Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O Céu me trouxe alguém. O meu amigo Carlos. Mais que um amigo.


O Céu me trouxe alguém.
O meu amigo Carlos. Mais que um amigo.

                  Hoje está fazendo 53 anos que ele morreu. Partiu assim sem me dizer adeus e só fiquei sabendo duas semanas depois. Muitos têm sua própria definição de amigos. Cada ser humano tem um deles para dizer que foi especial. Costumo me perguntar o que significa ter um amigo. Tive dezenas ou centenas deles no passado e hoje no presente. Todos eles têm um lugar especial em meu coração. Mas Carlos foi diferente. Engraçado quando pensamos que o destino nos deu um presente e outras vezes ele mesmo nos tira o que amamos é hora de pensar se valeu. Para dizer a verdade nunca soube seu nome completo. Só Carlos o Escoteiro. Ficamos amigos durante três anos e meio e depois nos separamos para nunca mais nos encontrarmos. Não era amigo de infância. O conheci com 20 anos e ele também com esta idade. O que aconteceu o que fizemos nunca em tempo algum eu apaguei da memória.

                            Cheguei na Usiminas em meados de 1961 de mala e cuia, meu chapéu e meu uniforme Escoteiro pendurado em uma sacola, para começar uma nova vida de peão de obra. Assustei com aquele bando de gente indo para um lado e outro. Soube que eram mais de 25.000 peões e funcionários zanzando e trabalhando para montar e fazer funcionar uma usina Siderúrgica e para o sustento seu e ou de sua família. Deram-me um alojamento de madeira, oito beliches, homens que nunca tinha visto, mas como bom Escoteiro transformei em minha mente em uma  barraca para que pudesse seguir meu programa de trabalho. No primeiro dia no Alto Forno I conheci o Francisco. Claro que papudo logo falei do escotismo. Ele com aquele sorriso bonachão me disse que nunca foi, mas conhecia um que só falava “naquilo”!

                           Uma semana depois me foi apresentado. Se existem irmãos escoteiros vindos de outra vida eu e ele logo nos tornamos mais que isto. Ele em um horário eu em outro. Procuramos um alojamento onde podíamos ficar juntos, pois amava falar nos escoteiros e ele também. Ele Liz de Ouro e eu Primeira Classe. Ele me disse: Osvaldo, precisamos voltar às origens. Concordei. O Francisco morava em Melo Viana, um distrito de Coronel Fabriciano. – Porque não procuram o Padre Nonato? Tenho certeza que vai vibrar com a ideia. – Dito e feito. Dois meses depois surgiu o Grupo Escoteiro Tapajós (existe até hoje em Coronel Fabriciano). Mudamos para uma pensão no distrito. Abrimos um portal entre seu quarto e o meu. Enfeitamos as paredes com fotos, lembranças, com arco e flecha, com fotos de B.P com lenços escoteiros e uma parafernalha de trecos escoteiros e claro uma bandeira Nacional.

                          Fiz escotismo em cinco Grupos. Não sei se o Tapajós foi o melhor. Quantos acampamentos? Quantas atividades? Quatro salões enormes próximo ao cemitério em frente a um campo de futebol. Carlos fez de um salão o protótipo de uma Gruta na Jangal e olhem, lobos novatos tinham uma mística para entrar. Carlos era e foi para mim um dos maiores conhecedores do Lobismo. Até hoje nunca esqueço as cinco noites acordadas para decidir a cor do lenço, o nome do Grupo, o Hino, e o Grito. Dizem que até hoje lá em Fabriciano a escoteirada ainda repete a tradição. Tudo que é bom dura pouco. Carlos sentia que havia uma perseguição aos peões por parte da diretoria da usina e dos Guardas internos. Entrou para o Sindicado. Veio o Golpe de 64. Militares assumiram o poder. O inicio do fim começava a acontecer.

