha discussão e nem era discutido! Recebemos também quatro bandeirolas amarelas, e a lista de materiais a ser levado: – lanche para um dia, cantil, um par de bandeirolas de semáforas, uma bússola silva, quatro bastão, uma machadinha, um facão com bainha, uma faca mateira. Na lista também dizia para levar três lenços Escoteiros sobressalentes; estojo de primeiros socorros, uma lona para chuva, meias reservas, dinheiro para duas passagens de ônibus. Não esquecemos nada.

                O Chefe nos avisou que seria um jogo movimentado e iriamos percorrer distancias enormes para isto ir com um calçado adequado. Para mim foi uma espera angustiante do dia do Grande Jogo. Seria o meu primeiro na patrulha. Dormia e acordava pensando no grande dia. Às seis horas da manhã em ponto, a patrulha já estava a postos, na Praça São Miguel próximo ao ponto de ônibus. Ali seria aberta a primeira carta prego. Gostaria de esclarecer que a Patrulha Águia, era composta de sete escoteiros, eu (Zé bolinha ), Pinga Fogo, Zé Colméia o monitor, Fu Manchu, Olhos de Peixe, Picolé o sub e  Pé de Bode (só apelidos que usávamos na época). Todos primeiras e segundas classes, ou seja, uma patrulha bem “escolada”.
A primeira Carta Prego dizia:

1)     – Vocês devem tomar o ônibus de Carirí, que irá passar as 06h25min, descer no ponto final. Ali pegar a Rua das Flores, ir ao seu final. Lá encontrarão uma estrada carroçável, segui-la por 2 km (usar o passo duplo). Após se orientarem (ver bússola) tomar o rumo ENE, mais ou menos 67,5 graus, percorrer mais 800 metros, atravessar um pequeno córrego cuja água é boa para beber. Não se esqueçam de deixar lá um sinal de pista alertando.
2)     Seguir o córrego até sua nascente por 200 metros. Ali montar o campo assim especificado: - em forma de pontos cardeais (um x) com mais ou menos 15 metros de uma ponta a outra e vice versa. Colocar em cada ponto um bastão com uma bandeirola amarela, (o bastão deverá ser fincado no máximo com um palmo de fundo). No meio do x, ficará o totem de patrulha, colocado na mesma maneira. Devem fazer um pequeno cercado de 2 x 2 metros usando madeira do campo e cipó. Mais tarde saberão para que.
3)     – Ao inicio do jogo, as demais patrulhas também estarão como vocês (eram quatro), como o campo armado e idêntico em algum lugar próximo. Fora da vista. Aguardem o inicio do jogo, que pode demorar de uma a duas horas. Fiquei em posição de alerta e mantenha um escoteiro de vigia.
4)      
                      Nada mais dizia. Sabíamos que as outras patrulhas estavam nesta hora fazendo o mesmo. Aguardamos aproximadamente uma hora e meia. Avistamos em um morro próximo, rolos de fumaça, com o sinais de “O jogo já começou – guerra”. Abrimos imediatamente a segunda carta prego e ela dizia:

1)     - Vocês devem colocar os lenços presos pelo cinto, (proibido amarrar) somente dois palmos para dentro da calça, e defenderem como puderem as quatro bandeirolas em volta (amarelas) e principalmente o totem Se ele for tomado vocês todos morrem perdendo o jogo. Neste caso aguardar novo contato.
2)     – Se defendam das outras patrulhas para não perderem o lenço, pois assim serão considerados mortos e devem receber ordens do “matador” que irá conduzi-lo para o campo de prisioneiros próximo a chefia.
3)     – Cada patrulha deverá ter um campo próprio e cercado que fica no centro próximo do bastão totem, para no caso de fazerem prisioneiros.
4)     – O objetivo do jogo é defender as bandeirolas e principalmente o totem e ao mesmo tempo ir aos demais campos de patrulha e tentar tomar o totem deles.
5)     – A patrulha que conseguir mais vidas (tirar os lenços), tomar as bandeirolas ou ter o maior número de bastão totem, é a ganhadora.
6)     É proibido – Lutas, brigas, palavrões (olhem a lei escoteira) e discussões inúteis;
7)     É aceito – Qualquer tipo de truque, força (sem denegrir a imagem), ou qualquer situação a ser criada para ganhar o jogo.
8)     O jogo terá a duração de seis (seis) horas, a contar do sinal de o Jogo já começou – guerra. O sinal de fumaça “O jogo já terminou – paz” determina a paralisação imediata do jogo e todos devem retornar ao campo da chefia fazendo antes a limpeza do local utilizado.
9)     Lembrem-se, vocês devem proteger o seu campo e também atacar os demais. Como fazer e o que fazer fica para o conselho de patrulha resolver. Estaremos toda a chefia em local privilegiado, vendo vocês através de potentes binóculos. Onde veremos qual a patrulha mais esperta e a mais não tão honesta! (naquela época não havia telefone celular, se fosse hoje, seria proibido). Boa sorte Patrulhas da Tropa Mafeking!


                            Começamos o jogo. Seu desenrolar foi o esperado. Muitas surpresas, muitas alegrias e até um pouco de confraternização. Todo ano era assim, um Grande Jogo uma surpresa e a satisfação de ter participado.  – O prêmio foi uma flor de lis de lapela para cada participante. O que posso dizer? Bom jogo e caça livre!

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Carta Prego.



Conversa ao pé do fogo.
Carta Prego.

                Todos sabem, todos conhecem todos já fizeram em parte ou no seu todo. Mas acho que não sabem da importância na formação da patrulha, na sua liberdade de ação e na sua emancipação da chefia. Digo emancipação no sentido de não tê-los como observadores diretos e estarem desde agora, rumo ao livre arbítrio, que irão exercer quando adultos. Também já as usei quando chefe de alcatéia, claro bem diferente que para os escoteiros e seniores.

