Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 30 de março de 2017


Olá Escoteiro, posso falar com você?

- Você não precisa ser o melhor Escoteiro do mundo para ser feliz. Para isto basta ser humano, ter sentimentos, ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo ouvir. Tem que gostar de poesia, vibrar com o nascer e o por do sol, amar o cantar dos pássaros, sorrir para o sol, a lua, sentir na pele o orvalho da madrugada, ouvir com sentimentos o canto da Cotovia. Em noites de chuva sorrir ao ouvir a voz do vento e das canções da brisa ao amanhecer. Aprender a sentir o perfume da terra molhada, cantar em noite de festa dos pirilampos, apreciar o som da cigarra cantando sob o céu estrelado. Sorrir para a Coruja e falar baixinho em seu ouvido: O espírito da coruja mora neste acampamento! Amar a natureza e vibrar com o perfume de uma flor. Se assim o fizer meu caro Escoteiro, acredite, você será sempre um Escoteiro feliz!

Aceite, portanto meu fraterno abraço e meu Sempre Alerta do amigo,

Chefe Osvaldo

segunda-feira, 27 de março de 2017

A origem do apelido Baden-Powell


A origem do apelido Baden-Powell

Você sabia que Baden-Powell não nasceu Baden-Powell?  Seu nome inicial era Robert Stephenson Smyth Powell sem o Baden. Quer conhecer a história? Fique a vontade!

                                  Todos conhecem o nome do nosso fundador: Robert Stephenson Smyth Baden-Powell. Entre os Escoteiros, é mais conhecido simples e carinhosamente por B-P. Estas iniciais do seu apelido parecem ter sido feitas à medida para o lema que adotou para o Escotismo: “Be Prepared”. Quando criou e organizou a Polícia da África do Sul, em 1900, os seus homens adotaram o mesmo lema, coincidente com as iniciais do seu comandante. No entanto, Baden-Powell não nasceu com este apelido, mas apenas Powell. Ou seja, nasceu Robert Stephenson Smyth Powell, na família Powell.

                                  O pai de B-P, um professor universitário de renome, falecido em 1860, chamava-se Baden Powell, sendo Baden o nome próprio e Powell o apelido. Alguns anos depois do seu falecimento, a mãe de B-P meteu na cabeça a ideia de mudar o apelido da família para Baden Powell, para homenagear o seu falecido marido e perpetuar o seu nome. O advogado da família tratou da legalização do duplo apelido e, a 21 de Setembro de 1869, através de uma notificação pública, todos os membros da família tomaram o apelido Baden Powell. No entanto, este apelido trazia alguns embaraços ao irmão mais novo de B-P, Baden, que agora se chamava Baden Baden-Powell.

                               O problema resolveu-se em pouco tempo, com a introdução de um hífen no meio do duplo apelido. A mãe de B-P demorou algum tempo para conseguir que os familiares e amigos se habituassem a usar o duplo apelido com hífen, mas a persistência valeu a pena, não escapando, contudo, a que a família se referisse a ela, na brincadeira, como a “senhora hífen”. Em breve, os colegas de escola do nosso fundador trataram de abreviar o seu apelido para B-P, assim como aconteceu com o resto do mundo.

                                E se você gostaria de conhecer melhor parte da história de Baden-Powell, coloco a sua disposição diversos condensados retirados da internet e outros que fiz sobre ele. A historia do escotismo, os comentários de Baden-Powell, Frases e lembranças de B.P. – Pensamento de Baden-Powell e Rastros do fundador. Basta me enviar um e-mail para minha caixa postal ferrazosvaldo@bol.com.br e faça o pedido dizendo: – Enviar o bloco 06. Desculpe só atendo quem fizer o pedido na caixa postal.

Sempre Alerta!  

sexta-feira, 24 de março de 2017

Eleições Escoteiras, para que servem?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Eleições Escoteiras, para que servem?

            Vem aí a realização do Congresso Nacional, ou melhor, Assembleia nacional Escoteira. As regiões em sua maioria já devem ter feito as suas. Muitos chefes estão se candidatando a cargos diversos neste universo de poucos novos lideres. Nas páginas do Facebook já temos candidatos que prometem tudo. Eu sei que a maioria dos membros da associação não dão bola. Não irão lá. Para eles o importante é estar com suas crianças. É preocupante quando a plebe se cala e não se preocupa com seus direitos principalmente em poder sugerir, comentar e votar. A parafernália de artigos nos Estatutos confundem a muitos e os mais sabidos correm para se apinhar no poder. Não podemos nos deixar enganar pelo site pelos sorrisos e pelas posturas dos dirigentes da UEB.

             Muitos daqueles que tem prestigio são sempre condecorados e exercem algum cargo no escotismo são unânimes e dizer que nosso sistema é perfeito. Será? Menos de 0,3% do efetivo nacional vota, decide, sugere e sempre um bom numero destes nem comparece ao evento. Os mais antigos se arvoram do poder. E fazem e desfazem do que acham ser seu escotismo ideal. Aplicam normas, diretrizes, inventam sem ao menos ter a decência de consultar as ULs (Grupos Escoteiros) sobre alterações mudanças, sistemática de novas concepções da formação do jovem e do adulto. Os chefes atuantes em grupos se fecham em sua redoma da sessão e à medida que vê seu caminho cerceado, não reclama e se isto faz tem sempre um “Superior” para lhe chamar a atenção.