                           Estava em Belo Horizonte com a Célia já  casado e um filho aproveitando uma folga de oitenta horas. Guardas, militares por todo o lado e precisava voltar ao trabalho. – Voltei dois dias depois. Trens lotados de prisioneiros rumo a capital. Cheguei em Fabriciano e um amigo me disse que eu devia me esconder. Estava sendo procurado. Disseram que o Grupo tinha um lenço vermelho e as reuniões eram para formar meninos com ideias comunistas. Fui para Valadares na casa de minha sogra. Voltei uma semana depois. O Carlos desapareceu. Ninguem sabia dele. O Zé Pontes o Presidente do Grupo me disse que foi preso e levado para o DOPS da capital. Voltou um mês depois. O Grupo estava um esqueleto do que fora antes. Pais com medo, chefes se afastando com medo de serem presos.

                            Carlos me procurou naquele sábado em minha casa. Contou chorando o que aconteceu. Preso em BH queriam que ele confessasse qual era a sua “Célula”. – Que Célula? Deu sua palavra de Escoteiro e riram dele. Foi torturado, retiraram uma unha da mão com alicate. Ele gritou de dor e eles rindo. Soltaram-no na Estação o mandando desaparecer. Disse-me que ia embora. Voltar para sua velha Juiz de Fora. Ficamos várias noites conversando sobre o nosso futuro. Fiquei mais seis meses na usina até que me demitiram. Uma história para contar. Sem dinheiro, nenhum amigo para ajudar. Ele já tinha partido. Com muito custo consegui um empréstimo, pois a usina só me indenizava após entregar a casa que morava.

                             Dois chefes me prometeram que o Grupo não ia fechar as portas. Um mês depois soube da morte do Carlos. Comprou com a indenização um Karmann Guia e no trevo da BR 040 uma carreta passou por cima do seu veículo. Estava sozinho e morreu sozinho com menos de 27 anos de idade. Perdi um amigo, perdi um irmão. Cada um vai seguindo sua trilha programada aqui na terra. Daqueles que apertamos as mãos, viajamos mundo afora em busca de aventuras se existem devem ser poucos. Eu continuo esperando a chegada do meu trem na próxima estação do meu destino. Lá se foram o Carlos, o Zé Pontes, o Lucio, o Dutra, o Dimas, o Nonato, o Romildo, o Jessé o Tãozinho e tantos outros marcados em meu coração para sempre. Não posso esquecer do meu compadre Wander e minha comadre Lucia.

                             Outros também se foram, e o mundo continua girando. Porque estou dando um relato do meu passado? Porque hoje ele poderia estar vivo e conversando tête-à-tête ou pela internet a lembrar os bons tempos que já se foram. Ontem ao repousar para mais uma noite aqui na terra me pareceu que ele me cumprimentou como fazia: - Oi Osvaldo, levanta, tá na hora de escoteirar! Foi dele o termo escoteirar. Se sonhei com ele não me lembro. Acordei com uma sensação de bem estar. Breve estaremos juntos em uma estrela qualquer do céu. Aquela turma da Patrulha Lobo, aquela turma das jornadas, das atividades incríveis que fizemos juntos muitos já partiram. Até mesmo amigos virtuais que nunca apertei a mão e nem dei um abraço tenho certeza que iremos fazer muito escotismo no céu.


                            Ah! Quantas histórias. Quantas lembranças. Umas ficam marcadas e a gente quando lembra a saudade bate fundo e os olhos ficam molhados como a lembrar que valeu. Escotismo é assim, traz amigos que entram em nosso coração e ali ficam para sempre!    

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Um bravo a todos que contaram sua história.


Um bravo a todos que contaram sua história.

                        Durante dois dias postei em minhas três páginas do Facebook dois convites àqueles que quisessem contar um pouco de sua vida Escoteira. Dezenas de jovens, chefes e antigos escoteiros deram seu alerta e aqui compareceram. De uma maneira simples sem afetação, contaram quem foi os primos, os monitores, chefes e amigos que fizeram em suas patrulhas ou cursos. Foi bom demais ver cada um lembrando seu passado e até mesmo o que fazem no presente. No livro da vida escoteira cada um narrou um pouco das suas lembranças que nunca esqueceu e de sua saga escoteira. Escrever como foi o inicio, seus amigos, seus dirigentes e seu Grupo Escoteiro é sempre uma epopeia para lembrar-se do passado.

