Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sábado, 7 de outubro de 2017

Vado Escoteiro, está rindo de que?


Vado Escoteiro, está rindo de que?

                         Boa pergunta. Hoje é sábado dia de escoteirar e eu aqui sem ter aonde ir e nem poder caminhar. Uma chuvinha fina cai refrescando o ar. Pela manhã fiz uma reunião importante. Presente meu pulmão, minha perna e algumas partes que me pediram para não expô-las ao ridículo. Comecei me vangloriando do passado, pernas que percorriam quilômetros em cima de uma bicicleta, que andou por boa parte dos recantos do Brasil. Olhei para meu pulmão e disse para ele onde um dia me levou. Em ar rarefeito em minas e cavernas, em picos e montanhas e em tantos lugares e ele nunca me decepcionou. Com os demais falei o que não devia e por este motivo fica em “OF” atendendo ao pedido deles.

                          Eles ficaram calados. Sabiam que não tinham argumentos para retrucar. Não sabiam o que pedir, aonde ir e o que fazer. Lavrei ata dobrei a bandeira, arrumei meu lenço (detesto ele fora do lugar) e após um cafezinho e um biscoito de maisena liberei a todos para continuar a fazer o melhor possível. Sem perceber vi que o tempo estava partindo. Minha avó Rosilda por parte de pai gostava de um ditado popular. Sorria para mim sem dentadura (mas era linda sim senhor) e dizia: Vado, perguntaram pró tempo perguntando quanto tempo o tempo tem, e sabe o que ele respondeu? O tempo? O tempo tem tanto tempo quanto tempo tem. Meninote, onze anos, franzi a testa e não entendi nada. O tempo passou e hoje entendo agora muito bem.

                          Gosto de me considerar um matuto mineiro, do “inté”, do “nois faiz” do “Cotero” que até hoje não se acostumou com tantas coisas modernas. De novo repito que não sou letrado, viajado nas “estranjas” e nem “deploma” eu tenho. Aos sábados é sempre assim. Todos escoteirando e eu “coçando”. Isto me faz uma “baita farta”. O jeito é “escapilitar” e botar a mente para escoteirar. No faz de conta pego meus dedos que mesmo tremendo ainda obedecem e mando que eles teclem o que a mente mandar teclar. Às vezes saem coisas boas, outras não. Sei que gostaram quando comentam ou compartilham. Curtir é uma obrigação e agora apareceu os tais símbolos smiley, emoji, emoticons que são de matar!

                          Mas o que vou escrever agora? Perguntam meus dedos e minha mente. Sinceramente? Não sei. Lembrei quando no passado quando desciam a ripa na chulipa pelos meus erros de português de concordância e o escambal. Melhorei? “Necas de catibiriba”. Ficava tão triste que pensava em voltar a estudar na Escolinha do Bairro. Iam me aceitar? De raiva peguei meu bastão de um metro e sessenta, duas e meia polegada de circunferência, ponteira e aço e um belo totem da Patrulha Lobo e fui ao meu portão abri e fiquei ali em posição de sentido vez ou outra fazendo a saudação. Vado! A bandeira em saudação! A vizinhança sorria...

                         Cansei, sentei na minha cadeira de braços, fechei os olhos, ouvi baixinho os pingos da chuva que caia na telha e logo sorri. Lindos acampamentos de outrora, chuvinha fina, a gente sentado em volta do fogão, um cafezinho saindo, o som da mata com os respingos pequenos e insistentes e Monte Alto contando Histórias. Viajei no tempo. Olhos tristes ao lembrar, mas alegres por ter estado lá. Voltei à realidade deixei minha mente procurar no dicionário se existiam palavras que eu gostava de usar. Badenianos, Caqueanos, Matutagem, Escoteirar, ombrear, sebo nas canelas, mochila no costado, pé na taboa, apoquente a dor de dente, Trilha do Elefante, Mata do Tenente, escorregar na lagartixa e o melhor que mais gosto... Fraternos abraços!

                         Três horas. Quantos jogos já foram realizados? Quantos tombos no costado? Lembrei-me de um visitante que percorrendo as salas do Palácio de Buckingham encontrou uma preciosidade escrita na parede: “Senhor, ensina-me a ser obediente às regras do jogo... Ensina-me a não proferir nem receber elogio imerecido... Ensina-me Senhor a ganhar, se me for possível. Mas Senhor, se eu não merecer, acima de tudo, ensina-me a perder”! Demais não? Entro e vou para a sala. Assistir o que? A mente continuar a passear no passado. Gente fiz coisas demais!

                        Sem perceber lembro-me do poeta e o que ele escreveu bate fundo no meu coração nesta hora: - Lá onde mora o amor, não há dor, não há tristeza, lá tem cor, lá tem riqueza, lá tem bem, lá tem nobreza. Lá onde mora a amizade não há rancor, nem falsidade, lá tem respeito, lá tem verdade, lá tem afeto, lá tem cumplicidade. E fecho a crônica dizendo:


- “Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra. Minha história acabou um rato passou quem o pegar poderá dele aproveitar. E assim terminou a história”...

Nota de rodapé: - “Acorde! vá trabalhar ou escoteirar! você só tem um dia na vida, portanto aproveite cada minuto. Dormirá melhor quando chegar a hora de dormir, se tiver trabalhado ativamente durante o dia inteiro”. A felicidade será sua se você remar a sua canoa como deve. Desejo de todo o coração que tenha sucesso e na linguagem escoteira: “BOA REUNIÃO E BOM ACAMPAMENTO” – Baden-Powell.

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