Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Escotismo formando jovens para o mundo ontem hoje e amanhã!


Conversa ao pé do fogo.
Escotismo formando jovens para o mundo ontem hoje e amanhã!

           Certamente muita gente se perguntará por que razão os métodos educacionais preconizados por alguns pedagogos de enorme reputação, como o são Rabelais, Erasmo ou Rousseau, tendo algumas ideias parecidas com aquelas que Baden-Powell utilizou no Escotismo, uma vez que também eles preconizavam a educação do jovem pelos jogos, pela vida ao ar livre e pela observação da natureza.

              A esta interrogação apenas se pode dar uma resposta: - B.P era detentor de uma brilhante personalidade, emergente de uma vida bastante preenchida, desde os tempos em que viveu aventuras extraordinárias com os irmãos, estudou a pessoa humana nos personagens que representou quando estudava em Charterhouse (Londres). Evoluiu nos conhecimentos que veio a adquirir quando serviu seu País na índia e na Africa. Tudo isto foi complementado com uma vida rude e livre, em que se forjou o seu caráter de forma tão determinante que o levou a adotar esta vida à juventude que andava em busca de novos horizontes e que dessem um sentido à sua avidez de crescimento para a vida de um mundo em convulsão.

                  Baden-Powell descobriu que os jovens necessitavam de sentir o apelo da fraternidade, precisavam de aventuras, novas descobertas capazes de os levarem a sentirem-se pessoas completas e confiáveis. Foi na recordação das suas próprias experiências nas matas de Charterhouse, daquilo que os rapazes de Mafeking lhe transmitiram quando do cerco, que Baden-Powell criou uma base de trabalho para a experiência de Brownsea.

                Mais de cem anos depois, aí está a prova de que valeu a pena tamanha dedicação aos jovens! – Baden-Powell tomou a sério os jovens, olhou-os com amor e conduziu-os pelos caminhos do bem, até pela Boa Ação de cada dia que lhes inculcou no espírito: - “O Escoteiro é útil e pratica diariamente uma Boa Ação”. – Logo após Brownsea, B.P foi em férias pela America Latina no ano de 1908 e colaborou no Chile na criação da primeira Associação de Escoteiros no estrangeiro. Na América do Norte, graças à prática da Boa Ação a que a Lei do Escoteiro nos compromete, criou-se também o Escotismo.

              Um americano rico, que se havia descolado a Londres, transportava alguma bagagem bastante pesada a caminho do seu hotel. Um rapaz que teria os seus quinze anos ofereceu-se para transportar a bagagem ao americano. “Feito o trabalho, o cidadão rico ofereceu para gratificar o rapaz, mas este, fazendo a saudação de três dedos, recusou gentilmente dizendo-lhe: Sou Escoteiro e pratiquei a minha Boa Ação ajudando-o”. O americano impressionado foi informar-se sobre o que era o escotismo. No Quartel General dos Escoteiros de Londres comprou o “Escotismo para Rapazes” e assim que voltou aos Estados Unidos tratou de lançar as bases dos Boys Scout na América.

              A grande aventura do escotismo iniciada em Brownsea no já longínquo 1907 solidificou com o Grande Acampamento do Centenário. Nos céus, sorrindo feliz pela obra realizada, Robert Baden-Powell of Gilwell deve murmurar baixinho:

- Valeu a pena! Os jovens compreenderam que lhes quis transmitir naqueles dias de Acampamento acontecidos no verão de 1907.  Que o Chefe Maior os protejam sempre e que eles estejam todos os dias Sempre Alerta para Servir!

Nota de Rodapé: -  - Não é só você quem deve viver feliz são todos que estão ao seu redor. Encante, cante, tenha um semblante calmo para animar os jovens que estão ao seu redor. Tenha como meta que ser criança é ser feliz... Correr e brincar até cansar e ainda pedir Bis! Mantenha na sua mente que mais vale ser criança que querer compreender o mundo. Seja você mesmo, acredite nos seus amigos. Acredite em você. Viva simples sonhe grande e seja grato. Dê amor e não esqueça, ria muito! 

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Contos de Fogo de Conselho. Lembranças de um menino Escoteiro. “A Canção da Despedida”.


Contos de Fogo de Conselho.
Lembranças de um menino Escoteiro.
“A Canção da Despedida”.

                        Ele nunca esqueceu seu primeiro acampamento, Fazia tempo. Onze anos lobinho de coração, estranho no ninho e tinha medo, receio do que seria dele como escoteiro. Uma nova etapa. Lágrimas brotaram quando fez a passagem. Aos poucos foi acostumando. Seu Monitor, grande companheiro. Já tinha feito algumas excursões, mas nada como este acampamento. Seis dias. Mata fechada. Selva inóspita, Pânico no primeiro dia. Depois, barracas montadas, cozinha coberta, fogão suspenso, sala de refeições, fossas, Até WC fizeram!

