Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Um Fogo de Conselho perdido em uma noite de luar...


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Um Fogo de Conselho perdido em uma noite de luar...

                            Visitando rosas em meu jardim florido que habita em minha imaginação, entreti-me com a formosura do luar que jorrava suas ondas de prata apaixonadas sobre as pétalas formosas. Um poeta um dia versou sobre a beleza das rosas: - Segue o teu destino... Rega as tuas plantas; Ama as tuas rosas. O resto é à sombra de árvores alheias. Não sei como me vi perdido no luar a sonhar que a primavera havia mandado seu convite para mim. Dizia que seria o mais belo fogo do Conselho que ela e seu luar iriam acordar naquela clareira adormecida. Senti um frenesi, suspirei um suspiro de amor, havia no mundo algum mais lindo que ver um Fogo de Conselho em uma clareira ao luar? Voltava no tempo. Olhava as chamas, os rostos dos jovens vermelhos, olhos fixos naquela fogueira que chorava seus suspiros por fagulhas que se perdiam no espaço e no tempo.
       
                     Quem não ama um Fogo de Conselho? Coisa bonita vestida de chita pronto para agradar seus pupilos com um calor fagueiro queimando leve a face pra a gente nunca mais esquecer. Labareda gostosa, visão cor de rosa que nos faz sorrir. Hora de cantar brincar e sonhar nestas noites de lua e céu estrelado. Ah! Fogueiras. Quem não sentiu o vibrar do clarão no céu? Olhos esbugalhados olhando para dentro dela, querendo descobrir muito mais além daquelas chamas que se espalham com o vento, jorrando fagulhas tão faceiras que nossos olhos percorrem os lados e traslados para ver aonde até onde elas vão. Nunca entendi por que a fogueira atrai. Fecho os olhos e penso que tudo vai começar. O véu da noite esconde tudo de todos. E eis que todos juntos, uma patrulha ou uma Alcatéia, um sustentáculo de Baden-Powell surge naquele lumiar do céu, não dá para saber quantos ao mesmo tempo estão como nós esperando o momento. O momento sublime que um trisco, um fulgor, um lampejo, um brilho colorido vai surgir, a escuridão seja solicitada a se retirar.

                         Nos meus sonhos de criança sinto o calor do fogo, é bom demais, é sublime, é fantástico. A luminosidade que brilha transforma faces, pensamentos, saudades, futuros que agora nem pensamos. Só aquele clarão se faz presente no raiar da escuridão que de susto desapareceu junto ao vento que chegou e partiu. A gente é atraído por aquela chama, quer ver a brasa, a flama. Uma língua de fogo escorre no tempo e no ar. Labareda que nos faz sonhar. Não é o mesmo na lareira, um fogacho escondido, perdido que o fogaréu se foi quem sabe na janela que se abriu. Ali não, ali vive a fogueira, a tocha, o facho e o archote uma lumieira um fogaréu! Sei que em pouco tempo todos vão acordar, não estavam dormindo, estavam sorrindo a esperar... Será um fogo, um conselho, uma aventura, um ato de amor. Será o aquecimento do corpo, irá cozer alimentos, afastar os amigos selvagens que escondidos atrás de árvores estavam ali a espiar...

                     Quem disse que o vento carrega levemente a poeira, que sopra pela janela e balança a roseira? Quem faz e diz ser mais bela que a chama de uma fogueira? Não sei e nem quero saber. Sei que o fogo molha a alma de guerreiros, aqueles que sonham com mundos coloridos e muitas cores no ar. São românticos e sonhadores. Eu você e todos nós estamos ali juntos ao fogo amigo, muitos amores irão surgir. Em volta um clarão que vai atingir as estrelas no céu. Eu sinto meu coração bater, o crepitar da fogueira me fazer renascer, não é tempo esgotado nem chuva no molhado. É força Escoteira, alegre faceira que o Fogo de Conselho vai trazer ramalhetes de flores espalhados no céu. São flores amarelas, vermelhas singelas. Quem sabe vai também trazer a boa nova, a mudança dos tempos, um ato de amor e de felicidade, que a bondade de Deus colocou-nos para nos, fazendo escotismo, gostoso, aprazível, delicioso. Agradável noite de amor fraterno.

                    Ah! Saudades que passam que ficam. Suspiro apaixonado por um fogo qualquer. Ah! Amigos fraternos, amigos eternos que sorriem naquela noite maravilhosa que em só um momento trouxe canções, vozes a entoar emoções, gorjeios em noites perdidas no céu e no mar. São canções lindas, frases sinceras, amor de primavera. Linhas inexistentes, fronteiras abertas demarcações riscadas. Nada impede celebrar ou enaltecer o fraternal companheiro. Um parceiro, um amigo, um colega um camarada meu mano. É ali naquele fogo, tão primoroso iremos guardar saudades eternas, um dia vamos sentir falta, lembrar-se do passado, trazer na memória coisas antigas, pensar em tê-las de volta. Mas o fogo, o trinar do canto da fogueira, um olhar tão amigo, um certo sorriso e dizer: Adeus fogo, adeus...


                 Que os ventos do norte, do sul e do leste, que os ventos do oeste um dia deixem voltar às fagulhas daquela fogueira, aquela ternura do passado, quem sabe fazer delas o presente e uma esperança do futuro. Com as mãos entrelaçadas, ao redor do calor, sorrir cantando que não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus. Manter a esperança que tudo vai voltar e que aquelas saudades eternas serão para cada um de nós o caminho que vai nos levar a paz! 

domingo, 27 de setembro de 2015

Velhos Escoteiros não contam histórias...


Lendas Escoteiras.
Velhos Escoteiros não contam histórias...

