Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

domingo, 30 de outubro de 2016

Eu? Sou apenas um Velho Chefe Escoteiro!... E nada mais.


Eu? Sou apenas um Velho Chefe Escoteiro!... E nada mais.

              Virou um grilo? Ou quem sabe um beija flor colorido pairando no ar? Velho maniento, cheio de vontades, um figuraço que se diz Escoteiro e que nem sabe onde foi parar. Vez ou outra é assim que me sinto, um absinto de erva aromática, composta de muitas ramosas que atua no sistema nervoso se valendo de suas boas recordações. Fugir como? Um dia eu serei o escolhido, pois cada vez que leio que um se foi fico a imaginar quando meu dia irá chegar. Na primavera? No outono, no inverno ou quem sabe no verão? Qual estação eu vou partir? Cada dia alguém se despede de um amigo saudoso, dizendo a todos que ele se foi. Eita modernidade que a saudade não tem lugar para ficar. Lá está o epitáfio: - Ele se foi e com ele todas as honras, foi um homem honesto e honrado. Partiu sem dizer adeus e deixou entre os seus muita saudade. Brincando de seguir a trilha no firmamento, sem a ajuda do vento, sabendo que um dia vai para o grande acampamento.

                O tempo sabe que minha vez vai chegar. Não só para mim para todos. Será que aquele Escoteiro vivente acreditou que seria imortal? Impossível. Não tem como fugir. Não adianta palavras formosas, tais como aguente, não tente, acredite Ele está em você e depois de tantas outras vem aquela: - Faça o que o Doutor mandou. Leporácio um intendente da Patrulha Quati, me disse certa vez em voz baixa o destino de cada um de nós. – Vado Escoteiro, aprenda a construir sua estrada do futuro porque o terreno do amanhã é incerto demais para outros planos. E continuou... O futuro meu amigo tem o costume de cair em meio ao verão! – Verão? Irei pelas nuvens voando no sol do meio dia? – Calma Vado Escoteiro, depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E cá prá nós, aprenda que não importa o quanto você se importa, pois algumas pessoas simplesmente não se importam. Olho para seu semblante dou um voo rasante e penso que nem sei o que estou a fazer neste mundo. É tem hora que eu me pergunto se a própria dúvida não esta me pondo em dúvida.

               Dizem que lá no espaço nas cidades resplandecentes se merecer poderei ler o que alguns disseram a meu respeito. - Lá foi ele... Não foi brilhante, tentou ao seu modo encapar felicidade no coração de muitos. Conseguiu? Meu amigo Leporácio acho que sim ou quem sabe não. Eu tentei apenas fazer o que aprendi e o que me disseram para fazer. Tentei copiar a paciência dos Deuses, enfrentei consequências, mas cheguei à conclusão que para ter ela requer muita prática que não tenho. Leporácio ria as largas de suas próprias palavras. – Ele calmamente continuou a sussurrar como se eu fosse um menininho para entender tudo que tinha a dizer. – Vado Escoteiro, não é só sua maturidade, sua larga experiência e nem quantos aniversários você celebrou. Você achou que sabia mais do que supunha que aprendeu a conviver com sonhos reais e imaginários. Até mesmo achou que sonhos são bobagens e que tantas vezes se sentiu humilhado e achou que isto era uma tragédia anunciada. Quer saber? Não estou nem aí para você!


                Pois é, Leporácio foi meu amigo, do peito, de me dar um olhar sem sentimentos de piedade o que nunca desejei. Eu tinha medo da minha própria mente. Medo que a morte que acredito eminente não me tape os ouvidos e a boca. Por quê? Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é o silêncio... Nada mais havia há dizer. Eu só peço aqueles que um dia forem escrever suas despedidas, que não digam que fui um chefão, um lobo do deserto, ou mesmo um Velho lobo encantador. Por favor, digam que eu era um amigo, nada mais que isto. Gentileza não me darem tanto crédito e nem um monumento cheio de elogios. No meu epitáfio terei somente meu nome... Vado um Escoteiro. Que acreditou ser o que era... E nada mais! 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Estamos fazendo um escotismo de resultados?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Estamos fazendo um escotismo de resultados?

                  Você sabia que dos dez países que em 1910 começaram a fazer escotismo no mundo o Brasil era um deles? Você sabia que somos relativamente à população local o menor em efetivo Escoteiro entre eles? Se hoje temos uma população de jovens em idade escolar de quarenta e cinco milhões e menos de 65.000 jovens participam do escotismo, quanto dá isto em termos percentual? Se desde 1910 em tempo algum alcançamos pelo menos um por cento dos jovens brasileiros que poderiam estar participando do escotismo, onde estamos errando? Pensando bem isto é relevante? Pelo sim pelo não, alguns dizem que não sabemos aplicar o programa e por isto não tivemos sucesso no crescimento Escoteiro nacional. Se isto é fato, se a metodologia de Baden-Powell deu certo em dezenas de países do mundo e no nosso não, porque ainda não soubemos corrigir nossa maneira de atuar?

                       É fato que quanto mais fortes fossemos mais resultados obteríamos. Verdade? Pensando nos resultados propostos que seria a formação do caráter, honra ética entre os jovens e que dentro de um programa factível, agradável e aceito de maneira espontânea sem caráter de obrigação, não devíamos pelo menos ter alcançado um efetivo de pelo menos quinhentos mil membros escoteiros? Muitos de nós estamos perdendo as esperanças de colaborar na formação da juventude e chegamos a duvidar se estamos no caminho do sucesso que Baden-Powell deixou para nós. Estamos desacreditados? Nossos alicerces de homens formados na filosofia ainda é uma utopia? Alguns afirmam que continuamos com as mesmas ideias e mudamos o que não era para mudar. Claro, há discordâncias, mas o fato é que não obtivemos resultados reais.

