Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O incrível exército de Brancaleone ou Dom Quixote de La Mancha – Fasc.077



Onde a virtude estiver em grau eminente, verás que é perseguida; poucos, ou nenhum, dos famosos varões que passaram na terra, deixaram de ser caluniados pela malícia.

O incrível exército de Brancaleone ou Dom Quixote de La Mancha – Fasc.077

Não sabia quanto tempo eu estava ali na Sala Grande. Acho que mais de duas horas. Sentado no meu banquinho de três pés olhando o "Velho" Escoteiro e sentindo nele que seus sonhos estavam sendo aos poucos esvaídos. Eu pensava e meditava o que seria de minha vida sem ele. Não só a Escoteira. Tinha uma esposa, vivíamos harmoniosamente, ainda sem filhos, mas eu gostava mesmo era de estar com o "Velho". Para dizer a verdade eu o amava mais que meu pai. E a Vovó era minha segunda mãe. O "Velho" não era mais aquele “briguento” de outrora. Naquele dia ele me dizia das suas lutas, dos seus sonhos e seus moinhos de ventos que não levaram a nada. "Velho", meu "Velho" Chefe e amigo, desistindo?    

                - Seus olhos já não brilhavam mais. Aquela força que tinha eu não via em suas palavras. - Olhe, ele disse, sempre fiquei em dúvida onde me posicionar. Você sabe e me conhece. Vivi um escotismo bem diferente. Hoje nem sei o que pensar. Sempre tive de fazer escolhas. De um lado meu herói Brancaleone. Do outro meu querido Dom Quixote. Um mostra as estruturas políticas, religiosas, culturais e mentais da época. Brancaleone, um cavaleiro que apesar do título vive em uma cabana pobre e se diverte com seu insubordinado cavalo Aquilante e brinca com a hierarquia medieval onde o mais importante era a situação financeira e a classe social. Outro é Dom Quixote, já de certa idade, entrega-se a leitura de romances, perde o juízo e acredito que o que leu é verdadeiro e decide tornar-se um cavaleiro andante. Enquanto ele vai narrando seus feitos Cervantes (o historiador) satiriza os preceitos que regiam as histórias fantasiosas daqueles heróis de fancaria. Mas seriam fantasiosas?

               "Velho", não estou entendendo você. Aonde quer chegar? Porque tudo isto? Olhem para dizer a verdade se eu não conhecesse o "Velho" poderia dizer que ele estava dizendo o nada com nada. Quem sabe sua senilidade estava chegando?
        
    - Boa pergunta. Porque isto tudo? – Porque me sinto no meio dos dois. Poderia ser Brancaleone onde critico as estruturas da UEB sem satirizar é claro, pois só desejo o seu crescimento sadio. Ou quem sabe melhor seria dom Quixote, pois alguns já disseram que perdi a razão e fico a lutar junto com meu amigo Sancho Pança e é ele quem tem uma visão mais realista das coisas. Dizem que minha luta contra os moinhos de vento seria porque quero me transformar em um mito quixotesco. Não acredito nisto. Só sei que a maioria dos meus amigos e amigas que me dão a honra de uma vez ou outra me visitar e me ouvir, não gostam muito quando entro nesta seara e a minha moda vou dando meus “pitacos” na “gigantesca” estrutura da UEB. Não acredito que ela possa nos levar a um futuro venturoso. Eu sabia que no passado era uma luta inglória e não me importava. Agora não sei.

          - De vez em quando apareciam amigos e amigas que empunhavam as armas e ficaram do meu lado. Eram poucos. A maioria ficou do outro lado. As nuvens sopram de maneira diferente e eles estão satisfeitos com a cartilha atual. Mas afinal meu chefe, eles me perguntavam - Qual é sua luta? Boa pergunta. Quem sabe acabar com a ditadura do proletariado? Nada a ver com a ideologia de Karl Marx, pois até que seria boa uma tomada do poder pelos operários aqui denominados escotistas, pois só assim poderia se evitar esta exploração capitalista. Não estão entendendo? Risos. Nem eu. Melhor seria dizer que quando falo abertamente o que penso tento ao meu modo vender meu peixe a todos. Mas sei que sempre foi uma pequena gota d’água. E eu acreditava que poderia ser transformar em um grande lago azul.

