Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sábado, 30 de dezembro de 2017

Lembranças que não se apagam. A canção que ela fez para mim!


Lembranças que não se apagam.
A canção que ela fez para mim!

                     Vida de Sênior, um sábado, reunião, ufa! 30 de dezembro de 1957. O dia não era de brigadeiro. Desanimado e mesmo assim fui cumprir minha jornada escoteira. Dia de Reunião de sede e eu não gostava. Amava o campo, as trilhas as florestas e os rios caudalosos para atravessar com uma boa jangada, as serras distantes convidando para descobrir novos rumos novos horizontes. Não tínhamos férias... Prá que? Ao chegar pensei que não era um bom dia para animar a patrulha. Na sede ninguém. Que houve? Sempre nos encontramos no almoxarifado antes do inicio. Era divertido, falar dos outros, papear, “causos”, as meninas bonitas e isto não era uma rotina?

                    Fui para o pátio da sede. Então eu a vi. Nossa! Fiquei sem fala. Quem era? Um anjo caiu do céu? Linda! Impossivelmente linda! Seria uma princesa? Desceu das nuvens direto na sede? Ou quem sabe um anjo que Deus mandou para dar novo ânimo aos seniores? Meu coração disparou. Minha mente deixava o corpo e se transportava para os mais lindos campos onde acampei e montanhas que um dia explorei. Fui à Cachoeira do Sonho, No Rio das Nuvens, fui à Montanha Das Borboletas Douradas, fui até no despenhadeiro da Mil Mortes. Joguei-me lá de cima... Sabia que não ia morrer.

                 Foi então que percebi. Lá estavam eles, todos os Seniores. Não faltou ninguém. Até mesmo Lindomar com o pé quebrado e engessado estava lá. Estavam em pé encostados à parede da biblioteca. Como eu eles também não tiravam os olhos da linda moça dos olhos azuis e cabelos loiros com cachos dourados. Cachos brilhantes como se estivessem despencando na Cascata do Sol Nascente. Olhos? Azuis! Incrivelmente azuis. Seria uma Safira ou um Diamante colhido no Pico da Lontra? Uni-me a eles. Não notaram a minha presença.

                Ninguém olhava para ninguém. Seus olhos esbugalhados assim como o meu só tinham uma direção. Cláudia Alvonaro. Seu corpo? Não posso dizer aqui afinal o Sênior é limpo de corpo e alma! Mas parecia ter sido esculpido por Michelangelo, ou melhor, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni. Ah! Una Madonna Escoteira? Quem sabe ali estava sua obra prima da renascença sua bela escultura a Pietá? Não podia ser. Estávamos em 1957 e não 1498 quando ela foi esculpida.  

                   A paixão tomou conta de mim. De mim só não de todos os seniores. Doze rapazes perdidamente apaixonados pela bela Cláudia Alvonaro. Mas de onde ela veio? Da cidade não era. Conhecíamos todas as beldades. – Ela é de Vitória. Espírito Santo disse Tomas o Monitor sem olhar para mim. Meu Deus! Capixaba e linda assim? Bendita Vitória. Amada Vitória das beldades inesquecíveis. Santino o Chefe Sênior adentrou ao pátio. Jovem ainda. Vinte e seis anos. Viu-nos e foi até nós cumprimentando. Ninguém olhou para ele.

                  Inteligente como todo Chefe Sênior descobriu através de um “Kim” imaginário o motivo de nossa perplexidade e imutabilidade. – Ora, ora, parecem que nunca viram uma garota! Ele disse. Sem respostas. Continuávamos mudos. Olhos vidrados na bela Cláudia Alvonaro. A mais bela capixaba que o mundo conheceu. E nós os bravos seniores da tropa Anhanguera.

                     Ela estava linda. Uniforme azul, bonezinho de lobo. Saia curtinha (que pernas meu Deus!). Akelá? Não tinha mais de dezesseis anos! Não seus bobos disse o Chefe Sênior. Ela é Assistente. Tem dezessete. Está fazendo uma visita. Vai embora hoje no trem noturno das oito. – Vou também! Falaram todos ao mesmo tempo. Chefe Santino riu sonoramente. Que vida. Descobre-se o amor de nossas vidas, a nossa alma gêmea e ela vai embora assim?

                    E para “espatifar” o coração de todos, ela começou a cantar. Os lobos sentados em círculo e ela cantando uma canção que não conhecia. Voz? Uma cantora nata! Ninguém na sede tirava os olhos dela. Maravilhosamente bela e uma voz harmoniosa, que podia seguramente ser a maior cantora de todos os tempos. - ¶ “Que dia maravilhoso! Que belo amanhecer... Na paz de Deus junto a terra! Ah! Como é belo viver”! ¶.  

                   O céu que me condene! Que me mate! Que acabe comigo. Estava “deverasmente” apaixonado. Perdidamente apaixonado. E o pior aconteceu! Ela olhou para mim e deu um sorriso. Senti o corpo tremer. Tive que sentar. Que sorriso! Que voz! Que rosto! Que corpo! Não podia ser uma mulher Akelá. Era uma deusa trazida do Olimpo. E eis que como se fosse uma chicotada, como se tivesse caído uma pedra enorme em minha cabeça, um Chefe novo de uns vinte e cinco anos entrou acompanhado do Chefe do grupo.  – Vamos embora meu amor! O que? Meu amor? Então olhei melhor, ele estava com a aliança na esquerda e ela também. Marido e mulher! Covardia, pura covardia!

                  Ela se foi. Deu um “xauzinho” e disse um Sempre Alerta que nunca mais, nunca mais mesmo e eu juro, iria esquecer. A mulher dos meus sonhos, a mulher que iria ser a minha vida, a minha alma gêmea se foi. Se houve reunião de seniores eu não sei. Acho que os outros também ficaram como eu no mundo da lua. Começamos mudos e terminamos calados. Chefe Santino sorria no alto dos seus vinte e seis anos. Um homem experimentado sabendo o que sentia aqueles garotos que estavam crescendo e aprendendo com a vida.


