Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O aperto de mão Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
O aperto de mão Escoteiro.

Durante o Verão de 1946, um jovem da África Ocidental (atual Namíbia) chamado Djabonar veio a Gilwell-Park, no Campo Escola Internacional. Ele viria a ser mais tarde, Comissário Adjunto da Costa do Ouro. Quando o Chefe do Campo falava acerca da maneira de se cumprimentar com a mão esquerda, Djabonar contou-lhe como quando da queda de Kumassi, capital de Prempeh, rei do povo Ashanti e seu avô, um dos chefes veio ao encontro de Baden-Powell e estendeu-lhe a mão esquerda. B.P. apresentou-lhe a mão direita, mas o chefe disse:

-"Não! No meu país, os mais bravo entre os bravos, cumprimenta-se com a mão esquerda". Entre as numerosas explicações do aperto da mão esquerda dos Escoteiros, não há dúvida de que esta narração seja a da sua origem.

Quando da minha estadia na África, em Fevereiro/Março de 1947, encontrei-me com Prempeh II, que havia sucedido a seu tio na qualidade de rei dos Ashantis. Ele próprio havia sido Escoteiro e é atualmente Comissário Honorário. - Perguntei-lhe a origem deste cumprimento que os seus compatriotas trocavam com a mão esquerda e relatei-lhe a história que conhecia. Ele surpreendeu-se que um Europeu a conhecesse e explicou-me que isso era um sinal secreto de uma Ordem de Nobreza de raça entre os Ashantis, sendo os seus superiores os mais corajosos e os mais dignos.

Mas este sinal não é limitado aos indígenas Ashantis, porque eu observei este costume, denominado «Owor Ogum». «Owor Ogun» é o deus dos guerreiros e dos caçadores. Há muito tempo, quando o Sr. Blair, Administrador Territorial em Ibadam, regressava duma caçada ao leopardo, encontrou um velho caçador que o saudou dizendo «Owor Ogun» e apresentando-lhe a mão esquerda, querendo significar, desse modo, que o Sr. Blair era um caçador de valor e digno de tomar lugar entre os grandes caçadores.

Em Ife, também o cumprimento com a mão esquerda é dado pelo «Oni» - Chefe Supremo - aos seus sub-Chefes.

Há provavelmente muitos outros exemplos deste costume entre os nativos da África Ocidental, mas é curioso que, se para os maometanos a mão esquerda é impura, ela é, em todas as tribos da África Ocidental, um sinal de honra entre os homens de honra, fato que não foi conhecido senão muitos anos mais tarde e depois duma guerra em que, por toda a parte, os Escoteiros se revelaram «os mais bravos entre os bravos» e dignos de figurar entre os homens de honra de todos os países.


Do site Inkwebane “Técnicas Escoteiras”.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Qual disciplina deseja quem reclama da indisciplina?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Qual disciplina deseja quem reclama da indisciplina?

                    Um tema que está tornando-se moda em educação é a indisciplina. Ao afirmarmos isso, não desejamos dizer que não ocorra no escotismo e que os protestos dos chefes e pais não tenham sido sem razão. A questão da indisciplina é sempre assunto que preocupa e, nos dias de hoje, ainda mais, pois assume a perfídia em situações inesperadas ou avança para registros policiais quando não evolui para a violência. Há alguns anos atrás recebi a visita do "Chefe" Escoteiro Marcelo. – Chefe dizia ele, eu tomei algumas decisões na tropa e não sei se agi corretamente. Tenho um Monitor de Patrulha que tem trazido alguns transtornos. Já conversamos em particular, fui a sua casa varias vezes e até mesmo seus pais reclamam da sua maneira de agir. Vi depois de algumas conversas que ele sempre foi perdoado em todos os erros que cometeu. Sempre foi compreendido e nunca repreendido como devia. Resolvi agir de forma diferente.

