Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

No Mundo maravilhoso dos remédios!


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
No Mundo maravilhoso dos remédios!

                Você vai falar de remédios? Bah! Dirão alguns. Eu não. Adoro-os. Não sei viver sem eles. Calma, quem sabe você é novo e ainda não experimentou viver neste mundo maravilhoso dos remédios. Pergunte aos mais velhos. Eles irão dizer maravilhas. Um dia se é que já não chegou lá você vai chegar. Tudo começa pontualmente quando uma linda e deliciosa dor aparece em nosso corpo. Neste dia sensacional que nunca mais vai esquecer você vai visitar a um amigo dileto. O seu médico. Bem se você depende da linda ajuda do governo, tem de marcar uma consulta. Mas isto não preocupa. Esperar sempre fez parte dos brasileiros. Você conversa com parentes, amigos, vizinhos e todos eles tem um remédio para você. Três ou quatro meses depois o grande dia chega. Você espera calmamente sentado na sala de espera, ar condicionado, com poltronas reclináveis e jogando. O que? Sim, jogando, pois é costume deles fazer um jogo do Kim para você ver quem está lá, o que está nas paredes e você vai vendo, lendo, um soninho e pluf! Quatro ou cinco horas depois finalmente você é chamado.

                Este é um momento mágico e maravilhoso. Sublime. Inesquecível! O Doutor claro não vai olhar para você. Alguns convidam para sentar outros não. Ele mexe na mesa, olha no computador. Com muito custo pergunta – O que você tem? Que linda voz ele possui. Você pensa que gostaria de ter uma assim. Você fica magnetizado! Depois de intermináveis dois ou três minutos termina o seu espetacular colóquio com seu lindo médico. Se for médica melhor. Você fica a admirar sua feição severa, ar de quem trabalha muito e você pensa até em ajudá-lo. Afinal ele é médico. Um Doutor. Seu erro foi o de não ter chegado e dito para ele de joelhos – “Louvado seja nosso Senhor Doutor medico”! E então começa um momento mágico. Ele escreve lindamente! E com uma voz de Sansão lhe dá uma receita e diz, compre estes remédios e faça um exame de sangue e mais este e mais este. Você fica boquiaberto com a inteligência dele. Nem olhou para você e sabe o que tem. Claro ele não fala para voltar, mas você já sabe que é assim. Quando sai você fica maravilhado. Agora está começando sua linda e fantástica farmacinha caseira. De graça? Sim! Sim! Você sorri. Nunca tem todos, mas pelo menos dos cinco da receita eles têm um!  Obrigado governo. Obrigado! Você ajoelha e agradece a Deus e a presidente Dilma. Ops, obrigado Também Doutor Geraldo Alckmin.

                  No dia marcado você vai fazer exame de sangue. Uma agulhinha doce e suave, você vê seu sangue saindo aos borbotões, que coisa linda pensa você. Enchem vinte ou trinta vidrinhos e mandam você voltar dez dias depois. Dão-lhe dois frasquinhos e dizem – Encha na frente e atrás! Gente, como diz esta turma por aí – Galerinha! Que beleza! Chegou minha vez! Ai você já sabe, entrou no maravilhoso mundo dos remédios. Agora você pertence ao clube dos que exaltam suas doenças. É maravilhoso isto. Eles riem e ficam horas falando o que sentem. Existem coisa melhor que entrar na roda dos felizes faladores de doença? Eu? Eu tenho dor nas costas, uso o remédio tal. E eu? Eu sou diabético. Tomo tais e tais remédios. Que lindo! Melhor que falar do Corinthians. Deus me livre. Enfim, os remédios vão aumentando. Um, dois, três, cinco, oito ou quinze. Tem alguns que usam mais. Tome cinco pela manhã, quatro no almoço e o resto à noite. E lá está você adorando a nova vida da turma dos “remedianos”.

                  Aí você que é Chefe Escoteiro começa a aprender a viver com eles. Cada dia mais feliz. Lá está você chamando – Lobo, Lobo, Lobo! E a lobada forma em circulo, hora do Grande Uivo, você levanta os braços vê as horas e dá um pause. Hoje isto é fácil. Sempre tem um laptop a mão. Hora de dois ou cinco remédios. Corre toma e volta para o Grande Uivo. Lindo isto! Já pensou? Em um belo acampamento, um lindo jogo noturno – Os caras pintadas contra os Selvagens do lago Negro. Lá esta o jogo andando, todos vibrando, e você olha no relógio, hora dos remédios. Pause de novo. Sai correndo e toma oito de uma vez! Melhor, você está dirigindo o Cerimonial, chega o distrital – Chefe vim lhe entregar a Insígnia de Madeira! Você ri, pula de alegria, olha no relógio. Dá um pause sai correndo e toma seus remédios e volta. Quer vida melhor para um Chefe Escoteiro?

                Eu adoro. Todos os dias olho para minha farmacinha. Vejo as bulas. Eu amo as bulas. Meio difícil de ler e entender, mas é um amor o que elas dizem. Celia me diz – Marido! Amanhã pegue as vinte receitas e vá ao postinho buscar os remédios! Se não for só no mês que vem! Que beleza! Que alegria! De novo lá, ver aquela turma deliciosa que lá trabalha sem rir, sem falar e de vez em quando levantam os olhos como a dizer: Meu Senhor, posso lhe ajudar? Claro elas não falam, mas seus semblantes são assim formidáveis. Olhem eu não preciso mais de ler as receitas. Já sei de todos os horários e quais são. Entrei para a faculdade farmacológica para tentar decorar tudo. Hoje orgulhoso eu digo – Consegui! Sei quais horas tomo os meus vinte e cinco remédios!


              Aguardo ansioso você chegar à minha idade. Terei mais um para conversar onde dói, o remédio que toma e me receitar milhares. Você sabe que vai ser bem divertido. Vou lhe dar um vigoroso flácido aperto de mão, um abraço ofegante, uma tosse gostosa e convidar para sentar, pois de pé não dá. E vamos ficar ali conversando, conversando e eu aprendendo que o sal misturado com alho é bom para isto, que a folha de manga cozida é boa para aquilo. Que a batatinha frita com peixe seco sara na hora! Isto é que é vida! Sou feliz e não sabia! Remédios? Ame-os ou deixe-os!

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Aconteceu novamente. Fazer o que? A morte da Barata.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Aconteceu novamente. Fazer o que?
A morte da Barata.