              Enquanto isto a maioria dos dirigentes do alto escalão vão continuando no poder. A eles tudo podem, amigos do rei são seus amigos. Reparem que sempre quando acontece estas eleições são eleitos os mais vistosos, os que já ocuparam poder na associação e passam os anos nada muda. Eu mesmo incentivei a alguns amigos para eleger alguém que julgava merecedor e ele hoje na esfera do poder nada fez para dizer que pelo menos tentou mudar as diretrizes que nos são impostas. Exemplo maior foi à implantação da vestimenta. Ninguem foi consultado. Não ouve pesquisa de campo. Na época a vestimenta se tornou um segredo de estado até que em uma Assembleia bem distante em uma apoteose de um “Fashion show” digno de desfiles de moda realizados no Anhembi em São Paulo mais de 20 modelos desfilaram para alegria dos que lá estavam.

               Se a ideia era reorganizar a uniformização que muitos achavam estar meio descuidada, tudo piorou. Fizeram 19 tipos. Mesmo com algumas normas no POR ninguém deu bola. A apresentação se desleixou. Ninguém em sã consciência pode dizer que a sociedade brasileira aplaudiu e o escotismo vai caindo no esquecimento já que nosso principal marketing a postura e garbo não tem respaldo daqueles que um dia admiravam e conheciam os escoteiros.

               Muitos irão a Assembleia Nacional. Se meu conselho valesse já que sou um caqueano de mão cheia, que votem em alguém que se preocupa mesmo a acabar com esta mazela de continuidade onde parece mais a casa do bolinha, onde menina não entra e só entra quem for do clube. Tudo na alta cúpula é feito para dar continuidade aos donos do poder. Mudanças só quando termos um eleito, de alto espirito Escoteiro daqueles forjados no aço de Baden-Powell bater a mão na mesa e dizer: - Vamos deixar que todos associados possam dar sua opinião. Quando sentir que existe mais segurança e menos vaidade, quando sentir que agora temos chefes dignos que se voltam para uma democracia plena. Quem sabe se ainda estiver vivo irei fazer novamente meu registro na UEB e nunca EB.

              A politicagem desavergonhada do nosso Congresso Nacional em Brasília em que políticos que não tem a mínima decência fazem tudo para continuar no poder não pode ser imitada pelo Escotismo a seguir a mesma trilha. Somos todos responsáveis para que a maioria dos jovens do Brasil possam também participar do escotismo, independente de sua classe social ou escolha espiritual. Escotismo não é só para ricos. Não é lugar de fofocas, de donos do poder que não se preocupam com opiniões de outros. Não é lugar para decisões sem consulta e que muitas vezes atuam com falsa ética escoteira. Os resultados estão aí. Somos em população jovem o país com menor numero escoteiro em quantidade e qualidade comparados com outras nações.


              Não sei se você que pode votar seja o que foi eleito por uma região ou então com poderes adquiridos, irá levar a sério minhas palavras. A luta para um escotismo democrático é longa. A escolha é sua. Veja bem em quem vai votar!  

    Precisamos de homens e mulheres dignos para dirigir o escotismo brasileiro. Infelizmente são poucos que lutam para um escotismo democrático que dê possibilidade a todos de votar e ser votado, dar a todos os jovens direitos de praticar o escotismo, independente de sua classe social ou escolha pessoal. Hoje pobre não faz escotismo. Hoje temos um regime representativo que não consulta não pesquisa e nem pensa em estar junto à plebe escoteira em seus grupos para ouvir. Será que algum dia estes Manda-Chuva do poder serão substituídos?

terça-feira, 21 de março de 2017

Inspeção de chefes por monitores existem?


Conversa ao pé do fogo.
Inspeção de chefes por monitores existem?

                    - Quando comento com chefes eles dão boas risadas – Pergunto a eles porque estão rindo. A resposta vem na hora: - Chefe se eu fizesse isto meus escoteiros iriam acabar comigo! – - Eu nunca deixaria. – Eu disse então: – Não tenho nenhum preconceito meu caro Chefe. – Ele de novo: - Nunca fiz chefão e olhe não sei se terei coragem em fazer. Pensei comigo que ele não confiava em seus monitores ou então agiu de forma errônea na formação deles. – Já pensou um Chefe em um acampamento, ficar em frente a sua barraca esperando monitores que virão fazer a inspeção? Sorri baixinho. Para dizer a verdade nem sabia se ele fazia mesmo a Inspeção de Giwell em seus acampamentos. Expliquei para ele que a inspeção de Giwell são inspeções com características daquelas utilizada em Gilwell Park. Todos nós fazemos as inspeções nestes moldes. Pensei com meus botões: - Quantas vezes eu convidei monitores para fazer a inspeção em minha barraca e na minha tralha?