                   No último acampamento chamei a Patrulha e disse – Todos vocês foram devidamente preparados. Cada Patrulha é livre para tomar decisões que interessam a todos. Nos últimos acampamentos vocês não se saíram bem e espero que neste possam pelo menos conseguir o totem de eficiência de campo. Conto com vocês. No entanto a noite uma chuvinha fria pegou todos de surpresa. Chamei os monitores e disse que ficariam suspensas as atividades da noite e que eles fizessem uma conversa ao pé do fogo em seus toldos com suas respectivas mesas onde estariam abrigados da chuva. Todos fizeram isso, vi inclusive de longe muitas patrulhas se preparando para a noite e inclusive colocando a lenha em local próprio para o dia seguinte. Na Patrulha do Marcinho não. Lá eram risadas, piadas e vi que a Patrulha não podia continuar assim. No dia seguinte com o toque da alvorada com meu chifre do Kudu, a fumaça correu nos campos de patrulhas menos na do Marcinho. Dito e feito. Hora da inspeção todos formados. A do Marcinho não. Não conseguiram acender o fogo e não tiveram café e nem leite quente. Desculpa? Lenha molhada. Era norma não deixarem lanchar sem a bebida quente. Ficaram sem o café da manhã e o almoço deles só saiu às três da tarde. Não participaram do programa de jogos na Lagoa do Jacaré.

                      A Corte de Honra resolveu puni-los. Marcinho reclamou. Se o tirassem do cargo ele sairia dos escoteiros. Uma ameaça ou uma chantagem? – Não tinha certeza. Nunca aceite este tipo de coisa. Disse que iria pensar na punição e daria uma resposta na próxima reunião. Chamei a Patrulha e expliquei que a corte ia suspender o Marcinho. Todos sorriram. Sinal que não gostavam dele. Coloquei o tema em discussão entre eles. Resolveram fazer nova eleição. Foi escolhido o menor Escoteiro da tropa. O Pedrinho. Pequeno, raquítico. Fala mansa. Engano. Pedrinho colocou Marcinho na linha. Em pouco tempo a Patrulha se transformou. Chefe Marcelo disse-me também que no sábado anterior mandou de volta dois jovens que chegaram a sede uniformizados e ainda não tinham feito promessa. A norma na tropa era de vestir o uniforme só no dia que fizessem sua promessa. Isto sempre foi feito e o garbo e a boa ordem sempre foi orgulho da tropa. Um deles me perguntou se tirassem o uniforme podiam voltar. Não. Não podem. Só na próxima.

                    O "Chefe" Escoteiro Marcelo ficou ali me contando diversas outras situações. Fiquei pensando dos meus dias de "Chefe" Escoteiro e os meninos de outrora. Uma disciplina diferente. Nunca tive esse problema. Hoje isso não acontece. Vejo jovens que pecam pela indisciplina e alguns acham que ela inexiste. Poucos sentem que o castigo ou a penitencia não deve ser utilizada por nós. Castigo e penitencia no bom sentido. Nada de violência. Alguns dizem que deveríamos ter um conceito mais amável, como por exemplo, utilizar a relação de afeto e respeito, uma ação onde haja reciprocidade aceitando que alguns erros são próprios da juventude.

                      São conceitos que hoje me sinto em dificuldade, ou melhor, sem sintonia para agir como agia no passado. No entanto acredito que devemos a todo custo manter a disciplina nas sessões, baseadas no respeito mútuo. Quando me dizem que ordem unida não faz parte mais do escotismo fico pensando o porquê alguns insistem em misturar ordem unida com militarismo. Os jovens na tropa ou na Alcateia têm de ter respeito nas formaturas. Tem de saber se formar e o melhor é ensinar as bases primordiais em uma apresentação que pode até parecer militar, mas na minha modesta opinião faz parte inicial da disciplina que se pretende dar a uma sessão Escoteira.