                 Cláudia Alvonaro virou a esquina abraçado com seu amado. A tropa acompanhou com os olhos seu ultimo adeus. E eu? Fiquei meses sonhando e planejando ir acampar em Vitória. Mas será que ela iria deixar o marido e casar comigo? O meu amor, minha paixão durou até o Acampamento na Serra da Piedade. Na igrejinha dos Freis Franciscanos eu a esqueci totalmente. Vida de Sênior é assim. Um amor, outro e então vem às atividades escoteiras ou uma grande Jornada Aventureira e a gente esquece tudo!

Nota - Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse... Mas não dura muito tempo! Um sábado, uma reunião de Sênior. Reunião? Eles gostavam era de andar por aí em trilhas e montanhas para descobrir locais que nunca viram. Mais eis que aparece alguém, tudo muda tudo se transforma. Então chega o amor e por poucas horas ele foi intenso ate que ela se foi!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Conversa ao pé do fogo. Esta terrível EVASÃO escoteira existe?


Conversa ao pé do fogo.
Esta terrível EVASÃO escoteira existe?

             Um foguito pequeno, achas finas dando um calorzinho gostoso na fogueira daquele gostoso anoitecer. Uma brisa fresca e saudados pelos sons de um Sapo Cururu coaxando a procura da namorada. Uma chaleira de café, biscoitos e batatas doces assando na brasa e até mesmo um bule com água quente para os amantes de chimarrão. Conversas truncadas, conversas interessantes, causos, papos e prosas. Apenas uma Indaba de chefes acampados. Assunto? Temas Escoteiros. Cada um com sua experiência, sua vivencia e seus conhecimentos de quem vive o escotismo atual. – Alguém pergunta: - Porque não crescemos? Silêncio no pedaço. Chefe Um toma seu lugar e diz: - Dizem que a culpa é do Chefe! – Ninguém diz nada. Chefe Dois responde: - Quanto tempo dizem isto e ainda não consertaram? – Todos calados.

             Chefe Três com seu estilo Velho Lobo continua: - Será que temos mesmo uma grande evasão? Chefe Quatro sorri e emenda: - Não sei... Mas são poucos que ficam por mais de dois anos. – Todos calados. Parece que sabem os motivos, mas não tem autoridade para consertar. Autoridade? Quem tem? Um olha para o outro. Sem resposta, a resposta está na ponta da língua dos quatro chefes. Chefe Quatro retoma a palavra: - Porque nossa direção ainda não se preocupou com este entra e sai? Como dizem mesmo? Evasão, rotatividade ou em inglês turnover?

            Ele sabe o porquê e sabe também que a maioria dos chefes têm mil e uma explicações. Pois é, Turnover é um conceito utilizado na área de recursos humanos para designar a rotatividade de pessoal em uma organização, ou seja, as entradas e saídas por um período de tempo. Chefe Dois coça a cabeça e diz: - Seria este o motivo principal porque estagnamos neste efetivo como se fosse uma sanfona de cresce e decresce? Chefe Um fala baixinho: - Dizem que este ano iremos passar de 140.000! – Todos riem baixinho. – Chefe Dois continua: - Uma vez li que B.P acreditava que precisávamos de dez anos para dar toda a metodologia escoteira a um jovem.

              - Ninguém diz nada. Um dois três minutos. Chefe Um sorri e diz: - Gostaria de ver alguma sessão de lobo a sênior se algumas delas tiveram mais de setenta por cento do seu efetivo participando sem faltas! Chefe Um completa: - Se não levarmos a sério esta rotatividade dificilmente iremos alcançar os nossos objetivos na formação dos jovens. Chefe Três sério pergunta: - Quem realmente no Grupo Escoteiro se preocupa com a evasão? Qual Chefe procura saber o motivo da saída do jovem? Alguém vai a casa dele conversar?

              - Chefe Dois perguntou se o novo programa educativo era bem aceito pelos jovens. – Não seria este talvez a consequência da alta rotatividade escoteira? Afinal se o programa não agrada melhor ficar com meus amigos do bairro e jogar uma “pelada” não acham? Todos calados. “Chefe Um pergunta: - Estamos praticando mesmo o Sistema de Patrulhas”? Alguém conhece uma tropa que possui uma Patrulha de Monitores e uma Corte de Honra funcionando como nos manuais?

                Chefe dois diz: - Alguns distritos fazem o Curso de Monitores, mas o que adianta treinar os jovens se o Chefe não acompanha? Chefe Quatro levanta a mão interessado: - Melhor perguntar se existem ainda chefes que se preocupam com esta evasão! – Um silêncio total. Chefe Dois no alto de sua sabedoria diz devagar e compassadamente: - Se a culpa é sempre do Chefe porque não dar a ele as armas certas para que possa atuar melhor na sua tropa?

          - Chefe Um retoma a palavra: - Não vivemos pelo exemplo? Não fazemos o que aprendemos com os outros? Como pesquisar, como conversar e trocar ideias se nossa liderança não faz isto? Se até nos cursos dificilmente temos o direito de nos manifestar? – Chefe Quatro completa: - Tens razão. Não sei se as alterações dos manuais de cursos foram efetuadas após vários seminários da equipe de formação. Chefe um o mais novo diz algum que interessa a todos: Acho que estão se preocupando muito com as novas tecnologias eletrônicas e métodos modernos pensando que assim haverá maior interesse da participação do jovem.