                     Lembro-me certa vez tendo ter conversado com um formador famoso, DCIM sobre este tema e ele coçou a cabeça. – É Chefe, não sei se seria capaz. Até hoje não experimentei. – Disse para mim que ou confiamos ou não confiamos em nossos monitores? Qual o melhor exemplo para eles virem em meu campo e ver como está minha barraca, como está meu material individual, se dobrei bem as mantas, se minha roupa está bem dobrada? Isto não seria exemplo para eles? Eu sempre achei divertido e sorria ao ver o orgulho do monitor me inspecionando. Quando comecei eles me olhavam espantados. Lá estava eu em posição de descansar e quando chegavam ficava em posição de sentido, dava meu sempre alerta e apresentava meu campo. Inventava um nome para meu campo na hora. Eles sabiam que deviam ver meu material de higiene, se minhas pioneiras eram boas e firmes, e se minha barraca foi esticada pela manhã. Se o campo da chefia estava limpo e bem cuidado, se tinha fossas de líquido e detrito e WC com tampas tudo isto como deve ser a higiene de campo.  Amarras e costuras perfeitas. Vasilhame limpo o material de sapa limpo e oleado. Foi divertido. Me copiavam em tudo. No cerimonial um deles comentou: - Chefe seu campo está um brinco! Aí me pergunto: - Serviu de exemplo?

                        Olhe, dizem que não, mas eu também gosto de inspecionar os lobinhos. Sempre em matilhas. – Soube de um grupo que faz semanalmente inspeções nas áreas da sede. Cada tropa matilha ou Clã fica responsável durante uma semana. Limpa, varre, tira a poeira de tudo, e é responsável pelo cerimonial da bandeira naquele dia. Dizem que sempre conseguem excelentes resultados. – Eu sempre gostei de uma boa inspeção não importa onde. Agora já vi chefes fazendo inspeções que não condiz com a lei escoteira. O que faziam? – Levavam palitos papeis e jogavam no chão escondido só para dizer que não são tão bons! – Pense bem, isto é papel de um Chefe? Ele gosta disto? Gosta de ser desleal? O que ele espera com seu ato? Acho que a inspeção deve ser delicada e não ofender e nem ferir ninguém.

                  O Chefe deve ter como meta que ser honesto é questão de honra. Se formos amigos e respeitarmos a todos nas inspeções, eles farão o mesmo com seu Chefe. É na conversa ao pé do fogo à noite com monitores ou em Corte de Honra que troca-se ideias e sugestões sobre inspeções. Em clima amigo de irmão mais velho dando exemplos. Ali é um ótimo lugar para descontrair sem horário determinado. Sempre gostei de boas inspeções na tropa. Sempre acreditei que o respeito e a individualidade são sagrados. Havendo erros o melhor é uma conversa individual com a patrulha ou o monitor. As inspeções de Gilwell são excelentes para se ver como está à patrulha, seu crescimento seja no coletivo ou no individual.

                  Os horários das inspeções nos acampamentos são respeitados. Deixar a patrulha esperando é falta de respeito. Sabemos que tudo foi devidamente explicado aos chefes e assistentes. Até mesmo as inspeções surpresas que são de grande validade. Horários existem para ser cumprido. Dizer que o uniforme sujou não é desculpa para se apresentar sem ele. Afinal lavar o uniforme no campo não é um bicho de sete cabeças. E passar? Fácil. Um dia explico aqui. (nada de levar ferro em brasa para o campo). A assimilação entre a hierarquia Chefe/Monitor deve ser honesta e franca. Me lembro de uma vez em um acampamento na Serra do Cipó quando fui inspecionado. Um Monitor fez questão de puxar minha camisa para dizer: - Está frouxa Chefe! Ele tinha razão, Posteriormente comentei com ele que nunca fazemos isto em público e sim em particular.   

                   Inspeções fazem parte do treinamento e da formação dos Escoteiros. Quanto mais, melhor.  Sem querer ensinar aos “papas” do Lobismo fiz muitas vezes com matilhas. Afinal eles os pequenos lobos devem aprender desde cedo que o uniforme entre outros itens devem ser considerados um orgulho para cada um. Eles devem aprender desde cedo que estar uniformizado com garbo é questão de honra. Dizer que os jogos, a corrida entre outros atrapalham não serve de desculpa. Alguns chefes deixam seus jovens nas atividades ou mesmo nas reuniões de sede usando somente a camiseta. Admito no acampamento, mas sem o lenço. Lenço é complemento do uniforme e vestimenta. Sem eles o lenço deve ser guardado. Afinal todos nós quando vemos uma Alcatéia uma Tropa ou um Clã bem uniformizado não tem quem não se orgulhe. É um paradoxo ficar sem o uniforme quando temos uma reunião por semana. O uniforme e a vestimenta sempre foram o melhor marketing Escoteiro que existe.