                       São histórias que nos marcam para sempre. Isto faz bem e nos dá um orgulho em dizer que também temos no sangue o amor ao escotismo. Sempre é bom lembrar o quanto à família está unida em torno de um ideal. Lembrar como os filhos lobos ou escoteiros participaram ou ainda participam sem nunca esquecer seu passado. São muitas saudades de um tempo que ficou marcado para sempre.

                     A alegria daqueles que resolveram contar suas historias, voando no tempo e no passado era como se estivessem novamente lá a fazer um escotismo de eternas lembranças entre amigos. São histórias assim que podemos dizer que nunca mais serão esquecidas. Escotismo marca. Mesmo um dia deixando de participar não se esquece. É como uma raiz que aprofunda na terra para dar vida a arvore que lhe serve de apoio. Cada minuto cada hora nas atividades seja menino, ou seja, adulto o sonho se transforma e o amor à filosofia Badeniana permanece para sempre.

                    Quem sabe um dia cada um vai receber uma pequena carta, um lembrete ou mesmo um presente de agradecimento, pois são pessoas assim que fazem nosso escotismo ontem hoje e amanhã. Quem sabe nossos lideres farão um pequeno esforço e escrever: - Olha sem você não existiria o que temos hoje. Aceite nosso muito obrigado. Precisa de mais?

Hã! Se eu pudesse, se eu fosse um mágico para dizer a cada um em sua cidade, em seu estado, em seu país que se o escotismo sobrevive é porque tem gente de alma escoteira que batalha sem esperar recompensas. Nas palavras escritas em vi amor e a fraternidade vivente na alma de cada um. Emotivo que sou cada escrita, cada descrição do monitor do primo da patrulha ou matilha meus olhos ficavam marejados de lágrimas como se também quisesse ter estado lá, a conhecer o que ficou marcado em cada um uma história que será contada hoje e sempre.  

                         Ver tanta dedicação tanta vontade em ajudar nos dá força para pular as pedras que sempre estão nos impedindo de caminhar. E pensar que somente um homem foi responsável por tudo isto. Baden-Powell. Podemos dizer sem sombra de dúvida que será sempre nosso Escoteiro Chefe mundial.

                       Não tenho poder para mostrar a gratidão que todos são merecidos. Não tenho poder para decidir um prêmio a ser dado a cada um por tão belo trabalho em prol do escotismo. Costumo dizer para mim mesmo que todos que passaram pelas fileiras Escoteiras são dignos de um Bravôo, de um Anrê, de um Sempre Alerta, pois são eles que fizeram a nossa história. Se tivesse poder eu daria uma medalha de bons serviços a cada um. Não à de bronze, não a de prata ou de ouro. Faria outra, seria a medalha de diamante dada a todos que de uma forma ou de outra deram sua contribuição ao escotismo de hoje e sempre. Ajudaram na formação de uma juventude sem esperar recompensa.


                      Obrigado a todos vocês que deixaram rastros na trilha escoteira e que do fundo do coração marcaram um tempo na história escoteira. Sem vocês o escotismo estaria parado no tempo. Nada mais a dizer. Sempre Alerta e Melhor Possível meus queridos amigos e amigas. Parabéns pelo alto espirito Escoteiro de que são possuídos.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

fatos e versões.


fatos e versões.

Fato:
B-P comentava que sem atividades ao ar livre o escotismo perderia muito no seu método e simbologia. Os acampamentos aventureiros, as atividades tempo livre, a arte de aprender fazendo, vivenciando com amigos e procurando conduzir seu próprio rumo com orientação de um adulto seria a forma correta para a formação escoteira.

Versões:
Muitos lideres escoteiros acreditam que boas reuniões de sede, boas atividades e um programa factível para a formação do jovem é suficiente para sua formação escoteira. Acreditam que nos tempos modernos a programação para um acampamento nos moldes aventureiros por se tornar difícil e o ECA faz repensar a muitos como agir em diversas situações. Outro dizem que a sua realização hoje é complexa de difícil sua realização.

Opiniões:

O escotismo de campo, o escotismo de vivência da natureza pode ser substituído por bons programas de sede? Você tem alguma opinião a respeito?

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O eterno desconhecido.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O eterno desconhecido.