                Como seria bom se nos congressos, conselhos, indabas, mutirões, assembleias se começasse a pensar em mudar. Mudar as normas, estatutos, regimentos e se aos poucos fossem implantada uma democracia direta, tipo democracia pura. Se fosse acontecer quem sabe assim todos os membros dos quadros da UEB poderiam expressar suas vontades pelo voto direto e até pela democracia representativa, poderiam expressar sua vontade por meio de seus representantes eleitos pela vontade de todos.

               Seria formidável que em vez de 0,5% dos que hoje tem este direito pudessem ser a maioria. De norte a sul todos dando suas sugestões, opiniões e nada seria decidido sem uma grande pesquisa nacional. Aí então o escotismo daria um salto de liberdade. Pois hoje não acredito que tenhamos. Até acredito que haja uma conspiração silenciosa onde cada um pode ser advertido ou repreendido se aderirem a ideias que não sejam as definidas pela UEB. Conheço dezenas de escotistas que se afastaram de mim e muitos deles me disseram que poderiam ser prejudicados. Eu sou prova viva da história de um passado que se foi. Amigos que tentavam dar uma nova conotação as normas que existiam na época (e que pouco mudou) foram gentilmente convidados a se afastarem do meu convívio e minha “trupe”.

              Muitos ainda não abriram os olhos para ver os mandos e desmandos que tivemos no passado e ainda temos até hoje. Não critico, pois entraram em um movimento onde se exige lealdade e onde a palavra Servir a União dos Escoteiros do Brasil faz parte da promessa dos adultos. Dificilmente irão notar que são seguidores. E ainda dizem que nosso movimento é um movimento de liderança, onde ensinamos aos jovens as tomarem atitudes por sí mesmo. Interessante que o Próprio Baden Powell dizia que devemos olhar alem da ponta do nariz e em seus escritos falou muito sobre democracia e escolha.

             Eu olhava para o "Velho" Escoteiro pensativo. Oitenta e sete anos não era brincadeira. Mas eu sabia que muitas vezes ele pecava pelos seus pensamentos e ideias e muitas delas passavam de longe do que pensavam os dirigentes. Tudo bem que ele tinha um passado. Viveu um escotismo diferente, mas por um instante será que ele não tinha razão? Seria razoável fazer uma eleição livre? Amigos meus diziam ser impossível. Impossível? Com os meios de comunicação que temos? Com as regiões? Com os distritos? Não seria uma forma de criticar esta possibilidade uma maneira de permanecer no poder? Ou então se considerar acima dos demais? Quem sabe um Zé Ninguém poderia ser eleito? E se fosse? Mas isto não é democrático?
  
            O "Velho" Escoteiro parecia dormitar em sua poltrona de vime já gasta com o tempo. Lembrei-me das histórias que me contou, do seu amigo mexicano, do americano, do francês, do inglês e do suíço. Foram muitas aventuras. Sabia que ele tinha participado de quatro jamborees internacionais. Sabia dos seus conhecimentos. Pelo que saiba nunca escreveu nenhum livro. Claro tinha centenas de manuscritos. Uma vida Escoteira se encerrado ali na mente daquele "Velho" Escoteiro. Assim como outros iguais a eles, que um dia se foram e não são mais lembrados pelas suas ideias. Tenho uma certa mágoa com os dirigentes. Valorizam somente que está do lado deles. Faz parte do ser humano. Sempre buscando os holofotes. E mesmo sem eles se sentem satisfeitos quando sabem do poder que tem nas mãos. E que poder. Um amigo me disse uma vez que era o poder do nada.

            A Vovó entrou na sala. Viu o "Velho" escoteiro dormindo. Olhou-me com um sorriso meio sem jeito. Disse-me que agora era sempre assim. Dormia na sua poltrona de vime já gasta com o tempo. Ela sabia que não ia durar muito.  De leve o tocou no ombro e o chamou. Ele acordou, virou para mim e disse – Sabe meu amigo, eu gosto muito de você, muito. E foi para seu quarto claudicando. Despedi da Vovó e fui embora. Meu tempo estava sendo contado. Minhas horas com o "Velho" também. Sabia que um dia não teria ele para me contar seus pensamentos escoteiros, suas aventuras, suas extraordinárias atividades que junto a muitos fez por este brasil. Iria sentir falta. Muita. Escoteiros como ele estão desaparecendo da história. Aqueles que nasceram e morreram no escotismo pode ser contado a dedo. Quantos ainda estão por aí é difícil dizer.