                           Quando a noite chegava ele estava em pandarecos. Mas orgulhoso. Era mais um deles. Ajudou, colaborou. Dormia o sono dos justos. Só acordava com alguém chamando ou puxando seu pé. E de novo, mais um dia mais alegrias construindo, aprendendo, brincando, aventuras maravilhosas. Escaladas (tremia) balsas, pistas de animais, grandes pioneiras, subir em árvores, comida gostosa, banhos deliciosos, predadores, escorpiões, cobras (que medo!), chupar cana, colher goiabas, mangas, abacate, nas mais altas árvores.

                            Quinto dia. Orgulhoso daquela patrulha, irmão das demais. Amigos, fraternos, uma chefia maravilhosa. Então a surpresa. Ultimo dia. Tinha Fogo de Conselho. Só da tropa. Senhor! Ele dizia: - Fiquei arrepiado ao lembrar. Marcou para sempre. Ria, cantava, batias palmas, pulava, atuava e então... E então... Todos deram as mãos em volta do fogo e começaram a cantar. Ele não conhecia a canção. Aos poucos foi entendo. Meu Deus! Que musica maravilhosa! Tocou-lhe fundo no coração. Impossível aguentar a emoção. “Não é mais que um até logo”! Onze anos e chorando. Lágrimas descendo no seu rosto. Mãos entrelaçadas, apertando uma as outras. 

                             Parou a canção. “Um por todos, todos por um”. Final, fogueira crepitando, estrelas no céu. Vento frio, brisa no rosto, cheiro da terra, do capim meloso, grilo saltitando, vagalumes aqui e ali querendo mostrar seu brilho. Silêncio na mata. Lágrimas caindo, um olhando para o outro tentando disfarçar. Trombeta tocando. Reunir! Boa noite, Corte de Honra, oração. Foi para a barraca com um sorriso enorme! Deitado colocou as mãos debaixo da cabeça, olhava para o teto da barraca e só via estrelas brilhantes no céu. Lagrimas escorriam de sua face. Sabia que tinha encontrado amigos, irmãos e que agora pertencia a uma grande Fraternidade Escoteira. Agora ele era um deles, um escoteiro, um privilégio de poucos!

                              Foi a primeira grande emoção. A Canção da despedida marca. Todos que participaram sabem disto. Ele chorou depois muitas vezes. Não dava para esconder. Difícil explicar quando se canta, se dói se machuca se uma saudade gritante fala para nós, não perdermos as esperanças de que um dia voltaremos a nos ver. É uma situação inusitada. Se contarmos para um amigo ou amiga, eles vão rir de nós. Vão achar que somos bobos, tolos. Não compreendem. Não entendem. Não sabem o que é isto. Nunca vão saber... Só nós, os privilegiados deste incrível movimento escoteiro.

                             Centenas, muitas centenas de vezes ele participou. Dizia para si que não mais iria chorar. Engano. Bebê chorão! Sempre com lagrimas escorrendo no rosto, caindo e molhando a terra, nosso chão abençoado. Ele sabia que o escotismo marca para sempre. Ele amava tudo que fazia, amava fazer boas ações e tinha um orgulho enorme em ser escoteiro. Aprendeu a viver intensamente tudo aquilo que fazia. Sorria, cantava, chorava sim senhor de alegria. Nunca esqueceu as horas maravilhosas no seu tempo de escoteiro.

                 A vida não para os anos passam e o levou a lugares nunca imaginados. Lembrou quando foi na cidade de Hermosillo, capital do estado de Sonora, México. 50 anos de fundação do Grupo Escoteiro. Vários outros grupos irmãos. Ria pensando que enrolava no espanhol. Um paspalho para entender o que diziam. Mas quem disse que em acampamentos escoteiros precisam disto? Ele pensava que falavam um só idioma. Nossa! Marcou mesmo. Incrível a amizade dos escoteiros mexicanos. Simples, leal, honesta, sem altivez e soberba. Que amigos! Tocaram seu coração. Difícil foi à hora da despedida! Ele não queria ir embora. Chorava copiosamente. Um marmanjo. Trinta e quatro anos! Lágrimas e lágrimas descendo pelo rosto. E quando terminou a Canção da Despedida, todos vieram lhe abraçar, chorando também e dizendo, - “No te vayas, te queremos, quédade nosotros”... Quem aguenta? Ele pensou. Diga-me meu amigo e irmão escoteiro, quem?

                             E o pior, no dia seguinte, ao tomar o trem para a cidade do México, lá estavam eles na estação, barulhentos, amigos abraçando, cantando canções típicas, e quando o trem foi se afastando, cantaram de novo a Canção da Despedida. – “Não é mais que um até logo”... Rapaz foi incrível suportar! Impossível! E repetiam, repetiam – “No te vayas, te queremos, quédade nosotros”! Isto o marcou para sempre. Alguns passageiros ao seu lado não entendiam. Um deles se aproximou. “Be Prepared”! North America, boy Scouts. Incrível! Que movimento é este? Deus do céu!