           Inspeções... São ótimas para aprendermos a ser Escoteiros. No meu primeiro curso Escoteiro se não me engano em 1959 me lembro do Chefe Francisco Floriano de Paula dizendo: - Olhe não é só porque você vai para o campo que vai virar bicho. Lembre-se que ali você é um ser humano e está fazendo ali a extensão do seu lar. Procure se apresentar como tal! E é verdade. Aprendi que devemos sempre portar como Escoteiros seja em qualquer lugar. Por isto as inspeções tem grandes validades. Afinal somos Escoteiros e cumprimos com nossas normas ou escolhemos as normas que devemos cumprir?


Já pensou algum dia em ser inspecionado pelos seus Escoteiros? E pelos seus lobinhos? Impossível? Sei não. Eu já fui e adorei. Ver o rosto e a seriedade deles quando fazem isto vale muito para quem ama o escotismo como eu!

quinta-feira, 16 de março de 2017

A Corte de Honra está em seção!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
A Corte de Honra está em seção!

                     No escotismo sempre encontramos situações que nos fazem analisar e pensar se o caminho percorrido foi o correto. Algumas vezes tomamos decisões que poderemos nos arrepender depois. Veja o que me contou um Chefe Escoteiro da II Tropa do Grupo Ventos do Norte. Disse-me que não sabia se era um bom Chefe – Tinha medo de tomar decisões e elas poderiam não ser as corretas. Mas sabe Chefe, eu nunca prejudiquei ninguém. O Comissário Distrital queria trocar umas ideias e me pediu para passar na casa dele qualquer hora. Gente fina, conversamos temas interessantes. Calmo ponderado conhecia bem o movimento Escoteiro. Na volta resolvi visitar um Chefe em um grupo próximo. Soube que iriam fazer uma corte de honra e ele me convidou para ver. Sabia que não funcionava assim, mas fui até lá.

                    Quando cheguei me disseram que tinha se afastado por motivos profissionais e um assistente assumiu. Os escoteiros estavam à vontade no pátio jogando uma “gostosa pelada”. Estranho. Nunca foi assim. Perguntei a um dos jovens onde estava o Chefe. – Estão em Seção! Seção? Perguntei. – Isto mesmo Chefe. A Corte de Honra está em seção! Estão resolvendo se expulsam o Juan Melchior. Fiquei pensativo. Uma Corte de Honra decidindo a vida de um menino? Resolvi ficar ali e esperar o desfecho da Corte de Honra. Meia hora depois um Monitor saiu correndo da sede e gritando: - Conseguimos! O Juan Melchior foi expulso! Alguns da tropa que jogavam bola nada disseram outros apenas levantaram a cabeça. Seria isto mesmo? Eu pensei. Aguardei o Chefe da tropa. Queria conhecer a história e os erros do jovem.

                   Logo ele apareceu e com três apitos formou a tropa em ferradura. Já o tinha visto em uma reunião distrital. Com a tropa formada ele leu a ata da Corte de Honra (?). Deu um sorriso quando disse que dos sete presentes, quatro foram a favor da expulsão. Nesta hora ele me viu e abanou a mão de longe. Esperei. As patrulhas foram preparar uma atividade e me aproximei. - Chefe! Eu disse. Que crime cometeu o garoto para ser expulso assim? Ele ficou sério e respondeu – Faltar às reuniões, não respeita o Monitor e gosta de falar palavrão. – Mas porque ele não estava presente para se defender? - Porque não quis disse. Mandei para ele uma convocação com A.R. e ele não deu satisfações. Ele falta muito? – Claro, só para ter uma ideia tem mais de dois meses que não aparece!

                  Não tinha mais nada a dizer. Dei um sempre alerta e fui embora. Pelo que vi na tropa deveria ter outros também para ser “expulsos”. Só uma Patrulha com cinco, as demais com três ou quatro patrulheiros. Os Monitores presentes gritavam alto davam ordens mostrando que não tinham nenhuma liderança. Fui para casa pensando. Eu não tinha nenhuma autoridade para agir ou conversar com ele. Pensei até em dialogar, mas com seu estilo arrogante não iria me ouvir. Eu sabia que nestes casos a culpa não é do menino e sim do Chefe. Ele viu que ali não era o lugar dele. Pensou que era diferente, mais aventuras e se enganou. O Chefe novato não se deu conta. Achou que uma atitude drástica serviria de exemplo para os demais. E cá prá nós, se ele não voltou é porque nunca mais voltaria. Neste caso seu julgamento e expulsão não passou de um teatro vulgar para o Chefe se vingar.

                   Pois é Chefe Vado Escoteiro, não se concebe uma Corte de Honra julgando um jovem e decidindo como se estivessem preparados para aquilo. A Corte de Honra é parte importante do Sistema de Patrulhas. É uma comissão permanente que resolve os negócios da tropa. Existem casos que o Chefe assiste, opina, mas não vota, no entanto é dele a decisão final se for o caso. Ela toma decisões sobre programas, acampamentos, recompensas e até mesmo à administração da tropa. Ali o segredo é absoluto. Neste caso mesmo sem ter a autoridade para tal, a Corte de Honra poderia ter sugerido ao Chefe que tomasse as providencias cabíveis pelas faltas. Esqueceram-se dos pais do menino que um dia o levaram ao grupo e nem comunicado foram. Agora expulsar? Porque o Chefe não o procurou pessoalmente em sua casa, conversou com ele em particular e depois com seus pais? Quem sabe ouvir o ponto de vista do rapaz que muitos esquecem.