                        Nunca foi feito uma pesquisa, uma consulta, um mutirão, ou mesmo um estudo junto às unidades locais (Grupos Escoteiros) tentando ver in-locum o porquê não estamos crescendo. Nossas lideranças Escoteiras ou se sentem auto-suficientes ou esqueceram ou não dão o menor valor em ouvir as bases. Eles mudaram a estrutura, normas, mas em tempo algum fizeram realizar entre os membros escoteiros uma discussão sobre este tema e outros que foram impostos pela alta cúpula escoteira. Sabemos que é somente pelos resultados que podemos saber se atingimos nossos objetivos. Ensinar é aprender. Ensinar não é só transmitir conhecimentos. Sabemos que um líder atuando não tem o vírus da sabedoria e do sucesso como um todo. A fase da autocracia sem a verdadeira democracia mostra que os resultados nunca serão bons.
             
                          A organização Escoteira no Brasil hoje funciona através de uma liderança representativa. Muitos acreditam que ela é a melhor maneira de desenvolver e fortalecer o escotismo brasileiro. Não se pensa em outra forma de direção e isto nunca esteve em discussão. Tornou-se um tabu falar sobre este tema. A própria liderança que decide tem menos de 0,2% dos voluntários adultos e são eles que tomam decisões que são acatadas por todos sem discutir. Não existe transparência. Tudo é feito sem consultas, sem pesquisas e poucos ficam sabendo até que se torna realidade. A representatividade que deveria existe não existe. A maneira atual de participação através de encontros nacionais, seminários, congressos, assembleias não tem dado bons resultados. Só não vê quem não quer. Carecemos de um marketing profissional e aquele que deveria produzir bons resultados através da apresentação pessoal ficou aquém do esperado com as novas mudanças da uniformização.

                       Ficamos órfãos e sem representatividade nos meios sociais, educacionais, políticos e empresariais. São poucos aqueles ex-Escoteiros com bons exemplos defendendo nosso valor e nossa forma educacional. Não temos bons conferencistas e os exemplos para dar a sociedade brasileira mostrando nossos valores são mínimos. Continua a velha formula estereotipada de mostrar o que não temos e nem podemos provar. Nosso efetivo sofre todo ano o efeito sanfona. Quando chegamos a um numero um pouco melhor eis que seis mil em um só ano abandonam as fileiras Escoteiras. A evasão até hoje não foi bem estudada pelos nossos lideres. Muitos nem se preocupam e fazem dela uma maneira de introduzir novos membros com pensamentos iguais sem contestação.

                    Infelizmente ainda não temos meios para que possamos em uníssemos mostrar como poderíamos chegar lá. O sonho de uma sociedade formada pela filosofia escoteira ainda não aconteceu. Uma mentalidade única é o que acontece na maioria de nossa liderança. Não se discute não se estuda o essencial dos resultados e alguns mais privilegiados explicam o inexplicável. Acham assim que são os mais inteligentes e espertos, que sabem tomar as decisões certas e que com seu poder irão consertar o mundo escoteiro; sempre se julgam os melhores e mais capazes que os outros. Seria isto mesmo? Impossível responder. Nossa politica de resultados caminha há passos de tartaruga. O dia que tivermos mais ouvidos, mais compreensão, mais fraternidade sem prepotência quem sabe podemos atingir o nível do caminho para o sucesso conforme escreveu Baden-Powell.


                    Enquanto isto vamos ficando para trás no efetivo escoteiro nacional comparativamente a diversos países do mundo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Quem são eles?


Quem são eles?

Ei você, por favor, me diga, quem são eles?
Estes sorrisos e cantorias são mesmo deles?
Aonde vão com essa tralha no costado,
Partem em bandos nem parecem assustados
Dizem que vão para os campos e montes,
Cheios de esperanças a beber água da fonte.

Sei que são meninos cheios de esperanças
A correr com bandeiras nas andanças,
No regato águas límpidas e formosas,
Contam casos contam prosas.
No lusco fusco do sol da tarde
Armam barracas sem fazer alarde.

Usam mochilas, distintivos e chapéu.
Usam lenço amarrados ao arganéu.
Na ravina eles gostam das flores
Orgulham da promessa, dos seus valores.
Armam barracas, arvoram bandeiras.
A moeda da boa ação sempre na algibeira.

Ei jovem, me diga quem são?
Vejo vocês fazendo boa ação,
Moço, sou menino, sou faceiro,
Olhe bem, sou Escoteiro,
Amo a Deus, amo meus amigos
Amo a pátria e da lei os seus artigos.

Pensei que eram simples meninos
Enganei-me, eram divinos.
Batutas, energia que consomem
Sem duvida em breve serão homens.
Nunca seriam esquecidos forasteiros
Pois ali estavam verdadeiros Escoteiros.

Se um dia perguntarem aonde vão
Diga com calma com amor no coração.
Eles? Meu amigo são alegres faceiros
São meninos, eles são Escoteiros.
Vivem de sonhos correndo neste céu cor de anil,

São sinceros, são amigos, são Escoteiros do Brasil!   

domingo, 23 de outubro de 2016

Apenas um Caminho para o Sucesso.


Coisas da vida.
Apenas um Caminho para o Sucesso.