                            O tempo passa. Envelheceu. Nas suas noites de lembranças seu pensamento percorre na trilha do tempo os Fogos de Conselho que participou. Quantas saudades. Quantos amigos abraçou, quantos amigos se foram para o Grande Acampamento. Sabia que todos eles onde estiverem estarão a lembrar daqueles tempos que nunca serão esquecidos. E sua mente volta no tempo, lembrando quando o fogo terminava, enxugava uma lágrima, dava um abraço nos demais, sorria meio sem jeito, e esperava no próximo que ele estivesse lá. A canção da despedida marca, dá vontade de gritar a quem está ao nosso lado o que o Lobo Gris disse a Mowgly - “Não vá! Meu irmão de caverna, meu irmão Escoteiro, o teu caminho é o meu caminho. A tua caça é a minha caça e tua luta de morte é a minha luta de morte. Não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus”...



Nota de rodapé: - “Na minha memória - tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços, esta canção ocupa um dos lugares mais bonitos.” “O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã. Nela repousa a esperança.”. Bem cedo junto ao fogo tornaremos a nos ver! Não posso ficar lembrando. Emociono-me demais, tempos que se foram e não voltam mais. Lágrimas caem devagar. Hora de dormir.

domingo, 22 de outubro de 2017

Contos de Fogo de Conselho. Tião Macalé. Vulgo Zé Neguinho. (Uma história quase real).


Contos de Fogo de Conselho.
Tião Macalé.
Vulgo Zé Neguinho.
(Uma história quase real).

                  Ele me deu um encontrão propositadamente. Olhou-me com aquele olhar galhofeiro e sorriu debochando. – Escoteiro de araque e ainda por cima um pateta que não olha onde anda! – O convidei para ir ao campo do Zé da Bola. Foi uma luta gostosa, de tapas de socos e no final cansados sentamos embaixo da trave feita de tronco de Ipê, cada um rindo e dizendo que valeu. Ficamos amigos e nem sei por quê. Era um marginalzinho a moda antiga. Roubava para comer e ajudar sua Mãe Dona Filomena que doente não tinha ajuda de ninguém. Sempre me parava na esquina da Sete de Setembro pedindo para que contasse historias de escoteiros, de acampamentos e aventuras. Sentávamos na sombra na praça redonda da Matriz e ficávamos ali por horas. Fiz tudo para ele ser um Escoteiro, mas nunca aceitou. – Vado Escoteiro, isto não é prá mim, tenho outros sonhos. Cresci continuamos amigos e um dia ele desapareceu.

                   Com dezenove anos após servir a Pátria como soldado e sem emprego resolvi vender livros. Pagavam o hotel alimentação as despesas de transporte e mais nada. Com destino a Dom Silvério peguei o trem da Leopoldina em Caratinga. Cochilava pela longa viagem e o trem parou em uma estação. Uma gritaria na plataforma. Olhei dezenas de soldados armados de fuzis e tinha um com uma metralhadora ponto trinta apontada para o meu vagão. Alguém gritou alto: Zé Neguinho! Quem fala é o Delegado Nonato.  Você me conhece e me deve sua vida.  Sei que está aí neste vagão. Desça com as mãos para cima! Zé Neguinho aqui? Olhei de lado. Era ele. Cresceu, ficou forte, muito forte, o cabelo grande sempre amarrado em um rabo de cavalo. Ele me viu. Deu uma gargalhada – Vado Escoteiro? O Vado Escoteiro valente da porrada? É você? Era chamado por ele assim. Levantei e dei nele um abraço.

                      O Delegado gritou de novo – Vamos evitar passageiros feridos Zé. Desça logo – Ele gritou – Me dá dez minutos delegado, prometo me entregar sem reagir. Sentado ao meu lado um senhor de idade. – Ele olhou para ele e disse: - Suma! O velhote desapareceu. Ele sentou comigo. Ficamos mais de dez minutos lembrando o passado. Nunca na vida contei “causos” do passado sob a mira de fuzis. Lembra-se da descida do Bairro do Pastoril? Eu lembrava. Uma turma querendo me dar uma surra. Ele chegou com um pau na mão. Desceu a burduna na turma e gritou - Bateu nele bateu em mim! Só eu posso dar porrada nele! Contava e dava gargalhadas. Os demais passageiros com medo não entendiam nada. Ele se levantou e me deu um abraço, apertado. Chegou a doer. Vi que seus olhos encheram-se de lágrimas. – Adeus meu amigo. Acho que nunca mais vamos nos ver! Desceu do trem e foi cercado por dezenas de policiais. Ainda o vi na plataforma me dando um último adeus!


                     Era este o seu destino? Tornar-se um marginal? Não teria sido melhor aprender nos escoteiros? Ninguem me soube informar o que ele fez. Zé Neguinho me marcou muito. Não foi escoteiro. Deveria ter sido. Nunca o esqueci. De vez em quando procuro aqui na internet se vejo alguma noticia dele. Deve ter morrido. Se fosse hoje poderia ter descido e conversado com o Delegado. Quem sabe poderia ter ajudado. Não o fiz. O destino não se mede pelas palavras e sim pelas ações do que se fez ou faz. Espero que ele tenha conhecido a felicidade. Seu sorriso sempre foi contagiante e dizem que quem sabe dar um lindo sorriso é feliz.