          – Chefe Três calado há algum tempo diz: Acho que estão dando muitas Palestras, muito falatório, muita parolagem. E olhe já vi muitos que estão no lugar errado. Não sabem vender seu peixe e quando oferecem ele vem salgado demais. Acredito que o método de BP na arte de fazer fazendo está desaparecendo nas palestras de cursos. Silêncio total. Chefe Dois não mede a palavras: É, tem muito “Pafuncio” querendo ser formador e é uma negação em sua tropa! – Chefe Um se levantou, deu um toque na fogueira com uma varinha e a chama se elevou. – Chefe Três um emérito reclamante da liderança comentou: - Para os amigos tudo, para os inimigos os rigores da lei.

              Lei? Que Lei? A lei do escoteiro? - Disse o Chefe Dois. Pegou a chaleira de café que estava quente demais. – Acho que estamos avançando em uma questão que não podemos resolver. Chefe Quatro cantou uma canção que ninguém conhecia: - Põe tuas mágoas bem no fundo do bornal e sorri! – Chefe Um metido a poeta disse: - Dizem que novos ventos sopram na liderança, trocas de função, mais ética mais transparência. Sorrateiramente comeu um biscoito, bebeu uma golada do café quente e disse: - Sabe amigos, Abraham Lincoln disse que para saber o caráter de um homem – “Dê-lhe poder”!

              Nada mais disseram. Agasalhados em suas capas de fogo de conselho ali permaneceram por longo tempo imaginando como seria bom se ali estivessem boa parte dos nossos dirigentes para também darem suas opiniões e mostrarem que todas as alterações realizadas estão dando resultados. Impossível? Perguntem ao Marechal Bernard Montgomery. Foi ele quem disse aos seus soldados que o possível faremos agora e o impossível daqui a pouco! – Quem viver verá!



Nota: - Quatro chefes, um foguito, um vento frio vindo da lagoa próxima. Agasalhados em suas mantas de Fogo de Conselho conversavam. Sabiam que a floresta iria guardar todas as palavras para sí. Palavras ao vento, pois nenhuma autoridade escoteira iria dar explicações. A lagoa iria beber tudo que ali foi discutido. Suas palavras nunca seriam ouvidas e respondidas. – Conversar, trocar ideias aprender e ensinar pode? Ou é melhor calar?


domingo, 24 de dezembro de 2017

Uma Crônica de final de ano. Feliz Natal Escoteiros... Um Ano Novo cheio de amor e paz!


Uma Crônica de final de ano.
Feliz Natal Escoteiros... Um Ano Novo cheio de amor e paz!

               O ano vai chegando ao fim. Não sei analisar se foi bom ou ruim. O Brasil passou e passa por mudanças que podem gerar frutos. A politica foi desnudada e apresentada aos brasileiros como ela é. Falta de credibilidade e homens que deviam ser exemplos de ética e honra, mas mostraram que seu caráter não era o que pensávamos ser. Será que isto sempre foi um fato em nosso país? Já tivemos no passado homens que podíamos orgulhar? Em minha opinião sim. O ontem não é mais o hoje e o amanhã existe a possibilidade que tudo ira mudar.

               E o Escotismo? Não sei. Para mim tem uma nebulosa a minha frente que não dar para ver o seu futuro. Nunca desisti de comentar o que penso. Tornei-me em alguns momentos uma voz perdida na comunidade escoteira. Muitos discordam do que penso e faço. Sabem que não aplaudo nossos dirigentes. Muitas das minhas ideias são ventos que não se fixam e se perdem em qualquer lugar. Não aplainam os caminhos onde todos deverão passar. Há uma crescente de novos lideres que gostam do que fazem. Combatem o imediatismo e dizem que as ideias de BP já não trazem nada novo nas hostes na educação moderna dos jovens.

                E eles? Sorriem, fazem e desfazem não se importam com que os outros pensam. São donos da verdade, fazer consultas aos associados é uma ilusão que para eles não merece credito. O Voluntário Escoteiro hoje se tornou um joguete da associação. Recebe as instruções e se quer discordar ou opinar logo são chamados às falas por seu superior hierárquico. A Corte dos Lords está formada por pessoas que se endeusaram se tornaram Reis e de seus atos não há discordância e a aceitação é plena e insofismável.

                Esqueceram-se do objetivo. O adulto no escotismo hoje em sua maioria procura também seu lugar ao sol em detrimento dos jovens. (não todos). Suas fotos, seus atos sua performance se sobrepõe aos meninos e meninas escoteiras que deveriam ter prioridade. Os chefes turistas são uma realidade. Qual é o nosso objetivo? Baden-Powell disse que nosso movimento é uma fraternidade livremente aceita, não tem caráter de obrigação o adulto só atua com supervisão. Verdade? Basta ler e reler o pensamento de BP no seu programa e método.

              É isso mesmo que estão fazendo? O mote em dizer que o objetivo é a criança deixa a desejar. Se pensarmos bem, a rápida expansão do Movimento Escoteiro durante seus primeiros aos foi devido ao método novo de educação, que se apresentava de uma maneira simples e que atraia os jovens pela sua própria simplicidade. Recorria a uma linguagem fácil, muito afastada dos termos técnicos utilizados no mundo pedagógico e sociológico de hoje. Quem sabe este é um dos motivos para nos meios educacionais não citarem Baden-Powell ou o escotismo como fonte originária das novas ideias e técnicas.

               Para que serve o Movimento Escoteiro? Qual sua finalidade? Onde entra o adulto nesta maneira simples de formação? – Ouça os jovens. Converse com eles, fale com eles, aprenda com eles e deixe-os ir aprendendo a fazer e errando tanto que possível. É isto mesmo que estamos fazendo? Desculpe, mas poucos ainda se preocupam com isso. Nossos lideres se contradizem afinal eles fazem diferentes. Mudam, trazem novas ideias, novas práticas educacionais, formam programas nunca procurando saber se deu certo. Pesquisas? Não existem Consultas às bases.