                         Ele passou sem nada dizer e foi em frente. O chamei educadamente se não queria seguir na estrada florida da vida em busca de um futuro promissor. Ele nem ligou. – Meu jovem, esta estrada que segues não é a melhor para você. Pense bem se não devia escolher aquela que ficou lá atrás, pois tinha flores azuis e amarelas e lindos adereços no chão mostrando o caminho a seguir? Não percebestes? Era lá que você devia entrar e quem sabe encontrar o que procuras. Eu vi na curva do caminho muitos jovens como você que não sabem ao certo qual o rumo tomar. Não viu aqueles outros vivenciando a amizade e brincando como se fossem gente grande? Viu como eles eram solícitos quando perguntou se gostavam do que faziam? Sei que você gostou do que viu, mas porque não permaneceu lá? Todos insistiram para você ficar. Não se lembras daquele pequenino que lhe deu um aperto de mão esquerda e disse que ali morava a felicidade eterna? Então porque titubeaste? Porque não aceitou o convite feito de forma alegre e fraterna?

                         Meu jovem eles são assim, divertidos, amigos de todos e irmão daqueles que estão com eles nas veredas do bom caminho. Sabe quem são? Não sabe? Eles são Escoteiros, entusiastas joviais briosos brasileiros que brincam de ser homens nas grandes aventuras. Volte! Não siga nesta trilha que está cheia de espinhos. Ela vai levar você a lugar nenhum. Não acredite que os outros que vais encontrar serão seus amigos. Eles estão perdidos como você. Eles não pensam mais, são mortos vivos a vagar por aí. Esqueceram seu passado, suas vidas seus sonhos. Eles não sonham mais. Sentam em qualquer lugar onde alguém lhe oferece o néctar do veneno que mata. Você não pode desejar isto. Ainda tens tempo. É só voltar nas passadas do tempo. Lembre-se daqueles que te amam, que desejam seu retorno. Eles imploram seu retorno.

                        Volte por aonde veio, não fique na duvida. Você tem ainda vastos caminhos a percorrer. Não peço para acreditar nas palavras do Criador. Muitos que estão seguindo com você hoje duvidam que ele exista. Mas cada um tem o direito de criar seu próprio destino, cada um é dono de sua própria vida. Mas porque jogá-la no labirinto da duvida? Lá é só escuridão, quem sabe um raio solto no céu mostrando o lamaçal onde irás viver. Isto seria vida? Não escolha este caminho. Não é um bom caminho. Volte! Procure às campinas verdes onde mora o amor perfeito. Encontre outros amigos, aqueles do sorriso franco, do abraço sincero, aqueles que te dizem para cantar com eles o Rataplã. Abriram-lhe uma vaga na patrulha da felicidade. Deixarão para você uma flor de lis para lhe indicar o caminho perfeito da felicidade.

                       Eu sei que irão forçar você a seguir com eles. Um dia terás oportunidade de decidir se vais continuar ou deixar estes milhões de jovens amigos que fizeram de você um irmão. Sei que se tentar vai gostar. Vais sentir o cheiro da terra, do capim molhado, do cantar do riacho, onde na cascata da nevoa branca as borboletas dançam e cantam como ondas que o vento sopra para um lugar feliz. Encontre o novo mundo, um mundo de jovens que querem o seu bem. Vá com eles. Suba nas mais altas árvores, escale a montanha da alegria e volte depois para os seus que com os olhos cheios de lágrimas, pois eles o receberão de braços abertos.


                         Escute o chamado dos Escoteiros. Eles insistem que você seja mais um da grande fraternidade mundial. Abandone esta estrada que não tem fim. Abrace com eles a felicidade eterna, satisfaça sua sede da aventura, a vontade de ser mais um, de ter amigos, de saber que agora tem com quem contar. Escotismo é isto. Fraternidade, um por todos, todos por um! Um caminho certo para que você um dia possa orgulhar do seu caráter. Onde todos dirão que você é um homem de honra e não importa o que digam mais, importa sim o que você vai sentir no seu coração. E quando aprender não se esqueça deste poema: - Se pergunte que se anima a escalar serranias e alturas, quem são aqueles que uma bandeira arvora nas asas da imaginação. E então vais ver que são jovens Escoteiros, entusiastas, joviais briosos brasileiros que lá vão brincar ao léu de uma aventura. E então? Não quer ir com eles?

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Meu Sempre Alerta ao Trio Irakitan.


Conversa ao pé do fogo.
Meu Sempre Alerta ao Trio Irakitan.

                 Estou a ouvir com saudades o LP do Trio Irakitan Sempre Alerta. Acho que foi em meados de 1960 que ele foi lançado. Estava chegando em casa na minha bicicleta Husqvarna pneu balão faixa branca, e um quarteirão antes ouvi pela primeira vez as canções Escoteiras que o Trio Irakitan em um belíssimo LP. Minha família estava à porta a me esperar com um maravilhoso sorriso nos lábios. – tia Cota trouxe de BH para você Vado! Falou minha mãe. Eu já cantava muitas das canções do LP, mas algumas eram novas e outras a melodia diferente. Não vou contar aqui o quanto toquei o LP e meus amigos escoteiros enchendo a sala sentados alegremente ouvindo cada canção ou hino magnificamente cantado pelo Trio. Mas uma das canções nos ouvimos diversas vezes: - Quebra-coco. Tínhamos um carinho todo especial por esta canção.