                     Afinal era um menino de doze anos. Seus amigos iam comentar sobre sua expulsão. Isto seria benéfico para o Grupo Escoteiro? E o Monitor a gritar que ele foi expulso, estava certo? Claro que não. Poderia ver que não havia treinamento de monitores e até mesmo a corte de honra estava sendo desvirtuada. Afinal temos um método baseado na colaboração para a formação. Ter jovens na Tropa de caráter ilibado formação exemplar, nunca foi desejo de BP. Nosso método é muito claro. Não podemos fazer tais escolhas. Nas tropas sabemos que temos jovens de meios econômicos, formação moral e cada um tem sua maneira de ser. Gritar com jovens, ameaçar, suspender e expulsar são medidas que um educador nunca pode tomar. Sabemos que tomar decisões é difícil e por isso usamos a Corte de Honra para discutir relações humanas. Dizia Drummond que fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado. É assim que perdemos pessoas especiais.

                    Concordei com o Chefe. Eu sei que somos um movimento de educação e formação do caráter. Trabalhamos para isto. Acredito que muitos chefes perdem jovens por não darem a eles o que eles pensaram ser o escotismo. BP nos deu um manancial. Estão ai diversas literaturas escoteiras que falam do assunto. Se soubermos trabalhar bem nossos Monitores, se procurarmos ver o escoteiro e não toda tropa o sucesso será garantido.  Quem mais precisa do escotismo são os jovens rebeldes e cuja sociedade não dão a eles nenhum valor ou oportunidade. Não somos uma instituição de menores, nada disto. Mas podemos ajudar muito estes jovens rebeldes. Julgar é fácil, corrigir difícil.


                  No escotismo temos uma lei e uma promessa. Quando tomamos decisões elas sempre terão o respaldo do que aprendemos e praticamos. Uma Corte de Honra deve ser valorizada pela sua possibilidade em melhorar os padrões da tropa e não para decidir a vida de um menino. Afinal fizeram da expulsão um ato teatral acrescido de uma vingança. Devemos pensar muito se nossos atos servirão para formar caráter ou para formar jovens que por nossa culpa tomam o caminho do erro no futuro.

A liberdade acompanhada pelo amor opera maravilhas. Pensai bem nisto. A educação pelo medo e pela repressão tem sido uma prática demasiado frequente, e tem destroçado muitas e muitas vidas. Um pai perguntou-me recentemente como é que poderia corrigir o seu filho do hábito de mentir; estava farto de lhe bater até ficar cansado, mas sem resultado. A minha resposta foi: “Era melhor que batesse em si mesmo por ter feito dele um mentiroso”. É o medo que desencadeia o hábito de mentir. A educação está a encorajar o rapaz a exprimir-se o melhor possível e com a maior honestidade, no seu trabalho como nas suas palavras, e não em reprimi-lo e “discipliná-lo”. Baden-Powell.

sábado, 11 de março de 2017

Lembranças do Velho Chefe Escoteiro. Saudades do meu Balu


Lembranças do Velho Chefe Escoteiro.
Saudades do meu Balu

                 Não sei por quê. Já se passaram tantos anos e ele me veio à lembrança. Todos nos o chamávamos de Balu, ele tinha um sorriso enorme, uns olhos negros brilhantes, não era gordo, não tinha bigode e nem barba. Quando chegava ao grupo se aproximava da gente com o andar do Urso da Selva, e sorria... Que sorriso lindo – Lobos! Melhor Possível! Melhor Balu, melhor e melhor! E a gente corria para ele, pulava em suas costas e ele caia pelo chão rolava com a lobada para lá e para cá. Em toda minha vida de lobo, eu amava minha Alcateia, ali eu sonhava como se estivesse na Grande Selva de Mowgly. As histórias que Akelá contava a maneira da Baguera pulando e contando, e a Kaa se enroscando no chão, nas árvores me transportavam junto ao Lobo Gris e seus irmãos para dentro da floresta. Mas o Balu era diferente, ele ensinava a gente a subir em árvores, a descer pela corda a correr, a nadar e mergulhar no lago sem incomodar as rãs.

             Balu oh! Balu! Onde anda você hoje? Sei que estou Velho, alquebrado já não sou mais aquele menino de outrora, quando sentava na sua barriga e você fingia que boiava no lago das Tartarugas, quando me ensinou a tirar espinhos, quando me ensinou a comer os frutos bons. Balu! Que saudades! Nunca esqueci o canto do Louva Deus, o canto da Cotovia, a maneira dos pardais quando acordavam nas madrugadas e voavam em círculos em barulhos gostosos de ouvir. E como você imitava os macaquinhos prego a chamar sua prole, e sabe Balu nunca esqueci quando você me contou que Mowgly foi raptado pelos Bandarlogues, os macacos sem lei e pouco asseados e o levaram pensando que ele conhecia o segredo do fogo. Era um segredo dos homens. E sabe Balu sei que você, a Baguera e a enorme serpente libertou Mowgly. Você Balu se disfarçou de macaco e dançou até encontrar o Rei Lu. Eu sei Balu que o Rei Lu tentou impedir que salvasse seu amigo Mowgly.

