Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 28 de julho de 2015

O valor de Um curso Escoteiro.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O valor de Um curso Escoteiro.

“Volta a Gilwell, terra boa”
“Um curso assim que eu possa eu vou tomar”!

                            Se existe uma formação sadia para chefes escoteiros, os cursos escoteiros não faltam. São centenas deles aplicados por mês em todo território nacional. Eles hoje atingem as áreas mais carentes e seus currículos não deixam a desejar. Não tenho dados concretos mas acredito que mais de 2.000 (por baixo) alunos participam destes cursos por ano nos diversos estados da federação. Hoje temos uma preocupação constante na formação dos chefes e toda Região Escoteira e até mesmo os distritos já possuem a sua equipe de cursos. Material humano para elas não faltam. Aí eu me pergunto, se nos últimos trinta anos nós tivemos cursos e mais cursos aplicados, se por eles passaram por baixo aproximadamente mais de 50.000 chefes (numero considerável não?) onde eles estão? Você que está lendo esta crônica deve ter feito pelo menos um ou mais cursos e sabe perfeitamente como é a euforia de fim de cursos. Uma alegria geral, promessas de mudar tudo, fazer uma descoberta de novo mundo Escoteiro e quem sabe imitar Cabral quando descobriu o Brasil.

                          Se testemunho valer eu mesmo tive a honra de dar mais de duas centenas de cursos na minha vida escoteira. Tranquilamente passaram por eles mais de dois mil chefes. Aí eu me pergunto onde estão estes chefes? Porque saíram? Afinal nenhum bom formador ou dirigente, deixa de comentar que nosso baixo crescimento é por não ter chefes bem formados, conhecedores do escotismo para que os jovens motivados permaneçam por muitos anos. Ora fico pensando com tantos cursos, com tanta evolução de técnicas de aplicação, currículos modificados, qualificação dos formadores sempre realizados continuo me perguntando: - Porque estes chefes saíram? Sei que a maioria dos dirigentes tem a resposta valendo sua experiência pessoal. Entretanto suas respostas para mim não explicam. Outro dia alguém me falou que a UEB estava com um questionário no SIGUE, querendo saber qual o motivo da falta de registro ou o abandono das fileiras Escoteiras.

                             O questionário foi feito amadoristicamente. Nada de um técnico que entende do assunto. E o pior no SIGUE. Por quê? Porque se o Chefe não se registrou ou saiu do movimento ele vai entrar no SIGUE para saber da pesquisa? Este questionário por mais amador que tenha sido se tivesse sido enviado via e-mail para todos que saíram pelo menos os resultados poderiam ser melhores. Insisto sempre que não temos uma politica correta para obter estatísticas e com elas podermos estudar melhor não só a evasão como a preparação e formação do Chefe Escoteiro. É um número altíssimo que abandonou o escotismo nos últimos quarenta anos. O que é simples para mim talvez não seja para os responsáveis do escotismo nacional. Ainda funcionamos amadoristicamente em todas as áreas que demandam um crescimento satisfatório. O Plano de Metas da UEB sempre feito por um ou dois, com dados inconclusivos para se atingir o objetivo proposto. Estes planos vêm a cada ano sendo comentados mas nunca debatidos com a maioria dos chefes na ativa. E seus resultados?

                          Se a UEB tem o endereço de pelo menos oitenta por cento dos chefes que abandonaram as fileiras Escoteiras é meio caminho andado. Mas quem se habilita? Será que é receio de ouvir o que não desejam ouvir? Dizer que os motivos são conhecidos é ilógico (viva o Dr. Spock). Entregar a meia dúzia para discutir dá no que deu. Sempre aqueles que tem uma fleuma escoteira e se julga possuído com os dons para planejar e melhorar. Veja bem, temos uma canção muito bonita que todos aqueles que atingem o nível avançado da Insígnia de Madeira cantam principalmente nos encontros de Gilwell. – “Volta a Gilwell”! Um curso assim que possa vou tomar! Onde existem tais cursos? Pense em você, seja sincero, mesmo com uma reunião por semana, alguns acampamentos, alguns encontros distritais não tem dia que você está cansado, aborrecido, sem ideias, vontade de correr para os montes e se esconder em uma caverna? Chega o sábado, milhares de problemas para resolver e cadê o programa de reunião? Quantas vezes deu vontade de desistir? Bem sabemos que você não desistiu mas tivemos milhares que preferiram sair.