                 Naquela época sempre ao encerrar o fogo, logo após a Cadeia da Fraternidade, os escoteiros que quisessem podiam ficar em volta do fogo, para participar ou aplaudir o desafio do Quebra Coco. Aqueles que se destacavam como repentista faziam a turma vibrar e gargalhar com as quadrinhas muitas vezes mexendo com o ego de alguém. Sem ofensas é claro. Eu desde pequeno tentava tirar meus versos, mas nem sempre fui bom nisto. Nunca esqueci Munir Boca Grande e Miúdo que ficavam até tardão eram os melhores. Meu Bagueera Laudelino Pé de Chumbo foi quem me introduziu na arte do Quebra Coco. Adorava ver os repentistas escoteiros e quando fui para a Tropa dei início a minha saga de repentista que ainda bem não teve sucesso o que me deixou mais a vontade para apreciar os melhores.

                 Quando acampamos com o Grupo de Conselheiro Pena conheci Paulinho duas Patas e sua performance em tirar versos. Poucos tinham a “audácia” de desafiá-lo. Já começava cantando assim – “Meus amigos, escutem bem, hoje estou um pouco rouco, mas é bom ficar sabendo, sou o campeão do Quebra Coco” e daí em diante não parava mais. Mas tudo mudou, pois um dia quebraram seu orgulho de cantador. Foi humilhado por um menino matuto, magro, olhos miúdos e cozinheiro da Patrulha Coruja. Soube que foi em um acampamento em Rio grande na Serra do Roncador. Pituxo caladão e magrelo, desengonçado era um “bamba” e quando o vi achei que era gago. Os campeões do Quebra coco que não o conheciam sempre quando começa um desafio pensavam: “Este estava no papo”.

                  Uma vez eu de bobeira aceitei seu desafio. Uma hora, duas três e estava que não aguentava mais. Pituxo não ria. Só cantava. Nem me encarava e nem dizia versos que podiam servir para todos sorrirem ao meu respeito. Lembro que o Chefe disse que a alvorada seria as seis nem mais nem menos. Quem quisesse ficar tudo bem, mas ele não iria abrir mão do horário. Mandinho e Cocada bons repentistas riam a valer. Entreguei os pontos e fui até ele para cumprimentá-lo. Tomázio Monitor da Águia me bateu de leve nos ombros: - Vado, ganhar é bom, mas saber perder é uma arte. Hoje nem sei mais se ainda existem os repentistas do Quebra Coco. Tenho saudades de um dia poder assistir os bambas no desafio em uma noite enluarada.

               O Trio Irakitan foi um marco nas canções Escoteiras. Seu LP dizem bateu recordes de venda não só para escoteiros, mas para muitos que gostavam da musica escoteira. De todas eu ainda gosto de cantar baixinho o Hino dos Escoteiros do Mar. Gosto também do Cucu e até hoje faço os gestos que aprendi em um curso na década de cinquenta com JF (João Francisco de Abreu). Sei que muitos ainda possuem o LP Sempre Alerta. Eu não mais o tenho se perdeu em uma enchente em minha casa em 1969. Hoje costumo sentar em minha varanda e lembrar cantando na mente as belas músicas Escoteiras que nunca esqueci. Não tenho mais voz, mas tenho mente e das boas. Já toquei uma viola, mas não fui bom. Tinha uma harmônica importada e me diverti muito com ela. Onde anda? Não sei.
         
           Saudades vem e vão. Aqui vou lembrando como posso dos meus tempos de lobo e Escoteiro e sênior. Quebra Coco, O meu Chapéu tem Três Bicos, A Árvore da Montanha o Cucu, Guin gan Guli e tantas outras. Será que ainda toco violão com duas posições somente? O meu sumiu. Não sei onde foi parar. Poderia voltar a tocar uma harmônica. Impossível meu pulmão não vai colaborar. Ainda estou aqui ouvindo o Trio Irakitan. Guardei agora nos meus favoritos. Ah! De BP trago o espirito junto de mim, sempre na mente e no meu coração estará. Saudades demais... Quebra Coco, Quebra Coco, na ladeira do Piá...

Estou agora chegando, mesmo estando um pouco rouco,
Muito cuidado comigo, sou campeão do quebra coco.
“Minha mãe chamava Caca, e meu pai Caco Maria,
Juntando caco com caco, eu sou filho da Cacacaria!

Quem fica no Facebook, não é um doido varrido,
É uma turma das boas, turma de muitos amigos.
Não chorem na minha partida, hora de o Velho sumir.

A hora passou no tempo desculpem, preciso dormir.

domingo, 16 de outubro de 2016

Papeando escoteiramente.


Papeando escoteiramente.
                
Meus amigos chefes do Movimento Escoteiro.  Não se esqueça de ouvir sempre os seus jovens. Não faça como muitos que acham que eles não têm nada para dizer. Faça-o como BP nos ensinou em seus livros escoteiros. O Escotismo para Rapazes e o Guia do Chefe Escoteiro são a fonte que devemos pesquisar. Não acredite no que dizem alguns que eles estão ultrapassados ou que estão aquém do nosso tempo. Não estão. Adaptações sem alterar o conteúdo são válidas. Mas a essência do escotismo se baseia no legado que Baden-Powell nos deixou. Quando acreditarmos que a literatura Badeniana não tem mais valor, é melhor chamar o escotismo por outro nome. As mudanças têm sido frequentes e vez ou outra ainda falam em Baden-Powell em alguns cursos. Não podemos aceitar que alguns poucos influam na metodologia em nome de um programa ou mesmo uma maneira nova de pensar que ainda não foi comprovado se vai dar certo. As bases do escotismo trouxe enorme contribuição à juventude e pode ainda dar muito mais na formação de uma nação. Quem se arroga como proprietário do nome Escoteiro no Brasil tem por obrigação de honrar as tradições. Pelo menos isto!