            Estes dias que fiquei de molho na minha barraca de primeiros socorros, tive a oportunidade de lembrar e memorizar muitos fatos escoteiros que aconteceram em minha vida. São tantos que hoje mergulhei profundamente naqueles desconhecidos que estão sempre presente ao Grupo Escoteiro, e fazem parte na mente de alguns como a mesa, a cadeira, a escrivania que estão ali para servi-los e quando não estão mais aí sim sentimos falta. Minha personagem não é um ser inanimado, é um ser vivente, presente tem sangue e sabe sorrir. Ele não é um Chefe Escoteiro, não está junto aos meninos, não vai acampar, não veste o uniforme e poucos fizeram a promessa. Quando alguém lhe agradece, quando recebe uma palma ou um bravôo, ele diz: - Obrigado, não foi nada! Estou aqui para ajudar e servir.

             Não esqueço o Oscar. No Grupo Escoteiro São Jorge onde iniciei minha saga escoteira. Todo sábado lá estava ele na sede. Custou a receber uma copia da chave. Era o faxineiro, o faz tudo, o tesoureiro, secretário e umas “cositas” mais. Participava do cerimonial. Para ele um orgulho. Disseram para ele não fazer a saudação. Acampamentos? Nunca. Quem sabe foi naquela atividade de lobos para ajudar. Ajudar? Necas! Cozinhar, limpar os banheiros e outros mais. E assim aconteceu em outros Grupos. No Walt Disney onde fui Chefe de Tropa era frei Marcolino. Incansável. Trabalhador nato pelos seus paroquianos no Convento do Alto da Serra e sem esquecer jamais dos escoteiros. Uniforme? Necas. Nunca vestiu se fez a promessa eu nem sei. Quando os militares assumiram o poder, Defendeu com unhas e dentes seus escoteiros da sanha dos militares do DOPS.

              Conheci outros. Incansáveis que nem do nome me lembro. Aqui em São Paulo ajudei no Grupo Escoteiro Paineiras. Eram tantos que o Francisco Presidente sorria de orelha a orelha. No Águia Branca onde fiquei onze anos poderia dizer da Dona Adélia, do Padre Bruno e de tantos outros que não vestiram uniforme, mas tinham prazer em ajudar e colaborar. Quantas vezes os visitei? Quantas noites conversando, reunindo diretoria, falando, cansando e deixar os dias passar? E não foram os únicos. Sei que tem centenas espalhados nos Grupos Escoteiros do Brasil. Homens e mulheres que são os autênticos voluntários no escotismo. Terão seus nomes gravados nos panteões dos heróis?

             Raciocinem comigo. O Chefe tem mais motivação pelo que faz. São os meninos e meninas, são as amizades, são as atividades Escoteiras na sede ou no campo, são os Fogos de Conselhos, as descobertas e as atividades aventureiras. Ele se torna um herói para os meninos e até mesmo para alguns destes desconhecidos que dificilmente terão o sabor que o escotismo pode dar aqueles que se põe a luta junto à meninada por este mundão de Deus. Eles não. São desconhecidos a não ser para os que estão ali ao seu lado. Chegam e saem dizendo simplesmente boa tarde ou boa noite.

              Quando você precisa de alguma coisa, lá está ao telefone falando com ele. Ficam felizes em serem registrados, terem sua carteirinha, mas tem mais fora isto? O que os motiva? São lembrados para uma medalha de bons serviços? Ou será que a UEB não vai reconhecer seus bons serviços? Recebem um sorriso simplesmente e nem são distinguidos com a Insignia da Madeira. Não participam da reunião do distrito. Quantos deles já foram a uma atividade escoteira regional ou nacional? Pois é. Sei que alguns me dirão que em seu grupo eles recebem o que merecem receber. Vou contar nos dedos da mão quantos receberam uma medalha ou ate mesmo um certificado de agradecimento.

               Lembro-me da Tati Bernardi que escreveu: - Eu tô sempre indo embora, mas aí vai um super clichê: - É de tanto que eu só queria ficar. E queria que você não achasse que sou sempre um louco, ainda que eu seja! – Será que aqueles eternos desconhecidos não diriam assim: Eu só queria alguém pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos! Se eu pudesse eu voltaria no tempo para dizer a todos eles: Amigos, saudades nós matamos, lembranças nós guardamos, tristeza nos superamos, amigos nós descobrimos, mas pessoas especiais como você, nós nunca esquecemos! Ah! Saudades demais deles e de tantos que nos trouxeram tanta força e na hora não soubemos dizer muito obrigado.