                          Quando os chefes de uma sessão sentam-se com seus jovens e desconstroem e sabem reconstruir com uma boa discussão e fazendo ver a plenitude do significado e dos tipos de disciplina, não apenas a reunião corre mais facilmente e a aprendizagem se concretiza de maneira mais saborosa como escoteiros/lobinhos e os chefes descobrem que, reconhecendo a disciplina como ferramenta essencial às relações interpessoais, aprendem autonomia, exercitam a firmeza e conseguem, com mais dignidade, construir o caráter.


                        A simples ação de um Escoteiro ao pegar um papel de bala jogado no pátio ou na rua, já demonstra que no Grupo Escoteiro de origem se pratica uma disciplina Escoteira que merece o meu e todo nosso aplauso. Continuarei o tema em um próximo artigo. 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Escotismo florestal. Uma realidade?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Escotismo florestal. Uma realidade?

                      Tenho a União dos Escoteiros do Brasil no meu coração. Não tenho registro, pois não quero dar satisfação dos meus atos ao sistema de normas que ela mantém em seus estatutos. Tive oportunidade de organizar minha própria associação e na época vários IMs, Formadores e até mesmo Presidentes de Regiões queriam serrar fileira comigo. Não achei correto e nunca faria isto. Acredito que todos tem o direito escolher e fazer um escotismo conforme a metodologia do fundador. Já disse que BP não deu procuração a ninguém para fazer escotismo. Ele mesmo na sua velha Inglaterra viu os jovens sem tutores, sem diretores e sem chefes a correrem pelas matas e bosques tentando fazer o que seus fascículos do Escotismo para Rapazes (no original inglês «Scouting for Boys») ensinavam. Claro que ele sabia que precisavam de um adulto e o que ele fez foi dar um irmão mais Velho, um Chefe para orientar ouvindo sempre seus rapazes.

                        No Brasil a UEB sempre teve a primazia de ter em suas fileiras todos que faziam escotismo em seus estados. Em lugar de dar as mãos aqueles que faziam outra escolha, mas ainda tendo o escotismo no coração, pois nossa lei é clara, somos amigos e irmãos Escoteiros ela se esqueceu da lei que existe entre nós. Preferiu cercear os que iniciavam sua jornada e em muitos casos abrindo processos civis como se só ela tivesse a primazia de poder agir, falar e fazer o escotismo de Baden-Powell. Pelo que vejo não deu em nada. A justiça brasileira não aceitou suas razões. Tudo bem que seus distintivos e uniformes ou mesmo alguma literatura ela tem direitos, mas os demais fizeram também os seus. Se muitos países as associações vivem como irmãos aqui no Brasil não. Seus processos andam de mal a pior. Nenhum juiz até hoje deu ganho de causa a ela. Mas não é isto que quero comentar aqui. Quero falar de uma organização em especial. Hoje ela pode provar que os jovens que passaram em suas fileiras, são adultos formados na escola badeniana com o melhor cabedal dos princípios que norteiam o método Escoteiro. Não tem como discutir que a finalidade que um dia propôs Baden-Powell foi alcançada pelos Escoteiros Florestais.

                     Seu líder, o Chefe Luiz Fidelis eu não tive ainda a honra de apertar sua mão pessoalmente. Conversamos muito por e-mail, pelo Skype e pelo Facebook. Em várias ocasiões me pôs a par de sua organização. Praticamente criou uma associação que não deixa nada a desejar de um movimento que se propõe a formar bons cidadãos nas cidades que residem. Manteve sim muito do escotismo de BP. Adaptou para não entrar em choque várias outras modalidades e programas Escoteiros. Criou um novo lobinho, um novo Escoteiro e assim por diante. Todos tem o mesmo esquema de crescimento na arte de aprender a fazer fazendo. Criou distintivos, literatura, uniformes e eu posso dizer de cátedra que ele é um vencedor. Nos florestais não tem aqueles donos da verdade. Não existe a prepotência, o Chefão, a sede de ter uma Insígnia e de ser um dirigente nacional. Existem peculiaridades que eu gosto muito. Uma irmandade que ajuda sempre um ao outro dentro de sua associação.