Sempre Alerta!

sábado, 15 de outubro de 2016

Hoje tem reunião, alegria de montão.


Hoje tem reunião, alegria de montão.

Ora viva, hoje é sábado,
Hoje tem reunião.
Alegria de montão.
Não vá chegar atrasado,
Jogue a mochila no costado
E deixe o vento te levar!

Mostre seu belo sorriso,
Pois ali no paraíso
O escotismo é bom demais.
Tem bons amigos fraternos,
Chefes irmãos eternos
Tem tudo para alegrar!

E vamos lá, chega de tanta canseira.
Vá pegando o cabo da bandeira
Pois você vai hastear!
Sorria, mostre ser grande amigo.
Tão cheio de patriotismo,

Bandeira todos em saudação!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Nunca um adeus e sim um até logo. A Canção da Despedida.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Nunca um adeus e sim um até logo.
A Canção da Despedida.

                          Velhos e longos tempos! Era assim chamada e é assim conhecida a Canção da despedida. Em Inglês Auld Lang Syne. Posso estar enganado, mas não existe ninguém que tenha passado pela trilha de Baden-Powell que não tenha cantado e se emocionado com esta linda canção. Ela conta muitas histórias no mundo escoteiro. Histórias que ficaram para trás, e outras que irão acontecer novamente. A lenda é real. Dizem que na virada do ano a humanidade festeja a ida de um e a chegada de outro. Países do mundo inteiro celebram cantando Auld Lang Syne. Orquestras tocam esta melodia de diversas formas, pessoas irão se abraçar alguns terão lágrimas nos olhos a lembrar do ano que se foi. Pessoas se abraçam, desejam dias melhores que poderão acontecer. Dizem que podem ser ruins para alguns e bons para outros. Eu costumo sentar em minha varanda nas tardes mais saudosas e ouvir meu LP de Guy Lombardo a tocar Auld Lang Syne. Nada mais nada menos que a nossa querida canção da despedida. Sem esquecer o nosso querido Trio Irakitan com magnifica interpretação.

                         Conta-se a lenda ou quem sabe a verdadeira historia desta melodia tão popular conhecida no Velho mundo que a letra original é de um poema escocês escrito por Robert Burns em 1788. Dizem que significa “Velho e longo tempo” alguns chamam de “Muito tempo atrás” e tem aqueles que dizem se chamar “Como nos velhos tempos”. Não importa o nome original, para nós escoteiros ela é a Canção da Despedida. A nossa eterna Cadeia da Fraternidade. Não sei quem adaptou nova letra a esta melodia tão maravilhosa que nos marca em todas as ocasiões quando cantamos. Sei que ela ressoa na memória e bate fundo no peito e no coração Escoteiro. É bela demais. Ela nos dá a certeza que nunca vamos nos separar que bem cedo junto ao fogo vamos nos reunir outra vez. Não temos a tradição de cantá-la na virada do ano. No Brasil poucos estados em festas da virada cantam. Temos sim a tradição de cantar no final do Fogo de Conselho, nos encontros escoteiros, em festividades e fins de acampamento.

                           Aprendemos a entrelaçar as mãos, apertar fortemente, cantar se emocionar e muitas vezes chorar. Quem não chora? Dizem que tem escoteiros durões, mas eu não acredito. No fundo do coração bate forte uma saudade uma vontade de dizer “Eu te amo” gritar naquela noite sem lua ou com lua, que o escotismo mora no meu coração para sempre. Nem sempre estamos em uma clareira da floresta, mas na nossa frente tem uma fogueira. Chamas com fagulhas subindo aos céus. Olhares de amigos que já existiam e outros que fizemos rodam o circulo do amor. Sempre nos lembraremos dela em um acampamento em uma atividade escoteira ou até mesmo um acantonamento onde os lobos sempre a cantam pela primeira vez. Dizem que as que marcam mais é no encerramento do Fogo de Conselho. Eu cantei em lugares incríveis. Cantei em florestas virgens, em picos formosos. Cantei a noite, olhando estrelas, cantei durante o dia vendo o sol ou a chuva.

                   Para mim é a mais sublime das canções Escoteiras. Nunca esqueci a primeira vez. Meu primeiro acampamento. Saudades demais. Penúltimo dia, última noite. Um fogo de conselho só da tropa. Fico arrepiado só em lembrar. Foi demais, cantei outras canções, brinquei, fingi ser um padre, aprendi palmas escoteiras, em silencio, no peito, tambor, mexicana, um dedinho, a mão toda caramba! Mas acreditem terminou. Olhamos para o Chefe. Pediu para entrelaçarmos as mãos. Não conhecia a letra, fui ouvindo e aprendendo. Comecei a entender o que ela dizia. A emoção era demais. Tocou-me fundo o coração. Lágrimas começaram a correr pelo meu rosto. Terminou a canção. Fogueira ainda crepitando, estrelas brilhavam maravilhosamente no céu. Vento frio, brisa no rosto, cheiro da terra, do capim meloso, grilos saltitando, vagalumes mostrando seus brilhos. Silencio enorme. Um olhando para o outro. Tentando disfarçar as lágrimas. Trombeta tocando. Final. Reunir, Boa noite escoteiros! É ninguém esquece. Não dá para esquecer.

