Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 28 de julho de 2015

O valor de Um curso Escoteiro.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O valor de Um curso Escoteiro.

“Volta a Gilwell, terra boa”
“Um curso assim que eu possa eu vou tomar”!

                            Se existe uma formação sadia para chefes escoteiros, os cursos escoteiros não faltam. São centenas deles aplicados por mês em todo território nacional. Eles hoje atingem as áreas mais carentes e seus currículos não deixam a desejar. Não tenho dados concretos mas acredito que mais de 2.000 (por baixo) alunos participam destes cursos por ano nos diversos estados da federação. Hoje temos uma preocupação constante na formação dos chefes e toda Região Escoteira e até mesmo os distritos já possuem a sua equipe de cursos. Material humano para elas não faltam. Aí eu me pergunto, se nos últimos trinta anos nós tivemos cursos e mais cursos aplicados, se por eles passaram por baixo aproximadamente mais de 50.000 chefes (numero considerável não?) onde eles estão? Você que está lendo esta crônica deve ter feito pelo menos um ou mais cursos e sabe perfeitamente como é a euforia de fim de cursos. Uma alegria geral, promessas de mudar tudo, fazer uma descoberta de novo mundo Escoteiro e quem sabe imitar Cabral quando descobriu o Brasil.

                          Se testemunho valer eu mesmo tive a honra de dar mais de duas centenas de cursos na minha vida escoteira. Tranquilamente passaram por eles mais de dois mil chefes. Aí eu me pergunto onde estão estes chefes? Porque saíram? Afinal nenhum bom formador ou dirigente, deixa de comentar que nosso baixo crescimento é por não ter chefes bem formados, conhecedores do escotismo para que os jovens motivados permaneçam por muitos anos. Ora fico pensando com tantos cursos, com tanta evolução de técnicas de aplicação, currículos modificados, qualificação dos formadores sempre realizados continuo me perguntando: - Porque estes chefes saíram? Sei que a maioria dos dirigentes tem a resposta valendo sua experiência pessoal. Entretanto suas respostas para mim não explicam. Outro dia alguém me falou que a UEB estava com um questionário no SIGUE, querendo saber qual o motivo da falta de registro ou o abandono das fileiras Escoteiras.

                             O questionário foi feito amadoristicamente. Nada de um técnico que entende do assunto. E o pior no SIGUE. Por quê? Porque se o Chefe não se registrou ou saiu do movimento ele vai entrar no SIGUE para saber da pesquisa? Este questionário por mais amador que tenha sido se tivesse sido enviado via e-mail para todos que saíram pelo menos os resultados poderiam ser melhores. Insisto sempre que não temos uma politica correta para obter estatísticas e com elas podermos estudar melhor não só a evasão como a preparação e formação do Chefe Escoteiro. É um número altíssimo que abandonou o escotismo nos últimos quarenta anos. O que é simples para mim talvez não seja para os responsáveis do escotismo nacional. Ainda funcionamos amadoristicamente em todas as áreas que demandam um crescimento satisfatório. O Plano de Metas da UEB sempre feito por um ou dois, com dados inconclusivos para se atingir o objetivo proposto. Estes planos vêm a cada ano sendo comentados mas nunca debatidos com a maioria dos chefes na ativa. E seus resultados?

                          Se a UEB tem o endereço de pelo menos oitenta por cento dos chefes que abandonaram as fileiras Escoteiras é meio caminho andado. Mas quem se habilita? Será que é receio de ouvir o que não desejam ouvir? Dizer que os motivos são conhecidos é ilógico (viva o Dr. Spock). Entregar a meia dúzia para discutir dá no que deu. Sempre aqueles que tem uma fleuma escoteira e se julga possuído com os dons para planejar e melhorar. Veja bem, temos uma canção muito bonita que todos aqueles que atingem o nível avançado da Insígnia de Madeira cantam principalmente nos encontros de Gilwell. – “Volta a Gilwell”! Um curso assim que possa vou tomar! Onde existem tais cursos? Pense em você, seja sincero, mesmo com uma reunião por semana, alguns acampamentos, alguns encontros distritais não tem dia que você está cansado, aborrecido, sem ideias, vontade de correr para os montes e se esconder em uma caverna? Chega o sábado, milhares de problemas para resolver e cadê o programa de reunião? Quantas vezes deu vontade de desistir? Bem sabemos que você não desistiu mas tivemos milhares que preferiram sair.

                         Sem querer desmerecer os tais Encontros de Gilwell, que só acontecem em ocasiões especiais do jeito que são eu os considero um saco! Risos. Para mim é claro. Um Velho lobo qualquer conta uma historia de Gilwell ou de BP, o dirigente máximo vai lá usar da palavra e todos vão cantar a canção de Gilwell lembrando que ou era um bom lobo, ou um bom vermelho. Bem isto até que é gostoso, lembrar sempre é bom. Mas pensando bem se aproveitassem para fazer ali pequenos seminários em grupo, discutindo os seus problemas, do que poderia ser feito para motivar quem sabe os resultados seriam melhores. Afinal todos ali em princípio tem experiência. Mas não, voltar a Gilwell é uma utopia. Se quiser aprimorar seus conhecimentos passe a visitar Grupos Escoteiros com chefes bem formados, conhecedores (nem tanto, nem tanto!) para melhorar seu cabedal Escoteiro. E leia! Tenha uma boa biblioteca mas lembre-se não há como voltar a Gilwell para fazer um curso de motivação.

                        Tem alguma errada no reino da UEB. Os chefes estão partindo, nem querem saber de voltar a não ser um ou outro que sentiu saudades. Nosso rumo não é dos melhores. Não estarei por aqui nos próximos vinte anos para mostrar que o caminho percorrido não foi válido. A empolgação de alguns dirigentes sempre com novos planos deveriam ser feitos em grande escala de consultas e sugestões. Os cursos são ótimos, valem a pena mas os resultados não foram alcançados. Justificar que a culpa é do Chefe é demais. A culpa são dos dirigentes que ainda não abriram um leque para saber quais as causas e os efeitos do abandono do escotismo por tantos chefes e jovens. Se você comenta que o programa Escoteiro deixa a desejar, não está motivando, se você comenta que falta mais apoio aos chefes, se você comenta que os Grupos Escoteiros salvo exceções não tem um acompanhamento adequado, vais receber muitas respostas. Mas e os resultados?


                        Ainda temos aquela fleuma de dirigentes que esqueceram que devemos ouvir o jovem e não falar por ele, que sem apoiar e confiar no Chefe Escoteiro sem ficar a exigir folhas corridas; dados com firma reconhecida e facilitar sua vida para que ele possa trabalhar seu escotismo com alegria e motivação; então ele vai continuar. Ninguém tira a validade dos cursos. Mas a objetividade deve ser melhor vista. Não é possível trabalhar onde não existem reconhecimento pela sociedade, onde poucos conhecem o valor do escotismo. Somente um trabalho serio com a participação ode todos e simultaneamente um marketing agressivo poderia significar sucesso. Repetir que a transparência, pesquisas, consultas discussões honestas nunca iremos alcançar o Caminho para o sucesso. Ainda bem que temos muitos que acreditam que somos um movimento que mora no coração e temos um amor enorme por ele.

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