             Estava chovendo. Tinha ido a pé para a casa do "Velho". Que se dane a chuva. Sem correr percorri os três quarteirões que me distanciava da casa dele até a minha. Vazia a rua. A chuva varria o asfalto e um vento forte me pegou de jeito. Agora era correr. Entrei em casa encharcado. Mais um dia, mais uma noite e quantas ainda teria na companhia dele? Melhor dormir. O futuro a Deus pertence!

O medo é que faz que não vejas, nem ouças porque um dos efeitos do medo é turvar os sentidos, e fazer que pareçam as coisas outras do que são!



sábado, 6 de outubro de 2012

CARTA AOS MEUS AMIGOS DO ESCOTISMO.



CARTA AOS MEUS AMIGOS DO ESCOTISMO.

Caros amigos e amigas escotistas.

Sempre Alerta!

                  No mês anterior mandei uma carta para o céu, endereçado ao Senhor Baden Powell, amigo de todos nós. Claro uma carta imaginária e hipotética. Quem sabe muitos puderam ler nas entrelinhas o que lá estava escrito. Escrevi como sempre o faço criando situações análogas, típicas dos meus contos, pois assim me sinto melhor quando escrevo. Para ser sincero tenho aversão dos politicamente corretos com seus palavreados cheios de pretensão de saber, de superioridade enfim, daqueles que hoje se acham acima do bem e do mal e claro sem desmerecer a qualquer um destes. Eles são honestos consigo próprio e acreditam no que fazem.

                Em outras publicações tentei ao meu modo mostrar meu ponto de vista do escotismo atual. Recebi comentários por todos os lados, alguns concordando, outros aceitando parte e discordando de outras. Tem aqueles que não concordam com nada. Alguns até acharam que tenho mágoas passadas e tento aqui expor situações que para eles são ridículas e despretensiosas. É possível. Meu passado Escoteiro junto aos jovens foram os momentos mais felizes de minha vida, mas junto aos dirigentes nem tanto mar nem tanto terra. Mágoas? Não. Decepção talvez. Assim como muitos aqui eu também me julguei dono da verdade um dia. De maneira diferente, pois andava por todo um estado buscando conhecimentos, ouvindo e fazendo amigos. Foram dezenas de cidades. Tentei ao meu modo modificar o que pensava de errado. Não sei se consegui. Acho que valeu por aumentar o meu aprendizado Escoteiro.

                Mas afinal o que eu desejo e o que pretendo? O mesmo que todos há muitas e muitas décadas. Um escotismo forte, para que os jovens que passaram pelas suas fileiras tenham tido o melhor do método idealizado por BP. Assim quando crescerem irão acreditar que o escotismo pode sem sombra de dúvida modificar e dar a todos os jovens uma parte do seu método tão espetacular. Se o escotismo fosse participante da vida do país, enraizado na sociedade e esta retribuindo e acreditando que quanto mais oferecer aos jovens o programa Escoteiro mais teríamos o fortalecimento das raízes escoteiras, seria muito bom. Mas afinal não é isto que está sendo feito? Sim dizem muitos, não outros dizem. O caminho não foi frutífero.

                Eu penso e posso estar enganado que existem oligarquias nas direções escoteiras, uma espécie de capitanias hereditárias às avessas. Quem está dentro não sai e quem está fora não tem condições de entrar nunca. Mas isto não é bom? Claro que não. Quando acontecem eleições para as diretorias e escolhas de cargos entre outros, estes passam de amigos para amigos e dificilmente aqueles que não pertencem a esta oligarquia terão condição de serem eleitos ou participar. Claro existem exceções. Será isto correto? Um Escotista me garantiu que sim. Explicou em palavras simples que é o melhor para o escotismo, pois muitas organizações assim o fazem e dá certo. Alguns me disseram que tínhamos vinte e poucos mil a quarenta anos atrás e hoje temos setenta mil. Acho que se esqueceram de ver a densidade populacional naquela época e hoje. Também a facilidade dos meios de comunicação, locomoção, pois se assim o fizessem veriam que não ouve aumento e sim decréscimo. Outro tentou a seu modo ver uma oligarquia no passado de alguns estados e com uma grande união deles (os contra na época acho eu) esta acabou. Será? Ou quem sabe ela mudou de direção e se encastelou em outro lugar?