                      É uma letra conhecida. Não dá para perder as esperanças, pois vamos nos tornar a ver. Neste fogo ou em outras eras nossas mãos de novo iremos entrelaçar. Não é mais que um até logo, não mais que um breve adeus. Foi bom, muito bom te conhecer. Eu sei que o Senhor que nos protege e está sempre a nos abençoar, um dia certamente vai de novo nos juntar. Letra supimpa, linda, maravilhosa, tentei descobrir quem a escreveu, não consegui. Sei que deve ter sido um iluminado quem escreveu a letra como um anjo Escoteiro. De vez em quando penso se ela dói se machuca, se a saudade marca ou se toca silenciosamente em nosso coração. É uma situação inusitada. Se contarmos para amigos eles vão rir de nós. Vão achar que somos tolos, nostálgicos. Eles não sabem o que significa para nós. É linda demais. Sempre lágrimas a cair sobre a terra, nosso chão abençoado quando cantamos.

                     Não sei se conhecem a letra original. Aquela escrita por Robert Burns. É linda, mas não se compara com a nossa. Sei que é uma canção imortal. Hoje, amanhã, no futuro milhões e milhões de pessoas pelo mundo estarão cantando e desejando que não seja mais que um até logo, não seja mais que um breve adeus. Até meus últimos dias na face da terra eu vou cantar Auld Lang Syne e quem sabe chorando. Pensando em minha vida, nos velhos tempos que nunca serão esquecidos. Pelos velhos tempos, ainda tomaremos um cafezinho no fogo de conselho, sei que percorremos colinas, montanhas vales coloridos, mas esta canção nunca será esquecida!

Aos meus amigos, deixo a letra original escrita por Robert Burns de Auld Lang Syne. A nossa não preciso escrever. É conhecida pelos milhões e milhões que um dia foram ou são escoteiros em todos os quadrantes do mundo.

- Os antigos conhecidos deveriam ser esquecido e nunca lembrados?
Os antigos conhecidos deveriam ser esquecidos e os velhos tempos?
- Pelos velhos tempos, minha querida, pelos velhos tempos;
Ainda tomaremos uma xicara de bondade, pelos velhos tempos.
- E certamente, você pagará pela sua e eu pela minha,
Ainda tomaremos uma xicara de bondade, pelos velhos tempos...
- Nós dois já corremos pelas colinas, e colhemos margaridas,
Mas já vagamos cansados por muitos lugares, desde os velhos tempos...
- Nós dois remamos na corrente, do sol da manhã até a noite,
Mas os mares entre nós já bravejaram muito, desde os velhos tempos.
- Pelos velhos tempos, minha querida pelos velhos tempos,

Ainda tomaremos uma chícara de bondade, pelos velhos tempos...

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O Diário da Patrulha.



Conversa ao pé do fogo.
O Diário da Patrulha.

                     Uns chamam de livro de ata, outros livro de ouro e tem aqueles que dizem ser o Caderno do Diário da patrulha. Podemos definir assim: Um livro adornado (deve ser uma "Obra de Arte") e semi-secreto (não abre-o qualquer um) contendo as tradições da Patrulha referentes a sua história, seus costumes, seus feitos famosos, seu espírito, seus antepassados...

“Insistimos nestas duas qualidades: - Ser uma obra de arte” feita com cuidado. Ser semi-secreto e de uso cerimonioso. (não se abre senão nas cerimônias seguindo um rito fixado). Somente os que tenham feito a promessa podem vê-lo. Em tempos normais, será escondido onde somente alguns indicados conhecem.  

O Diário deverá conter: - (desenho) – Totem da patrulha e seus costumes. O escudo (emblema) da Patrulha. A divisa, o Código da Patrulha. A Oração da Patrulha e o Hino da Patrulha (se houver). Não esquecer: - A Lista dos antigos Monitores, Submonitores e escoteiros da Patrulha desde sua fundação. Ao anotar os nomes dos patrulheiros não esquecer a data de sua Promessa. Deverá também conter: A lista dos acampamentos e das atividades que a Patrulha participou. Uma pequena anotação dizendo onde, programa e o que de melhor e pior aconteceu. As vezes que a Patrulha conquistou a bandeirola de Eficiência e troféus recebidos.

Não esquecer: Lista das Classes e especialidades conquistadas por escoteiros desde a sua fundação. Fazer um Conselho de Patrulha para lembrar e anotar a História da Patrulha descrita por anos de recordações de grandes aventuras e feitos. Neste caso poderá ser acompanhados com fotografias, croquis, desenhos, recortes etc...

Algumas outras sugestões:
É conveniente que juntamente com o Diário da Patrulha esteja um caderno de informações, onde será resumido ou serão escritas às reuniões e excursões, as explorações e os acampamentos. Ademais, se inclui as assistências, as decisões tomadas e um breve resumo do Conselho de Patrulha. Cada escoteiro por turno faz o informe cujas qualidades devem ser Qualidade e Concisão. O Caderno de Canções de Patrulha no qual se escreve as novas canções. Um bom escriba poderá ser formado para ser o responsável pela maioria das anotações.


E para terminar, é bom dizer que a primeira manifestação do Espírito de Patrulha será com certo orgulho de ser da Patrulha, e por ela lutar com fibra e amor. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Tempo “bão” tempos que não voltam mais.


Crônica de um Velho Chefe Escoteiro.
Tempo “bão” tempos que não voltam mais.

Prefácio: Resolvi fazer uma crônica. Uma pequena crônica como uma homenagem ao Antigos Escoteiros. Temos muitos deles aqui. Sempre lendo e comentando lembrando com saudades seus velhos tempos. Isto é uma forma de resistir à passagem do tempo. Como escreveu Mário Quintana, o tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais Velho que a gente...