                      A tarde ia chegando devagar. Ainda havia sol e eu gostava de ficar ali em minha varanda imaginando o nascer e o por do sol. Eu sabia que a vista não tinha montanhas não tinha arvores e em alguns casos nem mesmo o céu azul eu podia ver. Olhava sim um telhado de um sobrado a minha frente e imaginando que ele o sol caminhava para o oeste e no dia seguinte ele iria aparecer no leste. Um automóvel parou na minha porta. Quem poderia ser? Não eram meus filhos, nunca chegavam a esta hora. Desceu do veículo a figura que menos esperava em minha casa. Nada mais nada menos que o Chefe Jack Sparrow, ou melhor, o Comissário Plutarco. Era famoso no meu tempo. Seu distrito Escoteiro foi comentado até no exterior. Diziam que ele era a cara do personagem de Johnny Depp no filme que lhe deu fama. Eu já o conhecia a muitos e muitos anos e tinha seus livros que escreveu e agora não escreve mais. Era mesmo uma figura imponente. Cabelos brancos, um sorriso magnífico, e o melhor homem de um caráter ilibado. Como sempre vestido a caráter com seu caqui curto e seu Chapelão. Eu gostava de ver as abas sempre retas parecendo ter saído da fábrica. 

                      Fiquei cismado com sua visita. Claro uma bela visita. – Entre meu amigo, muitas saudades de você. Ele abriu aquele enorme sorriso e me abraçou como sempre fazia. – Perguntou-me: - Vamos conversar aqui na varanda? - Você quem manda meu caro Chefe. Jack estava chegando aos seus oitenta anos. Seis a mais que eu. – Chefe Vado, eu vim aqui especialmente para lhe fazer um convite. Olhei espantado. Ele continuou: – Andei meio afastado do Movimento. Senti saudades e vi que voltar não dava mais. Ando com dificuldade e você sabe, nesta idade sempre temos surpresas que a velhice nos reserva. - Faz parte da vida completei. – Sabe Chefe vou contar o porquê vim aqui. Há meses organizei em uma rede social, um clube de Antigos Escoteiros. Eram bem vindos quem passou dos sessenta e cinco anos. Somos dezoito e todos alegres e bonachões com seu escotismo nunca esquecido. Evitamos criticar o presente Escoteiro. São muitas lembranças claro sempre uma pitada de nostalgia. Alguém deu a ideia de fazermos um acampamento uma vez por ano.  – Olhei espantado para ele. – Não me convidou Chefe Jack? – Não me lembrei. Por isto agora é meu convidado de honra.

                        - Em síntese, continuou – Vamos acampar no mês que vem. Seremos quatorze participante. Se você aceitar seremos quinze. – Pensei com meus botões, acampar hoje? Mas porque não? Claro que tenho dificuldades em abaixar e levantar, e o pulmão não costuma colaborar, mas poderia dar um jeito. – Chefe Jack, os demais são como eu? Ele riu. Tem um que vai em sua cadeira de rodas, está vindo de Salvador. Tem outro do Rio que anda de muleta! E daí? Somos Escoteiros e não vamos morrer sem fazer nossos acampamentos. Afinal sabemos ou não improvisar? Sorri. Seria o último de cada um? Pode até ser, mas todos os anos um vai acontecer! Celia chegou com seu cafezinho mineiro e depois dos apertos de mãos, abraços entrou na conversa. – Osvaldo ela disse. Você tem de ir. Tem de voltar aos velhos tempos meu marido! Minha mente fervilhava. Acampar novamente? Será que ia aguentar? Seria um desafio para mim. Se o Chefe Jack e outros toparam eu não iria ficar de fora. A conversa continuou noite adentro. Chefe Jack Sparrow se despediu lá pelas onze da noite. Mando para seu e-mail o dia a hora e o local aonde vamos nos encontrar. Vamos dividir as despesas. Um ônibus estará lá para nos levar.

                        Meus preparativos me lembravam do meu tempo de menino que sonhava com o dia do acampamento. Uma semana sorrindo e fazendo mil planos. Eu parecia aquele Vado do passado, olhando a mochila, limpando, passando meu uniforme, dando um trato na minha faca e meu facão, desinfetando meu cantil e achei lá no fundo do baú meu cabo ainda costurado como gostava. Achei a capa preta e sorri ao ver que ela estava nos trinques. Célia me levou ao local do encontro. Cheguei em cima da hora. Que prazer em colocar minha mochila como nos velhos tempos. Era Escoteiro ou não? Abraços, eu sou fulano, sempre alerta! Prazer em conhecer você. Vai ser bom convivermos por três dias juntos! – Estas eram as palavras de ordem. No Ônibus parecíamos meninos a ir acampar. Bom demais. E a cantoria? E as tosses? E os remédios cruzando de mãos em mãos? Claro todos levavam seus apetrechos farmacêuticos. Esqueci, havia uma mulher. Não vou dizer o nome, mas foi DCIM há muitos anos. Famosa. Até hoje nos seus 84 anos era linda como foi no passado.

                    O local era maravilhoso. Um lindo bosque, um riacho cantante (adoro riachos que cantam), as barracas ainda por armar e o Chefe Jack Sparrow perguntou se alguém precisava de ajuda. Combinei com ele de uma barraca só minha. Seria uma aventura entrar nela, deitar, levantar várias vezes a noite e voltar. Mas sei que valeria a pena. Uma pequena casa com algumas camas e uma cozinha completavam nosso campo. Combinamos de nós mesmos cozinhar. Dividimos em patrulha. Interessante que a minha falta de ar e minhas dores diminuíram. Sentia sim saudades do meu amor. Fiz uma polenta que deixou todos de água na boca. Ao lado da casa tinha muitos bambus cortados. Minha poltrona do Astronauta não ia ficar sem fazer. Juntos fizemos uma mesa grande. Cabiam todos. Nunca vi tantos sorrisos de Velhos Escoteiros. Ninguém gemia a não ser uma tosse aqui e ali. Faz parte da velharia diziam. Risos. Todas as noites nos reuníamos em volta de um fogo. Cada um cantava, apresentava um número qualquer para os demais. Não importávamos de ficarmos até às duas da manhã sob os cuidados do orvalho saudoso que caia.