             Esta madrugada eu me levantei lá pelas três da manhã. Destino? O banheiro da minha morada. Nem bem acendo a luz e lá está ela. Quieta. Parada, finge-se de morta. Ela parece  John Wayne naquele filme que ele fazia papel de caolho. Fingiu-se de morto na guerra e conseguiu escapar dos sulistas. Voltemos à história: - Eu a olho e penso: - Mato? Sou um matador? Pistoleiro não sou. Quem sabe posso tirar uma de lutador de UFC? Sei não, esta turma só entra pelo cano. Dizem que todos nós temos na veia sangue de lutador, assassino e matador ao avistar uma barata. Coitada, é totalmente indefesa. Não tem forças para morder e nos botar a nocaute. Tem algumas que correm e escapam tem outras que se fingem de morta. A coitada quando cai de barriga para cima é uma piada. Quem vê acha que morreu, mas a danada está vivinha da silva. Tenho pena dela quando está assim, tenta e tenta e não consegue se virar. Dizem que é um truque Velho já conhecido pelos famosos matadores de barata.

 

              A barata é o terror das mulheres. Claro para alguns homens também. Se você gritar alto – Uma barata! É um Deus nos acuda. É gente correndo para todo lado. Parece Brasília quando gritam pega ladrão! A Polícia Federal está chegando! Já vi homens fortes, aqueles que se dizem durões, frequentadores de academia, musculoso, gemer e subir em uma cadeira e ficar tremendo gritando: - Barata! Barata! Mata! Mata! E veja a pobre coitada. Pequena, indefesa, não morde e não sabe dar “porrada”. Ela é noctívaga. Só a noite dá as caras, pois espera que os humanos estejam dormindo. Afinal elas não estão no topo da cadeia alimentar e tem de se virar com seus velhos baratos e filhos baratinha. Tem aquelas que resolvem passear durante o dia, umas idiotas, pois sem saber estão cometendo haraquiri. Não adianta as donas de casa varrerem passarem pano de chão ou mesmo um novo inseticida famoso. Não adianta comprar mil e uma utilidades mostradas na TV. Você mata cem hoje e amanhã aparece duzentas!

 

               Elas as perseguidas se escondem nos canos de esgoto ou no próprio esgoto. Deus do céu! Que destino é esse? Morar no esgoto e sair para ser morta? Dizem que elas adoram uma cozinha. Restos de alimentos ou açúcar e quase não bebem água. Os estudiosos separam as famílias de barata como a americana. (nunca vi, deve ser riquíssima, renda per capita acima da média e com filhos Boy Scout e depois Marines). Existem a cascuda e a voadora. Esta é demais. De vez em quando estou com a janela do meu pequeno escritório aberta e surge uma voando. Levo o maior susto. Deve ser a americana da Air Force tipo Força Delta que saltou de paraquedas pensando ser a Síria ou o Afeganistão e veio parar aqui.  Falam ainda na barata Alemã e na australiana. Não tem a brasileira? Acho que não. Se tivesse estariam dando risadas nas cozinhas das plataformas continentais da Petrobrás, aguardando sua vez de ganhar um dinheirinho no pré-sal que de sal só tem dólares para dar aos sabidos. E dizem que o Petróleo é nosso. Otários! Quem sabe muitas estão em Brasília, nas modestas casas a beira do lago ou mesmo na mansão do palácio presidencial.

 

                  Sei que em Curitiba algumas tentaram algumas sobras no prédio da Policia Federal, mas o Doutor Juiz mandou prender e matar todas. Este juiz não é mole. Prende mata e arrebenta! O cara devia era ser um Escoteiro Chefe, aí sim o escotismo ia mudar. Mas voltemos a nossa mente assassina. Assassina? Era apenas uma barata. Pequena coitada. Tentando se esconder e você atrás com uma metralhadora israelense ou um fuzil AR-15, uma bazuca e não leva um canhão porque é pesado demais. Bem para não alongar a história da barata Escoteira... Calma não era Escoteira. Não existe uma barata usando a vestimenta. Já pensou? Barata com camisa solta, aqueles bolsos enormes que cabem mil baratas e sem meia? Kkkkkkk. Elas são contra totalmente contra este tipo de uniforme. Uma me disse que se fosse o caqui de calças curtas ainda vá lá, mas preferem morrer de vassourada ou pé de chumbo (minha mulher mata de chineladas!).

 

                    Mas voltemos à barata no banheiro. Paro na porta, ela para perto do vaso. Eu olho para ela com os olhos injetados. Ela finge-se de morta. O que devo fazer? Dizem que nós Escoteiros somos bons para os animais e as plantas, mas a barata não é animal, não é pássaro e nem peixe. Dizem que é um inseto perigosíssimo. Penso, analiso, somo dois mais dois, faço uma raiz quadrada de 0,0,3285860. Ainda na dúvida se a mando para a terra dos seus ancestrais onde vivem os baratos e baratas. Fecho os olhos. Uma pena enorme. Meu coração bate! Meu sangue ferve! Não tenho pinta de campeão, mas preciso matar esta barata. Se contar para a Célia que a deixei viver vou ouvir o que não quero. Levanto o pé calçado com um chinelo, o levo em cima da barata. Ela imóvel não sabe que vai ser assassinada. Abaixo o pé sem dó e sem piedade. Um barulho de “trak” se fez. A barata morreu!



sábado, 26 de dezembro de 2015

Memórias de um “Caderno”. Uma Insígnia de Madeira.


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Memórias de um “Caderno”.
Uma Insígnia de Madeira.

                    Quem não tem este sonho? Todos têm. Alguns lutam outros desistem no meio do caminho. Cada tempo, cada momento tem seu lugar na história e na memória de cada um. Dizem que ser Insígnia no passado era mais difícil que hoje. Não sei se é verdade. Até fins da década de setenta, a Insígnia era dividida em três partes. Parte I, o Caderno, Parte II Campo e Parte III observação. De todos o caderno dava medo. Havia um receio enorme do leitor. O que ele iria dizer. A parte II no campo era gostoso, dez dias acampado. Depois caiu para seis e hoje nem se quanto é. A Parte III era observação. Hoje tem muitos AP, naquela época não. Lembro que os que se arriscavam começavam pela parte II. No campo. Oito ou dez dias sempre em um local inóspito. A ideia era todos viverem como Escoteiros em um Acampamento. Um Sistema de Patrulhas Perfeito. Monitores em rodízio, obrigações na patrulha eram cobradas. Não importa se cozinheiro, se intendente ou mesmo um simples aguadeiro.

                      Dez dias. Uma preocupação geral em que todos saíssem dali sorrindo, amigos, um time de verdade. Pois era assim que se esperava das patrulhas quando os chefes voltassem para suas tropas. Não tinha restaurante, Self Service, nada. Cada patrulha recebia suas rações e cozinhava. Na patrulha todos seriam monitores, cozinheiros, intendentes, almoxarifes, aguadeiro, enfermeiro ou construtor de pioneiras. Horário corrido. Tempo livre só para almoço. As sessões duravam de uma a duas horas. Os temas mais comentados eram Sistema de Patrulhas, Corte de Honra, Jogos, Programando o Programa, Técnicas de Pioneiria, Garbo e boa Ordem, Padrões de Acampamentos, Normas e Regulamentos, Atividades Aventureiras, Métodos e Programas, Tradições e Cerimônias, Conhecendo o Adolescente, Jogos, Deveres para com Deus (Lei e Promessa). Garantiram-me que em Gilwell era assim. Hoje falam muito em temas que os dirigentes julgam mais importantes. Bem cada um tem suas visão do desenvolvimento de um Chefe Escoteiro. Passado é passado. Não sei se eles estão certos e eu errado.