Nota de rodapé: - Dizem que quem escreve, escreve o que quer. Quem conta um conto aumenta um ponto. Pois é, tenho muitas histórias e quem não tem? Hoje na flor da idade me lembro delas. São muitas, corro com meus dedos procurando um teclado para escrever. Zé Neguinho? Um cara durão, não escoteiro, mas meu amigo de lutas que nunca esqueci.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Crônicas de um Chefe Escoteiro. Divagando... A fraternidade.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Divagando... A fraternidade.

                   Dizem-me coisas interessantes. Coisas escoteiras é claro. Dizem-me tanto que fico pensando se isto é real. Alguns se ressentem por encontrar um ambiente alegre e fraterno no início e depois aos poucos tudo vai mudando. O padrão não deveria ser este dizem. – Chefe, há um desejo de ser alguém, muito mais do que pode ser e isto não pode ser normal. Onde está nossa lei? Ele ou Ela não sabe que temos uma? Onde anda o primeiro, o quinto e o décimo artigo? E tantos outros? Porque esta rigidez de comando, de ser o melhor?

                  Outros são diferentes. Falam bem de coisas escoteiras. Dizem que estão no melhor dos mundos, que encontraram ali sua verdadeira identidade. Que ali tem irmãos e não só amigos, que são fraternos e que tentam ajudar uns aos outros. Quanto tempo isto dura? Garantiram-me que para sempre. Dois lados, duas moedas, dois pensamentos duas ações. Um são infelizes mesmo tentando ajudar outros têm a felicidade presente em cada momento e isto motiva a fazer o que fazem para sempre.

                  Porque esta diferença em agir, em participar com um verdadeiro espírito de eu abraço você, você me abraça e juntos seremos felizes para sempre? Não foi o fundador que acreditou que o escotismo podia modificar o mundo, dar o verdadeiro sentido da amizade do amor da ajuda ao próximo? Fraternidade o que é? Em linguagem simples disseram que a fraternidade é um conceito filosófico profundamente ligado às ideias de liberdade e igualdade e com os quais forma o tripé que caracterizou grande parte do pensamento revolucionário francês: - “Liberdade, igualdade e fraternidade”.

                 Temos muitas definições e uma que me toca profundamente é que a fraternidade significa a união de seres, que possuem o mesmo objetivo par atingi-lo, mesmo não percorrendo o mesmo caminho juntos trocam conhecimentos se respeitando mutuamente como irmãos. Mas me pergunto, no escotismo não devia ser assim? Sei que a maioria tem este pensamento, mas cá entre nós, tem cada peça de fazer inveja que onde estão e onde atuam mais atrapalham que ajudam.

                 Sei não, mas acho que precisamos dar um passo para que as pessoas se aproximem mais, se respeitem mais e que esqueçam que não são os donos da verdade. Cada um tem conhecimentos que o outro não tem. Queira ou não para muitos o escotismo é um bicho de sete cabeças. Dizem para nós que nada conhecem e esquecem que em seu coração em seu sorriso em seu abraço tem tanto de escotismo que nos faz bem só em olhar.

                 Sábio foi Baden-Powell que disse que mesmos espalhados por todo o mundo os Escoteiros são irmãos. Têm os seus sinais secretos pelos quais se reconhecem, e são prestáveis e hospitaleiros para todos. Um Escoteiro seria capaz de te oferecer o que tivesse de melhor para te dar de comer e para te alojar, mas esperaria tanto que lhe pagasses por isso como que lhe cuspissem na cara. Um Escoteiro é capaz de sacrificar a sua vida para salvar o seu amigo ou mesmo para salvar um estranho... Especialmente se esse estranho for uma mulher ou uma criança.

                 E ele continua: - Os Indianos chamavam ao Kim o «Pequeno Amigo de Todo o Mundo», e todos os Escoteiros deviam esforçar-se por merecer esse nome. O espírito é que conta. A nossa Lei e Promessa de Escoteiros, quando realmente as pomos em prática, afastam todas as ocasiões de guerras e lutas entre as nações. Eita BP. Suas palavras nunca serão esquecidas. Melhor mesmo é esperar a mudança que todos esperamos no mundo. O Escotismo pode ser a fonte inesgotável desta fraternidade mundial.

                 Encerrando por aqui. Palavras simples e verdadeiras nem sempre são muito apreciadas. Vejamos o que disse dois grandes homens da história sobre a fraternidade: - Não fortalecerás os fracos, por enfraqueceres os fortes. Não ajudarás os assalariados, se arruinares aqueles que os paga. Não estimularás a fraternidade se alimentares o ódio. Abraham Lincoln. E Chico Xavier arremata: - O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amassemos uns aos outros. – Simples assim!