                     O Fogo de Conselho foi demais. Ninguém conhecia o Serafim. Rí à beça quando vi aquela velharia caindo de solapa no chão. Há muito tempo não ria assim. Todos pareciam irmãos de patrulha. Sempre com um sorriso nos lábios, hora nenhuma ninguém baixou enfermaria. Na canção da despedida nunca vi tantos velhos Escoteiros chorando. Ao terminar nos abraçamos com lágrimas nos olhos. No final do domingo veio à partida. Fizemos questão de nós mesmos desarmar as barracas e fazer a limpeza do campo. Ninguém fez inspeção, não precisava. Ali estava dois primeiros classe, dois Lis de Ouro, dois Escoteiros da Pátria, oito DCBS, três DCIM e eu uma Pata-Tenra perto daqueles mateiros profissionais. Na volta as canções custavam a sair. As vozes estavam embargadas. Era difícil cantar. Foi bom demais. Cada um pegou seu taxi e partiu para sua morada. Célia me esperava. Eu fiquei ali até o último partir. Ainda chorava. Sou Velho e chorão.


                     Acordei do meu sonho sorrindo. Como é bom sonhar. E se tivesse um acampamento assim? Quem sabe um dia? Não morrerei sem meu último acampamento. Estive pensando em reviver o passado e partir para uma floresta só eu e Deus. Preciso decidir, pois não posso fugir do meu destino Escoteiro. O tempo vai passando e minha vida se esvaindo. Dizem que devemos ter a velhice porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência. Abraços e todos vocês! 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A cerimônia da Promessa.


Conversa ao pé do fogo.
A cerimônia da Promessa.

                    Meu artigo hoje é sobre o Manual de Cerimônias Escoteiras. Este manual era para nós antigamente uma bíblia. Todos faziam suas cerimônias conforme ele determinava. O manual nos ensinava como fazer além de sugerir muitas das nossas ações Escoteiras e isto era repetido nos cursos de formação e passado de mãos em mãos pelos chefes de lobos e escoteiros. Todos agiam e faziam sem modificações. Havia sim uma liberdade criativa, mas pouco utilizada. Vamos ficar hoje restrito a Cerimônia de promessa. Na Alcatéia ou nas Tropas. Elas tem a mesma aparecia e a mesma sincronização com poucas diferenças. Que sabe em vez do Grito de Patrulha ou de Tropa se dava o Grande Uivo. Sei que muitos Grupos Escoteiros fazem ainda assim e tenho certeza dos bons resultados obtidos. O Manual de Cerimônias é pouco conhecido e nem sei se está disponível nas lojas Escoteiras, afinal é muito antigo e os novos lideres não gostam muito do passado Escoteiro. A UEB não se preocupa em ter novamente um manual de Cerimônias. Cada formador ensina o que aprendeu e muitas vezes não existe igualdade nas cerimonias Escoteiras.

                   Ficaremos restritos neste artigo na Promessa Escoteira. O dia mais importante na vida de um lobo, um Escoteiro, um Sênior ou um chefe. Ele é o dia aguardado, sonhado e aguardado com grande ansiedade. No manual diz que o uniforme ou vestimenta só pode ser usado quando da promessa. Era sagrado e não se discutia sim ou não. Isto valoriza não só o dia, mas o orgulho pelo uniforme Escoteiro. O monitor é o responsável para dizer ao Chefe quando seus jovens estão preparados. Nos lobos a Akelá e seus assistentes sabiam a hora certa. Nunca antes de três meses. O jovem ou o adulto deveria ter certeza do que iria fazer, pois prometer, honrar a promessa e sentir a força do escotismo em nossas vidas não deve ser um fato comum e diário. Afinal dali em diante a vida escoteira seria alterada para sempre. Hoje me dizem que quem decide é o Assessor Pessoal para os adultos e os chefes para os jovens.  

                     Ninguem pode fazer uma promessa sem estar devidamente preparado. Nunca esquecer a conversa particular entre o Chefe e o noviço. Deve ser uma conversa franca, honesta, onde ambos tem direito de comentar o dia tão esperado. Neste dia precisamos saber se o jovem ou mesmo o adulto compreende o significado da promessa, da lei escoteira e da lei do Lobinho. Deve ser uma rotina e o Chefe além de orientar deve saber se estão realmente preparados para a promessa. O tete a tete gostoso, entre dois amigos sendo um deles mais velho e orientador. Hoje se usa a renovação da promessa. Não sei a validade, mas aceito que alguém renove e acredite. Sinceramente nunca fiz. A minha foi para sempre. Importante saber a promessa de cor. O Chefe lembra ao promessado a importância do dia e deixar que cada um fale francamente de viva voz sua promessa. Afinal é um compromisso individual e não coletivo

                   Alguns grupos fazem suas promessas com a presença de todas as seções. Muitas vezes se demora muito e se torna cansativo. O manual ensina que ela deve ser feita só pela sessão escoteira e com a presença do Diretor Técnico. Isto deve constar do programa e cada Tropa ou Alcatéia. Ao terminar a cerimônia de Bandeira fica na arena somente a sessão que tem promessa a fazer. O manual era enfático em dizer que a cerimonia de promessa pertence à Alcatéia ou Tropa e mais ninguém.                   Deve ser uma cerimonia simples, mas cheia de valores que a própria chefia cria juntamente com o monitor ou assistente de Alcatéia. Deve ser feita com orgulho quando chamados ou apresentados pelo monitor ou primo. Sempre o Chefe da Tropa ou Alcatéia pergunta aos graduados se há alguém para fazer a promessa. Estes respondem que sim e dava o nome. Nota - Nunca se toma mais que uma promessa por vez. Ela é única e exclusivamente do promessado do dia. Era dele e de mais ninguém o dia. Poderia mesmo haver uma abertura para mais uma, mas sempre em separado nunca juntas.