                        Claro que antes de partir para um Curso Avançado da Insígnia de Madeira, começávamos com um Curso de Adestramento Preliminar. Dois dias no campo. Depois em uma escola com os alunos voltando para a casa à noite. Depois o CAB Curso de Adestramento Básico. Eram cinco dias e quando entreguei minhas contas já estava com três. Sei de muitos que fizeram a Parte II de campo e desistiram. Por quê? O famigerado “Caderno” o terror dos chefes. Um questionário com dezenas de perguntas para serem respondidas. Dizem-me que hoje alguns estados ainda fazem assim. Outros não. Como fazem não sei se é bom ou ruim. Diziam que com o leitor não tinha “papo dois” ou era ou não era. – Você só recebia o lenço se lutasse por ele. Sem essa de amizade, proteção ou bajulação. A gente nem sabia quem era o leitor. Meu “Caderno” foi posto no correio no final de abril de 1963. Olhei para a moça do balcão e paguei como carta registrada. Seis meses e nada. Cobrar? Um belo dia ele veio de volta. Refaça as alíneas II e VIII. Olhei, era sobre o Sistema de Patrulha e Corte de Honra.

                        Passava minhas folgas devorando os livros de BP e do Velho Lobo. Um mês depois lá estava eu no correio a despachar. Quatro meses e ele de volta. Refaça tudo sobre Lei e Promessa e tudo sobre Normas e Regulamentos. Mais três meses e lá estava eu de novo sorrindo para a moça do balcão do Correio. Desta vez demorou quatro meses. Abri o envelope e junto um Certificado de Aprovação. Sorri de orelha a orelha. Agora era esperar a Parte III. Falar com quem? O Escoteiro Chefe é claro. Mandei uma carta. Sem essa de e-mails ou telefone. Tudo escrito à mão. Até o caderno tinha de ser a mão. O leitor queria ver como escrevíamos. O Chefe Darcy Malta me mandou um ofício. Dizia que seria meu observador. Não tinha como ver o que fazia na tropa (Grupo Escoteiro Walt Disney em Belo Horizonte). Escrevi para ele como eu era o que fazia quantos acampamentos fizemos nos últimos quatro anos, quantos jovens saíram e quantos entraram.

                      Início de 1965, um Ajuri Distrital em Belo Horizonte. Convidados de vários estados presentes. Eu Chefe de um Sub. Campo Senior. A noite um fogo do Conselho só do sub. campo. Foi ali no calor de mais de 110 seniores que recebi minha Insígnia. A mesma que uso até hoje e o colar. Dois tacos. Ri a valer. Uma alegria sem fim. Nunca esqueci tudo que fiz para ser um IM. Os dez dias acampados ficaram gravados para sempre em minha mente. O Ninho de Águia que eu e a patrulha construímos me serviram para dizer que nada é impossível. A chamada às duas da manhã para capturar uma capivara foi demais. Claro que depois foi solta. À tarde das cobras corais me ensinou a não ter medo. Cada patrulha iria capturar uma e ver quais as venenosas ou não. O fogo do conselho foi imaginável. Os grandes jogos em patrulha, as noites em volta de uma fogueira cantando e dançando com a equipe foi demais.

                        Porque escrevo isto? Afinal não é passado? Amanhã ou em alguns anos os de hoje também não terão suas histórias para contar? Histórias aventureiras? Espero que sim. Não sei como são feitos os cursos de Insígnia hoje. Devem ser supimpas. Mas meus amigos não sei se o Sistema de Patrulha, o mais importante no método de BP está sendo realizado a altura. Os acampamentos aventureiros só com a sessão, seja Escoteira ou de Seniores as fotos e o que me dizem não são mais os mesmos. Existem ainda boas tropas, fazendo um belo escotismo. Mas como dizia Baden-Powell, só os resultados interessam. Resultados de jovens alegres, firmes no seu ideal que ficavam cinco, dez ou mais anos na sua trilha desde lobo até pioneiro. Daqueles que tinham Deus no coração. Daqueles que um olhar bondoso se via em qualquer situação de dificuldade.


                        Eu fui lobo, fui Escoteiro, fui sênior. Aprendi muito e agradeço também aos chefes da Equipe que dirigiram meus cursos. Em plena selva, mas com responsabilidade de saber que ali tinha pessoas que precisam de amor, carinho e uma palavra amiga em qualquer tempo. Dirigi muitos cursos. Muitos insígnias, muitos cursos técnicos, muitos para lobos e seniores. Nunca concordei com os tais cursos de fins de semana para ser um IM. Escrevemos muito sobre a palavra impossível. Eu sou fã dela. Lembro-me daquele general inglês que era mestre em dizer que o possivel fazemos agora, e o impossível daqui a pouco. Oito dias é pouco quando se sai em férias. Afinal é uma vez só na vida! Quem quer faz, quem não quer manda. Hoje não ninguém tem mais tempo. Insígnia de Madeira. Desejo de muitos, conquista de poucos. E o caderno? Puxa! O Meu foi demais!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O famigerado apito Escoteiro do Chefe Sonho de Valsa.


Conversa ao pé do fogo.
O famigerado apito Escoteiro do Chefe Sonho de Valsa.

              Era um bom Chefe, bom até demais. Tinha um defeito. E quem não os tem? Bem voltemos ao defeito do Chefe Sonho de Valsa. Ops! Seu nome não era este, mas para evitar colocar um nome e alguém se enquadrar melhor é chamá-lo Sonho de Valsa. Vá lá que é um nome doce e eu gosto muito do bombom. Pombas! Estou fugindo da história. Vamos voltar a ela. O Chefe Sonho de Valsa como disse era um ótimo Chefe, mas gostava de apitar. Como apitava! Era apito daqui, apito dali e no final da reunião a Escoteira estava zonza com tanto apito. Ele se orgulhava do seu apito. – Alemão legítimo! Dizia ele. Tenho também um francês, um italiano e um holandês. Sei que uma vez em uma cidade pequena encontrou um apito, ou melhor, um trinado de um Uirapuru. Era lindo. Ele gostou e comprou.