                 Oh! Balu quantas coisas lindas você me ensinou e contou? E quando eu fiquei doente sem poder ir na escola e foi você meu querido amigo quem me ajudou. Saia altas horas do seu emprego de vigia e ia a minha casa me ensinar. Sabe Balu você era um vigia Professor. Lembro-me de sua mãe dona Mercedes cozinheira da família Borges, que o amava mais que tudo. Chamavam você de tantos nomes só porque você era negro, mas Balu, igual a você nenhum branco podia se comparar. Eu tinha você no meu coração, não só eu como toda a Alcateia. Nunca esqueci quando você partiu. Disse-me que não seria para sempre, era somente um até logo, mais nunca mais vi você Balu. Nunca mais. Naquele acampamento que fizemos atrás da mata do Quati, eu senti uma saudade enorme de você Balu. Eu o Levi, o Nonato, o Pardal, o Zé Bulacha, e tantos outros ficamos chorando quando terminou o fogo do conselho. A Kaa Naldinha tentou nos alegrar nos fazendo dançar e a dança do fogo. Mas não adiantou.

               Sabe Balu, ninguém ficou sabendo por que você se foi. Uns disseram que sua mãe voltou para Nazária no Interior do Piauí. A mãe dela faleceu e deixou um sitiozinho para vocês. Olhe Balu não sei se você está feliz na sua nova terra, mas enquanto você foi nosso Balu nunca em minha vida eu senti tanta felicidade. Eu fui feliz muito na minha vida escoteira, mas como lobinho eu fui muito mais. A gente fazia excursão, acampamentos, nadava no rio, atravessava pinguelas, brincava nas porteiras das fazendas, dormia sob as estrelas, entrava na selva que você dizia ser a Jângal, uma época que não sabíamos o que significava até que você disse que era uma grande floresta. Quantos acampamentos fizemos, em quantos galpões das fazendas dormimos nas noites de tempestades? Você lembra quando o Chiquinho passou a noite gemendo de dor de barriga? Comeu tanta goiaba verde e só foi melhorar pela manhã. E você Balu, lá estava você ao lado dele, cantando, brincando até que ele dormiu pelas tantas da madrugada.


             Pois é meu querido Balu, só fui saber seu nome muitos anos depois. Gravei na minha memória para sempre. Juventino Honório Santos. Precisava escrever sobre você, precisava mesmo. Sei que você já deve ter partido para o mundo das estrelas. Eu tinha 10 anos quando você foi embora e me disseram que você tinha 25. Uma diferença de 15 anos. Hoje se estiver vivo vai estar com 91 anos. Será que ainda vive? Será que está sentando na beira do rio com seu cigarrinho de palha a pescar traíras e corvinas? Não sei. Não sei mesmo. Estou longe da sua terra, mas hoje não sei por que me lembrei de você. Saudades do meu Balu. Um Chefe que amei tanto que até hoje eu tiro para você o meu chapéu! E para você meu querido Balu, Anrê, Anrê, Anrê. 

Ah! O tempo. Quanto tempo? Faz tempo demais. Lembranças boas, lembranças que a gente não esquece mais. Hoje fiz um poema de Lobinho sobre a reunião que ia acontecer. Lembrei-me das minhas e achei esta passagem dos meus tempos de Lobinho. Desculpe, mas o que posso fazer? Fui Lobinho e foi bom demais! 

quinta-feira, 9 de março de 2017

Espelho meu amigo e meu irmão.


Espelho meu amigo e meu irmão.

                   Hoje me olhei no espelho. Ele é danado, não cria nada que não seja verdade. Pisquei para ele e ele piscou para mim. Oi! – Oi! Ele respondeu. Quanto tempo eim? – Pois é faz tempo, tu tá ficando velho meu amigo. Sorri para ele. - 76 anos de vida, mas olhe tem muitos que são bem mais velhos que eu, respondi. – Mas eles estão mais fortes que você, ele disse. O que aconteceu? – Não sabia responder. Afinal tive muitos acertos e muitos erros. Cada um deles me deu o que tenho hoje e isto sem olhar minha vida anterior. – Ele sorriu, leu meus pensamentos. – Pois é amigo, pelo menos desisti de ser um velho amargurado. Desisti de dizer que vou encostar as chuteiras, pendurar meu chapéu. Colocar minhas lembranças no velho baú do tempo...

                  - O velho espelho sorriu e completou: - Pois é cada um vive como quer. Alguns de lembranças boas outros de lembranças que não foram boas. – Concordo com você espelho, eu disse. O problema maior existe quando nós pensamos que somos muito fracos, ficamos com medo e desistimos, e o problema vai crescendo e nos sentimos que vamos diminuindo... Ele me olhou e sorriu. – Você sabia que sua vida não serias um mar de rosas, não sabia? – Sorri para ele. - Sabia sim. Quantas decepções eu tive? Na minha vida profissional foram diversas, no escotismo então...