                     Normalmente o Chefe pergunta ao primo ou patrulheiro que vem junto com o monitor: - Quem vem lá? – O monitor dizia: - Um noviço que quer ter sua promessa para ser mais um da fraternidade mundial e nosso irmão Escoteiro! Existe a liberdade de que o monitor o leva até o Chefe apresentando seu posto na patrulha (intendente, escriba, aguadeiro etc.) e dizendo que ele estava pronto para a promessa. Os lobos tem liberdade de usar a mística própria. Não esquecer que é um dia especial e o jovem deve sentir seu orgulho deste dia. Sei que alguns grupos convidam os pais e outros não. Tema para a Corte de Honra decidir. Quem toma a promessa é o Chefe da Sessão. Sempre com aquelas palavras: Escoteiro tal! Lobo tal! Você hoje esta sendo investido como (lobo ou Escoteiro) e irá fazer sua promessa. Julga-se preparado conforme sua Lei? (do lobo ou do Escoteiro). Poderá me dizer duas ou mais delas e explicar para a Tropa e ou Alcatéia como você a interpreta e o que você entende que ela poderá representar em sua vida? O escoteiro ou lobo diz e logo em seguida a Tropa ficava em posição de sentido, com a meia saudação e se pede ao Escoteiro ou lobo para dizer a promessa. Repetir fica a critério de cada sessão. Eu pessoalmente não aconselho. Ao terminar o Chefe vai até o promessado, cumprimenta com a mão esquerda e diz: Bem vindo, uma honra ter agora você como irmão de todos os escoteiros (lobinhos) da sua sessão e participante da Grande Fraternidade Mundial dos Escoteiros.

                    É função do Chefe da sessão colocar o distintivo de promessa. O Diretor Técnico representando o Grupo Escoteiro coloca o lenço dizendo em poucas palavras o seu significado. O monitor ou o primo coloca o distintivo de patrulha e ou o da matilha. Em seguida toda a ferradura ou meio círculo vira para a direita vão em fila cumprimentar o promessado. Este não sai do lugar. Era seu dia, o dia mais importante na sua vida escoteira. Após os gritos de patrulha, a patrulha do promessado se dirige ao centro da ferradura e davam o grito só eles. As alcateias faziam ali o Grande Uivo quando a Akelá dirigia breves palavras ao promessado do dia. Como se vê deve se dar grande importância para o jovem no dia de sua promessa. Com mais de um fazendo simultaneamente perde-se o brilho da cerimonia escoteira. Desaconselho convidados há não ser nos lobos onde só seus pais podem estar presentes.

                  Esta cerimônia não deve tomar mais que dez ou quinze minutos e nunca repetitiva em todas as reuniões. A promessa deve ser valorizada ao máximo. O Chefe quando preparado também devia comparecer de uniforme ou agora com a vestimenta. Não se toma promessa usando só o lenço.  No caso de adultos voluntários a entrega do distintivo e o lenço é feito pelo Diretor Técnico ou então alguém da sua Tropa. Nada contra as tropas que as fazem em locais especiais tais como: - À noite com archotes, ou mesmo em fogo do conselho deste que as palavras e ações sejam as mesmas. A promessa é para sempre. Ele marca a vida de todos nós quando a fazemos. Não estou determinando uma norma de ação. Como o manual hoje nada representa fica para a UEB decidir junto aos formadores o que é certo e errado. Ainda sou daqueles que o importante é o resultado. Se ele marca então não há o que discutir.

Nota – Se alguém se interessar em tenho um Manual de Cerimônias em PDF produzido pela Região do Rio Grande do Sul. É só pedir gratuito no meu e-mail ferrazosvaldo@bol.com.br

              

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Parte I.


Conversa ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Parte I.
(artigo já publicado)

                          Porque estão saindo? Se isto acontece tem motivo. Mas quais? Até hoje ainda não temos uma politica correta para diminuir esta evasão. Nem mesmo sabemos quais os reais motivos. Temos sim bons chefes que com sua experiência apontam diversos fatores. Vejamos o que esta evasão produz de mal: - A qualidade não cresce a quantidade idem, o que pensava BP que precisaríamos segurar o jovem por pelo menos dez anos não acontece mais. A evasão é tão grande que mais parece um sistema rotativo de entra um sai outro. À medida que a juventude cresce, passa a integrar a sociedade como um todo. Se eles aqueles que passaram pelas fileiras Escoteiras e não tem boas lembranças, dificilmente serão os que irão fazer um proselitismo das vantagens educacionais do escotismo. Sabemos que não somos reconhecidos pelas autoridades em nosso país. Ainda não aprendemos a mostrar nossa força claro, se há temos. Poucos estão devidamente preparados para em poucas palavras, dizer o que somos e o que pretendemos.

                         Sem uma união em termo do tema, nada iremos conseguir mudar este caminho de perda tão nefasto. Sei que muitos poderiam dizer o motivo porque não crescemos. È só ver que não existe mais aquela procura do passado. Os que ainda permanecem por não receber o escotismo real crescem sem saber se elogiam ou se esquecem de seu passado Escoteiro. Pelo menos alguns ainda têm exemplos pessoais para dar. Sem entrar aqui no mérito do conhecimento, ou da afirmação que está tudo bem, irei apresentar em quatro artigos sucessivos, minha opinião vivenciada no escotismo que conheci. Não pretendo entrar em desacordo com nenhum dos que discordam, mas lembro de que só iremos estancar esta sangria quando nos dispusermos a analisar, pesquisar, conversar e aceitar sugestões dos diversos núcleos Escoteiros do país. Isto englobaria todos, desde o mais humilde grupo até a Direção Nacional. Citaria de antemão quatro motivos do porque muitos estão abandonando as fileiras do escotismo:

- “Programa. Ele não atinge os objetivos para motivar os jovens”.
- “Apresentação pessoal”. Tudo que foi apresentado até hoje não surte os resultados       
  “Esperados”.
- “Formação qualificação do Chefe”. Deixou-se muito dos objetivos de BP pensando  
    que   hoje a modernidade exige outro tipo de abordagem e apresentação”.
- “Ouvir sempre o ponto de  vista do jovem. Dizem que sim, mas não está sendo feito”.