                         Sem querer desmerecer os tais Encontros de Gilwell, que só acontecem em ocasiões especiais do jeito que são eu os considero um saco! Risos. Para mim é claro. Um Velho lobo qualquer conta uma historia de Gilwell ou de BP, o dirigente máximo vai lá usar da palavra e todos vão cantar a canção de Gilwell lembrando que ou era um bom lobo, ou um bom vermelho. Bem isto até que é gostoso, lembrar sempre é bom. Mas pensando bem se aproveitassem para fazer ali pequenos seminários em grupo, discutindo os seus problemas, do que poderia ser feito para motivar quem sabe os resultados seriam melhores. Afinal todos ali em princípio tem experiência. Mas não, voltar a Gilwell é uma utopia. Se quiser aprimorar seus conhecimentos passe a visitar Grupos Escoteiros com chefes bem formados, conhecedores (nem tanto, nem tanto!) para melhorar seu cabedal Escoteiro. E leia! Tenha uma boa biblioteca mas lembre-se não há como voltar a Gilwell para fazer um curso de motivação.

                        Tem alguma errada no reino da UEB. Os chefes estão partindo, nem querem saber de voltar a não ser um ou outro que sentiu saudades. Nosso rumo não é dos melhores. Não estarei por aqui nos próximos vinte anos para mostrar que o caminho percorrido não foi válido. A empolgação de alguns dirigentes sempre com novos planos deveriam ser feitos em grande escala de consultas e sugestões. Os cursos são ótimos, valem a pena mas os resultados não foram alcançados. Justificar que a culpa é do Chefe é demais. A culpa são dos dirigentes que ainda não abriram um leque para saber quais as causas e os efeitos do abandono do escotismo por tantos chefes e jovens. Se você comenta que o programa Escoteiro deixa a desejar, não está motivando, se você comenta que falta mais apoio aos chefes, se você comenta que os Grupos Escoteiros salvo exceções não tem um acompanhamento adequado, vais receber muitas respostas. Mas e os resultados?


                        Ainda temos aquela fleuma de dirigentes que esqueceram que devemos ouvir o jovem e não falar por ele, que sem apoiar e confiar no Chefe Escoteiro sem ficar a exigir folhas corridas; dados com firma reconhecida e facilitar sua vida para que ele possa trabalhar seu escotismo com alegria e motivação; então ele vai continuar. Ninguém tira a validade dos cursos. Mas a objetividade deve ser melhor vista. Não é possível trabalhar onde não existem reconhecimento pela sociedade, onde poucos conhecem o valor do escotismo. Somente um trabalho serio com a participação ode todos e simultaneamente um marketing agressivo poderia significar sucesso. Repetir que a transparência, pesquisas, consultas discussões honestas nunca iremos alcançar o Caminho para o sucesso. Ainda bem que temos muitos que acreditam que somos um movimento que mora no coração e temos um amor enorme por ele.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Nossa! Você vai acampar?


Conversa a pé do fogo.
Nossa! Você vai acampar?

                           Vou sim, desta vez vamos longe, mais de oito quilômetros a pé. – A pé? Mas como? Você não mora mais no interior, afinal nossa cidade é grande. Dei risadas. E daí? Está tudo preparado – Afinal fizemos duas excursões e um acampamento só de monitores no mês passado em um fim de semana para nos adestrar. Eles mesmos prepararam tudo que precisamos levar. E olhe tudo vai nas costas, desta vez sem ônibus alugado e sem pais para ajudar no transporte. Pensei comigo – Seria isto possivel? Ele adivinhando o que eu pensada disse – Os monitores fizeram agora uma tal de ração A, B e C. A ração A é para uma atividade de um dia, a ração B para dois dias e a C para um acampamento de três dias ou mais. Assim fica mais fácil. Eles mesmos fizeram o cardápio, calcularam por pessoa e cada um dos participantes leva parte da ração. Tem aquelas que três levam arroz, tem aquela que um só leva. Eles acharam melhor um cardápio simples onde com uma panela, um caldeirão e uma frigideira eles fazem tudo. Achei interessante.