                    Chefe Fidelis criou tudo isto lá no norte, no Ceará, mais precisamente em 19 de novembro de 1996. Dezenove anos se passaram e ela mantem firme sua meta desejada. Mostrar que no escotismo somos todos irmãos, que a finalidade pode ser alcançada em qualquer organização. Hoje seus grupos se espalharam por vários estados e cidades do Brasil. Nos Escoteiros Florestais não vemos ideologias, discussões inúteis e os considero verdadeiros irmãos dos demais Escoteiros. Chefe Fidelis é para mim um verdadeiro Gentleman. Educado, conversa com um sorriso nos lábios, incapaz de ofender a quem quer que seja. Eu tive prova disto quando criaram fatos inverídicos a seu respeito e o atacaram de maneira torpe. Ele calmo e ponderado esperou o vento passar e mostrar que seu ideal Escoteiro era superior a estes ataques infundados.

                     Sempre conversamos muito, ele me pediu muitas vezes sugestões para montar sua estrutura de programa e eu vendo o seu entusiasmo dei todo meu apoio. Fui honrado com um Certificado de Merecimento ao Grau Mestre de Honra dos Escoteiros Florestais. Admito que não seria o escotismo que um dia poderia fazer, mas se lá tivesse iniciado minha saga Escoteira junto a eles, seria hoje um orgulhoso Escoteiro Florestal. Precisamos reconhecer que muitos estão trabalhando na formação dos jovens. Nós temos que mostrar que somos irmãos Escoteiros seja de que organização for. Quantas vezes disse isto aqui e sempre os politicamente corretos a defenderem nossa associação como se a UEB fosse a nunca a ter a primazia de ter recebido em suas mãos um documento qualquer de Baden-Powell dando a ela exclusividade de fazer escotismo no Brasil. Escotismo pertence aos rapazes. Pertence aqueles que acreditam na metodologia badeniana.

                      Chefe Fidelis é um oficial militar, mas sua candura, sua bondade, seu estilo alegre mais parece um Professor amigo, um religioso que acredita no que faz. Sei que muitas vezes recebeu telefonema, e-mail e até ofícios da UEB o chamando para conversar. Claro que sua concorrência de formar homens e mulheres nas sendas do método Escoteiro não agrada a muitos. Ele, no entanto não diz não a um dialogo, mas tem suas ideias e a leva adiante e não costuma voltar atrás no seu idealismo. A nossa associação é centenária. Deveria apresentar em suas fileiras o respeito que as outras associações que não querem se unir a ela merecem. Elas devem ter o seu direito de escolha. Precisamos olhar para dentro de nós e tentar mudar o rumo da prepotência, do querer ser mais que o outro e olhar estados que diretores e presidentes estão se engalfinhando por posições e poder. Estes sim devem ser olhados.

                       Acredito que um dia seremos considerados todos irmãos. Acredito que podemos ter um só pensamento uma só palavra e uma só ação. Podemos sim ajudar um ao outro para melhor aceitação no escotismo nacional. Experiências existem as certas e as erradas. Reconhecer o erro e aprender com o outro faz parte da formação Escoteira. Não precisamos ser únicos e aprender um com o outro faz parte da boa cidadania Escoteira. Ao Chefe Fidelis, aos Escoteiros Florestais eu tiro meu chapéu. Reconheço neles um futuro Escoteiro promissor. Quero um dia estar com eles e abraçar um a um e dizer o que sempre digo a todos amigos das associações Escoteiras no Brasil:

- Não pode existir fronteiras entre nós, pois somos todos irmãos e adeptos do Escotismo de Baden-Powell.

domingo, 10 de maio de 2015

Uma homenagem a todas as mães do mundo!


Uma homenagem a todas as mães do mundo!