                Mas vamos voltar ao Natal. Vamos desejar a todos que aprendamos com nossos próprios erros. Vamos aprender a respeitar, a tentar entender aqueles que labutam ao nosso lado. Foi um ano até razoavelmente bom. Pena que muitos se afastaram, magoados pelo tratamento que receberam. Pena que as admoestações as ameaças e a procura dos meios legais para silenciar os discordantes ainda não chegaram ao fim. Dizem que não, mas Baden-Powell está sendo esquecido, seu programa e método já é considerado arcaico.

                Dizem que hoje os jovens não querem mais o sonho da vida selvagem, do sobreviver nas dificuldades, eles já sabem o que querem e discordam até mesmo de uma Lei e uma Promessa que não faz parte do seu habitat. Se o escotismo pudesse mostrar as vantagens das atividades ao ar livre, seja na mística criada por Kipling em uma floresta com lobos e outros animais mostrando como podem sobreviver, ou pelo sistema de patrulhas infalível meio de conviver em grupos, onde se aprender a respeitar onde cada um aprende que servir não é só uma ideia ou uma palavra. É muito mais.

                Não tenho condições de comparar o menino do ontem com o menino de hoje. Culpa dele ou do adulto? No presente é melhor? Os exemplos estão aí. Os mais antigos podem me contradizer ou concordar. O que precisamos mesmo é uma dose de humildade, de fraternidade, de saber respeitar para ser respeitado. De perguntar antes de fazer, de ser leal cortês, ou melhor, dizendo, aprender com nossa Lei tão esquecida por muitos que se aproximam do Movimento Escoteiro.

                 Mas deixemos de lado as dúvidas. Feliz Natal... Mesmo você que me lê e não esta entre meus amigos das minhas páginas, a você que saiu dela por pedido de um que acha que não mereço crédito. O tempo vai passando, mais um Natal que passo por ele, não sei quantos ainda irei passar. “Chover no molhado” faz parte do que acredito. Não bato palmas para muitos dirigentes escoteiros emplumados. Desejo sim a eles um feliz natal e um ano novo cheio de paz e amor.

Sempre Alerta! Meu sincero e forte Abraço Fraterno. “Feliz Natal”


Nota - Perguntaram-me uma vez para que serve o escotismo. Pensei muito para responder: - Seria uma escola de formação de caráter? De fraternidade? De ter direitos de pensar e opinar? Ainda não esqueço as palavras de B.P: - É uma pena que um homem tenha que viver sessenta anos para adquirir alguma experiência de vida e a leve para o túmulo, cabendo aos que o seguem começar tudo de novo, cometendo os mesmos erros e enfrentando os mesmos problemas... Feliz Natal!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Conversa ao pé do fogo. Lei Escoteira: o exemplo do Chefe.


Conversa ao pé do fogo.
Lei Escoteira: o exemplo do Chefe.

Há algum tempo li uma nota sobre a Lei Escoteira na qual dizia que toda a Lei Escoteira poderia ser resumida no segundo artigo, pois quem é leal é cortês, é amigo, é verdadeiro, e assim seguia. Claro que alguns artigos poderiam ficar de fora, mas a essência é que a lealdade e a confiança lastreiam os valores que trabalhamos no Escotismo através da Promessa Escoteira e, por conseguinte, da Lei Escoteira a qual prometemos cumprir.

A primeira edição deste ano da British GQ publicou um artigo de Bear Grylls com o título “Porque você deve seguir a Lei Escoteira”, neste artigo ele discorre sobre o lema, e destaca dois artigos da Lei Escoteira, o primeiro, o Escoteiro tem uma só palavra e sua honra vale mais que a própria vida, que ele resume, como Escoteiro é confiável e o segundo, o Escoteiro é leal.

Segundo Grills o primeiro artigo da Lei Escoteira “é um dos pontos fundamentais do Movimento, e é fundamental para tantos dos elementos que valorizamos na vida: boas amizades, bons relacionamentos familiares e boas parcerias de negócios. Ser confiável significa não trapacear e manter sua palavra.” E continua: “As pessoas nos conhecem pelas palavras que falamos, pelas ações que tomamos e pelas atitudes pelas quais vivemos.”.

Depois Bear Grylls destaca o segundo artigo da Lei Escoteira, ele escreve “Algumas pessoas podem considerar a lealdade para ser uma qualidade antiquada, mas é mais relevante agora do que nunca neste mundo acelerado onde, se não gostamos de algo, estamos tentados a bani-lo e substituí-lo”. Não podemos aplicar essa atitude aos relacionamentos, porque os relacionamentos só prosperam quando mostramos lealdade uns aos outros.  É fácil ter amigos quando tudo está indo bem, mas estou ciente da máxima: "Um bom amigo entra quando o resto do mundo sai".

É interessante observar que Grills escreve que as pessoas nos conhecem pelas atitudes pelas quais vivemos. E isto nos remete àquilo que Baden-Powell escreveu no Guia do Chefe Escoteiro, “Não há educação que se compare ao exemplo”, esta frase é constantemente citada, porém quase nunca acompanhada do seu complemento, que diz “Se o próprio Chefe Escoteiro abertamente cumpre e executa a Lei Escoteira em todas as ações os jovens vão segui-lo”.

Entretanto às vezes parece que ao compromisso que os adultos escoteiros têm em relação à Lei Escoteira é apenas o de ensiná-lo aos jovens, como se eles próprio não tivessem prometido fazer o melhor possível para cumprir a Lei Escoteira.

Infelizmente hoje é cada vez mais usual no Escotismo a figura do adulto que quer ser o companheiro de jogos e baladas dos membros juvenis, principalmente nos ramos maiores, e não aquele irmão mais velho mencionado por B-P, que é o exemplo a seguir.

Como um chefe escoteiro pode falar de ter uma só palavra se ele mesmo não cumpre, não é confiável, pela manhã diz uma coisa a tarde diz outra e a noite já faz algo que contradiz tudo o que foi dito? Como um chefe pode falar de lealdade se por um projeto pessoal de poder, conspira, quebra a palavra, manipula, etc. para prejudicar pessoas que lhes são ligadas?