               Abordarei proximamente em cada tema minha opinião sem fugir dos padrões existentes. Todos eles merecem sem sombra de dúvida uma discussão por todos os interessados. Quem sabe precedida de uma grande pesquisa nacional. Lembro que posso estar errado, mas nossos olhos precisam se voltar para estancar a saída em massa dos jovens e dos adultos do escotismo. Cada caso é um caso. Cada Grupo Escoteiro tem sua personalidade própria. Sem ter a opinião deles dificilmente acharemos o caminho para o sucesso. Inicio minhas ponderações com o programa feito para o jovem e não vou entrar no mérito de cada exposição.  Vou simplesmente exemplificar uma bela charge que tem mais de cinquenta anos de idade. Ela diz tudo:

PORQUE ELE DEIXOU O ESCOTISMO?
Ele pensou que seria assim: Diferente de sua escola, diferente do que fazia com seus amigos do bairro, ele poderia ter aventuras que nunca teve, aprenderia no campo a vida de um explorador. Iria colocar uma mochila e sair por aí seguindo o vento. Iria acampar muitas vezes, iria dormir em barracas e sob as estrelas. Iria construir Ninhos de Águia, escada de cordas, iria subir e descer de uma árvore por nós incríveis que iria aprender. Atravessaria rios e vales em Falsa Baiana, em Comando Crow. Aprenderia a fazer pontes, jangadas, iria explorar cavernas, bosques, montanhas e tantos mais. Iria correr pelos campos, ver pássaros incríveis, seguir pistas na floresta, descobrir uma nascente, pescar um belo peixe, e com sua bandeirola iria enviar mensagens por enormes distâncias, o Morse à noite com sua lanterna iria brilhar, e os jogos especiais? Ele um índio ou um soldado? Que bela maquiagem faria. Os famosos boinas verde seria pé de chinelo perto dele. Iria se preparar para o negrume da noite, acender um fogo com um palito, pular uma fogueira e cantar! Representar com seus amigos, contar uma bela história. Iria aprender dezenas de nós, Escoteiros e marinheiros. Iria aprender a seguir o rumo, dominar uma bússola, ler mapas e partir para grandes atividades aventureiras. Teria seu cantil para beber água da fonte, teria sua faca mateira. Iria aprender a usar seu facão, seu canivete e quem sabe gritar alto: - Madeira!

PORQUE ELE DEIXOU O ESCOTISMO?
Não foi o que pensava. Tempo demais na bandeira, tempo demais do palavrório, Monitor mandão, sala com cadeiras e ficar sentado vendo chefes escrevendo, desenhando sinais de pista. Tudo igual ao que ele fazia todos os dias na escola. Um Monitor a sua frente ensinando sinais, nós, tempo demais. E os jogos? Sem graça, ele preferia um racha de futebol. Pelo menos se divertiria. Uma patrulha desanimada, poucos frequentando, a maioria faltando ou saindo. E ele se lembrou do seu Professor a exigir silencio e atenção. E as filas? Iguais as que fazia todos os dias esperando uma ordem de um adulto que não vinha. Lembrou-se das suas viagens pela internet, da sua casa, e pensou que tudo ali era igual. E os sorrisos e os abraços? Quase nenhum. Queria fazer a promessa, mas como demorou. A cada dia sentia falta dos seus amigos do bairro. Lá o programa era melhor...

                  Pois é, a charge diz tudo. Pode ser um dos principais motivos da saída do Escoteiro, do Chefe que não teve respaldo, do diretor que nunca foi elogiado. Não vou dizer do antigo programa de classes que foi suprimido e substituído. Ele poderia ter continuado com suaves modificações que o tempo se encarregaria de mostrar. Pelo menos era mais aventureiro. Mostrava como viver a vida de um mateiro, um explorador. O que aconteceu foi que bruscamente mudaram. Ninguém foi consultado. Quando foi feito pela primeira vez houve uma grita no antigo Orkut em um grupo, em que a insatisfação tomou conta. Em um mês mais de mil comentários. A maioria dizendo que era melhor sair. Mas não posso afirmar que só este seria o motivo principal da grande evasão. Tem outros. No próximo artigo irei comentar sobre a apresentação pessoal. Nem sei se ela poderia também ser descrita como causa provável.

                      Fiquem a vontade para comentar, copiar, compartilhar, discordar e sugerir. Não sou o dono da verdade, a única coisa que posso afirmar é que a evasão está destruindo o movimento Escoteiro no Brasil. Antes não foi tanta assim. Era comum as patrulhas permanecerem juntas por anos e anos. Mas vamos descobrir juntos a verdade. Conto com você!
Breve a Parte II.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

“Operação Mata Pato”


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
“Operação Mata Pato”

                         Pelo sol baixo vi que a tarde estava chegando. Ainda a pino queimava minha cabeça através do meu chapelão Escoteiro. Nunca o abandono nas minhas andanças e nas lembranças quando fui um grande Agente Secreto Escoteiro. Não esqueço o dia que desceu do trem em minha cidade um homem estranho, alto, forte com um chapéu rosa esquisito na cabeça, de sandálias camisas e bermudas também rosa. – Que isto? Eu pensei. Só poderia ser um espião da KGB. Dizem que eles têm dois estilos. Um circunspecto sério, caladão e só andam na sombra da noite. O outro espalhafatoso, querendo se mostrar diferente para tapear agentes sérios como eu. Dei voz de prisão ao espalhafatoso. Afinal eu estava uniformizado, com meu chapelão (Cacilda, ele não sai da minha cabeça) e minha faca alemã na cintura. Ele me olhou e deu belas gargalhadas. Tirou do bolso uma identidade. Era o novo Juiz da cidade. Sorri seco e pedi desculpas. Escapei de boa, pois ele também fora Escoteiro.
 
