Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Só os resultados interessam. BP.


Conversa ao pé do fogo.
Só os resultados interessam. BP.

         Não sou um expert em estatísticas, nem tampouco um especialista em pesquisas de mercado ou outrem. Meus conhecimentos foram adquiridos na Escola da Vida, portanto posso estar cometendo erros. Muitos de nós sempre nos orgulhamos dos nossos conhecimentos. Somos mestres em dizer que é desta maneira que se faz que os números são bons e que o escotismo caminha em passos firmes rumo ao Caminho do Sucesso. Pode ser, porque não? Na década de setenta estive com um Comissário Internacional, um profissional Escoteiro da Associação Interamericana de escotismo. Hoje acredito chamado de Comité ou Região Escoteira e que na época tinha outro nome. Este profissional foi designado para ajudar a expansão em nosso pais. Trouxe em sua bagagem centenas de dólares para nossa expansão (outra historia) Conversamos por vários meses e aprendi muito com ele. Mas lá se foram mais 40 anos. Muita coisa mudou depois disto.

        Uma das conversas foi sobre as mudanças que começaram a se concretizar no escotismo mundial. Um fato interessante foi que ele me disse que na BSA qualquer alteração no programa ou similar não se fazia da noite para o dia. Um profissional da área acompanhava uma sessão escoteira por vários anos para ver se os resultados eram melhores ou piores que os anteriores, pois somente como adulto podia se saber se deram certo. Isto ficou gravado em minha mente e por longos anos nunca fui a favor de mudanças bruscas que não acompanhadas de resultados. Nosso método não é de um dia, uma semana ou meses. Para se saber aonde chegamos com uma mudança demora-se anos. Muitas foram realizadas, mas que eu saiba nenhuma delas foi motivo de acompanhamento e discutido seus resultados. Vou me contentar em duas somente. As demais prefiro deixar par aqueles com maior conhecimento que o meu.

        - Em 1984/85 foi implantado o movimento feminino na UEB.  Sem aprofundar um estudo maior com a FBB para uma união de forças (eu participei de uma comissão com elas que foi extinta por falta de interesse de ambas as associações não estarem interessadas) da noite para o dia surgiu às primeiras experiências na UEB do elemento feminino. Algumas normas e objetivos. Poucos grupos foram autorizados, mas não se esperou os resultados. Em dois anos se liberou geral a todos os Grupos Escoteiros. Se pensar se foi correto em abrir para elas, o que foi acontecendo é que se multiplicou em grupos que ainda não estavam em condições de possuir sessões femininas nada se apurou. Adultos do sexo feminino não existiam em número satisfatório para a liderança e o que aconteceu é que as tropas masculinas absorveram as escoteiras o que mais tarde resultou no movimento misto. Houve estudo para isto? Houve acompanhamento dos resultados? Que eu saiba não. A interpretação ficou por conta de cada participante adulto que dentro do seu pequeno mundo Escoteiro definiu o que era bom e o ruim.

             Acredito que na época nosso efetivo era de aproximadamente 42.000 associados. Todos masculinos. Com o passar dos anos e hoje vou até 2012, nosso efetivo fechou em 76.000 e neste ano dizem que passaremos de 87.000 associados. (O relatório de 2013 da UEB diz que somos 83.000) Vejamos então os resultados. Foi ótimo a participação feminina, crescemos mais de 100% do efetivo da década de 80. Mas se analisarmos bem, o aumento foi feminino e não masculino. Este encolheu se levarmos em conta a população na época e hoje. Só para se ter uma ideia possuíamos 0,03% (32.000 associados contra 119 milhões da população.) comparativamente o efetivo escoteiro com o populacional. Hoje caímos para menos de 0,02% (83.000 associados contra 200 milhões da população), portanto nosso crescimento se compararmos a nossa população não crescemos. Até hoje nunca se fez uma pesquisa séria sobre a evasão, principalmente do elemento masculino. Neste relatório/2013 da UEB nota-se uma pequena debandada de adultos do ano passado para este ano em alguns estados brasileiros. Porque isto acontece? Todos são unânimes em defenderem suas posições, mas presos ao seu universo escoteiro.

            Se as sessões mistas foram satisfatórias em termos nacionais não se sabe ao certo. Defender a unidade escoteira não é defender todas as unidades de norte a sul. Não houve nenhuma pesquisa e nem se fala da evasão. Ela até hoje é uma incógnita. Quem fica mais tempo, a menina ou o menino? Os meninos e as meninas deram suas opiniões quando saíram o porquê saíram? Se continuar no ritmo que a UEB mantem de crescimento, pelo que se vê nos últimos anos o elemento feminino será superior ao masculino. Nada contra, mas a ideia era manter equilibrado pelo menos os dois efetivos. Não adianta um crescimento como o atual se a evasão continua. Dizer que as sessões mistas são as únicas responsáveis seria leviano. Existem outros motivos, mas que nunca foram suficientemente estudados. Dados de um Grupo ou um Distrito ou mesmo uma região não servem de parâmetro. Que o elemento feminino hoje se transforma em relação ao masculino é uma realidade. As moças se sobressaem mais e não duvido que em breve estarão em igualdade nas esferas superiores.


      Acho que seria importante uma pesquisa em âmbito nacional. Levar a todos os responsáveis a preocupação em saber que manter uma unidade escoteira em mutação de jovens constante nunca iremos alcançar os resultados esperados. Se o movimento misto tem seu valor seria bom que se soubesse dos resultados. Resultados em longo prazo. Temos vários caminhos para verificar. Ficar sentado à beira do caminho acreditando que a estrada tem sinalização e não vai haver nenhum acidente não é bom para o nosso crescimento. O que fazer como fazer não é aqui sujeito a discussão. Aqui somente um alerta e como dizia nosso mestre Baden-Powell precisamos olhar além dos nossos narizes, pois só assim poderemos alargar nossos horizonte. Bem vindo às moças. Elas já deveriam estar conosco desde os primórdios do escotismo. 


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