Baden-Powell era muito preocupado com o exemplo pessoal do chefe escoteiro, tanto que no Guia do Chefe Escoteiro repete por diversas vezes isto. Quando ele fala de religião ele diz que uma das maneiras de o Escotismo ajudar é pelo exemplo pessoal do Chefe Escoteiro, e ele enfatiza isto escrevendo que “Não dúvida nenhuma que aos olhos de um jovem, o que interessa é o que a pessoa faz e não o que a pessoa diz”.

Um chefe tem, portanto, pesando sobre os seus ombros, a grande responsabilidade de fazer as coisas corretas e por motivos corretos, deixando que os jovens observem seu procedimento, sem, contudo fazer alarde de sua conduta. “A atitude do irmão maior, aqui, cala melhor que a do professor”.

É triste ver que cada vez mais temos adultos que sabem discorrer sobre o programa educativo escoteiro, acompanham de perto todas as publicações sobre escotismo, porém são incapazes de fazer o melhor possível para cumprir a Lei Escoteira.

Do site Saber e Agir.


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Crônicas de um Velho Escoteiro. O bom e velho acampamento Escoteiro.



Crônicas de um Velho Escoteiro.
O bom e velho acampamento Escoteiro.

                 Nunca será substituído. Sempre lembrado e sempre marcado na vida de quem já participou. Ficaram semanas de espera do dia, o corre, corre das patrulhas a preparar seus materiais, revisar barracas, contar os espeques, o varão, dobrar com aquele carinho que aprendeu. E o Saco de Patrulha? – Intendente, tudo nos trinques? Tem facão? Machadinha? Lima morsa? Tem martelinho? Serrotinho? E as panelas brilhando como sempre? Não esqueça o coador de café, chega de coar nas meias! Rs. E assim tudo vai sendo preparado e empacotado.

              Não se esqueceram da ultima reunião de patrulha – O Monitor lembrou a cada um sua função no campo. – Patrulha! Ele disse, poderemos não ser o melhor, mas temos que mostrar que não somos os piores. Lembrem-se do nosso lema! Alguns eram Patas tenras, mas a maioria conhecedora e com bons mateiros. Gostavam do que faziam, adoravam o campo, e se chovesse melhor ainda.

                  E chega o dia, saída as oito, ônibus cheio, material colocado no bagageiro, um corre-corre divertido, todos com um sorriso diferente. Os mateiros se ajeitam, os novatos tentam entender aquela algazarra gostosa e organizada durante a viagem. As canções começam, um dos chefes está lá na frente sorrindo. Ele sabe do valor de um acampamento Escoteiro. Os monitores tiram uma pequena soneca. Sabem o que virá quando chegarem lá. Conhecem o local, pois foram antes com o Chefe. Boa aguada, bambus à vontade, uma pequena floresta a sudeste, algum gado solto no campo, uma bela lagoa que todos tomarão cuidado na hora do banho.

                 Cada monitor recebeu a cópia do programa, do cardápio, dos horários. A Corte de Honra discutiu há exaustão. Todos os monitores bons acampadores. A saída para um acampamento sempre é um espetáculo a parte. Mães, pais, avós, tias e vizinhos todos ali a olharem seu pequerrucho, sabem que vai ser o seu primeiro dia fora de casa, uma preocupação do que vai acontecer. Ele sozinho no mato? E as cobras? E se ele cair em um buraco? E se ele se afogar? E se cortar com o facão? Lista de remédios entregue. Pedidos, cuidado com ele Chefe! Mil coisas passam na mente destes super protetores. Esqueceram que um dia eles irão partir criar família ser o homem ou a mulher que esperavam ser. Não vale a pena?

                O Chefe sabia que esta era a norma. Todos devem aprender a lutar pela vida, ter seu lugar ao sol, tomar decisões. Chegou a hora que eles terão que decidir o que vão fazer e para onde ir. Tomadas de decisões, olhar seu próprio material, aprender a lavar, a cozinhar, a saber que ali eles não estão sós. São uma patrulha, quem sabe seis, sete oito jovens como ele a viver a vida de herói da selva. Um herói diferente, um herói que viveu na floresta, que sentiu na pele o vento da chuva, que sabe que não vai fraquejar.

                   E eis que chegam no local do acampamento. Pastos enormes, capins, arvores, sons de bichos, de pássaros, quem sabe o som do regato que corre para o mar. Hora de trabalho. Monitores escolhem seu campo. Carregam material, o sol a pino, alguns fraquejam, mas são soberbamente lembrados de suas responsabilidades pelos monitores. Todos sabem que a armação do campo não é fácil. Armar barracas, montar o fogão suspenso de barro, Toldos para defenderem da chuva. As pioneirías irão surgir quem sabe um Pórtico, e tudo que precisam para sobreviver no campo.

                  Três apitos, sinal de reunir. A bandeira já está preparada. A Patrulha de Serviço não perdeu tempo. Eles sabem o que fazer. São meninos bons mateiros Escoteiros. A bandeira sobe farfalhando no ar, o vento bate, ela reflete o orgulho dos que estão ali pelo seu país. Um jogo, tempo livre para um lanche, pois só haverá o jantar e uma bebida quente na hora de recolher. Poxa! Alguém come um biscoito. Não pode. O lema é um por todos e todos por um. O direito de um é de todos.

                 Vem à tarde, o cansaço começa a aparecer. Os chefes também montaram seu campo. Irão dar liberdade a cada Patrulha para ter sua casa, seu campo e viver entre amigos em equipe aprendendo a fazer fazendo. Os chefes irão ter sua cozinha, suas pioneirías e só irão aos campos se convidados ou em casos especiais. A noite chega fumaça no fogão, olhinhos fixo na frigideira que frita linguiças. Uma fome enorme! Ninguém tira os olhos, aguardam o cozinheiro chamar. Um bate o garfo ou colher no prato, na caneca, um barulho gostoso anunciando a fome que estão sentindo. Hora de encher o prato, pode ter ou não repeteco. Agradecem a Deus. Sentados nos bancos em volta da mesa contam piadas, sorriem e comem a vontade.