Nota de rodapé: - Nos últimos dois dias tirei um tempo para conversar com alguns amigos e amigas de minha página. Não foram muitos. “Alguns responderam com monossílabos, outros dizendo o de sempre – ‘SAPS” e outros dizendo bom dia e boa noite e silenciaram. Em alguns senti fraternidade em outros frieza. Recebo muitos pedidos de amizade. Aceito todos. Penso que quando me procuram querem confraternizar e dizer o que sentem do escotismo. O medo à dúvida de ser abordado de maneira indelicada faz muitos fugirem. Mas eu me pergunto: - Porque então continuar como amigo na minha página?


sábado, 14 de outubro de 2017

A fantástica “Banda” do Maestro Munir.


Conversa ao pé do fogo.
A fantástica “Banda” do Maestro Munir.
(Baseado em fatos reais).

                  Quando menino escoteiro eu tinha um sonho. Ou melhor, dois, acampar no Pico da Bandeira e participar da Banda do Munir. Com treze anos um dos sonhos foi realizado. Um caminhão da prefeitura nos levou até Caratinga. Lá pegamos a Maria Fumaça para Caparaó (Águas que rolam nas pedras). Minha alegria não tinha limites. Afinal estive no Pico da Bandeira. Uma linda história para contar, mas fica para outra vez. Agora precisava entrar na Banda. Osso duro. Munir era magro e alto. Usava o chapéu Escoteiro virado, mas muitas vezes preferia uma boina preta tipo Montgomery. Eu nem sabia quem era esse tal Montgomery. Usava o uniforme caqui curto e uma bota cano longo. Sujeito estranho o Munir. Chamá-lo de Munir era briga na certa. Senhor Maestro Munir! Ele encarava você nos olhos, uns dois minutos, você não sabia onde esconder.

             A Banda treinava todas as quintas feiras entre sete e dez da noite atrás do cemitério do Azarão. Um campinho de futebol onde o barulho não incomodava. Os seniores diziam que os defuntos não podiam reclamar. Risos. A Banda não era grande, se não me falha a memória tinha quatro tambores simples, dois tambores-mor (daqueles enormes mais de um metro de altura) cinco tarois, oito caixas claras, quatro bombos, seis cornetas e dois clarins. Clarins? O meu sonho. Um dia iria tocar um. Mas precisava ter curriculum na banda para encostar um dedo nele. Munir era severo. Ria pouco. Um olhar dele gelava todo mundo. A Banda dos Escoteiros era famosa. Nas festividades todos aguardavam ansiosos a Banda. Passava em frente ao palanque das autoridades onde fazia evoluções e depois ia em algumas ruas para saudar os moradores que saiam para aplaudir a Banda dos Escoteiros.

            Munir tinha pose dos oficiais ingleses. Um estilo militar que só eles têm. Com sua varinha, seu chapéu virado, sua bota cano alto a marchar à frente da Banda fazia gestos como se estivesse regendo uma grande orquestra. Alí ele era o Rei. Era exigente o Munir. Marchar bem, com honra, respeito, garbo e boa ordem. Bastava um erro para ficar fora da banda por meses. Sua palavra era a lei. Ninguém desfazia nem mesmo o Chefe João Soldado. Eu ia sempre aos treinos da Banda. Ficava abobalhado olhando cada um com seu instrumento. Trinta minutos de ordem unida. Munir não gritava. Seus gestos eram graciosos. Sabia com perfeição fazer os sinais manuais de formaturas. Apito? Detestava. Na frente da banda um sinal seu e ela parava de tocar ou então em frente marche! Se alguém errasse valha-me Deus! Eu olhava tudo, caixas, tarol, tambores, bombos, cornetas, mas meu xodó era o clarim. Jasiel e Marquinhos eram os donos dos dois. Sentiam-se importantes demais para olhar para mim. Eram seniores corneteiros. Uma dádiva de poucos.  

          Só faltava ao treino da Banda quando ia acampar. Este era sagrado. Uma excursão, bivaque, acampamento sempre estiveram em primeiro lugar. Um dia achei um galho em um pé de Manga, e bem talhado ficaria igual a um clarim. Preparei meu instrumento medieval com carinho. Quatro meses com meu canivete suíço.  Ficava em casa horas com ele na mão. Levava a boca, fingia que tocava, balizava e sorria. Sonhava em tocar a Alvorada, o Silêncio, o reunir, debandar e tantos outros toques. Decorei todos. A Patrulha me absorvia. Eu amava minha patrulha Lobo. Entre ela e a Banda só tinha uma escolha. A patrulha. Um dia tomei coragem. Cheguei em frente do Munir. Conferi meu uniforme, tinha que estar no ponto como se fosse uma inspeção. Munir era exigente. Posição de Sentido, meia saudação – Sempre Alerta Senhor Maestro Munir, gostaria de participar da Banda! – Tinha treinado em casa em frente ao espelho como falar com ele. Se errasse ele nem na minha cara ia olhar mais.