                    Ouve um tempo que foi há tanto tempo que nem sei se esse tempo ainda pode de novo voltar... Nem que seja em saudades, em pensamentos, em vontades daquela que faz a gente sonhar, tremer, tempo que a gente lembra e vive a se orgulhar. Tempo “bão” de bastão a caminhar, bandeirolas soltas no ar. Chapelão do sol do quente do poente de tudo que ele guardava a chuva, na caminhada, patrulha danada que saia por aí a acampar. Tempo de ver tanta gente, olhando a gente sorridente, a dizer baixinho com orgulho a que ao seu lado estava: - É escoteiro, valente caminheiro que vão mudar a nação. Traz no peito o orgulho de um brasileiro sonhador, que acredita no futuro um futuro promissor. Tempo, por favor, traga de novo ao vivo o tempo que eu vivo a sonhar...

                      Patrulha sedenta por descobrir, uma trilha verde jeitosa, de encontrar uma árvore frondosa e sem discutir ou falar, todos iam se sentar! Respirar a natureza em toda sua realeza olhar ao redor e pensar: - Terra bonita, terra do boi valente, da onça que aparece de repente, do Pica Pau espantado, olhando por todo lado, a patrulha que parou, parou na sombra da árvore, naquela tão bela tarde um suspiro para voltar a caminhar. Quem já viu uma patrulha, andando pela colina, correndo pelas campinas, nas costas mochilas encantadas e tudo ali eram levadas, para uma refeição, um bom café matreiro, coisa de bom Escoteiro? Tempo da descoberta, do rio para pular, da jangada tão perfeita que nas águas tão travessas era um vai e vem para atravessar.

                         Tempo do feijão na brasa, da carne no carretel, do sal do sarapatel, do olhar do cozinheiro, ao lado os escoteiros, esperando a boia terminar. Sons gostosos de quem ouviu o bater nos pratos como a dizer; - Turma amiga da onça é hora de encher a pança. É e cantar que hoje a boia é boa, tem arroz queimado, o feijão está bichado e a carne estragada. Sorrisos em profusão, mas tudo sendo consumido, na panela de feijão e o arroz cozido, faziam sorrir valentões. E a noite escurecendo, o tempo que foi passando, hora dos ventos noturnos, hora de limpar o coturno, hora de um belo jantar. Jantar feito na moita, bebendo uma bela sopa de tomate, ou de abacate você já viu? “Bão” demais meu amigo. Coisa de bons mateiros, bons valentes escoteiros na clareira da floresta, pois esta noite terá festa.

                           Apenas uma patrulha? Podem ser uma duas ou três não importa. O Chefe confiava, na turma acreditava que tudo ia nos conformes, nada daria errado. Monitor um companheiro, um bom líder Escoteiro, a contar causos sem fim. Sempre tinha o gaiteiro, nas estradas nos atoleiros ele tocava: - £ “Em uma montanha bem perto do céu, existe uma lagoa azul”. E a gente acompanhava todo mundo só cantava lembrando a família que muito longe ficou. Mamãe papai cofiava. Sabia que só valentes escoteiros de repente iria um dia ser homem honrado, com todo mundo apalavrado, orgulho de uma era, que nunca mais irá voltar. Hã chapéu que representava, por onde a gente passava, ali estão os escoteiros do Brasil.

                            Será que ainda verei mochileiros escoteiros, correndo por aí nas montanhas, acampando em vales enormes, dormindo sob o céu estrelado fazendo um escotismo gostoso, onde o Chefe confia e deixa acontecer? Será que verei no horizonte, bandeiras do Brasil tremulando, nas mãos de um Escoteiro de hoje, altaneiro viageiro, mostrando a sua raça, deixando a vida sem graça do moderno que nada tem? Ainda fico pensando onde anda os patrulheiros, que dão a vida pela patrulha, que seguram o seu bastão como se fosse sua alma seu coração? Quem sabe eles trarão as respostas, quando os chefes acreditarem que o escotismo deles e de mais ninguém. Quem sabe seguirão o líder, que um dia disse na Jângal: “Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”.

                                  Se isto acontecer irei para a terra dos meus ancestrais sorrindo, já pensei em deixar de sonhar, mas isto não pode acontecer. Quero ainda ver os novos remanescentes, fazendo com que de repente, nem que seja de improviso, aquele belo escotismo, que um dia irão orgulhar. Sei que o chapéu é ultrapassado, que mesmo não sendo amado pode trazer o calor, de sentar em volta do fogo, uma chaleira fumacenta, um café brasileiro esquenta um papo aqui outro ali, menino vai ser bom demais. Sei que é difícil de ver, afinal sou Velho ultrapassado o meu escotismo sonhado já deixou de existir. Mas me provem que um dia de vestimenta e tudo, partirão sorrindo nas trilhas, sem ter a sua chefia para tudo atrapalhar. Mostrem que não há tempo, seja em qualquer momento existem bons escoteiros, com seu monitor gritante avante, patrulhas! Sigam-me, pois agora é nossa hora, partiremos sem demora ao nosso acampamento anual.


                         E façam como B-P: Arregace as mangas e tome iniciativa, olhe longe e depois olhe ainda mais longe... Bons caminhos escoteiros, valentes e bons brasileiros!

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Qual a diferença entre um Sargento e um Chefe Escoteiro?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Qual a diferença entre um Sargento e um Chefe Escoteiro?