              Quando na primeira reunião usou o apito do trinado do Uirapuru a tropa assustou. – O que era aquilo? Um apito diferente? Será que Deus ouviu nossas preces? E todos riram de alegria. Mas foi só na abertura. Depois a rotina do apitador Escoteiro voltou. Ele fazia questão de pendurar no seu pescoço dois três ou quatro apitos diferentes. E nos acampamentos? Mama mia! Como apitava. A passarinhada sumia dali de tanto apito estridente. Muitos chefes comentaram com ele do apito, mas ele não dava ouvidos. Foi Lomanto que um dia lhe disse: – Chefe, porque não vai ser juiz de futebol? Lá sim você vai se esbaldar. Se possível de jogos de várzea onde os pizãos os empurrões, os chutes e os palavrões são frequentes. E você vai apitar como nunca. Chefe Sonho de Valsa olhou enviesado para Lomanto e nunca mais lhe dirigiu a palavra. Foi então que um fato pitoresco aconteceu. Foi no Acampamento em Lobo Branco. Já havia acampado lá, mas aprendeu uma lição que nunca mais esqueceu.

                 Era umas dez horas quando o caminhão cheio de Escoteiros chegou a Campina do Arroio e para surpresa viram que lá estava acampado uma tropa Escoteira. O Chefe Sonho de Valsa não conhecia. Tudo bem pensou, aqui cabe todo mundo. Procurou o Chefe da outra tropa e se apresentou. Um cara super simpático, mas ele logo notou que não tinha apito. Se não tinha não era um bom Chefe. Dizem que o apito faz o Chefe. Verdade? Conversaram pouco tempo e logo seus apitos se fizeram ouvir. Apito de monitores, apito de intendência, apito de cozinheiros, apito dos sub monitores, apito para formatura e apito para a bandeira. Exigia que por apito a cada tarefa das patrulhas o monitores avisassem que a tarefa tinha terminado. Sua tropa tudo bem ela estava acostumada, mas a outra tropa se assustou. O Chefe Long Jonny resolveu interferir educadamente. Viu que o semblante do Chefe Sonho de Valsa franzia. – Bem, pensou que seja, vou abrir o jogo, o apito do Chefe está entornando o caldo!

                 Chefe! O senhor tem uma bela coleção de apitos no pescoço, disse. – Sonho de Valsa riu a toa. Quantos os senhor tem? Eu? Não tenho nenhum. Uma vez comprei um Chifre do Kudu e ainda o tenho, mas quase não uso. – Não usa? E como chama os meninos? Por sinal Chefe, por sinal. E quando necessário por bandeirola. Bandeirola? Como? Perguntou Sonho de Valsa. – Simples, olhe ali naquele pequeno mastro, tenho várias bandeirolas pequenas. Cada uma para solicitação. A azul para monitores, a verde para chamada geral, a marrom para os subs e assim vai. Subo a bandeira e eles vem correndo. – Sei não disse o Chefe Sonho de Valsa, meu apito se ouve longe. – Pode ser disse o Chefe Long Jonny, mas será que os pássaros não se incomodam? Os animais reclamam? E como fazer para estarmos de bem com a natureza com o trinar dos apitos?

                  O Chefe Sonho de Valsa deu como encerrado a conversa. Já pensou? Disse ele para si, bandeirolas para chamar? Melhor chamar com a fumaça de um fogo. E riu baixinho. Naquela noite o Chefe Sonho de Valsa foi dormir sorrindo depois de apitar feito um louco em todo tempo do acampamento. Dormiu e dormiu um sonho que nunca mais queria sonhar como ele sonhou. Estava voando, isto mesmo voando e viu a terra dos pássaros. Uma força o levava para baixo. Milhões de pássaros o esperavam. Um círculo se fez. Um enorme gavião com um apito apitou no ouvido dele e logo em seguida veio o Papagaio, a Coruja, a Águia e assim centenas de pássaros apitaram no seu ouvido sem parar. Ele gritava para parar e não adiantava. Soltaram-no e ele correu pelas nuvens e foi agarrado por um trovão que o levou a terra dos animais da floresta. Mesma coisa. O Quati apitou, a Onça apitou. Os macacos apitaram. Ele gritava e chorava e o soltaram. Acordou suado. Ainda com os apitos no ouvido.


                  Abriu à porta da Barraca, um silêncio gostoso da floresta. Um trinar cantante de pássaros. Ouviu ao longe a cascata de aguas límpidas, ouviu o vento passar. Que gostoso pensou. O Chefe Long Jonny estava certo. O apito não faz parte da natureza. Ele jurou a si mesmo que nunca mais usaria um a não ser para um pedido de socorro ou alguma emergência. E foi então que a tropa do Chefe Sonho de Valsa sentiu a paz no coração. Quando viram que ele não apitava mais, quando só usava as bandeiras ou os sinais com as mãos sentiram que agora sim tinham um Chefe de verdade. E sabem? Aquela tropa enquanto o Chefe Sonho de Valsa estava lá tinha como diz o lobo os olhos e os ouvidos abertos. E assim viveram felizes para sempre.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Civismo, tradições, garbo e orgulho em ser brasileiro.


Conversa ao pé do fogo.
Civismo, tradições, garbo e orgulho em ser brasileiro.


                  O ano vai terminando. Mais alguns dias e estaremos em 2016. Quem diria que chegaríamos a tanto. Velho Escoteiro eu vivi um sonho quando tive a oportunidade de primeiramente no Orkut e depois no Facebook me convencer que os tempos são outros, mas o escotismo é o mesmo. Muitos dirigentes nacionais fizeram realizar tantas mudanças no escotismo que fiquei perdido em meio a este emaranhado de alterações de normas, de remodelação e todos dizendo que agora estamos vivendo novos tempos. Assustei. Chamaram-me de dinossauro, de arcaico e atrasado. Disseram que pessoas como eu querem atravancar o sucesso do novo escotismo. Eram tantas mudanças que fiquei pensando se eu não estava errado. Dos antigos programas de classe veio o novo programa e logo substituído, pois disseram que criaram um melhor. Nossas nomenclaturas foram alteradas. Tínhamos uma mística própria, diferente, que eu achava ser o segredo para sermos reconhecido como um movimento diferente e nada igualável. Acharam melhor mudar. Do Chefe do Grupo para o Diretor Técnico, dos Conselhos para Assembleias, dos comissários para presidentes de Adestradores agora eram agora formadores. Isto foi só o começo.

                  Será que eram válidas estas mudanças? Eu me perguntava, mas uma meia dúzia dizia que sim, seriamos mais fortes, mais reconhecidos. Por que se nossa característica única deixou de existir. Ficamos iguais a tantas organizações que existem por aí cujo simbolismo, místicas e vida própria nos tornamos iguais a elas. Eu sabia que precisaríamos nos adaptar aos novos tempos, mas não precisava tantas mudanças. E quem fez isto? Poucos que se diziam nossos lideres. Muito poucos. Eles nunca consultaram ninguém. Nunca perguntou a mim e a você se seria melhor assim. Tudo que fizeram foi feito a duas ou quatro mãos. Sempre alguém dizendo: - Mude! Agora vai ser melhor. Tudo prontinho, você não tinha direitos em dar sua opinião.  Vai ser assim e pronto. Notei que ao passar do tempo todo artigo ou historia que escrevia quando se referia ao escotismo do passado os leitores aumentavam. Quando distribui em PDF um livro que chamei de Místicas e símbolos escoteiros me assustei com tamanha procura. Foram milhares. Quando encontrei um pequeno livro sobre Cerimônias Escoteiras foi outro sucesso. Tudo que se referia ao escotismo místico, sobre nossa história, sobre nosso adestramento, acampamentos de Gilwell ou o próprio Sistema de Patrulhas a busca era grande.