                 Estes desconhecidos são os verdadeiros heróis do escotismo. Não vestem o uniforme, não são amigos dos deuses do poder, não recebem medalhas, nem mesmo uma frase de agradecimento. Para a liderança irracional eles não existem a não ser ali, em um cantinho do registro dizendo: - Senhor Fulano, secretário. Mais nada. Pode fazer cinco, dez, quinze anos. Nunca usaram um distintivo de atividade, quem sabe um de lapela. Não importa, eles na menção que se faz do intelectual e moderno Escoteiro são apenas um... Nada. Sabem servir, sorrir e dizer podem contar comigo. Mas como fazem falta. Fazem falta demais...


                  Se você meu caro amigo e leitor tem alguém que é esquecido, faça seu trabalho. Dê a eles o que merecem. Não apenas um aperto de mão tem muito mais a fazer do que simplesmente dizer: - No meu grupo eles são valorizados!

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Apenas uma reunião de Gilwell.



Apenas uma reunião de Gilwell.

                    Não eram tantos, mas era um número considerável para aquela reunião de Gilwell em uma floresta perto da cidade. Um bom bocado nunca tinham participado e esperavam ansiosos pelo seu inicio. Sempre tiveram o sonho de estar lá, junto com irmãos escoteiros que tiveram de se esforçar para pertencer com orgulho do 1º Grupo de Gilwell. Muitos comentavam que o que ali se passava era confidencial, outros não escondiam que era uma reunião de amigos, uma historia uma lenda, e confraternizar com a Canção de Gilwell lembrando o título de sua matilha ou patrulha e cantar como se ainda estivessem em cursos passados.

                   A espera do inicio fazia com que muitos olhassem no relógio, conversassem entre si, para que a impaciência não tomasse conta do sonho de ser mais um do 1º Grupo de Gilwell. Finalmente foram chamados ao salão. Em circulo olhavam uns para os outros, os mais novos e mais antigos o que se deduzia que ali a fraternidade reinava de maneira concreta e real. Ninguem esperava, mas adentrou a sala um Velho Escoteiro, fisionomia carcomida pelo tempo, com um toque, toque de sua bengala, foi até onde estava o dirigente da reunião e educadamente pediu a palavra. Todos o fitaram e esperavam ansiosos no que ele ia dizer.

- Caros amigos e irmãos de Gilwell, estamos aqui reunidos alguns pela primeira vez, pensando como seria e como deve nosso encontro e nos transformar na Grama Verde Gilwell onde histórias ficaram marcadas para sempre em volta do fogo na clareira. Muitos de vocês já ouviram falar do primeiro encontro onde Baden-Powell dirigiu uma breve palavra a todos. Não vou repetir suas palavras e sim acrescentar outras que vale a pena ter a atenção de todos. – Vocês sabem, essa nossa vida é tão curta... O tempo em que ficamos neste mundo é tão breve... E esquecemos que existem tantas coisas boas, úteis, concretas e que, principalmente, estão ao nosso alcance e as deixamos de lado. Não lhe damos a atenção necessária. Talvez por não acreditarmos que os momentos e os detalhes são únicos. Ou talvez por esquecermos que as oportunidades podem ser descartadas, mas dificilmente repetidas.

- Deu uma parada, respirou fundo e continuou: - Estamos sempre nos queixando pelas grandes obras que não podemos realizar e deixamos de lado aquelas pequenas que nos são possíveis. Vivemos desejando asas, enquanto nossos pés nos convidam a pisar firme no chão. Acreditamos que a nossa felicidade está naquilo que desejamos e deixamos de amar o que possuímos. Nossa vida é breve e temos muita coisa útil a realizar. De modo algum se justifica nossa busca por satisfações efêmeras, enquanto nossa realização está justamente naquilo que já é nosso.