          Tomei um susto. Ele olhou para mim. Nem piscou. Cara fechada. Ficou também em posição de sentido. Bateu um calcanhar sobre o outro. Plok! Sinal Escoteiro estilo militar. - Quinta! As sete em ponto! Se chegar atrasado não venha nunca mais! – Sai gritando de alegria. Contava para todo mundo. A Patrulha me parabenizou. E agora como você vai fazer? – Fácil disse. Os treinos são as quintas e dificilmente saímos em atividade neste dia. Nos desfiles todos vão, portanto dá para conciliar. – Não dá não disse o Romildo Monitor. Quinta não vamos acampar em Bom Jesus? É feriado lá e aqui. Minha nossa! Eu pensei e agora. – Bom Jesus ficava a vinte e cinco quilômetros de distancia. Sabia que íamos de bicicleta. Não podia perder meu primeiro dia na Banda e nem o acampamento. Bom Jesus tinha meninas lindas. Perder?

              Na quinta às quatro da tarde voltei sozinho a minha cidade no meu cavalo de aço. Correndo como um louco estrada a fora. Cheguei no campinho as cinco para as sete. Suando, cansado, mas com um sorriso no rosto. Posição de sentido e lá estava eu me apresentando ao senhor Maestro Munir. No primeiro dia só treino de ordem unida. Recebi um tambor três semanas depois. Quando terminou voltei correndo para o acampamento em Bom Jesus. Demorou dois anos para treinar o clarim. Seis meses para adquirir a “embocadura”. Toquei clarim por muito tempo. Quando servi o exército era com muito orgulho o corneteiro do dia. Nunca faltei a um treino, desfile e nem tampouco nas minhas atividades ao ar livre. Encontrei Munir muitos anos depois em Colatina. Ele bem velho, eu com meus trinta e cinco anos. Olhou-me com aquela cara feia, ficou em pé, em posição de sentido. “Ploc” ouvi seu calçado bater. Sempre Alerta! Ele disse. Eu fiz o mesmo. Maestro Munir! Que prazer! Já com aquela idade ainda tinha medo do Senhor Maestro Munir. Ele riu. Nunca o tinha visto dar um sorriso. Abraçou-me. – Sabe Vado Escoteiro, eu sempre gostei de você. Nunca o esqueci. Aquele abraço foi demais. Uma alegria. Nunca o vi dar um abraço em ninguém. 


             Os tempos são outros. As bandas escoteiras desapareceram. Não existem mais Maestros como o Munir. Sei de muitos grupos escoteiros que venderam ou doaram sua banda. Não sou contra. Aplaudo. Dá para conciliar e treinar sem incomodar. Até hoje tenho saudades dos desfiles. Quando vejo uma banda fico “arretado” e “arrepiado”, adoro isto. Na minha juventude a Banda símbolo era a dos Fuzileiros Navais. Tive o prazer de vê-la tocar muitas vezes. Mas os tempos foram passando, as bandas ficaram no esquecimento. As histórias de uma banda nos Grupos Escoteiros hoje quase não são contadas. Se eu pudesse, se meu corpo ajudasse eu teria um grupo. Um Grupo Escoteiro fantástico. Meninos vibrantes. Acampamentos mil. E mais o que? Claro, uma banda. Ia com certeza achar um Maestro Munir por aí. Que vida louca seria. Mas sonhos são sonhos. Com a minha idade não dá mais para que meus sonhos se tornem novamente realidade.

Nota de rodapé: -  Sempre Alerta corneteiro! Toque por favor, para eu dormir o toque do Silêncio. E ao amanhecer o toque da alvorada! Adoro e se quiser toque também o canto da lua, deixe-a ouvir e rasgar o céu da noite cheia de estrelas. Mas escoteiro, não esqueça da alvorada quando o sol vermelho escondido pelo orvalho da noite despontar. Toque o reunir, toque o que quiser neste céu de brigadeiro. Quantas saudades... Se quiser faça silêncio, vou tocar para você o mais lindo toque da canção da alvorada! Sei que irá adorar! Ah! Meus lindos tempos de corneteiro que nunca esqueci.  

sábado, 7 de outubro de 2017

Vado Escoteiro, está rindo de que?


Vado Escoteiro, está rindo de que?

                         Boa pergunta. Hoje é sábado dia de escoteirar e eu aqui sem ter aonde ir e nem poder caminhar. Uma chuvinha fina cai refrescando o ar. Pela manhã fiz uma reunião importante. Presente meu pulmão, minha perna e algumas partes que me pediram para não expô-las ao ridículo. Comecei me vangloriando do passado, pernas que percorriam quilômetros em cima de uma bicicleta, que andou por boa parte dos recantos do Brasil. Olhei para meu pulmão e disse para ele onde um dia me levou. Em ar rarefeito em minas e cavernas, em picos e montanhas e em tantos lugares e ele nunca me decepcionou. Com os demais falei o que não devia e por este motivo fica em “OF” atendendo ao pedido deles.

                          Eles ficaram calados. Sabiam que não tinham argumentos para retrucar. Não sabiam o que pedir, aonde ir e o que fazer. Lavrei ata dobrei a bandeira, arrumei meu lenço (detesto ele fora do lugar) e após um cafezinho e um biscoito de maisena liberei a todos para continuar a fazer o melhor possível. Sem perceber vi que o tempo estava partindo. Minha avó Rosilda por parte de pai gostava de um ditado popular. Sorria para mim sem dentadura (mas era linda sim senhor) e dizia: Vado, perguntaram pró tempo perguntando quanto tempo o tempo tem, e sabe o que ele respondeu? O tempo? O tempo tem tanto tempo quanto tempo tem. Meninote, onze anos, franzi a testa e não entendi nada. O tempo passou e hoje entendo agora muito bem.