               A noite chega, as estrelas no céu brilham. Um jogo noturno, um medo enorme dos novatos, mas no final sorriso em profusões. Hora de dormir, depois da corte de honra um toque longo do Chifre do Kudu. É hora do silêncio no campo. Boa noite! Lá se foi o primeiro o segundo e o terceiro dia. Todos cansados, mas alegres. Cada patrulha fez tudo que podia no seu campo. Tem mesa, cadeiras, bancos, um cercado para lenha lonado, uma casa de bambu pequena para abrigar o material de sapa. Construíram um belo WC contra o vento bem lá atrás do acampamento! Fossas de líquido, de detritos fossas de todo jeito.

                Hoje tem Fogo de Conselho. A espera é longa, as patrulhas se preparam, cada uma vai se apresentar no palco das estrelas que irão assistir de camarote. Um cometa passa saudando a todos. Mais um fogo para lhes dar o calor e lembranças que ficarão gravadas na mente por toda a vida. Um final maravilhoso! Mãos entrelaçadas, olhos húmidos a cantar que não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus. Uma palma Escoteira, hora de dormir, monitores fazem sua última corte de honra e rememoram o que ali aconteceu. Todos sorriem, hora de dormir também.


                   A chegada, quase todos dormindo, cansados, mas a mente preparada para o próximo. Aprenderam a viver na selva, aprenderam a fazer fazendo, agora sabem que não são mais pata tenra, são Escoteiros e escoteiras aventureiros e mateiros prontos para a vida. A chegada, mães, pais, tios, primas, avós todos a esperar preocupados. Mal sabem eles que tem filhos e filhas agora preparados para tomar decisões. Nada como um bom acampamento escoteiro para sentir a mudança que irão ver em seus filhos. O acampamento vai deixar saudades, vai deixar marcas profundas, lembranças de um tempo que ficará na história no livro da vida de cada um!

Nota - Escotismo! Que poder você tem? O que faz para construir tantos sorrisos, valentes jovens a aprender o bem e o mal? Foi a Promessa que fez um dia? Foi o acampamento? E ele chega a casa, conta tudo, pais, mães, tias, avós primas, vizinhos em volta a ouvir. – Eu não tive medo! Eu enfrentei a escuridão, eu enfrentei a chuva, aprendi a amar meus irmãos e... Meus pais, acampar foi a maior aventura que um Escoteiro ou uma Escoteira pode viver!       

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro pateta! Se hay Gobierno soy contra! Se no hay tambien soy contra!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro pateta!
Se hay Gobierno soy contra! Se no hay tambien soy contra!

(“Soy contra” costuma ser associada ao anarquismo, uma filosofia que vê todas as formas de autoridade governamental como desnecessárias e... É uma utopia concretizável só no âmbito do grupo. Anarquismo e anarquia tem outro significado: - Falta de organização e/ou liderança, confusão, bagunça).

                Preciso me policiar. Tem hora que pareço radical e tem outras vezes que sou sensato demais. Pois é, nem tanto mar nem tanto terra. Quando publico um artigo que agrada há alguns, quase ninguém comenta. Se desagradar aos Politicamente Corretos lá vêm críticas, discordâncias e o escambal. Já disse que tenho “espírito de porco” sou um Robin Wood às avessas, e por isso mesmo me abstenho de defender ou participar do poder. Não entro e evito entrar na seara da politica brasileira, Não é meu metier. “Porca lá Miséria”! Afinal a vida passa, vou aprendendo na Escola da Vida e procuro ser aluno exemplar.

                Francamente? Não gosto de polemizações de poucos. Um punhado de dois ou três martelando suas premissas sempre querendo ser o último a dar seu testemunho para provar que estou certo ou errado. Uma vez pensei em convidar uma boa turma de Politicamente Corretos e aqueles que levaram no lombo as crises que passaram no escotismo de Baden-Powell. Sou macaco velho. Já fiz isto no passado diversas vezes. Choveram ameaças, advertências, intimidações e coisa e tal dos mais chegados ao poder. Eles não aceitam críticas. De jeito nenhum.

               Muitos acham que meus escritos atingem uma gama enorme de leitores. Engano. Muitas vezes sei que falo para uma minoria silenciosa e muitos deles nem entendem o que quero dizer. Outros têm outras prioridades e até mesmo aqueles que me escrevem contando seus percalços na sua lide escoteira nada dizem quando deveriam dizer. Mas e daí? Não vou jogar o Escoteirinho de Brejo Seco e nem mesmo seu Chefe Zé das Quantas na fogueira ou na toca do Chery Kaan.

                Eu já roí a corda do tempo, não tenho mais desejos de poder, de ser o que não sou. Mas apimento onde possa arder meus comentários sobre o escotismo atual. Doa a quem doer. Claro que um dia vou parar. Quando esticar as canelas ou quando sentir que os resultados aconteceram conforme pensou Baden-Powell quando criou o escotismo. Queira ou não os expertos e experientes lideres digo com algum diminuto conhecimento: Nossos resultados são pífios. “Sempre um ou outro tentando exaltar uma nova safra de dirigentes, mas repito: - Nada de novo no Front”!

               A celeuma aconteceu quando comentei sobre Condecorações. Uns diziam que não precisavam outros que elas tinham validade e os mais chegados ao poder diziam que não tem almoço grátis. Perguntem ao Chefe Zé das Quantas. Ele não conseguiu esta façanha. Nunca recebeu e nunca irá receber nada. Outro diz que é necessário, que as sedes próprias regionais devem existir. Esqueceu-se de dizer que se cobra para tudo. Nada de benevolência ou mesmo tentar empatar a despesa com a receita.