                  Eu pensei comigo que ainda não tinha perdido as esperanças de alcançar os objetivos de ver que tudo pode mudar, mas sem perder sua característica. Nunca desisti. Mesmo diante de grandes dificuldades por meia dúzia de chefes que simpaticamente chamava de “politicamente corretos” eu sabia que os resultados não seriam alcançados. Não era o Caminho para o sucesso. Em cursos os novos “formadores” sempre tinham novidades para os alunos. Os poucos que sentiam ainda vibrar a chama escoteira do programa e método de B-P permaneciam calados. O advento da implantação da vestimenta foi o marco da minha luta que pensava ser inglória. Nenhum Escoteiro, nenhum Sênior, nenhum Pioneiro ou Chefe foi consultado. Afinal eram eles que iriam usar e deviam aceitar as mudanças. Fizeram 19 tipos. Um dirigente criou as normas de como usar. Não perguntou a ninguém. Na época tentaram explicar que houveram muitos que foram consultados. Que eu saiba ninguém se manifestou. Até hoje não sei de ninguém que em sã consciência escoteira dirá que sim.

                       Em alguns estados havia aqueles que abominavam marchas militares, formaturas que pudessem de alguma forma parecer que éramos soldadinhos do Brasil. Um vexame aos olhos do público ao ver os escoteiros andando e conversando entre si nas atividades nacionais. No último estive lá, os comentários da apresentação dos escoteiros foram desastrosos. Quando da implantação alguns poucos fizeram alarde. – Atenção! Muitos jovens não gostem do uniforme Escoteiro, agora com a vestimenta a procura será enorme! Foi? Onde está a fila? Tudo foi feito em nome de uma modernidade que válido sim, mas que sejam democráticos e não ditadores de normas como acontece. Qualquer um sabe que muitos jovens não se adaptam ao escotismo e não vai ser o uniforme que vai fazê-lo mudar. Os que gostam sempre irão vibrar com atividades extra sede, no campo, correndo pelas campinas sentindo o calor do sol e vibrando com noites de lua cheia em acampamentos. Alguns me contradizem, dizem que isto existe. Eu um Velho Escoteiro Primeira Classe com mais de 800 noites de acampamento, com liberdade de ir e vir sem alguém para me dizer aonde ir ou fazer não acredito no que ensinam em cursos. Poucos sim, ainda com a velha metodologia Badeniana.

                       Garbo? Meia dúzia sorri quando digo isto. Boa ordem? Outra meia dúzia critica. Se alguém põe um lenço no pescoço e se diz uniformizado batem palmas. Amarram a pontinha do lenço querendo ser atual com os novos tempos muitos aplaudem. Outro dia publiquei um artigo sobre o Bastão Escoteiro. Assustei-me com as curtidas e compartilhamento. Centenas e sempre com comentários saudosistas. Isto demonstrou para mim que a maioria têm saudades, que o escotismo não poderia ter mudado tanto. Muitos não sabem como era o passado e outros nem lembram que temos uma tradição. Ela foi esquecida pelos novos que aprenderam com os “çabios” formadores e dirigentes (nem todos). Não se fala mais o que éramos pelo menos para conhecer o escotismo de raiz que consideram arcaicos e que deve ser alterado para o bem geral da nação. Nosso efetivo Escoteiro se mantém estacionado. Se olharmos a população jovem brasileira ano a ano estamos diminuindo. Países sul americanos proporcionalmente são maiores que nós. Temos ainda chefes que aprenderam em cursos que acampar agora se tornou um complexo sistema burocrático que muitos desistem no meio do caminho. O Sistema de Patrulha base do escotismo de B-P quase não existe e quase não é comentado nos cursos escoteiros.

                         Não perdi a esperança. Busco dar informações seguras do escotismo que acredito. Eu sei que milhares de chefes permanecem fieis ao que B-P nos deixou. Eu sei que a esperança é o único bem comum a todos os homens. Esperança de ver um escotismo reconhecido e aplaudido pela sociedade brasileira. Esquecer nossos hinos, nossos heróis e até mesmo não saber cantar nosso hino Alerta se tornou uma realidade. Dizer que éramos soldadinhos e hoje a modernidade não permite isto seria uma falsa interpretação. Se for verdade me orgulho da minha pátria, dos que acreditam nela com uniforme militar ou não. Não bato palmas pela direção escoteira nacional. Não concordo com a maneira como somos dirigidos. Não tenho registro na UEB, mas acho importante que todos tenham. Ainda sonho com o escotismo de Baden-Powell, puro, sincero, fácil de assimilação para viver em plena natureza sem muitos senões da modernidade.


Não adianta manter os seus sonhos só na cabeça. Corra atrás, faça e nunca perca a esperança. Ainda acredito no escotismo de raiz sem metáforas e dando ao jovem os seus sonhos de aventuras e aprendendo a fazer fazendo. Isto só com o Escotismo verdadeiro de Baden-Powell.  Eu sei que não sou o dono da verdade. Sei que muitos nem me irão entender ou ler. Mas quando houver uma participação ou discussão onde todos tiverem o direito de voz e voto o escotismo poderá mudar. Até então ele está preso nas mãos de poucos. Quem sabe num futuro próximo acabe esta filosofia que o escotismo é só para ricos. Nós sabemos que não todos são iguais para participar e viver o bom escotismo de Baden-Powell.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Como vai sua Corte de Honra?


Conversa ao pé do fogo.
Como vai sua Corte de Honra?

“A Corte de Honra é parte importante do Sistema de Patrulhas”. Trata-se de uma comissão permanente que resolve os negócios da Tropa. A Corte de Honra é formada pelo Chefe e pelos Monitores, ou caso se trata de tropa pequena, pelos Monitores e Submonitores. Em muitas Cortes, o Chefe assiste à reunião, mas não vota. Monitor reunido em Corte de Honra tem muitas vezes mantido em atividade a Tropa na ausência do Chefe. A Corte de Honra toma decisões sobre programas de trabalho, acampamentos, recompensas e outros problemas relativos à administração da tropa. Os membros da Corte estão obrigados a guardar segredo. “Somente as decisões que afetem a Tropa toda, isto é, competições, nomeações, programas etc., são trazidas a público”. B.P.