                          Gosto de me considerar um matuto mineiro, do “inté”, do “nois faiz” do “Cotero” que até hoje não se acostumou com tantas coisas modernas. De novo repito que não sou letrado, viajado nas “estranjas” e nem “deploma” eu tenho. Aos sábados é sempre assim. Todos escoteirando e eu “coçando”. Isto me faz uma “baita farta”. O jeito é “escapilitar” e botar a mente para escoteirar. No faz de conta pego meus dedos que mesmo tremendo ainda obedecem e mando que eles teclem o que a mente mandar teclar. Às vezes saem coisas boas, outras não. Sei que gostaram quando comentam ou compartilham. Curtir é uma obrigação e agora apareceu os tais símbolos smiley, emoji, emoticons que são de matar!

                          Mas o que vou escrever agora? Perguntam meus dedos e minha mente. Sinceramente? Não sei. Lembrei quando no passado quando desciam a ripa na chulipa pelos meus erros de português de concordância e o escambal. Melhorei? “Necas de catibiriba”. Ficava tão triste que pensava em voltar a estudar na Escolinha do Bairro. Iam me aceitar? De raiva peguei meu bastão de um metro e sessenta, duas e meia polegada de circunferência, ponteira e aço e um belo totem da Patrulha Lobo e fui ao meu portão abri e fiquei ali em posição de sentido vez ou outra fazendo a saudação. Vado! A bandeira em saudação! A vizinhança sorria...

                         Cansei, sentei na minha cadeira de braços, fechei os olhos, ouvi baixinho os pingos da chuva que caia na telha e logo sorri. Lindos acampamentos de outrora, chuvinha fina, a gente sentado em volta do fogão, um cafezinho saindo, o som da mata com os respingos pequenos e insistentes e Monte Alto contando Histórias. Viajei no tempo. Olhos tristes ao lembrar, mas alegres por ter estado lá. Voltei à realidade deixei minha mente procurar no dicionário se existiam palavras que eu gostava de usar. Badenianos, Caqueanos, Matutagem, Escoteirar, ombrear, sebo nas canelas, mochila no costado, pé na taboa, apoquente a dor de dente, Trilha do Elefante, Mata do Tenente, escorregar na lagartixa e o melhor que mais gosto... Fraternos abraços!

                         Três horas. Quantos jogos já foram realizados? Quantos tombos no costado? Lembrei-me de um visitante que percorrendo as salas do Palácio de Buckingham encontrou uma preciosidade escrita na parede: “Senhor, ensina-me a ser obediente às regras do jogo... Ensina-me a não proferir nem receber elogio imerecido... Ensina-me Senhor a ganhar, se me for possível. Mas Senhor, se eu não merecer, acima de tudo, ensina-me a perder”! Demais não? Entro e vou para a sala. Assistir o que? A mente continuar a passear no passado. Gente fiz coisas demais!

                        Sem perceber lembro-me do poeta e o que ele escreveu bate fundo no meu coração nesta hora: - Lá onde mora o amor, não há dor, não há tristeza, lá tem cor, lá tem riqueza, lá tem bem, lá tem nobreza. Lá onde mora a amizade não há rancor, nem falsidade, lá tem respeito, lá tem verdade, lá tem afeto, lá tem cumplicidade. E fecho a crônica dizendo:


- “Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra. Minha história acabou um rato passou quem o pegar poderá dele aproveitar. E assim terminou a história”...

Nota de rodapé: - “Acorde! vá trabalhar ou escoteirar! você só tem um dia na vida, portanto aproveite cada minuto. Dormirá melhor quando chegar a hora de dormir, se tiver trabalhado ativamente durante o dia inteiro”. A felicidade será sua se você remar a sua canoa como deve. Desejo de todo o coração que tenha sucesso e na linguagem escoteira: “BOA REUNIÃO E BOM ACAMPAMENTO” – Baden-Powell.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

A origem da palavra “Escoteiro”.


Conversa ao pé do fogo.
A origem da palavra “Escoteiro”.

                       O termo escoteiro de acordo com o dicionário é definido como: Escoteiro; adjetivo e substantivo masculino. Desimpedido, sem bagagem, sozinho; membro de associação de meninos (as) ou adolescentes organizada de acordo com o sistema de seu idealizador Baden Powell.

                      “A Adoção no Brasil do termo “escoteiro” deve-se ao Dr. Mário Sergio Cardim, principal fundador da Associação Brasileira de Escotismo (ABE), com sede em São Paulo e do Escotismo feminino no Brasil. Sua utilização nesse sentido não é conhecida em nosso país, quando o Dr. Mário Sérgio Cardim descobriu que o substantivo “escoteiro” representava não apenas o “só″, bem como “pioneiro” e “lépido”, conforme lições de Herculano, Camilo, Gaspar Nicolau, Blutteau, citada pelo filólogo Candido Figueiredo.