                Pois é. Sei que sabem melhor que eu a diferença de um Sargento de uma Tropa Militar e de um Chefe de Tropa Escoteira. Muitos acham que não tem diferença nenhuma e outros acham que difere pouco e que nada tem há ver um com o outro. Vez ou outra acho que muitos sempre sonharam em ser um sargento e encontraram no escotismo um manancial para seus sonhos. Ops! Não é você quem me dirijo, você sabe muito bem a diferença entre um Chefe e um sargento militar. Mas porque não dar exemplos? Assim poderemos definir melhor as diferenças e quem sabe tirar suas dúvidas. Vamos começar?

a)     Um sargento dirige a Tropa Militar com rigor. Ele sabe que o adestramento é importante na luta em uma guerra e não dá trégua. Grita, manda cantar, castiga com exercícios cansativos e se coloca em posição de ditador. Só ele sabe e ninguém sabe de nada. Os recrutas estão ali para aprender.
b)     Um Chefe Escoteiro guia a Tropa com calma e tranquilidade. Sabe que são meninos em formação.  Adestra sim seus monitores que são os responsáveis para adestrar seus patrulheiros. Trata a todo com respeito, não grita, fala calmamente, aconselha quando acha necessário. Aprende com seus jovens a arte de aprender fazendo. Todos estão ali para aprender mutuamente.
c)      Um sargento exige sempre a ordem unida. Ela é à base da disciplina. Não aceita erros, marchar faz parte da formação do soldado. As formações são perfeitas, não pode haver erros. Ele sabe que será cobrado por seus superiores. Quando perguntados os soldados só devem responder o que lhe foi perguntado. Só fala se o sargento lhe dirigir a palavra. A continência é feita a todo superior com rigor e a falta dela pode gerar punição.
d)     Um Chefe Escoteiro quase não usa ordem unida, explica aos monitores a sua necessidade, mas feita de maneira simples sem afetação. Ele sempre comenta sobre a disciplina, pois sem ela nada poderá dar resultados. Ensina aos monitores que o respeito vem em primeiro lugar. Todos na Tropa Escoteira tem direito a voz e voto, mesmo não sendo perguntados eles podem tirar dúvidas a qualquer tempo. A saudação é uma maneira de mostrar que estão alertas e prontos para confiarem um nos outros. O respeito entre eles o Chefe e os demais dirigentes são iguais.
e)     Um sargento só caminha com sua Tropa marchando ou em trote de estrada. Todos devem ficar em fila e as passadas iguais. Se alguém fica para trás a Tropa não para e continua. Algumas vezes aqueles mal preparados são punidos ou excluídos da Tropa.
f)       Um Chefe Escoteiro caminha juntamente com seus escoteiros. Em fila quando em estradas perigosas e em patrulha sem fila quando em trilhas ou estrada vicinais. Todos andam calmamente, se alguém fica para trás a Tropa para e espera o atrasado. Um Chefe sempre canta e anima sua Tropa a cantar. Faz questão do sorriso e vai ensinando aos jovens a vida no campo, a natureza, os animais e pássaros. Dificilmente se vê um Chefe gritando.
g)     Um sargento em um acampamento sabe que ali é para instrução militar. As barracas devem estar perfeitamente alinhadas, a cozinha é feita para todos. A corneta é a maneira correta para chamada e avisos. A inspeção é rigorosa e quem falha é punido. A ordem unida é frequente. Pela manhã a física é pesada e sempre feita de maneira bruta sem chances de errar.
h)     Um Chefe Escoteiro deixa que os monitores escolham seus campos de patrulha. Nunca entra em um deles sem pedir licença. O apito é usado esporadicamente. Incentiva os monitores para incentivarem seus patrulheiros.  Ele sabe que no campo é para viver em paz e harmonia. Não apoquenta suas patrulhas e na inspeção é camarada ensinando em vez de exigir. A ordem unida não existe, a cozinha é feita por patrulhas e cada menino é incentivado a aprender a cozinhar. A física existe, mas calma, com movimentos fraternos sem abuso de autoridade.
i)       Um Sargento Militar é exigente nos horários. Não aceita desculpa e nem perdoa. Erros podem ser punidos com prisões. As atividades da Tropa são diárias e muitas vezes acontecem também aos domingos. Afinal uma guerra não tem hora dia ou lugar para acontecer. O uniforme é rigoroso e não se aceita soldados mal apresentados. Um Sargento Militar fica um ano ou um pouco mais com sua Tropa. Seu orgulho é saber que formou uma máquina de guerra para se defender e defender seus amigos na Tropa. A cada ano o Sargento sabe que novos recrutas serão formados e tudo é igual como aconteceu com os que passaram pelo seu comando.
j)       Um Chefe Escoteiro é exigente nos horários. Explica aos seus monitores porque devem ter esta meta sempre. Ele sabe que o monitor é seu olho, seu braço e seu professorado. Ele sabe que o monitor vai ensinar tudo que aprendeu com ele aos seus patrulheiros. Ele é exigente com os uniformes, pois a apresentação é uma maneira de educar para a vida. As reuniões são uma vez por semana em horário escolhido por todos. Ele sabe que seus jovens vão receber uma formação diferente, ele sabe que sua preocupação em ensinar como ser bom, amável, ter caráter honra ser transparente leal e honesto. Seu objetivo é fazer o máximo para que o jovem esteja sempre na Tropa conforme sua idade.


                       Bem teria muito mais a comentar e espero que os sargentos que me leram não fiquem ressentidos. Afinal seu trabalho é adestrar homens para a defesa da nação e muitas vezes o recruta formado retorna a sua família sabendo muito sobre honra, palavra e caráter. Não se compara uma Tropa militar com uma Tropa escoteira. Cada um com seu estilo e o trabalho do Chefe é árduo, pois ele tem sempre que estar à frente do seu tempo, para formar jovens na vida do amanhã.