Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Conversa ao pé do fogo. Esta terrível EVASÃO escoteira existe?


Conversa ao pé do fogo.
Esta terrível EVASÃO escoteira existe?

             Um foguito pequeno, achas finas dando um calorzinho gostoso na fogueira daquele gostoso anoitecer. Uma brisa fresca e saudados pelos sons de um Sapo Cururu coaxando a procura da namorada. Uma chaleira de café, biscoitos e batatas doces assando na brasa e até mesmo um bule com água quente para os amantes de chimarrão. Conversas truncadas, conversas interessantes, causos, papos e prosas. Apenas uma Indaba de chefes acampados. Assunto? Temas Escoteiros. Cada um com sua experiência, sua vivencia e seus conhecimentos de quem vive o escotismo atual. – Alguém pergunta: - Porque não crescemos? Silêncio no pedaço. Chefe Um toma seu lugar e diz: - Dizem que a culpa é do Chefe! – Ninguém diz nada. Chefe Dois responde: - Quanto tempo dizem isto e ainda não consertaram? – Todos calados.

             Chefe Três com seu estilo Velho Lobo continua: - Será que temos mesmo uma grande evasão? Chefe Quatro sorri e emenda: - Não sei... Mas são poucos que ficam por mais de dois anos. – Todos calados. Parece que sabem os motivos, mas não tem autoridade para consertar. Autoridade? Quem tem? Um olha para o outro. Sem resposta, a resposta está na ponta da língua dos quatro chefes. Chefe Quatro retoma a palavra: - Porque nossa direção ainda não se preocupou com este entra e sai? Como dizem mesmo? Evasão, rotatividade ou em inglês turnover?

            Ele sabe o porquê e sabe também que a maioria dos chefes têm mil e uma explicações. Pois é, Turnover é um conceito utilizado na área de recursos humanos para designar a rotatividade de pessoal em uma organização, ou seja, as entradas e saídas por um período de tempo. Chefe Dois coça a cabeça e diz: - Seria este o motivo principal porque estagnamos neste efetivo como se fosse uma sanfona de cresce e decresce? Chefe Um fala baixinho: - Dizem que este ano iremos passar de 140.000! – Todos riem baixinho. – Chefe Dois continua: - Uma vez li que B.P acreditava que precisávamos de dez anos para dar toda a metodologia escoteira a um jovem.

              - Ninguém diz nada. Um dois três minutos. Chefe Um sorri e diz: - Gostaria de ver alguma sessão de lobo a sênior se algumas delas tiveram mais de setenta por cento do seu efetivo participando sem faltas! Chefe Um completa: - Se não levarmos a sério esta rotatividade dificilmente iremos alcançar os nossos objetivos na formação dos jovens. Chefe Três sério pergunta: - Quem realmente no Grupo Escoteiro se preocupa com a evasão? Qual Chefe procura saber o motivo da saída do jovem? Alguém vai a casa dele conversar?

              - Chefe Dois perguntou se o novo programa educativo era bem aceito pelos jovens. – Não seria este talvez a consequência da alta rotatividade escoteira? Afinal se o programa não agrada melhor ficar com meus amigos do bairro e jogar uma “pelada” não acham? Todos calados. “Chefe Um pergunta: - Estamos praticando mesmo o Sistema de Patrulhas”? Alguém conhece uma tropa que possui uma Patrulha de Monitores e uma Corte de Honra funcionando como nos manuais?

                Chefe dois diz: - Alguns distritos fazem o Curso de Monitores, mas o que adianta treinar os jovens se o Chefe não acompanha? Chefe Quatro levanta a mão interessado: - Melhor perguntar se existem ainda chefes que se preocupam com esta evasão! – Um silêncio total. Chefe Dois no alto de sua sabedoria diz devagar e compassadamente: - Se a culpa é sempre do Chefe porque não dar a ele as armas certas para que possa atuar melhor na sua tropa?

          - Chefe Um retoma a palavra: - Não vivemos pelo exemplo? Não fazemos o que aprendemos com os outros? Como pesquisar, como conversar e trocar ideias se nossa liderança não faz isto? Se até nos cursos dificilmente temos o direito de nos manifestar? – Chefe Quatro completa: - Tens razão. Não sei se as alterações dos manuais de cursos foram efetuadas após vários seminários da equipe de formação. Chefe um o mais novo diz algum que interessa a todos: Acho que estão se preocupando muito com as novas tecnologias eletrônicas e métodos modernos pensando que assim haverá maior interesse da participação do jovem.

          – Chefe Três calado há algum tempo diz: Acho que estão dando muitas Palestras, muito falatório, muita parolagem. E olhe já vi muitos que estão no lugar errado. Não sabem vender seu peixe e quando oferecem ele vem salgado demais. Acredito que o método de BP na arte de fazer fazendo está desaparecendo nas palestras de cursos. Silêncio total. Chefe Dois não mede a palavras: É, tem muito “Pafuncio” querendo ser formador e é uma negação em sua tropa! – Chefe Um se levantou, deu um toque na fogueira com uma varinha e a chama se elevou. – Chefe Três um emérito reclamante da liderança comentou: - Para os amigos tudo, para os inimigos os rigores da lei.

              Lei? Que Lei? A lei do escoteiro? - Disse o Chefe Dois. Pegou a chaleira de café que estava quente demais. – Acho que estamos avançando em uma questão que não podemos resolver. Chefe Quatro cantou uma canção que ninguém conhecia: - Põe tuas mágoas bem no fundo do bornal e sorri! – Chefe Um metido a poeta disse: - Dizem que novos ventos sopram na liderança, trocas de função, mais ética mais transparência. Sorrateiramente comeu um biscoito, bebeu uma golada do café quente e disse: - Sabe amigos, Abraham Lincoln disse que para saber o caráter de um homem – “Dê-lhe poder”!

              Nada mais disseram. Agasalhados em suas capas de fogo de conselho ali permaneceram por longo tempo imaginando como seria bom se ali estivessem boa parte dos nossos dirigentes para também darem suas opiniões e mostrarem que todas as alterações realizadas estão dando resultados. Impossível? Perguntem ao Marechal Bernard Montgomery. Foi ele quem disse aos seus soldados que o possível faremos agora e o impossível daqui a pouco! – Quem viver verá!



Nota: - Quatro chefes, um foguito, um vento frio vindo da lagoa próxima. Agasalhados em suas mantas de Fogo de Conselho conversavam. Sabiam que a floresta iria guardar todas as palavras para sí. Palavras ao vento, pois nenhuma autoridade escoteira iria dar explicações. A lagoa iria beber tudo que ali foi discutido. Suas palavras nunca seriam ouvidas e respondidas. – Conversar, trocar ideias aprender e ensinar pode? Ou é melhor calar?


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