- Respirou fundo e terminou dizendo: - Devemos nos lembrar de que passaremos por este caminho, este mundo, uma só vez. Precisamos, portanto, aproveitar estas oportunidades única e breve, precisamos reconhecer que somos chefes e se estamos aqui foi porque Deus nos deu esta missão. Que o espírito de BP esteja neste encontro, que Gilwell signifique para todos mais que apenas um lenço e um certificado... Sempre Alerta!

                    Deu um sorriso, e saiu da mesma maneira que entrou desaparecendo na penumbra da floresta onde se realizava a reunião!


sábado, 4 de fevereiro de 2017

Com quantos paus se faz uma canoa? (Baseado em fatos reais).


Com quantos paus se faz uma canoa?
(Baseado em fatos reais).

Com um só. A canoa é uma embarcação indígena que consiste num tronco oco. A expressão popular é "Vou mostrar com quantos paus se faz uma cangalha",

Perguntaram a Pirilampo da Patrulha Raposa com quantos paus se faz uma canoa. Ele ficou indeciso. Falou com seu Chefe e seu pai. – Porque não fazer uma! Disse seu Chefe. Mãos a obra. Seu pai lhe deu um velho tronco de quase três metros um serrote e uma Enxó. Ele já tinha um facão e uma machadinha. – Ficou nove meses para dar forma a sua canoa. Finalmente ficou pronta. Catapulta o Sub. Perguntou; - E os remos? Não foi fácil mais um mês se lá estavam eles. Siri o Intendente levou a carroça de seu pai para levar a canoa até o rio. Toda Tropa estava lá na Prainha do Mandi para ver a canoa de Pirilampo.

Foi arrastada até o rio e Pirilampo sorrindo entrou na canoa e partiu rio abaixo. Na curva da Traíra a canoa afundou. As patrulhas gargalhavam da infelicidade de Pirilampo. Pirilampo todo molhado chorava e os outros riam. O Chefe reuniu a Tropa. – Pirilampo, você aceitou o desafio. Saiba que uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. Assim como nós escoteiros participar é enfrentar desafios. Aquele que nunca aceitou um desafio passou pela vida, mas não viveu! – A Tropa irrompeu em um Bravôo tão alto que até os Macucos e Pica Paus da Ilha do gavião se assustaram.


Pois é, como dizia Martin Luther King à verdadeira medida de um escoteiro não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio. Sempre Alerta!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Olá! Vou acampar, quer ir comigo?


Sonhos de um velho Escoteiro.
Olá! Vou acampar, quer ir comigo?

              Não faço escolhas, todos são bem vindos. Basta ter disposição, levar a sério a Lei do Escoteiro e aceitar acampar sorrindo sem reclamar. Isto é fácil? É sim. Basta acreditar que vai ser feliz, que vai estar com amigos que lhe querem bem, e não esquecer as velhas dicas que aprendeu quando acampou. Acredito que este acampamento marque seu coração para sempre. Será um acampamento diferente, em um local desconhecido, mas que nunca mais será esquecido. Iremos trilhar uma montanha e chegar a uma clareira onde todos ficarão perplexo por ver tamanho encanto em um lugar bem perto do céu. Anote no seu livro da vida o que deve levar: - Uma mochila verde ou azul para não destoar com as cores do arco-íris. Leve o mínimo que vai precisar, pois lá tem tantas coisas que nada vai faltar.

              Se quiser levar mais alguém fique a vontade. Mas que tenha espírito Escoteiro para apreciar como a vida é bela, como a natureza nos oferece as benesses de uma vida cheia de graça e formosura. Nosso encontro será na Estação do Amor, perto da Rua dos Sonhos e chegue no horário. O Trem da felicidade não espera ninguém. O Alegre Condutor “Seu” Manoelito, que vive a acariciar seu bigode enorme adora um abraço, um sorriso antes de o trem partir. Insisto, não leve uma tralha enorme. O local tem tudo afinal à natureza é prodiga e nos oferece o dom da vida e do apego para se viver em fraternidade.