                  Diversas vezes chefes experientes comentavam comigo que se você tem uma boa Corte de Honra funcionando sua Tropa vai bem. Se ela não funciona sua Tropa vai mal. Sabemos que a CH (Corte de Honra) é parte importante do Sistema de Patrulhas. É uma Comissão permanente que resolve os negócios da Tropa. Participam os chefes e os monitores. Excecionalmente os sub podem participar sendo convidados para isto. É certo que o Chefe assiste opina (em ultimo caso), mas não vota. No entanto em casos excepcionais é dele a decisão final. Antes da implantação da Corte de Honra deve-se treinar e orientar os monitores para usarem suas prerrogativas assim como as apresentações de fatos que ali são levados não só para conhecimento, mas para julgamento. Os programas de reuniões, acampamentos, atividades ao ar livre são ali debatidos e todos têm o direito de dar sua opinião como sugestão. Nestes casos o que vai ser apresentado deverá ter sido discutido exaustivamente no Conselho de Patrulha.

                    Em muitos casos os temas levantados na CH são mantidos em segredo absoluto salvo os que interessam a todos os patrulheiros. O Chefe na CH deve-se informar como vão as etapas dos jovens, quando deverá ser entregue certificados de classe ou estrelas de atividade e em casos importantes como a Promessa de um Noviço. Claro que o Chefe vai conversar com ele, saber o que ele pensa sobre sua posição agora através de uma promessa que fará na presença de todos. Os casos disciplinares podem ser comentados, mas não compete a CH dar a palavra final em uma suspensão ou mesmo uma exclusão. Papel do Chefe Escoteiro. Nestes casos deve-se levar em conta a família, os pais e se foram esgotados todas as fases para um bom relacionamento ou aconselhamento. É importante que a formação do monitor seja frequentemente treinada e a orientada no trato com os patrulheiros exigidas de um líder que deve ser respeitado, mas que para isto deve dar o devido exemplo na sua postura escoteira.

                     As reuniões de CH são programadas no final do ano para o ano seguinte. As datas são do conhecimento de todos os monitores antecipadamente. O local deve ser na Sede Escoteira, e os horários sempre após as reuniões com os pais devidamente comunicados. É importante que as datas sejam cumpridas e há não ser em casos excepcionais aceitar convites que não estavam no programa. Os monitores nestes casos devem ser informados e ouvidos.  Existem tropas que tem sua própria sala de Corte de Honra e ela é devidamente paramentada com ornamentos próprios construídos pelos escoteiros. Ex. Desenhos de campo Escoteiro, Árvores, riachos, penachos, arcos, flecha ou outro ornamentos indígenas que se julgar interessante. Todas as CH que participei como Chefe sempre tínhamos na parede um quadro com a Declaração dos direitos do Homem. A CH tem horário rígido de começo e fim. A maioria das tropas sempre fazem uma reunião uma vez por mês. Extraordinariamente ela pode ser convocada pela maioria dos monitores ou mesmo pelo Chefe nos casos que requerem uma tomada de posição imediata.

                      Todos têm direito a palavra e esta é respeitada do inicio ao fim. A CH elege seu Presidente a cada dois anos (data determinada pela maioria dos monitores) Assim como seu Escriba. A CH tem um livro de Ata que deve ser assinada por todos os presentes no final de sua sessão devidamente escriturada. Muitas CH mantém uma tradição de ao final um café, um chocolate acompanhado de alguma guloseima com um gostoso bate papo informal. O Chefe deve orientar o escriba quanto ao seu trabalho na escrituração da ata que sob nenhuma hipótese será levada para casa de alguém ou mesmo lida por quem não de direito. O Escriba deve ter um local onde possa guardar o Livro de Ata devidamente trancado com ele e o Chefe tendo a posse da chave. Dizia Drummond que é fácil julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já faz muito errado. É desta maneira que perdemos escoteiros muito especiais.

            B-P nos deu um manancial enorme para lapidar e orientar. Deixou-nos diversas literaturas Escoteiras que falam do assunto. Se soubermos trabalhar bem nossos Monitores se procurarmos ver cada um em particular e não o todo aí sim o sucesso é garantido. Ele sempre lembrava que quem precisa mais do escotismo são os jovens rebeldes cuja sociedade não dão a eles nenhum valor ou oportunidade. Não vamos confundir com uma instituição de menores, nada disto. Queira ou não vivemos julgando pessoas, seus atos, suas motivações como se soubéssemos quais eram. Isto não é papel para a CH e se o Chefe mostrar o caminho para o sucesso ela será de grande valia para a Tropa Escoteira. Não devemos esquecer que conforme estabelecido por Baden-Powell e o consenso preserva-se até hoje, a CH é a COMISSÃO PERMANENTE QUE RESOLVE OS PROBLEMAS DA Tropa.  Seu órgão máximo. Lembremos que o Chefe tem direito a voz e nunca voto a não ser em casos muito especiais.

                 Finalmente é importante ressaltar que a CH ao contrário do que muitos pensam não é uma “sessão do Júri”, encarregada de estabelecer punições aos indisciplinados. O preservar os padrões de disciplina e adestramento quer dizer discutir e orientar a tropa no sentido de elevação desses padrões e jamais no caráter de ser um órgão punitivo. O máximo que pode acontecer é, em alguns casos de quebra de palavra para com a Promessa e Lei, a Corte de Honra recomendar ações aos monitores ou a chefia no sentido de contornar situações ou orientar o (a) Escoteiro. Desejo sucesso em sua Corte de Honra. Lembre-se sem ela e sem o Sistema de Patrulha nossos objetivos nunca serão alcançados.

“Sempre Alerta”

domingo, 13 de dezembro de 2015

Sublimes emoções.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Sublimes emoções.

                  Eu gosto de me emocionar. Acho que é por isto que sou Escoteiro. Dizem que os chefes Escoteiros são “durões” sem sensibilidade, indiferentes, exigentes na sua maneira de agir. Sei que tem alguns que são prepotentes, donos da verdade, mas a maioria não acho que eles são emotivos, gostam uns dos outros, gostam de um belo sorriso, de apertar a mão, de saudar de cantar e chorar na canção da despedida. Quem não gosta de ver a alegria estampada no lobo, na escoteira ou na guia e na rapaziada Escoteira? É bom demais ver um sorriso simples de um Chefe ou uma Chefe escoteira. Quando o escotismo é assim sem imposições sem burocracia, sem siglas, sem chefões é bom demais. Quem sabe você faz um escotismo assim? Alegre e solto, correndo por aí com o vento, com as aves no céu, pisando mansamente no verde da relva e brincando de aprender a ser alguém? Sem se preocupar com o “isto é proibido” é contra as normas, siga o Chefe. Não é bom um escotismo onde cantar é um prazer, onde ver o inicio e o final de pista não se obriga a voltar logo ao ponto de reunião?