                        Mas ali estava eu Piquitiba, capital de um estado que estava ficando famoso em meu país devido a Operação Mata Pato. Eramos considerados ao sul do trópico de capricórnio, (meu signo que sempre me deu sorte) como a nação das lindas mulheres seminuas das Faculdades do Samba (deixaram de ser escola e foram promovidas). Eu me orgulhava de ser um autêntico Arabutáneo, nome retirado de uma arvore mais bonita que o Pau Brasil. Arabutâ tinha mais de 300 mil escoteiros e se orgulhava de sua disciplina, pois não havia perdão para os faltosos. Ali se errou escoteiramente falando o pau comeu. Eu sabia que naquele mato não saia coelho e que abusava ia passar uma temporada vendo o sol nascer quadrado nas masmorras de Piquitiba. Mas eu era um valente. Sempre fui. Na minha infância enfrentei bandidos e peguei um jacaré pelo rabo só para ver quantas voltas em torno de si mesmo ele aguentava sem ficar tonto.

                         Não foi difícil encontrar a sede nacional. Eu sabia que estava sendo julgado. Tudo porque recebi o certificado me nomeando para a Academia Escoteira de Letras. Eu era agora um imortal por ser um fajuto escritor de contos escoteiros. Dois diretores um Italiano cheio de sorrisos e outro sulista trovador e tocador de guitarra haviam me nomeado sem mesmo perguntar se eu queria. Recebi pelo correio o fardão. Iria ficar supimpa com ele, mas perguntei se podia usar no dia da posse meu chapelão Escoteiro e por baixo meu uniforme caqui. Bem agora precisava saber se iam melar minha posse. Só em Piquitiba poderia saber. Era uma sede simples, quem via não dizia que até a Presidenta Cacilda Toupete invejava. A porta estava aberta. Olhei uns dez funcionários jogando dominó e outros tirando um cochilo. Não havia nenhum profissional Escoteiro lá. Estavam em falta. Aproveitei um roncado e corri até a porta das escadas que levava ao porão.

                         Minha nossa, levei o maior susto. Vários calabouços pintados de verde e amarelo e muitos desenhos da nova flor de lis estilizada. Ser preso junto a estes desenhos era o fim do mundo. Todas as celas cheias de chefes escoteiros. Vi que a maioria eram velhos escoteiros. Perguntei a um porque estava preso – Chefe! Não quis mais escrever SAPS. Eles souberam e me trancafiaram. Outro com aquela cara de B-P perdido no tiroteio em Mafeking disse não aceitar as mudanças do uniforme. Ele era um caqueano e não arredava o pé! Havia dezenas deles. Em um canto muitos listeiros da Flor de Lis confabulavam como sair dali. – Tomou papudo! Quem fala muito dá bom dia ao cavalo. Cheguei ao salão oval onde eles se reuniam. Parecia uma mesa que me recordava a Távola Redonda, onde eles se reuniam para confabular com o Rei Arthur. Sabia que ela foi feita este formato para que não tivesse cabeceira, representando a igualdade de todos os seus membros. Igualdade? Isto eu não vi ali.

                         Eram seis. Dois deles eu sabia que não eram mais da Comissão do TCHAN. Mas mandavam em tudo ainda. A mesa cheia de papeis, fotos minhas espalhadas por todo canto. Um vociferava: Temos que acabar com a raça deste maldito Velho Escoteiro! Outro dizia: Mil dias de prisão em solitária! Um lá do norte mais calmo dizia que devíamos respeitar opiniões. Coitado, foi massacrado. Um mineiro de fala mansa resolveu interceder por mim. Disseram a ele que não mandava nada. Ele fechou a cara. Afinal fora eleito pela maioria dos 0,01% do efetivo nacional na Assembleia Nacional. O Chefão da Comissão de Ética torcia as mãos. – Deixa ele comigo, vou mostrar com quantos paus se faz uma pioneira, isto é uma canoa! – O líder quatro tacos sorria de alegria e prazer. Já sonhava com seu quinto taco e quem sabe chegaria a seis como foi B-P. Havia muito tempo que não trancafiavam um chefão Escoteiro. Precisavam de um para dar exemplo e os demais dizerem SAPS sorrindo!

                           Ouve um zumbido atrás de mim. Me virei e vi mais de 1.000 Politicamente Corretos com aqueles bastões usados em jogos de basebol batendo nas mãos e dizendo: - Agora vais pagar por tudo Velho Escoteiro. Vais morrer na prisão. Um deles tirou o cinto para me dar uma cintada. A fivela entortou. Era material de segunda mão e não valia nada. Outro tirou um chapéu de pano da cabeça, vendido para aumentar o caixa mostrando uma careca enorme com oito fios de cabelo. – Vais me pagar pelos seus contos envenenados seu Velho chato de galocha! – Tremi na base. Não havia como escapar. Ninguem ia me socorrer. Uma figura de um Velho de barba branca com um sorriso legal me disse: Chefe faça como eu, enfrente os inimigos de frente. Eu fiz por merecer na guerra do Transvaal. Não corra! Não mate! Não morra! E viva Gilwell Park!


                     Comecei a berrar feito um louco. Tentei me desvencilhar e nada. Era cada vez mais preso no piso do chão. Me arrastavam e eu segurando o meu chapéu de três bicos. Dele nem morto ia me separar. Um deles falou baixinho no meu ouvido: Diga que vai vestir a vestimenta e eles te perdoam. Olhei para ele com os olhos chamuscando de raiva. Me mate, me enforque, corte minha cabeça com uma espada, mas se tiver de morrer será com meu caqui de quem nunca me separarei. Levei uma porretada na cabeça. Acordei com a Célia me chamando. – Marido! Outra vez? Quando vai parar estes seus pesadelos escoteiros? Putz Grila! Ainda bem que era um sonho, mas que pesadelo Deus do céu. Prometo nunca mais fazer isto e ser um escoteirinho obediente e disciplinado. Rarará!

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

As coisas boas na vida de um Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
As coisas boas na vida de um Escoteiro.

Escotismo! Uma força que a gente nunca esquece. Fica preso no coração da gente para sempre. Vamos lembrar? Então me siga e veja se você pensa assim também. São coisas boas que todo Escoteiro e Escoteira sabe, pois já passou por isto. Quer saber? É isto que nos prende ainda neste movimento sem igual.