              E ficam eles martelando, tentando explicar. Moço! Vá explicar ao Zé das Quantas que nunca ganhou e nem chora por isso. Vá explicar ao Escoteirinho de Brejo Seco! Eles acampam com quaisquer dez tostões, ganham bambus que dizem custar os tubos, fazem amigos nas fazendas, nos sítios e tem mil lugares para acampar. Agora acampamento de rico é outra coisa. Tudo pago até as quentinhas são orientadas por uma nutricionista. Não tem mais Pioneiría a não ser para fazer aquele célebre banho no barro. Logo termos cursos escoteiros para nutrição escoteira e como se barrear sem fazer força.

            Pois é Fumanchu o cozinheiro de minha Patrulha em outras eras já era! Ufa! Acho que está na hora de meter a viola no saco e despachar minha mente para o Tibet. Lá tem Xangri-lá a cidade dos sonhos e da felicidade perfeita. E você meu caro leitor emérito defensor da elite escoteira, que só lê quando escrevo o que não gosta o que acha que estou errado desculpe. Afinal você participa de um grupo padrão, cheio de gente endinheirada, nasceu em berço de ouro, têm medalhas as pencas, (sei que merece) fez escotismo de automóvel não sabe como é não ter tutu nem para pagar o ônibus até a sede. Ou vai a pé ou de bicicleta. Mas e daí? Quem se importa? A EB a UEB e outras firulas de siglas que ainda vão inventar?


              – Cala-te boca! Em vez de fechar a matraca eu devia me penitenciar aos donos do poder e bater palminhas tirando do meu salário mínimo uns vinte paus para que eles enricassem mais! Como diziam ao Cesar o imperador de Roma? Levantando a mão direita e grita: Ave Cesar! Os que vão morrer te saúdam! Ban! Vai puxar o saco assim lá no “cacha prego”.       

nota -  Vendo alguns poucos se doendo nos meus escritos, principalmente sobre as Condecorações, pensei com meus botões o porquê eles não fazem o mesmo com meus contos. Caramba! Um punhado de um ou dois resolveram explicar o inexplicável. Chega de se doer pela pobre UEB e martelar que não tem almoço grátis. Mas que chatice! Será que isto vai mudar as concepções dos sem medalha? Dos sem dólar? Dos sem barracas e dos sem sede? Poxa vida. Acho que falo demais. Chega de me dar conselhos. Estou velho demais para isto. Quem sabe preciso me policiar, pois tem até um que disse o que eu não disse. Direito de resposta? Excelência! Pode me ceder a palavra?

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. O preço vale a comenda?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O preço vale a comenda?

                     Escrevi este artigo há tempos. Mudei de opinião? Não. Nestas minhas andanças Escoteiras nos últimos anos, dos quais 69 fazendo escotismo alegre e solto, de menino a homem feito, eu passei por tanto na vida que pensei que hoje nada me surpreenderia. De vez em quando me pergunto: - Que escotismo é este? Que escotismo estão fazendo diferente de tudo que vi? Chamam-me de velhote, embaçado, cria caso, o único que conhece a verdade. Mas que verdade? Não é que outro dia li por aí que um Chefe recebeu uma medalha e a conta? A conta? Medalha tem preço? Tem sim, se você quiser uma faça um processo e olhe veja se sua mensalidade anual da UEB está paga, se o SIGUE tem seus dados. Se for assim quem sabe pode ser agraciado, mas tem que pagar.

                   Pagar? “Tem sim” Era quarenta “pilas” dependendo da medalha. Barato não? Será que vem com o barrete? Deus do céu. Para que servem nossas lideranças? Que caixa é esse que não se pode presentear? Já não basta as mensalidades, as taxas de campo, de Assembleias, de Jamborees e tantas outras? Isto é premiação ou venda? Desculpe meu amigo, você que sempre me diz que não “existem almoço  grátis”. Mas olhe digo com conhecimento de causa, final da década de sessenta e início de setenta. Fui Comissário Regional em Minas Gerais. Nunca cobramos nada e nem a UEB. Como fazer? Nada como ter um bom profissional escoteiro para resolver.   

                        Tem lista de preços? Bons serviços 40 mangos, gratidão idem? E a cruz São Jorge setenta ou oitenta piulas? Nossa! Fico a pensar na medalha Tiradentes e no Tapir de Prata, quanto custarão? Nem quero pensar nas de prata e ouro. Haja tutu para pagar. Estou aqui na minha varanda meditando: - Ouro Preto, Sete de Setembro de um ano qualquer. Governo mineiro reunido entregando medalhas aos convivas: - Autoridades de todo país. Cada uma delas sorrindo ao receber sua condecoração brilhantemente entregue pelo Governador. Recebe sorri e lhe passam um recibo. – Excelência, pode pagar com cartão! Ou então no caixa do Palácio Tiradentes que o Aécio construiu. E vai cobrança para o Presidente Temer, O Lulinha do Sítio de Atibaia (ele tem amigos que pagam), o Juiz Moro, deputados e senadores da turma da lava jato. Eles sim têm muita grana e podem pagar. O Governador Pimentel grita! Se não pagarem meto todos vocês na Comissão de Ética! Será assim na Escoteiros do Brasil? Como o papagaio dizia? Ou paga ou desce? Risos.