                        Hoje resolvi escrever sem metáforas, É bom isto, pois estou com o coração alegre. Porque sem saber vi um escotismo puro, nas suas palavras, nas suas ações, no seu modo de vida. Como? Podem me perguntar. Esta semana estava eu com minha maquininha querida, nas minhas inalações diárias que jorra um ar gostoso nas minhas narinas, TV ligada, pois são quase cinquenta minutos de inalação com a gostosa mascara no rosto, e sem perceber vejo que começa um filme. Aparece escrito na sinopse que é um filme de Escoteiros e produzido pela Disney em 1966. Porque não ver? Por quê? Por quê? Claro que sim, nós Escoteiros não podemos ficar a margem quando aparece escrito “Escoteiros”. Agarramo-nos a tudo que diz do nosso ideal. Aos poucos me jogo na tela da minha TV. Aos poucos vou entendendo a história. Gosto dela. Passo a amar tudo que a história conta naquele filme.

          Não sai dali para nada. Depois que a história se explicou e depois que dez ou doze Escoteiros vencem o Exército americano, de uma maneira que só um Diretor de lá pode contar passei a me emocionar. Tudo diferente do que se faz hoje. Pudera, o filme começa em 1930 e vai terminar em 1950. Todo ele voltado para os Escoteiros de uma pequena cidade, cidade que apoia que colabora e que o escotismo é visto como um importante meio de formação de jovens. Crise financeira? Não há. Pais contra? Também não há. Outros chefes pisando no pé de alguém? Impossível. Isto não existe no filme. E o melhor meus amigos e amigas, não aparece por lá nenhum dirigente da Boy Scout. Nenhum dirigente dizendo como fazer, nenhum distrital para exigir isto e aquilo. (desculpem os amigos distritais). A cidade vivia em polvorosa com a meninada a fazer suas “lambanças” e todos queriam fazer alguma coisa sem saber o que fazer. O escotismo é sugerido. Dizem que já foi tentado, mas não tinha Chefe que topasse assumir. Alguém assume. Não conhece nada de escotismo. Putz! Estou contando a história?

         E o final? Deus do céu! Meus olhos encheram de lágrimas. Emocionante. Sozinho na sala chorava baixinho de alegria em ver toda a cidade aplaudir o Chefe escoteiro. Foram décadas dedicadas a sua Tropa Escoteira. Meninos crescendo outros jovens entrando. Na festa apoteótica do final todos os adultos da primeira tropa e das demais vieram prestigiar. O Governador do Estado também, pois foi um Escoteiro dele. Existe maior paga ou agradecimento do que isto? Ficção podem dizer. Pode ser, mas eu acredito que em alguma cidade do mundo possa ter havido uma tropa assim. Quando o filme terminou foi que vi que não havia mais nada na caixinha de plástico onde ficam os fluídos que respiro com avidez. Bom isto. A maquinha funcionava sem reclamar. Meu coração batia de alegria. Eu gosto mesmo de ver uma amizade e um reconhecimento assim. Estranhei por não ver o sistema de patrulhas, mas e daí? Eu vi muito mais. Eu vi amor, eu vi alegria, eu vi reconhecimento eu vi amizade e fraternidade.

        O filme tem muito mais. Tem uma história de amor. Tem até um vilão que não foi tão vilão. Tem uma senhora rica que doa aos Escoteiros... Não vou contar. Se um dia puderem alugar ou copiar na internet eu sei que vão gostar. Ops! Claro irão gostar os puros de coração, os que acreditam os que veem no escotismo o amor entre todos. Lembrou-me muito do escotismo que fiz há muitos e muitos anos. Tentarão os filósofos, os Chefões dizerem que hoje isto não é possível. Tudo hoje não é possível. Hoje é tudo moderno. Mas se eu pudesse, se eu tivesse folego, se eu tivesse forças e fosse um jovem sonhador eu faria um escotismo assim. Ah! Se faria. Moderno? Moderno é saber amar, saber sonhar, viver na natureza admirando todo seu esplendor. Viver junto a jovens como eu, aventurar-se por um mundo desconhecido e desbravar as dificuldades que encontrar. Sonhos, sonhar é possivel e melhor ainda é colocar nossos sonhos na linha de frente para se tornarem realidade.

                “Fallow me, boys” em inglês, em português Siga-me rapazes! Ou “Nunca é tarde para amar” é formidável. Quem sabe o melhor filme Escoteiro que assisti. Baseado no livro de MacKinlay Kantor tem Fred MacMurray como o Chefe Escoteiro, Vera Miles, Kurt Russel e muitos outros. É um dos poucos filmes em que Escoteiros são fundamentais para o filme e é o hino da Disney para os Escoteiros. O título da canção “siga-me meninos!” fez com que a Boys Scout of America pensasse em usar a música como seu hino.


       Bem chega de falar do filme. Muita emoção ao assistir. Espero que vocês também se emocionem quando o verem. Claro aqueles poucos ou muitos que gostam de uma linda historia escoteira e vibram com cada nuance de seus personagens. Escotismo é emocionante e mais ainda para aqueles que se emocionam com sua filosofia tão verdadeira. Sempre sonhei um dia termos alguém que se arrisque a fazer um filme Escoteiro e bom no Brasil. Será viável? Não sei, não estamos ainda produzindo homens que no seu papel possam defender o escotismo no seu mais puro lirismo na sua mais sublime filosofia que encantam jovens em todo o mundo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015


Conversa ao pé do fogo.
Programas de reunião de Alcatéia.

A programação das reuniões de Alcatéia deve ser realizada por toda a equipe de escotistas, com antecedência de pelo menos uma semana e deve atender ao que foi planejado no Ciclo de Programa.

1. OBJETIVOS DA REUNIÃO – Antes de realizar a programação em si, é preciso definir o que se pretende alcançar. Esses objetivos são estabelecidos para todos os lobinhos (não são aqueles objetivos educacionais do Manual ou Guias). Podem ser objetivos da reunião, por ex.: Fortalecer laços de amizade na Alcatéia; Desenvolver o sentimento de patriotismo; Propiciar a socialização; Capacitar para a participação em acampamentos; Conhecer a mística do Ramo Lobinho; Conhecer a história do Escotismo; Estimular a prática da boa ação; Fortalecer a união da matilha; Estimular a participação dos pais; etc.

2. Em seguida escolhem-se os ELEMENTOS que podem levar ao alcance dos objetivos da reunião. Os elementos que compõem uma reunião de Alcatéia são os jogos, dinâmicas, histórias, canções, trabalhos manuais, dramatizações, danças, técnicas escoteiras, cerimônias, pequenas reflexões, o acompanhamento progressão pessoal, etc.

3. Definem-se as ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO que podem ser trabalhadas por meio desses elementos, lembrando que um jogo pode trabalhar mais de uma área ao mesmo tempo. 4. Os OBJETIVOS EDUCACIONAIS da Infância Média e da Infância Tardia são escolhidos, na sequência, de acordo com os elementos e, se possível, privilegiando os que menos foram conquistados pelos (as) lobinhos (as).