              Não importa qual cidade você mora. Se for difícil vir até onde vamos partir me avise. Um pé de vento irá te buscar sem reclamar. Já pensou você eu e tantos amigos virtuais se encontrando, se abraçando, belos sorrisos acontecendo, apertos de mãos que ficarão gravados para sempre? Vamos partir no horário, o trem terá quantos vagões de primeira classe for necessário para a viagem dos que se dispuseram a aceitar meu convite para o acampamento dos sonhos. Vamos ter muitas cantorias. As mais belas canções Escoteiras serão lembradas e vais ver que sua voz se transformou isto porque agora está acreditando que estamos partindo para o acampamento de sua vida.

                Não mais de cinco horas de viagem e o trem vai parar no Sopé da Montanha da Fortuna e Felicidade. Ao descer observem um túnel a frente. Dizem que é o túnel dos escoteiros e que quem entra nele nunca mais quer sair. Vamos seguir uma trilha perfeita com cravos amarelos, margaridas brancas, malmequeres lindos todos circundando a trilha vai nos acompanhar até o nosso acampamento do amor. Não se assuste ninguém vai se cansar. As paradas não tem hora nem lugar. Basta um sinal para que possamos fazer uma “(siesta)”. Macucos pardais e Bem ti Vis irão aproveitar para chilrear a canção do Escoteiro. Não conhece? Preste atenção e vais adorar. A um zum trazido pelo vento, é outro grupo de amigos escoteiros descendo a serra. Vai ser uma confraternização sem igual.

                  Eis que chegamos ao nosso destino. Olhe esqueci-me de dizer. Todos bem uniformizados. Os pássaros e os animais da floresta estão acostumados com garbo e boa ordem. Use o uniforme que quiser não há obrigação de escolha. Mas não decepcione aqueles que vão lhe saudar. A vista é maravilhosa. Lá em baixo o Vale das Rosas parece aplaudir nossa chegada. Chegamos. Barracas? Não precisa. O céu irá nos abrigar. Cozinha? Nada disto, o néctar das flores, o perfume de um Gira Sol e frutas silvestres nos dará o que comer. Sentem-se, aproveitem o acampamento dos sonhos. Respirem fundo, fechem os olhos e relaxem, pois chegamos a um vale inesquecível que irá marcar todos vocês para sempre.

                 Programa? Você quem faz. Quer colher flores? Fique a vontade. Quer ir ao pomar apreciar ou deglutir as frutas mais saborosas? É você quem decide. Quer pescar? Olhe os peixinhos pulando no remanso da Cascata que parece cair do céu. Mas não esqueçam todos aqui à noite. Vocês serão meus convidados para um bate papo informal em volta de um foguito. Teremos bananas, batatas, aipim, pão do caçador e iguarias que vocês nunca iriam pensar. Mas sabem o melhor? Um cometa irá passar entre as estrelas brilhantes e os que quiserem passear com ele fiquem a vontade. Ele vai dar uma pequena volta no espaço sideral. Vamos passar por Cancri-e, um planeta coberto de diamantes. Há 49 anos luz da terra iremos ver seis estrelas orbitando ao redor de um centro de massa. Este sistema solar se chama Castor. O sol lá é mais brilhante que o nosso. Quem quiser se bronzear fique a vontade.

                  Incrível não? E olhem só quando chegarmos a Estrela Azul que orbita em torno da Estrela Amarela. A luz que emerge é fenomenal. Dizem que é superior a estrela criada por Einstein e sua teoria Rings. E por último iremos visitar o “viveiro de estrelas”, centenas de milhões de anos-luz de diâmetro. É esplêndido. Mas é hora de voltar. O Fogo de Conselho vai começar. Não vou contar o que faremos. Dizem que nas florestas o ambiente sadio está na melodia... Cantar é como montar efeitos fantásticos na mente. Dizem que ajuda a relaxar e acalmar. O que? Querem saber sobre o Fogo do Conselho? Não irei contar. Cada um tem alguma coisa para dar ao programa um sabor inesquecível. Tem muita coisa mais neste acampamento que vocês foram convidados. Nada direi da alvorada, do canto dos pássaros, do zumbido dos insetos do murmúrio do riacho e de milhares de outros sons da natureza e o espetacular nascer do sol.


                        Aceita então ir acampar comigo? Se aceitar venha com entusiasmo, com chama escoteira, com ardor de fraternidade. Seja bem vindo e atenção, seu Manuelito avisa que o trem já vai partir!