                      Pois é, não existe elogio grátis, nem certificados nem um diplomazinho feito na gráfica da esquina. Nas fotos que raramente aparecem no Facebook, lá está o Chefe sorrindo. Deve ser porque não foi ele que pagou. E no último dia de Assembleias Regionais e Nacionais? Triscam no ar as medalhas. Quem recebe? Aqueles participantes do poder ou da corte, ou que tem a casta dos aquinhoados com a amizade dos grandões. Se o Grupo tem uma bela estrutura e a direção gosta do individuo Chefe, então é possível uma medalhinha. Uma simples, uma gratidão bronze porque ouro não dá, nem prata. Quem sabe se está ali há tempos pode sair uma de Bons Serviços. Esqueça uma Cruz São Jorge uma Tiradentes. Tapir de Prata? “Meu” tire o cavalo da chuva. Esta é para quem conseguiu ser um Quatro Tacos, e de bem com os donos do poder. Há de “Velho Lobo” só quem tá com um pé na cova!  

                     Dizem que os processos hoje para se candidatar a uma medalhinha e pagar por uma condecoração é mais fácil que no passado. Basta estar em dia com o SIGUE. Eita SIGUE danado! Aperta um botão e logo recebe uma de bronze. Esqueça-se da prata e de ouro. Esta nem pensar. Não é assim? Pode ser, mas se você meu amigo é daqueles que não se importa se é premiado ou não, se você é daqueles que vai todos os sábados conviver e ajudar aos escoteirinhos, os lobinhos os seniores e passar uma vassoura na sede do grupo, cuidado. Se não tiver “tutu” e souber manejar a máquina do SIGUE esqueça. E olhe se no Grupo o Chefão não for com sua cara, melhor é pular nas cataratas do Iguaçu.

                     Agora não faça como eu que não tenho registro. Seja registrado na EB. Pague seu rico dinheirinho anualmente para eles. Vá às Assembleias, tire o chapéu para os diretores, presidentes, faça uma mesura para seu Diretor de Curso, sorria para os quatro tacos, cuidado se encontrar um Seis Tacos. Existe ainda? Não, mas tem muitos formadores de olho se elas vierem a aparecer. Tem tempo que não vejo o balancete da UEB. Na ultima vez sobrava mais de um milhão de cruzeiros novos. Novos? Então agora é Real? Deus do céu, quanto vale o Chefe Escoteiro ou um de lobinho? Ele vale o que pode pagar ou o que vai realizar com a meninada?   

                     Dizem que hoje nada é de graça. Se paga para tudo. Para distintivos, para Lis de Ouro, Escoteiro da Pátria ou da Insígnia de BP. Você meu jovem ou minha jovem que recebeu agradeça ao caixa do seu grupo, ou ao bolso do seu Chefe, foi ele quem pagou. E o Lenço da IM? Cobrado também. Quando no passado recebi o meu ninguém me cobrou e nem o anel de Gilwell. É mesmo. Se você não é simpático com seus superiores escoteiros, se tem ideias avançadas, se não concorda com muitas coisas que acontece no seu grupo, distrito ou região, tire o cavalinho da chuva. Nunca vai receber nada! Pagando, fiado ou no cartão. “Necas de catibiriba”!   

                   Sinceramente eu não sei como é nos outros países. A UEB copia tanto que lá nas “estranjas” disseram que vender tudo é “bão” demais! Que sonho seria ver uma Liderança se preocupando, ajudando os mais humildes, valorizando seus chefes, perguntando, pedindo opinião, procurando aqueles que estão saindo para saber o porquê, trabalhando com bons profissionais para suprir as necessidades de manter a meninada e os chefes por anos e anos escoteirando.

                      Não existe orgulho maior, satisfação maior, alegria inusitada quando um Chefe recebe um elogio, um diploma ou uma condecoração. Ele merece, e é ele quem faz mover a roda do moinho do escotismo e não os donos do poder. Será que no alto de seu cargo eles também pagam e fazem seus processos para receber? Chego ao fim da minha vida assistindo a este espetáculo deprimente. Eles só pensam “naquilo”. Lucro e lucro! Sei que muitos já se acostumaram. Um grande pensador dizia que tudo faz parte do aprendizado. A gente vai vivendo e aceitando o que nunca deveria aceitar. Daqui a alguns anos tudo se tornará um hábito de comportamento. Pois é!  
  

    “Sem palavras sem nada para dizer depois de saber que você vai pagar a conta”

Nota - 

sábado, 2 de dezembro de 2017

O que eles disseram.


O que eles disseram.

                     Perguntaram numa ocasião a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem o ser humano, ele respondeu assim: "A Política sem Princípios, o Prazer sem Responsabilidade, a Riqueza sem Trabalho, a Sabedoria sem Caráter, os Negócios sem Moral, a Ciência sem Humanidade e a Oração sem Caridade. A vida tem ensinado a mim, que as pessoas são amáveis, se eu sou amável; que as pessoas estão tristes se estou triste; que todos me querem bem, se eu quero bem a eles; que todos são maus, se eu os odeio; que há rostos sorridentes, se eu sorrio para eles; que há rostos amargurados, se estou amargurado; que o mundo é feliz, se eu sou feliz; que as pessoas têm nojo, se eu sinto nojo; que as pessoas são gratas, se eu tenho gratidão. A vida é como um espelho: Se sorrio, o espelho me devolve o sorriso. A atitude que tomo na vida, é a mesma que a vida tomará ante mim”.

Mas eu gosto também desta de Baden-Powell sobre o Pássaro Azul. Vejamos o que ele escreveu: - Vocês já leram por acaso o “Pássaro Azul” de Materlick? “É a história de uma menina chamada Myltyl e de seu irmão Tytyltyl, que resolveram achar o Pássaro Azul da Felicidade”, e andaram por todo o país, procurando-o sem jamais encontrá-lo, até no final descobrirem que jamais houvera a necessidade de andar tanto. – Felicidade, o Pássaro Azul, estava lá, onde resolveram fazer bem aos outros, em seu próprio lar. Se você meditar no profundo significado dessa lenda e aplicá-la, ela o ajudará a encontrar a felicidade, bem perto, ao seu alcance, quando estiver imaginando que ela esteja lá na Lua.

Uma bela noite e um domingo fantástico. Abraços fraternos.