- Duas horas da tarde, o sol a pino. No campo Montando campo de Patrulha. Uma fome terrível. A fumaça do fogão aparece, a gente dá um breve sorriso. Logo cozinheiro batendo nas panelas – Almoço pronto! A escoteirada batendo o garfo no prato e na caneca. O aroma se espalha no ar. Um lindo tutu de feijão com torresmo e ovos estrelados. Puxa!  Quer melhor que isto? Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Jornada noturna a pé. Se encontrando na sede. Tudo nos conformes vem à partida. Patrulhas sorrindo e cantando nos primeiros quilômetros. O cansaço chega olhos piscando. A gente quase desanima por ter vindo. – Chefe grita – trinta minutos de descanso. Ah! Pés para cima. Sangue circulando, começo a cochilar. Sem palavras. E bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Reunião de sede. Todos formados. Chefe vai à frente e diz – “Com orgulho quero entregar ao Escoteiro “fulano” o Distintivo Lis de Ouro”. Meu Deus! Sou eu. Maior alegria? Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Um grande jogo. Um sol a pino. Um calor enorme. Corre daqui, corre dali pega um e outro e você começa a desanimar. Subindo um morro, avista-se um enorme castanheiro, uma sombra incrível! Deitar, cochilar, refrescar e o jogo? Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Abrigado na barraca. Trovões e relâmpagos explodem no ar. Uma enorme tempestade. Evitem árvores diz o Chefe. A barraca dança com o vento. A gente morre de medo. Os pingos fazem parecem bombas de são João. Tempos depois o sol aparece. Saímos. Olhamos para o céu limpo. A chuva se foi. Uma brisa fresca no ar. Bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Tarde livre – Pescaria. Não pesco nada. Lindo remanso com peixes pulando. Fico pensando o por que. Ao meu lado meus amigos sempre fisgando. Que coisa! Minha linha corre. Seguro a vara. Puxo devagar, um piau enorme. Todos correndo para ver. Alegria. Bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Gostosa caminhada, pés doendo, mas Escoteiro sempre sorri. O sol rindo da gente. Chapéu dando pouca sombra. Suor escorrendo, na curva se avista um regato, águas límpidas claras e gostosas, um som imperdível para um Velho mateiro. Vinte minutos! Diz o Chefe. A gente corre, tira o sapato, as meias, pés na água gelada. Putz! Bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Uma subida enorme, um pico inalcançável. Longe demais, uma trilha cheia de pedras, a gente escorrega e não desiste. Subida íngreme. A gente usa as mãos na escada de terra. Aqui e ali uma picada de um inseto. Finalmente a gente chega. Sentamos em uma enorme pedra. Lá no horizonte uma vista Espetacular. Montanhas, cidades e pequenas estradas parecendo que a gente está no céu a observar. Esquecemo-nos da subida. Bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- A patrulha monta o campo de patrulha. Uma mesa sendo construída. Medida exata de cada acha de lenha. Mãos vermelhas mais tarde os calos vão aparecer. Uma amarra quadrada aqui e ali uma paralela. Os galhos pequenos já cortados para o estrado. Uma costura de arremate. Um corte pelo sisal. Terminamos. Uns passos para trás, olhar nossa pioneiria. Linda de morrer. Valeu os calos e o sangue saindo de um dedinho. Bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Chego à sede.  Todos sorrindo. Monitor me cumprimenta Com a esquerda. Diz que sou importante na Patrulha. Chefe chega. Olha para mim e sorrindo diz Sempre Alerta! Dá um tapinha nas minhas costas e diz – Fico contente em ver você aqui sempre.  Obrigado ele diz. Bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Fogo de Conselho, todos brincando, rindo, cantando. Nas brasas um bule enorme de café. Um patrulha serve a todos. Uma bolacha, depois uma banana assada. Hora do esquete da patrulha. Dou tudo de mim. Palmas mexicanas. As brasas aumentam. As fagulhas choram em ir morrer no céu. Hora da Cadeia da Fraternidade. Mãos entrelaçadas, olhos fitando o infinito, a canção entra na gente. Dá uma vontade de chorar. Termina a canção, olhamos em volta, lagrimas caindo. Emoção que a gente não esquece. Bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- O Fogo do Conselho chegou ao final. As brasas quase apagadas. Pequenas fagulhas fujonas ainda se arriscam a subir aos céus. Uns poucos em volta do fogo. Deitados na grama, uma leve brisa, o orvalho começa a cair, a gente de olho no céu. Milhões ou bilhões de estrelas brilhantes, uma estrada iluminada no céu. Um cometa passa deixando um rabo brilhante e a gente? A gente logo faz um pedido. Quem sabe é atendido? É bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro!

- Um olho aberto depois outro. A voz do Monitor. Hora de levantar. Alvorada! Uma nesga de sol aparece na porta da barraca. Poucos se arriscam a levantar. Um sono incrível. Quem sabe a melhor hora para dormir. Mas o dever vem em primeiro lugar; Hora da física e depois a inspeção. Monitor diz – Senhor obrigado pelo novo dia. Mãos a obra, um café gostoso um pão meio duro, mas nunca comi melhor. Campo preparado, inspeção do Chefe. Depois Bandeira. Olhar fixo e o Chefe a dizer: Patrulha X tirou o primeiro lugar. Você olha para seus companheiros é putz! É a sua. É bom demais. Por isto eu amo ser Escoteiro.
 

- E quantas e quantas coisas boa da vida acontecem a todo o momento? Quantas alegrias surgem assim sem a gente esperar? Ei você escoteiro! Fique aqui ao meu lado. Conte as suas. Dê um sorriso mesmo se lembrar das ruins. Olhe para mim, sinta nossa sintonia. São coisas que só nós Escoteiros temos afinal se Somos irmãos de sangue isto não é bom demais? Escotismo, eu amo, meu coração é Escoteiro!

domingo, 13 de setembro de 2015

É de pequenino que se torce o pepino.


Conversa ao pé do fogo.
É de pequenino que se torce o pepino.