                      Depois de uma palestra na “Rotisserie Sportman”, com Olavo Bilac, Amadeu Amaral e Coelho Neto, decidiu-se o Dr. Cardim pelo termo “escoteiro”, mais parecido com “scout”, e já empregado em Portugal (escutas), pelo Hermano Neves na tradução do livro de Baden Powell “Scouting for Boys”.
Submeteu a confronto os vocábulos “pioneiro”, “adueiro”, “vanguardeiro”, “bandeirante” e “escuta” que eram então propostos.

                      Esse termo foi oficializado pela Associação Brasileira de Escoteiros, com sede em São Paulo, em seus estatutos impressos na casa Vaberden, em 1915, registrado na 1ª circunscrição de São Paulo, naquele ano, de acordo com a lei. Conforme o Relatório de 1914/16 da A.B.E., o Dr. Mário Sergio Cardim sustentou pelas colunas de “O Paiz” uma amistosa discussão com o Dr. Olympio de Araújo, membro da Academia Mineira de Letras, que defendia o termo “bandeirante”.

                     Afirma o referido relatório, na página 4: “Provamos então que “escoteiro” significa também corajoso, esperto, destro, etc.…, e que, “bandeirante” tinha o inconveniente de poder denunciar uma preocupação regionalista.” As organizações escoteiras que funcionaram no Brasil, antes da A.B.E., segundo nos consta, usavam ainda denominações em idioma estrangeiro, como é o caso do “Centro de Boys Scouts do Brasil” no R.J.

                     Também foi o Dr. Mário Sergio Cardim que utilizou pela primeira vez o termo “Sempre Alerta” para tradução de “Be Prepared”. Além do texto acima, também me socorro de um texto postado recentemente, por Fernando Robleño, que diz o seguinte.

                “O vocábulo “escoteiro”, diferentemente do que se prega, não foi inventado pelas associações escoteiras. As primeiras aparições do termo “escoteiro” datam antes mesmo de Baden-Powell ou, no caso do Brasil, antes de Sergio Cardim (que, como todos sabemos, escolheu essa palavra, entre outras, para definir os praticantes do escotismo). Em 1879, por exemplo, a palavra “escoteiro” apareceu na obra “Cancioneiro Alegre”, de Camilo Castelo Branco. Pode ser visto, também, em “Lendas Indígenas”, de Gaspar Duarte, em 1858.

                        O vocábulo “escoteiro”, que até então era de uso comum, foi tomado de posse pelas associações escoteiras, todas elas. O termo só foi dicionarizado em 1780, e a inclusão do sinônimo “integrantes de um corpo ou unidade escoteira (sem fazer referência a uma associação) décadas mais tarde.”. Além disso, mais do que entender a origem do termo escoteiro, oportuno termos presente o significado do termo que lhe deu origem = SCOUT, que, traduzido do inglês literal, é o explorador, mateiro.

 BP define SCOUT como:
Um explorador ou esclarecedor militar, que, como sabem; é em geral, no exercito, um soldado escolhido por sua inteligência e coragem para ir adiante das tropas, descobrir onde se acha o inimigo e, informar ao combatente tudo o que puder averiguar a seu respeito. Mas, além desses exploradores que prestam serviços na guerra, há também os exploradores que servem na paz – homens que em tempos de paz executam tarefas que requerem a mesma dose de coragem e de engenhosidade. São os homens que vivem nas fronteiras do mundo civilizado.”

                     Scout é uma palavra familiar para as crianças da Inglaterra. Em 1900, ainda antes da libertação de Mafeking, apareceu uma série de histórias intituladas ‘The Boy Scout Scarlett’ e, a ‘New Buffalo Bill Library’ editada pela The Boy Scout na mesma ocasião.” Feitas estas considerações iniciais, está esclarecido que antes mesmo de BP, originariamente, o termo SCOUT era adotado para denominar o explorador, o mateiro e, SCOUTING, a ciência de explorar.


                    Que fique bem claro que os termos SCOUT (escoteiro) e SCOUTING (escotismo) não se originaram do Movimento Escoteiro criado por BP, mas ao contrário, BP utilizou estes termos porque pretendia que os jovens do Movimento Escoteiro fossem capacitados para se tornarem tão aptos quanto os SCOUT, através da prática do SCOUTING. Portanto, SCOUT e SCOUTING, e, ESCOTEIRO e ESCOTISMO não são nomes próprios originários do Movimento Escoteiro, mas substantivos comuns que denominava exploradores e mateiros e a ciência do que praticavam.

Nota de Rodapé: - Muitos ainda acreditam que o termo “Escoteiro” foi usado pela primeira vez no Escotismo. Neste artigo deixamos ao imaginário de cada um sobre esta palavra tão sobejamente dita com orgulho por nós que praticamos o Escotismo. ESCOTEIRO e ESCOTISMO não são nomes próprios originários do Movimento Escoteiro, mas substantivos comuns que denominava exploradores e mateiros e a ciência do que praticavam.