Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A perseverança – Onde anda ela nos Escoteiros?


Conversa ao pé do fogo.
A perseverança – Onde anda ela nos Escoteiros?

“Nada no mundo se compara à persistência. Nem o talento; não há nada mais comum do que homens malsucedidos e com talento. Nem a genialidade; a existência de gênios não recompensados é quase um provérbio. Nem a educação; o mundo está cheio de negligenciados educados. A persistência e determinação são, por si sós, onipotentes. O slogan "não desista" já salvou e sempre salvará os problemas da raça humana.”

              Hoje levantei com pensamentos abstratos, tristes, tentei usar meus truques para sorrir. Mudei o fundo musical e não adiantou. Pensei comigo se havia alguma razão para isto. Afinal sou um homem que tem outros ideais e na maioria das vezes sou persistente. Persistente? Pensei com meus botões, quão difícil é ser persistente. Rebusquei no passado até o presente onde eles estão. Eles? Isto mesmo, sempre o escotismo em primeiro lugar. Eles são aqueles que se foram e sempre me pergunto quantos irão ainda? Porque e qual o motivo eles se foram? Os jovens Escoteiros, os valentes e durões seniores, os pioneiros que tentaram explorar as adversidades da vida, os chefes que sorriram nas suas lides Escoteiras, mas que um dia partiram para o ostracismo. Foram tantos e tantos! Quantos cursos eu dei para esta plêiade de chefes? Mil? Dois ou cinco mil? Quantos eu apertei a mão e quantos estão hoje na labuta Escoteira?

             Dou uma busca na floresta encantada do Facebook. Eles diziam que amavam o escotismo, o escotismo estava no sangue e tantas cositas mais. Quantos estiveram comigo desde que aqui comecei? Onde estão? Quando penso muito me lembro do poema de Ana Jácomo que dizia: Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado, me arrumo como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.
Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.
Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar”. E eu estarei lá na beira da praia de novo”.

               Gosto deste poema, me lembra do Antonio, o Pedro, O Jacob, o Jessé e o Marcos, do Neném, do Luiz, do Geraldo, Do Romildo, do Aranha, da Martinha, da Neusa, poxa vida, quantos foram? E olhe nunca esqueci o João e a Lourdinha. Nomes que fincaram pé no meu coração e hoje não sei onde estão. Lembro-me dos seus sorrisos nas tropas Escoteiras e nas alcateias da vida. Como se fosse hoje os vejo de bandeira solta ao vento subindo montanhas em busca das aventuras sem fim. Desistiram? Cansaram? Será que a perseverança não os atingiram fundo no antes e no depois da lua cheia? Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem. Poetas. Ah! Poetas. Sempre a dizer que a persistência é o caminho do êxito. Mas porque se foram? Todos nós sabemos que o sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Não dizem que chama perseverança quando é por uma boa causa e obstinação quando é por uma coisa ruim?

           Dizer que nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas em levantarmos sempre depois de cada queda todos dizem. Mas isto é fato? Quão difícil é perseverar, insistir, permanecer e persistir nas sendas Escoteiras. Se voltar meus olhos ao passado e vejo quanto jovens se foram me entristeço. Posso culpá-los? Os motivos que os levaram a outros caminhos não tem significado para mim? Quem sabe eles tem a razão que eu desconheço. Dez anos, quinze, vinte e quarenta. E depois quantos continuam? Uns minguados como eu? Eu sei que dizem que boas atividades grandes jornadas e belos acampamentos amarram nossa vida a esta bela coisa que se chama escotismo. Mas quantos dizem isto e quantos conseguem fazer por anos a fio? – Não é fácil. É difícil mesmo que “mormente” façamos cursos e cursos, que aumentemos nossa biblioteca Escoteira, que nossos amigos fiquem do nosso lado nos incentivando.

            Não é fácil. Os jovens se vão com muita facilidade, os chefes os seguem com o passar dos anos. E porque não cantar e dizer que voltar a Gilwell de novo não seria uma motivação? Mas onde está Gilwell? De novo outro curso, ficar ouvindo alguém ensinar que nosso caminho nos leva ao sucesso. Mas quantas vezes ouvimos isto? Chega a hora de partir e não tem volta. Porque eu fiquei? Porque mesmo Velho e cansado sem poder me alimentar do ar das montanhas do aroma da terra molhada eu ainda continuo? Eu sei que canto a canção de Gilwell sempre: - Em meus sonhos, volto sempre a Gilwell. Onde alegre e feliz eu acampei Vejo os fins de semana com meus velhos amigos, e o campo em que eu treinei. É mais verde a grama lá em Gilwell, onde o ar do Escotismo eu respirei. E sonhando assim vejo B-P que sempre viverá ali.

                É acho que precisamos levar nossos amigos chefes Escoteiros a Gilwell. Uma boa dose de ar puro, só eles os chefes, sorrindo em suas patrulhas, cozinhando, construindo belas pioneiras, fazendo desafio às outras patrulhas de chefes, sem ter chefões por perto a fazer discursos, a jogar quando quiserem, a formar se acharem que devem, sem apitos loucos zunindo nos ouvidos da natureza. Sentir na pele o som maravilhoso dos pássaros, sem ter de dizer se podem colocar os pés na água fria do riacho. Olhar para o céu e tentar entender as nuvens brancas que se espalham, a sentir o vento no rosto, e quando a noite chegar, quando a fumaça da lenha do fogão dizer que a boia esta pronta, sorrir entre si e contar belos causos. Causos que se estenderam pela noite no Fogo de Conselho, na conversa ao pé do fogo, sentir a noite cantar e olhar um céu estrelado para poder melhor compreender a bela natureza ao seu redor.

              Se nos meus sonhos eu volto sempre a Gilwell, se eu era um bom lobo e não estou mais lobeando, preciso urgente de voltar a Gilwell. E aí quem sabe, eu e meus amigos motivados iremos continuar com os pés no chão, junto a esta escoteirada que dependem muito da gente. Mas penso com meus botões, existem ainda estes acampamentos? Podemos voltar a Giwell para viver o escotismo que sonhamos?


É mais verde a grama lá em Gilwell

Onde o ar do Escotismo eu respirei
E sonhando assim vejo B-P
Que sempre viverá ali.

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