             Não sou contra, nada disto. Se estivéssemos dando passadas largas para o nosso crescimento falar o que? Eu pergunto a cada um de voces se algum dia receberam a visita de um dirigente preocupado com nosso crescimento e solicitando que o grupo fizesse um grande debate a respeito. Ou mesmo que sugerissem aos órgãos superiores um programa que pudesse dar aos jovens a motivação para continuarem na senda Escoteira. Alguns justificam nosso pequeno crescimento em dizer que nem todos nasceram para o escotismo. Será? Se for verdade não seria melhor termos um exame psicotécnico para saber quem serve e quem não serve? Acredito que um bom número dos escotistas atuais tem menos de dez anos de atividade. Portanto a não ser por estudos ou informações de terceiros não podem lembrar como era o programa no passado. Vamos esquecer esta confusão que fazem com Escotismo Tradicional. Alguns se escoram a favor e contra nestas palavras que nada trazem de útil para nosso crescimento.

              No passado era comum ver patrulhas e matilhas completas por anos a fio. Não teria sido melhor que tivessem sido mantidos as tradições das etapas modificando o que fosse necessário? Não foi feito assim. Uns poucos decidiram o que devia ser bom e mudaram tudo da água para o vinho. Implantaram sem nenhuma consulta as bases. Hoje vejo por todo o país muitos reclamando, mas é claro que vários outros aplaudem o novo programa. Agora estão tentando fazer uma frente parlamentar. Uma excelente ideia. Mas vamos conseguir? Será que um dia poderemos ter um Mr. Smith, que no Filme A Mulher faz o homem, (Mr. Smith goes to Washington) mostra um chefe Escoteiro, puro nos seus pensamentos e atos, Escoteiro de coração e alma, cuja vida em um Grupo Escoteiro por anos e anos sem perceber é guindado a senador dos Estados Unidos e agora precisa enfrentar as raposas que lá estão? O filme é uma epopeia, vale a pena ser visto. Mas dificilmente encontraremos políticos assim. Mas vale a pena tentar. Não vou contradizer.

           Eu acredito mais nos jovens que receberam um bom escotismo, nos princípios éticos, onde se acredita na honra e na palavra dada. Estes sim no futuro seriam o esteio do movimento Escoteiro nos meios empresariais, políticos e claro englobariam toda a sociedade. Isto foi feito em diversas nações. Já pensou se o nosso Ministro da Educação e secretários conhecessem profundamente o escotismo? Saber seu valor na formação do jovem e reconhecer que ele pode contribuir para a formação de uma nação? E as autoridades estaduais e municipais? Isto é claro, só com um trabalho a longo prazo visando manter nas fileiras escoteiras por maior tempo possível os jovens de hoje. Agora não. Somos considerados um movimento excessivamente infantil, ineficaz e nos acham uma forma de servir com tarefas que nada trazem de proveito ao nosso reconhecimento. Para estes somos uma diversão à parte. Quando comentei que a responsabilidade para isto acontecer era de nossos dirigentes nacionais o mundo veio abaixo. Não são eles? Então quem são? Os chefes? Coitados. Sempre dizem que eles são culpados. Não dão o programa corretamente, não atingem o que o jovem deseja e por aí vão. Não acredito nisto. Esta plêiade que luta para fazer um escotismo bom e honesto campeia em todos os estados brasileiros. Deveriam sim dar a cada um uma medalha de gratidão pelos serviços prestados. Infelizmente muitos estão desistindo por não terem o respaldo que deveriam ter.