                        Abro este meu artigo usando as palavras de Eduardo de Almeida Faria. Ele escreveu o que eu sempre quis escrever. Vejamos: Vocês já devem ter ouvido esta frase: - é de pequenino que se torce o pepino. Pois é desde pequeno, que se deve ter o cuidado com a educação, lento processo de aprendizagem, para o desenvolvimento harmônico do ser humano nos seus aspectos intelectual, moral e físico e a sua inserção na sociedade. É ponto pacífico que a educação deve ser cultivada desde o berço, pois é desde pequeno que se molda o caráter. Não é na universidade que se aprende a ser educado. Ali, poder-se-á aprender muita coisa de ciência, conhecimentos que enriquecem o intelecto, mas não se aprende a ser bom e nem educado e, muitas vezes, pela acirrada competitividade as pessoas aprendem também a ser egoístas, a serem más.

                        Se uma pessoa não teve uma boa educação em casa, dificilmente ela poderá ser uma pessoa do bem, um ser humano íntegro. É no lar, numa família de bons princípios, bem estruturada, que começa o longo aprendizado para a vida. Aprender a se respeitar, para saber respeitar ao outro, saber onde acabam os seus direitos e começam os direitos dos outros. Para lá da ética e da moral e, não há verdadeira religião sem ética e sem moral, também a religião, e isso não quer dizer qualquer religião, amor e respeito às coisas de Deus deve fazer parte de uma boa educação. Isto não implica que toda a pessoa não crente, não tenha ética ou moral, e não seja pessoa boa, pois até há pessoas ateias, e agnósticas que dão lições de honradez e solidariedade humana a muitos que se dizem religiosos. Mas, também podemos dizer que são casos raros, infelizmente.

                      O Brasil está a passar por uma séria crise de valores, impressionante, quase estarrecedora. Ficamos perplexos ao tomar conhecimento no dia-a-dia, pelo noticiário da imprensa falada e escrita, como a corrupção que garça nos altos escalões do governo, no executivo e no legislativo, aqueles que deviam ter conduta irrepreensível.  Seguindo seu exemplo e mais próximo de nós, os celerados, nas nossas cidades, ao ponto de sermos prisioneiros em nossas próprias casas, tal é o descalabro a que chegamos.  São assassinatos, roubos, desamor e desrespeito a crianças e a pessoas idosas. E, não venham com desculpas simplistas, que a grande causa de todas estas mazelas é a pobreza, embora isso tenha seu peso, todos sabemos. Mas a verdadeira pobreza, a maior, é outra, a miséria moral em que chegou nossa nação. As pessoas honestas que trabalham muitas delas, apenas pela sobrevivência, não roubam e muito menos matam, porque será?

                      Perfeito para mim estas observações. O escotismo tem tudo para ser um modelo, ou melhor, um complemento de formação. Não tem características de substituir a família, a religião e a formação escolar. Não podemos esquecer que somos uma força de auxílio, de complemento à formação individual do jovem ou da jovem, nada mais que isto. Como simples chefes escoteiros nem todos nós temos as qualidades básicas de um professor, de um religioso e nem somos pai ou mãe para substituir a educação que compete a eles fornecer aos seus filhos. Temos que no manter no método que B-P nos deixou e só ele já é uma fonte inesgotável para dar outra conotação no crescimento e fortalecimento espiritual no jovem. Para nós é fácil colocá-lo na trilha do aprendizado que só a lei, a promessa o dever morar de deixar que ele faça para aprender até fazer o certo.

                       Todos nós somos providos do direito ao livre arbítrio. Não podemos tirar isto do jovem. No entanto a vida em patrulha, liderando e ser liderado, viver em grupo, aprender a fazer seu rumo e mudar se preciso são princípios que precisa nossa ajuda de ter alguém experiente para lhe mostrar o verdadeiro caminho para o sucesso. Se temos uma lei esta não é para dividir e somar, é para ser seguida dentro das possibilidades de cada um. Nunca devemos ser exigentes e taxativos. Fazer o melhor possível vem sempre em primeiro lugar. Não nos compete dizer que a religiosidade não precisa ser seguida e compreendida conforme aprendemos. Direitos e deveres sempre fizeram parte da formação do individuo. Livre arbítrio sim, mas a senda escolhida deve ser observada com rigor. Ainda sou um Velho Escoteiro cujos padrões de moralidade são arraigados na força do respeito, da honra e da palavra empenhada.

                         Estamos vivendo uma época de liberdade tal que me assusta. Muitos a citar que o mundo mudou e que precisamos nos manter nos padrões da modernidade. Os direitos de uns muitas vezes não tem retorno para que os outros também possam ter os seus. Para mim Deus não tem abertura para ser esquecido. Só posso abrir mão se a própria família pensar assim e então devo respeitar a escolha do filho ou a filha. O Escoteiro como já dizia BP, é puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações. Só isto vale por todos os mandamentos da Lei de Deus. Ainda não me acostumei com aqueles jovens que se dizem ateu. Uma escolha pessoal ou familiar. Se adulto até entendo melhor. De vez em quando penso que se fosse ateu pensaria também assim. Como não sou fico feliz em saber que posso dizer – Deus! Ajude-me meu Deus! Eu preciso de você! Obrigado meu Deus!


                Ainda bem que nas entrelinhas da minha escolha espiritual eu sei, ou melhor, acredito que isto é uma passagem. Outros tempos virão. Faz parte do nosso crescimento. Ainda bem que não estarei aqui para ver tantas mudanças que espero tenham valido a pena principalmente no escotismo. Foram tantas que acredito os novos escotistas não irão se preocupar com mais uma ou duas que possam surgir. Irão aceitar tudo conforme aceitaram até hoje. Já pensou? Não ter mais na promessa a palavra prometo, honra, Deus, pátria, obedecer à lei do Escoteiro. Isto se tonará uma escolha pessoal? Como seria esta nova promessa? Prefiro não pensar e deixo para os jovens iniciantes na senda escoteira a se preocuparem e quando chegar na minha idade ver até onde deu certo. Afinal não são os resultados que interessam? Enquanto isto vou aproveitar para um descanso em um belo cajueiro com uma sombra gostosa para tirar um belo cochilo e sonhar.