Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Projetos de pioneirias.


Conversa ao pé do fogo.
Projetos de pioneirias.

Eu estou sempre fazendo aquilo que não sou capaz, numa tentativa de aprender como fazê-lo.

     - Você pode ver em ambos os casos que o crescimento nunca vai se igualar, mas a verdade é que a sua maneira, cada uma dessas patrulhas estão alcançando o objetivo. - Disse o Chefe. A diferença estava à vista. Logo ao chegar ao acampamento de fim de semana, uma Patrulha nova, recém-formada, tentava fazer o melhor possível para sua instalação do campo. Às outras três, bem mais experientes, estavam bem à frente, com quase todos os acessórios necessários prontos. Era um acampamento de dois dias. Chegaram sábado pela manhã, e iriam retornar no domingo à tarde. No entanto, a instalação padrão sempre foi exigida. O motivo era simples: - Precisavam aprender que o campo de Patrulha seria uma extensão de suas casas e o mínimo de conforto deveria ser conseguido. Não se pretendia formar técnicos em construções e projetos, mas cada um deveria ter a mínima noção de que sua parte era importante nesta montagem de campo. Era assim o Sistema de Patrulha e assim se trabalha em equipe.

     Nada ali era improvisado. Às patrulhas em reuniões anteriores, tinham decidido o que fazer e como fazer.  Muitos dos escoteiros já conheciam bem o “Projeto de Pioneiras”, que o chefe sempre falava. “Os projetos” tanto poderiam ser de uma pequena ou uma grande pioneiría. Devia ser levados em consideração a duração do acampamento, o material que estaria disponível no campo e o programa. Tudo era muito simples, dizia o Chefe: - Nada de burocracia.  A experiência com o tempo facilitava muito mais a montagem de campo já que os projetos em sua maioria estavam prontos no arquivo da Patrulha. A liberdade para criar e modificar era ampla e irrestrita. Havia o básico para um acampamento de uma noite ou de mais, dependo do planejamento anual.

     - É possível que você tenha razão, - falou o Velho Escoteiro - Hoje já não é possível encontrar facilidades de locais para acampamentos e principalmente em florestas com alguns tipos de madeira para serem usadas. Mas vamos olhar para o outro lado da questão. Não pretendemos que o jovem se adestre para se preparar de uma eventual possibilidade de no futuro usar tais conhecimentos. (apesar de saber que é um excelente meio para descobrir seu potencial profissional!) A possibilidade de se perderem numa floresta é mínima. - A técnica de pioneirias tem a finalidade de preparar seu espírito para a vida de adulto - continuou -. Saber que às dificuldades serão vencidas, e que em qualquer ramo de atividade é necessário estar bem preparado e só assim poderá vencer na luta pela sobrevivência profissional. A inventividade faz parte do homem, mas a maturidade traz o sucesso.

     - Também não vejo tanta dificuldade em conseguir um local para pelo menos duas vezes ao ano, poder utilizar a técnica de pioneirias. Existem tantas fazendas e grandes sítios, onde algumas árvores são consideradas como “praga” que pôr mais que se corte mais ela se multiplica. Um exemplo é o “Assapeixe“, sem nenhuma utilidade e qualquer proprietário (desde que seja amigo dos escoteiros - emendou -) ficaria satisfeito pela poda ou corte e não irá ser prejudicado e nem iríamos agredir o meio ambiente. Também se podem usar outros tipos de madeira, tipo eucaliptos, bambus etc. que são plantados com a finalidade de uso diversos, principalmente na construção civil. O que não se pode, é tentar formar e adestrar técnicas de campo, usando um fogareiro a gás, pois isto não traz nenhum beneficio a não ser a técnica de cozinha, e que claro também faz parte do adestramento.

    Infelizmente, alguns de nossos Escotistas devido não estarem preparados já que não vivenciaram tais técnicas, procuram de todas às formas motivos diversos para fazerem Camping e não acampamentos. - Posso afirmar que é possível manter um padrão técnico de pioneirias em qualquer parte do mundo. E afinal é o sonho de qualquer jovem é saber que vai participar de um acampamento com padrões escoteiros, dormindo sob barracas, fazendo sua própria comida, construindo sua cama sua cadeira, sua mesa e até sua torre de observação. - O importante é o trabalho em equipe. A Patrulha é a base para que esta técnica seja primordial no seu crescimento. Os Escotistas não podem de maneira nenhuma tentar modificar as estruturas e métodos somente porque acham que não é possível ou pode ser substituído.

     - Vou ser sincero, o que cortamos de madeira em um acampamento, claro, desde que o Projeto foi bem feito é o mínimo e não prejudica de forma alguma o meio ambiente. Quando você corta uma arvore, em alguns casos elas produzem diversas mudas que pela simples razão da natureza se multiplicam. E se você ensina aos jovens como devem plantar mudas, você está retribuindo em dobro o que cortou. - Devemos também ensinar aos rapazes e moças que a proteção e o respeito à natureza faz parte da formação e do “Espírito Escoteiro”. E finalmente, a melhor a mais bonita, a mais importante pioneira é a que o escoteiro fez, e não você!

Tive que concordar com o “Velho” Escoteiro. Escotismo é campismo na sua forma primitiva. Mudar isto seria mudar o sistema e a sua maneira de ser. Nós e amarras são técnicas escoteiras com finalidades objetivas. Se for para fazer Camping, um ou dois nós bastam para armar a barraca. O “Velho” pigarreou algumas vezes, foi conversar com a Vovó e esqueceu que eu estava na sala. Nada mudou no país de “Abrantes”. Eu estava acostumado.

     Mas valeu mais uma noite e a conversa com o “Velho”.  Meu Adestramento estava sempre aprimorando, principalmente agora que bolei uma nova mesa de patrulha com apenas quatro pedaços de madeira de 2 metros!

É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.

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