                Sempre perguntei e pergunto o porquê temas importantes como programas, uniformes, normas estatutárias entre outros não são motivo de uma consulta a nível nacional. Difícil? Não precisa? Por quê? Os chefes são incompetentes? Claro tem aqueles que dizem que temos o fórum próprio. Todos podem participar. Brincadeira. Só para quem não sabe como funciona. Um até me disse que todos podem opinar e dão exemplo das modificações do POR. Nem sabemos quais e quantas ideias serão aproveitadas. Por toda a vida foi dado aos dirigentes uma carta assinada em branco. Claro dirão alguns. Os estatutos, o Regimento Interno e outras normas são claros quando a isto. Mas vejam, estas normas foram criadas, escritas e decididas por eles, menos de 0,5% do nosso efetivo nacional.

              BP foi enfático em dizer que o importante são os resultados. E os resultados quais são? Meu amigo Escotista. Pode não ser o seu caso, mas você por acaso sabe que um bom número dos grupos no Brasil tem menos de cinquenta membros registrados e que a procura dos jovens para participar é mínima? Sabe que lista de espera praticamente não existe? Será que você sabe que a nossa evasão é uma das maiores do mundo? Que isto implica em muito a formação Escoteira, pois dificilmente um jovem ou uma jovem que ficou menos de um ano nas fileiras escoteiras poderão ter o conhecimentos que se espera para uma formação de Espírito Escoteiro. Poderia dizer que temos dezenas de países bem menores populacionalmente e com um PIB muito menor que o nosso e tem um efetivo superior ao brasileiro. Aqui mesmo na América do Sul. Tem explicação? Claro. Sempre tem.

          Muitos me dizem que ser voluntário hoje no escotismo não é fácil. Gastam do próprio bolso, pagam todas as despesas e chegam ao desplante de muitos pagarem as mensalidades nos grupos e a anual da UEB. Claro sei que poderei ser contestado, mas pagar para ser voluntario? Cursos? Temos vários. Muitos excelentes. Mas porque não estão atingindo o objetivo? Porque a saída de adultos ainda é grande? E os preços? Não sei e não posso afirmar, mas alguém comentou que as taxas de cursos hoje em dia fazem parte do caixa que cada órgão Escoteiro necessita. Acrescente a isto o numero de atividades regionais, os custos das peças, materiais, literatura dentre muitos itens que cada participante precisa. Dizem eu não sei que os preços não são acessíveis a todos. Disseram-me que as lojas escoteiras se transformaram em um negócio rentável e até de difícil acesso por parte de grupos longínquos. Usar cartões ou outra forma de pagamento só se for registrado no SIGUE. Venda fechada. 

        Não vou me alongar mais. Lembrem-se não desmereço a nenhum dirigente. A nenhum diretor. Sei do amor que eles tem pelo escotismo, pela sua formação e espírito Escoteiro. Tem muitos novos que estão lutando para mudar. Mas nem todos abdicaram do poder e da tomada de decisões entre eles. Ouvir o que outros tem a dizer sempre foi uma frase filosofal. Pouco usada na UEB. Nossa democracia é ténue. Poucos se arriscam a discordar. Eu sei de centenas que foram admoestados e hoje seguem a cartilha da obediência cega. Aqueles que podem sugerir ou discordar são considerados “persona non grata”. Eu mesmo se estivesse em um órgão Escoteiro e com registro em dia e agindo como estou agora claro que seria admoestado. Sem sombra de dúvida.
            
          Não vou insistir na velha tese que o jovem ainda sonha em ser um herói. Atividades aventureiras. Vida ao ar livre. Dar a ele um pouco de aventura e oportunidade de crescer por si mesmo. Mas sempre quando digo isto alguns contestam que o novo programa permite e se não o fazem é porque não entenderam bem como ele é. Ou seja, em outras palavras acham que um bom número dos chefes são incompetentes. Não sei. Sei que muitos reclamam e o pior, o número de jovens saindo do movimento continua no mesmo rumo, na mesma jornada sem futuro. Poderia dizer que esta luta em colocar o escotismo como uma formação moderna é querer substituir a escola que faz isto todos os dias, no próprio lar e junto aos amigos do dia a dia. Dar a ele algum diferente seria o caminho. Existe um sonho que não é só meu, sei de muitos que pensam assim. Uma grande união nacional para fazer com que todos sem exceções tenham direito a voz e voto. Nunca canso de lembrar-me que o seu direito termina onde começa o meu. Ah! Democracia. Que falta ela faz!

Recebam meu abraço, e meu Sempre Alerta.

Do Amigo
Osvaldo Ferraz