Obrigado Senhor, pela mãe que você me deu por todas as Mães do mundo pelas mães brancas, de pele alvinha pelas pardas, morenas ou bem pretinhas pelas ricas e pelas pobrezinhas pelas mães - titias, pelas mães-vovós, pelas madrastas-mães, pelas professoras - mães pela mãe que embala ao colo o filho que não é seu pela saudade querida da mãe que já partiu pelo amor latente em todas as mulheres, que desperta ao sentir desabrochar em si uma nova vida pelo amor, maravilhoso amor que une mães e filhos Eu lhe agradeço, Senhor!


Parabéns mãezinhas por me dar a honra de ser seu filho!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O Dossiê – O Escotismo Brasileiro no primeiro decênio do século XXI


Crônicas de um Velho Escoteiro.
O Dossiê – O Escotismo Brasileiro no primeiro decênio do século XXI

                     Recebi há tempos enviado por um Chefe amigo um relatório feito pelo Dr. Jean Cassaigneau, que a pedido da União dos Escoteiros do Brasil fez um diagnóstico, perspectivas, proposta e recomendações sobre o Escotismo Brasileiro. Produziu um excelente trabalho. Não o conhecia. Imaginem que isto aconteceu em 2007. Acredito que todos os órgãos escoteiros, aí incluindo Grupos Escoteiros no Brasil tenham recebido uma cópia pela importância do conteúdo. Portanto meus comentários hoje estão muito defasados. Mas passou-se pelo menos sete anos. Se suas observações ou sugestões foram aceitas não sei. Alguns dizem que sim. O que confirmo é que muito do que escreveu não deixa de ser atual hoje em dia. Não vou entrar aqui em todos os detalhes de suas observações, pois isto iria alongar muito. Hoje quando vemos uma queda brusca no escotismo nacional sinto que todas as suas observações foram perfeitas. Mas o pouco tempo que teve acertou em cheio nas suas colocações.

                     Para produzir o relatório ele visitou dez regiões escoteiras, conversou com mais de cento e sessenta escotistas, pioneiros e até com pessoas não escoteiras. Ele mesmo diz que viu na UEB recomendações de membros ativos para modificar alguns aspectos negativos ou controversos e incentivar o crescimento tanto qualitativo como quantitativo. Isto até serviu de subsídios em seu trabalho. De posse de uma boa documentação seu relatório vai ao âmago da questão que eu acredito aflige nosso movimento, o deixando estagnado há décadas e décadas. Alguns amigos mais próximos a nossa direção confirmam que muito do que ele disse foi posto em prática e os demais itens por acharem impossível seu aproveitamento. Sinceramente até hoje não vi nada sendo posto em prática do que ele escreveu.

                De uma maneira simplificada, o seu estudo pretendia dar um salto quantitativo e qualitativo ao Escotismo Brasileiro. Claro, dentro de suas prioridades as mais importantes foram de recolher ideias, opiniões e sugestões de membros da UEB em boa parte do território Nacional, não só dos dirigentes. Não faltou uma identificação e uma análise das realidades e tendência. Comentou sobre uma proposta para uma visão de consolidação e desenvolvimento do Escotismo no Brasil. Não deu a solução, apesar de que ficou explícita no final do relatório. Deu a entender que em sua opinião existem sim soluções concretas, articuladas e coerentes. Interessante foi sua comparação entre os membros da UEB e a população brasileira. Só como exemplo, temos uma media de 0,4% (hoje é muito menos) de participação enquanto no Chile ela é de 0,22%.

                   Interessante notar seus gráficos do nosso crescimento é uma verdadeira “sanfona” de vai e vem. O ápice foi em 1991 e se manteve até 1993 aonde chegamos a mais de 70.000 membros (hoje 77.000 membros). A partir daí uma queda vertiginosa. Suas observações sobre a movimentação do efetivo nos estados é excelente. Faz um breve retrospecto da evasão e me baseando pelas minhas parcas informações não sei se concordo com seus números nos dias de hoje, pois a considero muito maior. Sua comparação com outros países sobre a arregimentação de adultos nos coloca em boa posição, mas em relação aos jovens perdemos e muito.