                   O Espelho me olhou enviesado: - Meu amigo, a maior prova de coragem é suportar as derrotas sem perder o ânimo. Você pelo menos nunca desistiu. E olhe quando chega aqui e procura ver o que você é, tenho certeza que não tem arrependimentos. Ri para ele. Não falei alto, sabia que ele lia meus pensamentos. Eu sei que às vezes o fracasso vem realmente para ver se temos forças para enfrentar qualquer dificuldade a maior que seja... É, mas teve dias que você fraquejou, disse o espelho, teve dias sóbrios, mas você não desistiu. Buscou sempre uma oportunidade para melhorar e não só sua segurança. Você sabe um barco no porto está seguro, mas com o tempo o fundo pode apodrecer...

                 - Sabe espelho, fico a ler alguns amigos que nunca tive a honra de apertar a mão, que se ressentem que reclamam do que a vida lhes oferece, mas sabe, pelo menos tem aqueles que saltam o obstáculo à procura de um novo sol, um novo amanhecer... Eu queria dizer aos que estão tristes, aos que não conseguem ter um rumo e acreditar e dizer: - Olhe meu amigo, minha amiga, nós somos o que fazemos repetidas vezes. Portanto, a excelência não é um ato, mas um hábito. O espelho sorriu sem zombar. – Eu sei como é li no seu pensamento toda sua vida em tudo que passou. As rosas foram colhidas no jardim que resolveu plantar seu destino. Colheu algumas sabendo fugir dos espinhos...

                    Até mais espelho. Obrigado por seu meu companheiro em todas as horas que precisei. Nunca esqueci o que você um dia me disse: Vado Escoteiro, o sofrimento é passageiro, desistir é para sempre! E foi quando fui ridicularizado, achocalhado por alguns que considerava irmãos escoteiros, que entrei aqui quase chorando e desistindo do meu ideal que você disse as belas palavras que até hoje sigo e nunca esqueci: - Não desista enquanto você ainda for capaz de fazer um esforço a mais. É neste momento a mais que está sua vitória!


                    Sai dando um até logo ao meu espelho. Mais um dia vivo, mais um dia para viver sempre pronto a evitar um tropeço ou uma queda. Eu sei que meu espirito tem um destino, a vida não é para fugir, a vida é para viver, pois viemos aqui para isto. Se aparecer desapontamentos eles serão enfrentados, deixar a tristeza de lado, pois ela nunca irá iluminar o meu caminho. Melhor sorrir abraçar cantar e viver de bem com a vida. Afinal minhas lágrimas não substituem o suor que posso verter em benefício da minha própria felicidade! 

Lembre-se de que você mesmo é o melhor secretário de sua tarefa, o mais eficiente propagandista de seus ideais, a mais clara demonstração de seus princípios, o mais alto padrão do ensino superior que seu espírito abraça e a mensagem viva das elevadas noções que você transmite aos outros. Não se esqueça, igualmente, de que o maior inimigo de suas realizações mais nobres, a completa ou incompleta negação do idealismo sublime que você apregoa a nota discordante da sinfonia do bem que pretende executar, o arquiteto de suas aflições e o destruidor de suas oportunidades de elevação - é você mesmo. Chico Xavier.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Assim não dá!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Assim não dá!

              Gente! Assim não dá. Abro o Facebook e lá está a indefectível vestimenta com a camisa fora da calça e meinhas de todas as cores. E pasmem IMs e formadores se apresentando com ela. Eu sei que sou um pingo d’água no oceano e que não tenho nada que achar se esta maneira de colocar a vestimenta é horrível. Sempre dizem que não é da minha conta e gostos são gostos. Mas e daí? Eu sei que sou carta fora do baralho, não tenho cargos, não tenho que me indispor com as novas concepções Escoteiras do tal escotismo moderno. Se um grande Dirigente colocou lá no POR que isto pode, o negócio é bater continência e aplaudir. E seja tudo o que Deus quiser. Sem defender meu amado caqui se um dia for colocar a vestimenta nunca me apresentarei assim. Errado ou certo, já estamos tão prejudicados em termos de Marketing que nem sei se isto aos olhos do publico um dia terá o beneplácito da Sociedade Brasileira como um todo.

               Nada contra a vestimenta. Se ela for bem postada, bem apresentada nada contra. Sei que os admiradores desta apresentação se sentem mais confortáveis, e nunca irão concordar comigo. E até acho que tem razão. Cada um veste o que gosta e eles não tem que me dar satisfação. Mas não teriam de dar satisfação ao público? Mas olhe antes de terminar, veja o que me disse o Tunico Barbeiro no ano passado após o desfile de Sete de Setembro:

- Chefe! O que estão fazendo? A turma do meu lado assustou em ver tantos escoteiros com a camisa fora da calça, calçado e meias de todas as cores! Chefe! Estava lá os tais IMs, e não foi o senhor quem disse que eles são exemplos? Afinal dizer o que para ele?