Vamos recordar e ver se pensamos da mesma maneira.

(a)      Comece com atividades na sede e em volta dela (máximo de dois quarteirões) – pode ser em uma reunião de tropa, no máximo uma ou duas horas.
(b)     Vá aos poucos expandindo o território, até chegar a um bairro distante – neste caso é necessário mais tempo e boa preparação.
(c)  Finalmente, um acampamento de fim de semana, todo com explicações diretas da Carta.
(d) O mais importante na carta prego é os escoteiros fazendo proselitismo. Portanto devem ser bem adestrados na sua apresentação, no garbo e na boa ordem. Ter uma boa monitoria é muito importante. Escoteiros bens uniformizados são motivo de orgulho para a organização. O público verá o que todos estão fazendo.

Como preparar:

                 Comece sugerindo o estudo por parte dos monitores (em reunião de monitores ou na Corte de Honra), da Carta Prego. Como é, o que diz a postura dos escoteiros quando ausentes da vista do chefe e da importância na observação daqueles que estarão a sua volta. Da responsabilidade da patrulha, da ordem, da disciplina etc. É claro que todos sabem que o melhor proselitismo, é um escoteiro ou lobinho bem uniformizado, na comunidade ou fora dela, mostrando que nossas leis Escoteiras são levadas a serio. Isto será sempre lembrando pelo monitor, pois a responsabilidade maior é dele. Sempre lembramos dos maus uniformizados. Isto é comum e também que sem perceber o colocamos como o representante da organização. Um militar desleixado e com o uniforme mal posto deixa impressões não condizentes de sua organização.

                Depois, faça a primeira experiência, expandindo aos poucos durante o ano, até chegar ao ápice, ou seja, um acampamento de fim de semana, totalmente feito pela patrulha, uma ou mais, sem a presença da chefia. Lembramos que a Carta Prego é para uma patrulha somente. Se outras patrulhas participarem, deverão ter programas e destinos diferentes. Demora-se muito para que varias patrulhas juntas façam atividades desta espécie, e não descartamos tais possibilidades, mas para isto é necessário anos e anos, com bons monitores e Escoteiros suficientemente adestrados.

                    Difícil? Não. Quando jovem fiz muitas vezes, e quando chefe de tropa foram inúmeras Cartas Prego realizadas com todas as patrulhas. Enfim, o que é uma Carta Prego? Sei que todos sabem, mas vou dizer como aprendi e como as fiz. Claro que diversos escotistas que me leem sabem fazer muito melhor, e  eu fico feliz com isto. Quem sabe eles poderiam publicar aqui para os mais novos?

- Carta Prego, são instruções de atividades a serem cumpridas com horários, itinerários, boas ações, temas de adestramento de etapas de classe etc. Elas são feitas em forma de carta envelopadas que só devem ser abertas quando toda a patrulha (completa – incompleta a atividade é considerada cancelada) estiver reunida e em horários determinados.  A carta é entregue ao monitor pelo chefe, dias antes, explicando que não deve abrir antes de todos estarem junto no horário e local programado. O monitor ou o Escriba (melhor este último) lê, e todos discutem entre si como fazer e partem para cumprir as determinações feitas pela chefia e Corte de Honra. Esta não sabe a localização e meios de transporte. Todos só são informados quais as rações a serem levadas e taxas (se houver ex. transporte, lanches etc.).

Assim partem em determinado horário, para a atividade programada.

                   Com a Alcatéia, pode-se fazer com as matilhas, em volta da sede ou abrangendo mais quarteirões, tendo em cada ponto, um escotista, que só irá intervir em caso de emergência ou necessidade. Não deve ensinar ou mesmo mostrar o rumo após a saída da sede. Para se tornar uma melhor aventura para os lobinhos, usava pais, que instruídos também eram só observadores. Assim, os lobinhos (as) achavam que estavam sempre dirigindo a si mesmos. A Carta Prego pode abranger uma reunião de tropa ou alcatéia, um sábado ou domingo completo, ou um fim de semana.

                 Quanto ao programa, deve ser bem explicito, curto, sem muitas explicações, tais como: Ex. -  Vá até o bairro tal... Lá encontre um escoteiro que mora na rua tal (não sabemos o número), conversem com ele, com os pais, tudo sobre o que ele conhece sobre o Movimento Escoteiro. Façam um relatório de tudo, inclusive contando como agiram no ônibus, comentários dos passageiros,  algum tópico interessante ou alegre, e convidem a ele e a sua patrulha a visitar vocês qualquer sábado. Neste caso, deve-se analisar o tempo a ser gasto, marcando sempre o horário de chegada – lembrar que este não pode ser alterado – chegar atrasado mostra que a patrulha não cumpriu as determinações e com isto pode perder ponto.

Enfim, existem diversos programas para uma Carta Prego. O melhor momento é quando a patrulha ou as patrulhas já tiverem boa experiência fazer um acampamento de fim de semana. Claro que haverá uma série de empecilhos, mas todos contornáveis. Conversem com seus monitores, matutem a ideia, ouça-os. Veja por outros ângulos e se acharem que sim mãos a obra. Vocês escotistas de alcatéia e tropa, sabem mais do que eu, e tenho certeza que ao preparar vão fazer uma excelente atividade para desenvolver a cidadania, o livre-arbítrio, o aprender a fazer fazendo e claro muitos artigos da lei para serem revistos e colocados em prática. Não esqueçam nunca que monitores e Escoteiros devem ser ouvidos. Eles darão mais importância a esta bela atividade Escoteira.

Uma boa atividade e muito sucesso na sua próxima carta prego.