                  Poderia me aprofundar no todo de suas observações, principalmente no que disseram a maioria dos entrevistados. Mas isto iria alongar muito. Mas do que eles disseram não me escapa algumas preciosidades: - O escotismo é visto como um clube – Falta divulgação e quando é feita muita vezes é desvirtuada. Os jovens não escoteiros não compram muito a ideia do que estão vendo. Muitos escotistas e escoteiros tem vergonha do uniforme, não fazem marketing com ele em atividades extra-sede. (aprovaram o traje, é mais fácil se apresentar com ele que com um uniforme). Não existe um bom trabalho para mostrar o escotismo na sociedade e principalmente junto aos responsáveis pela educação no país. Acham que o público acredita que somos um movimento fechado (sempre dentro das sedes escoteiras), mudar a imagem do Escoteiro “biscoito” para um escotismo com formação do caráter, um movimento sério com preparação vocacional e compromisso social. Rebatem sempre a vergonha de se mostrarem em público, sua linguagem (o programa) muitas vezes são incompreendidas. Mudar a imagem do Escoteiro “babaca”, do Escoteiro “cata-lixo” e bobo e diversificar para uma presença ativa na comunidade.

                 Isto foi que disseram a ele em suas entrevistas. Tem muito mais. Centenas.  Os próprios dirigentes da UEB na época (2007) já diziam que parece que somos uma organização secreta, não temos penetração visual. Ficamos trancados em nossas sedes. As pessoas respeitam o que conhecem, quem não é visto não é lembrado. TEMOS QUE VENDER NOSSO PEIXE! Centralização não é a solução. A Nacional busca fora o que tem dentro. Precisamos ter menos burocracia, menos política, menos instabilidade. A UEB é um trem com vagões pesados. A UEB não faz rodar a roda que inventou o Baden Powell (BP).  A UEB é como uma ostra – apenas abre-se e fecha-se imediatamente. A UEB cuida da política e não da administração. A ESTRUTURA DA UEB É FEUDAL E FECHADA. Cada membro da UEB está fazendo do seu jeito. É preciso ser um colegiado e não levar em conta a promoção pessoal. A UEB é uma fogueira de vaidade onde se briga por besteira!

         Isto meus amigos está no relatório. Não são palavras minhas. Claro, de 2007 podem dizer, mas será que mudou alguma coisa? E para encerrar, algumas outras pérolas do que disseram membros da UEB na época – O Escotismo, antes era desafio e conquista, agora é brincadeira. Qualquer grande organização que se preze, antes de ʺvenderʺ um produto novo, realiza uma pesquisa de opinião para saber se aquele produto irá ʺvenderʺ bem, ou a melhor forma de fazêlo. Perguntar não ofende, não faz mal, pelo contrário, valoriza a pessoa e torna a política mais sábia. Os escotistas e dirigentes, quando podem, têm que fazer ʺimportaçãoʺ (ou seria ʺcontrabandoʺ), de publicações, de um Estado para outro. O programa novo é calmo de mais.


                    Realmente não sei e não posso afirmar se fizeram alguma coisa sugerida pelo relatório do eminente Dr. Jean Cassaigneau. Sua experiência como antigo Secretário Geral Adjunto da Organização Mundial do Movimento Escoteiro (OMME) não deixa dúvidas quanto ao seu excelente trabalho. Dizer mais o que? Vamos mudar quando? Vamos crescer quando? Esta fogueira de vaidades por poder, não importa onde, desde o Grupo Escoteiro até os dirigentes quanto ainda vai perdurar? Que os defensores continuem a defender o indefensável. Como disse nosso querido BP, o que importa são os resultados e infelizmente eles não são bons. 77.000 mil membros para uma população de 200 milhões de habitantes não é nada. Não fiquem satisfeitos com suas alcateias e tropas pequenas, não fiquem alegres com estas atividades caça-níqueis de nossos dirigentes. Procurem ver se a evasão existe e cobrem das autoridades. Todos nós somos responsáveis!