Conversa ao
pé do fogo.
Só os
resultados interessam. BP.
Não sou um expert em estatísticas, nem
tampouco um especialista em pesquisas de mercado ou outrem. Meus conhecimentos
foram adquiridos na Escola da Vida, portanto posso estar cometendo erros.
Muitos de nós sempre nos orgulhamos dos nossos conhecimentos. Somos mestres em
dizer que é desta maneira que se faz que os números são bons e que o escotismo
caminha em passos firmes rumo ao Caminho do Sucesso. Pode ser, porque não? Na
década de setenta estive com um Comissário Internacional, um profissional
Escoteiro da Associação Interamericana de escotismo. Hoje acredito chamado de
Comité ou Região Escoteira e que na época tinha outro nome. Este profissional
foi designado para ajudar a expansão em nosso pais. Trouxe em sua bagagem
centenas de dólares para nossa expansão (outra historia) Conversamos por vários
meses e aprendi muito com ele. Mas lá se foram mais 40 anos. Muita coisa mudou
depois disto.
Uma das conversas foi sobre as mudanças
que começaram a se concretizar no escotismo mundial. Um fato interessante foi
que ele me disse que na BSA qualquer alteração no programa ou similar não se
fazia da noite para o dia. Um profissional da área acompanhava uma sessão
escoteira por vários anos para ver se os resultados eram melhores ou piores que
os anteriores, pois somente como adulto podia se saber se deram certo. Isto
ficou gravado em minha mente e por longos anos nunca fui a favor de mudanças
bruscas que não acompanhadas de resultados. Nosso método não é de um dia, uma
semana ou meses. Para se saber aonde chegamos com uma mudança demora-se anos.
Muitas foram realizadas, mas que eu saiba nenhuma delas foi motivo de
acompanhamento e discutido seus resultados. Vou me contentar em duas somente.
As demais prefiro deixar par aqueles com maior conhecimento que o meu.
- Em 1984/85 foi implantado o movimento
feminino na UEB. Sem aprofundar um
estudo maior com a FBB para uma união de forças (eu participei de uma comissão
com elas que foi extinta por falta de interesse de ambas as associações não
estarem interessadas) da noite para o dia surgiu às primeiras experiências na
UEB do elemento feminino. Algumas normas e objetivos. Poucos grupos foram
autorizados, mas não se esperou os resultados. Em dois anos se liberou geral a
todos os Grupos Escoteiros. Se pensar se foi correto em abrir para elas, o que
foi acontecendo é que se multiplicou em grupos que ainda não estavam em
condições de possuir sessões femininas nada se apurou. Adultos do sexo feminino
não existiam em número satisfatório para a liderança e o que aconteceu é que as
tropas masculinas absorveram as escoteiras o que mais tarde resultou no
movimento misto. Houve estudo para isto? Houve acompanhamento dos resultados?
Que eu saiba não. A interpretação ficou por conta de cada participante adulto
que dentro do seu pequeno mundo Escoteiro definiu o que era bom e o ruim.
Acredito que na época nosso
efetivo era de aproximadamente 42.000 associados. Todos masculinos. Com o
passar dos anos e hoje vou até 2012, nosso efetivo fechou em 76.000 e neste ano
dizem que passaremos de 87.000 associados. (O relatório de 2013 da UEB diz que
somos 83.000) Vejamos então os resultados. Foi ótimo a participação feminina,
crescemos mais de 100% do efetivo da década de 80. Mas se analisarmos bem, o
aumento foi feminino e não masculino. Este encolheu se levarmos em conta a
população na época e hoje. Só para se ter uma ideia possuíamos 0,03% (32.000
associados contra 119 milhões da população.) comparativamente o efetivo
escoteiro com o populacional. Hoje caímos para menos de 0,02% (83.000
associados contra 200 milhões da população), portanto nosso crescimento se
compararmos a nossa população não crescemos. Até hoje nunca se fez uma pesquisa
séria sobre a evasão, principalmente do elemento masculino. Neste relatório/2013
da UEB nota-se uma pequena debandada de adultos do ano passado para este ano em
alguns estados brasileiros. Porque isto acontece? Todos são unânimes em
defenderem suas posições, mas presos ao seu universo escoteiro.
Se as sessões mistas foram satisfatórias
em termos nacionais não se sabe ao certo. Defender a unidade escoteira não é
defender todas as unidades de norte a sul. Não houve nenhuma pesquisa e nem se
fala da evasão. Ela até hoje é uma incógnita. Quem fica mais tempo, a menina ou
o menino? Os meninos e as meninas deram suas opiniões quando saíram o porquê
saíram? Se continuar no ritmo que a UEB mantem de crescimento, pelo que se vê
nos últimos anos o elemento feminino será superior ao masculino. Nada contra,
mas a ideia era manter equilibrado pelo menos os dois efetivos. Não adianta um
crescimento como o atual se a evasão continua. Dizer que as sessões mistas são
as únicas responsáveis seria leviano. Existem outros motivos, mas que nunca
foram suficientemente estudados. Dados de um Grupo ou um Distrito ou mesmo uma
região não servem de parâmetro. Que o elemento feminino hoje se transforma em
relação ao masculino é uma realidade. As moças se sobressaem mais e não duvido
que em breve estarão em igualdade nas esferas superiores.
Acho que seria importante uma pesquisa em
âmbito nacional. Levar a todos os responsáveis a preocupação em saber que
manter uma unidade escoteira em mutação de jovens constante nunca iremos
alcançar os resultados esperados. Se o movimento misto tem seu valor seria bom
que se soubesse dos resultados. Resultados em longo prazo. Temos vários
caminhos para verificar. Ficar sentado à beira do caminho acreditando que a
estrada tem sinalização e não vai haver nenhum acidente não é bom para o nosso
crescimento. O que fazer como fazer não é aqui sujeito a discussão. Aqui
somente um alerta e como dizia nosso mestre Baden-Powell precisamos olhar além
dos nossos narizes, pois só assim poderemos alargar nossos horizonte. Bem vindo
às moças. Elas já deveriam estar conosco desde os primórdios do escotismo.
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