Lição de Baden-Powell
O UNIFORME Escoteiro

Eu frequentemente já tenho dito:
"Nenhuma importância tem que um Escoteiro ande uniformizado ou não!". O que vale é que ponha seu coração no Escotismo, engaje nele o seu espírito e cumpra a Lei Escoteira! Mas o fato é que não existe um escoteiro, que podendo comprar o uniforme, deixa de fazê-lo.

O espírito estimula a usá-lo. A mesma observação aplica-se, naturalmente, àqueles que se dedicam ao Movimento: os chefes e comissários. Eles não têm propriamente obrigação de usar o uniforme; poderiam deixar de fazê-lo se quisessem; mas em seus cargos e funções, tem que pensar nos outros antes de pensarem em si. Eu, pessoalmente uso meu uniforme ainda que seja para inspecionar somente uma patrulha. Tenho certeza que isto aumenta o tônus moral dos jovens. Isto exalta-lhes a estima e admiração por seu uniforme, ao verem-no digna e orgulhosamente usado por adultos e de responsabilidade. Sentem-se enaltecidos por serem levados a sério por um adulto que também julgam importante pertencer à mesma fraternidade que eles.

O garbo e a elegância no uso do uniforme e a correção dos detalhes podem, talvez, parecer coisa fútil e sem importância. Muito pelo contrário, desenvolvem amor-próprio e exercem grande influência na reputação do Movimento perante o público, que julga pelas aparências. Nesta matéria, o exemplo é tudo! Apresentem-me uma tropa descuidada com seus uniformes e eu (sem ser Sherlock Holmes!) poderei deduzir que seu chefe é negligente com seu uniforme escoteiro. Você deve pensar bem nisto, quando estiver envergando seu uniforme ou dando um toque pessoal impróprio a ele. Você é modelo para os jovens e seu garbo e elegância vão refletir neles.


Guia do chefe escoteiro: teoria do treinamento escoteiro, um subsídio para a tarefa dos chefes/Lord Baden-Powell of Gilwell; tradução de Leo Borges Fortes; 6ª edição - Curitiba, União dos Escoteiros do Brasil, 2000, pág. 42 e 43.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Interessante... Perguntaram-me porque sou Escoteiro!


Interessante... Perguntaram-me porque sou Escoteiro!

        - O que responder? Quem sabe dizer que amo a natureza, isto vale? Dizer que adoro contar estrelas no céu? Ou ficar acordado para ver um amanhecer nos dias frios do inverno? Sinceramente nem sei o que dizer. Posso afirmar que amo uma jornada, andar a pé sentindo o vento soprando na face, me mostrando o caminho a seguir no entardecer. Quem sabe sou Escoteiro porque adoro cantar em marcha de estrada, ouvir a passarada cantante nas florestas verdes por onde andei. E não tem nada melhor que ouvir um Pardal cantando palavras de amor para uma Rolinha ao por do sol. Ser Escoteiro é só isso? Não sei. Ainda não parei para pensar se as lindas noites da primavera em volta de um fogo valeu pensar que voei no tempo e no espaço para saber o porquê sou escoteiro. Somente a sede de aventuras bastam? Seria talvez cantar nas subidas altaneiras? Arvorar uma bandeira no pico de uma serra alcantilada? Ufa! Difícil dizer o porquê sou escoteiro.

         - Sempre me pergunto se minhas respostas à indagação de tantos me satisfaz na realidade. São tantas as respostas que a mente embaralha rebuscando no tempo e no passado o que de fato me fez ser um escoteiro. Poderia dizer que amava ouvir as cotovias cantarem nos vales por onde andei. Valeu? Não esqueço de contar quando vi o sol nascer no alto da serra de Caparaó, montanhas incríveis um espetáculo fantástico para nunca mais esquecer. Quem sabe são as descobertas, o jeito gostoso de sentir o perfume da mata, o cheiro da terra molhada, o balançar das árvores, o alarido cantante da chuva leve e intermitente no costado esperando um local para abrigar. Porque sou Escoteiro? O obvio seria dizer que sou Escoteiro porque amo a filosofia, amo a maneira simples de ter amigos, amo as frases e melodias que cantei nas estradas que percorri. Seria então o escotismo uma maneira de viver feliz?

           - Ser Escoteiro, ter uma lei para seguir e uma promessa para cumprir. Não um só dia, mas uma vida inteira. Sim, acho que sou Escoteiro porque amo a nossa fraternidade quase perfeita. Sou Escoteiro para amar e ser amado, sou Escoteiro para gritar ao vento quando ele corre pelos vales sem fim dizendo: - Eu sou Escoteiro porque amo o que faço, amo o que ele me deu, amo este pedaço de chão brasileiro que me fez feliz escoteirando pela vida que Deus me deu. Nada e ninguém no mundo me tira este amor que criei. Amor do que faço, do que fiz e do que farei. Sim sou Escoteiro. Tudo em mim vibra escoteiramente em terras do meu país.


            - E sei que um dia podem não acreditar, quando for para minha estrela no céu, chegarei lá sorrindo, abanando meu chapéu de abas largas e dizendo; - Oi turma, cheguei, eu sou Escoteiro do Brasil! Sempre Alerta!