5. A AVALIAÇÃO DOS OBJETIVOS EDUCACIONAIS é feita pela observação da participação da criança em cada um dos elementos da reunião. Há diferentes aspectos da participação e deve ser escolhido o mais adequado ou relevante para observar cada elemento. Ao planejar a reunião já devem ser definidos os aspectos a serem observados nessa avaliação. São eles:

A REAÇÃO: expressa pelas crianças e/ou observada pelos adultos, indica a disposição e o empenho na participação, o envolvimento com a atividade, o incentivo aos companheiros, o entusiasmo, o comportamento diante da vitória ou da derrota, o respeito pelas diferenças individuais, o interesse em aprender, etc. Deve ser feita por mais de um escotista e aplica-se os objetivos do tipo: “ajudo os novos lobinhos e lobinhas para que se sintam contentes na Alcatéia”.

O DESEMPENHO: refere-se ao nível alcançado no cumprimento das tarefas ou
Funções e indica a necessidade de reforço ou mudança de abordagem. Aplica-se os objetivos do tipo: “faço bem os trabalhos de que me encarrego”.

A APRENDIZAGEM: averiguação da assimilação do conhecimento e habilidade, geralmente feita através de um jogo ou situação prática de aplicação. Aplica-se os objetivos do tipo: “conheço os símbolos de meu país”.

A CONDUTA: observação da conduta durante várias oportunidades para verificar a incorporação de um determinado conceito ao comportamento habitual. Aplica-se os objetivos do tipo: “reconheço e aceito meus erros”.


Nota – Pode ser que alguns destes itens não mais se coadunam com as alterações realizadas no programa do Lobismo. Mas isto não interfere em boas partes das sugestões aqui colocadas. Boa caçada! 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Publicações escoteiras em PDF

Disponibilizando novamente minhas publicações e de outros chefes escoteiros em PDF. Veja o que possa interessar a você e faça o seu pedido. Fácil. Envie-me um e-mail. ferrazosvaldo@bol.com.br - Lembre-se só atendo em minha caixa postal.

VOCÊ PODE PEDIR: (publicações em PDF - pedidos por bloco) Ex. bloco x.
(Bloco 1 – Temas escoteiros – Indabas - orações Escoteiras – Sistema de Patrulhas – O Caminho do sucesso e muitos outros).
(Bloco 2 - Técnicas Escoteiras (pioneirías, seniorismo e percurso de Giwell)).
Bloco 3 – Livros escoteiros – Guia do Chefe Escoteiro (escrito por BP) – Sistema de patrulhas (escrito por Roland Phillips)
Bloco 4 – Cinco livros escoteiros de minha autoria – O Fantástico jogo noturno – A saga do Comissário Leocádio – O estranho funeral do Chefe Gafanhoto – A lenda do tesouro perdido – A Patrulha da Esperança.
Bloco 5 – Seis volumes das Maravilhosas histórias Escoteiras. Quase 250 histórias.
Bloco 6 – Quatro publicações sobre a vida e histórias de Baden-Powell.
Bloco 7 – Lobinhos em ação – quatro volumes baseado no Livro da Jângal.
Bloco 8 – Duas publicações interessantes - Aprender a fazer fazendo e Simbolismo e místicas Escoteiras.
Bloco 9 – Quatro publicações - Seleção de Ouro das melhores histórias Escoteiras – Mais de 150 histórias muitas inéditas.
Bloco 10- Diversas histórias Escoteiras interessantes: – Os contos escoteiros de natal – Cancioneiro – As aventuras do Escoteiro Juquinha - Jim o Escoteiro do futuro e os Cinco Magníficos seniores.
Bloco 11- Contos da meia noite – Diversos contos não escoteiros para quem gosta do gênero.

Mas lembre-se:

VOCÊ NÃO PODE: - Pedir mais de um bloco por vez. Não tenho condições de atender e nem de guardar na memória de arquivo para enviar tudo que pediu a cada dia. Portanto peça UM BLOCO POR VEZ a cada dia. Se estiver interessado em outros blocos repita no dia seguinte o pedido não se esquecendo de citar qual. Terei o maior prazer e alegria em atender você. Para facilitar copie esta oferta em seus arquivos. Lembre-se estou me esforçando para ajudá-lo no seu crescimento Escoteiro e tudo é gratuito. Colabore comigo facilitando o pedido para ser atendido rapidamente. Não faça pedidos aqui. É tudo de graça meu irmão escoteiro, de graça. Mande um e-mail para -  ferrazosvaldo@bol.com.br

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Agora sou IM. Devo mudar?


Um repeteco interessante.
Agora sou IM. Devo mudar?

                   Não fui eu quem escreveu, mas gosto de ler. Sei que o objetivo de todo Chefe é conseguir sua Insígnia da Madeira. É através dela que sabemos que o voluntário está “quase” preparado para colaborar na formação dos jovens em uma sessão. Cantar que eu era um bom Lobo, ou um Touro, ou um Marrom, nos faz pensar que a volta a Gilwell deve ser uma constante. Lembremos que existem muitos chefes que ainda não há têm. Eles quem sabe podem saber ou conhecer o escotismo melhor que você. Desejo a todos que ainda não conseguiram que façam de tudo para ser mais um membro de Gilwell. E quando conseguir lembre-se desta pequena história para que o orgulho de ser mais não ultrapasse o seu “Espírito Escoteiro”.

- Um escotista recebeu a noticia de que iria receber sua Insígnia de Madeira. Ficou tão eufórico que quase não se conteve. Serei um grande homem agora – disse a um outro escotista.

- Preciso de um novo uniforme imediatamente. Que faça jus a minha nova posição na sociedade, no Grupo Escoteiro e em minha vida.
- Conheço um alfaiate perfeito para você – replicou o amigo, um IM há muito tempo. – Ele o alfaiate é um "Velho" sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar o endereço.
- E o novo futuro IM foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas.
- Depois de guardar a fita métrica, o sábio alfaiate disse: - Há quanto tempo o senhor é IM?
- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu uniforme? – perguntou o cliente surpreso. – Não posso fazê-lo sem obter esta informação senhor. É que um IM recém fica tão deslumbrado que mantem a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito! Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a de trás.
- Anos mais tarde continuou – Quando está ocupado com o seu trabalho e os transtornos advindos da experiência o tornam sensato, olha adiante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito a seguir. Aí então eu costuro o uniforme de modo que a parte da frente e a de trás tenha o mesmo comprimento.

- E mais tarde, depois que está curvado pelos anos de trabalho cansativo e pela humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço o uniforme de modo que as contas fiquem mais longas que a frente.
- Portanto, tenho de saber a quanto tempo o senhor foi nomeado para que a roupa lhe assente apropriadamente.


E o novo futuro IM saiu da alfaiaria pensando menos no seu orgulho e mais no motivo que levou seu amigo a mandá-lo procurar aquele sábio alfaiate.