                      Conta-me mais. E como é levada a intendência e o material de patrulha? - Fácil ele disse. Também dividida por cada um da patrulha. Agora usamos um lampião a querosene. Ele vai vazio e dentro de um vidro bem fechado leva-se o líquido. As barracas são pequenas e simples de carregar com a mão ou prender na mochila. Assim gastamos o mínimo possivel. Hoje a taxa foi de dez reais. Isto paga o ônibus ida e volta. Ele vai nos levar até o entroncamento da estrada de São Mateus. Lá vamos andar uns cinco quilômetros e chegaremos ao sítio do Leopardo. Fomos lá antes eu e os monitores. O proprietário é gente boa. Disse que o local estava às ordens para quando quiséssemos acampar. – Mas será que a tropa aguenta? Claro que sim, fizemos duas excursões. Uma delas andamos sete quilômetros e a outra foi noturna. Mais nove quilômetros à noite. Claro lá pelas duas da madrugada em uma clareira jogamos as lonas e dormimos sob as estrelas. Cada um levou seu lanche. E sabe o melhor? Neste acampamento só eu levarei o celular para uma emergência. Será mesmo um acampamento mateiro.

                       Achei interessante. E o programa do acampamento já fez? – Este vai ser um programa especial. Foram os monitores ouvindo suas patrulhas quem prepararam tudo. Vamos ter sim o normal de um acampamento de três dias. Levantar as seis, um pouco de física, café as oito e inspeção as nove. Lembre-se vamos acampar nos moldes de Giwell. Cada patrulha é autônoma. Terá seu campo de patrulha longe mais de 40 metros umas das outras. Desta vez até eu e o Chefe Leão vamos levar nossa matutagem e nosso material. Nada de comer nas patrulhas. Elas só irão ter nossa presença se formos convidados. – Pensei comigo, será que vai dar certo? Era uma tropa acostumada a acampar com pais levando tudo, e inclusive alguns lanches eles faziam. Pensei comigo que isto não estava certo e agora vi uma mudança enorme. – Ele continuou, olhe teremos um programa sem muitos horários. Muitos reclamaram da falta de tempo livre para eles fazerem suas construções no campo de patrulha. As patrulhas irão aprender a seguir pistas de animais, Irão tentar tirar uma foto de um animal ou pássaro e vence aquela que chegar mais perto. Eles terão tempo para pescar, pois no cardápio está incluída uma fritada de peixes frescos. Risos.

          - E se chover? Se chover estaremos prontos. Nada de serviço de meteorologia pelo rádio. Eles irão aprender previsão de tempo dentro da mata e bosques. Pelas formigas, pelos pássaros, e claro os vagalumes noturnos irão ensinar se vai fazer frio, se o orvalho vai ser forte, irão descobrir ninhos para ver de onde vem à chuva, Prestarão atenção ao vento, quantos nós ele anda, e já decoraram as quadrinhas de previsão de tempo – Se tens vento e depois água deixe andar que não faz mágoa, mas se tem água e depois vento põe-te em guarda e toma tento. Vermelho ao sol por, delicia do pastor, orvalho de madrugada faz cantar a passarada, são tantas! Mas se chover mesmo vamos aprender a fazer um pequeno celeiro só nosso para abrigar a todos durante o dia. – Já treinamos isto com bambus e folhas verdes. E lá tem muito pés de banana, sabendo cortar a folha sem prejudicar o telhado ficará nos trinques. Vocês tem coragem eim? – Não é coragem, isto para nós agora é escotismo mateiro. Afinal aprender um nó na sede sem usar no campo não tem valor.

            E olhe vamos conversar só com transmissões à distância. Semáforos de dia e a noite Morse. Teremos um grande jogo cujas instruções serão ditadas por sinais de fumaça! - Caramba! Estou gostando do seu acampamento. Não deixe de me contar tudo. Quero fazer o mesmo na minha tropa. - Claro que sim. Contarei tim tim por tim tim. Risos. E quer saber mais? Desta vez teremos uma conversa ao pé do fogo, próximo a minha barraca, comendo batatas doce, um bule de café na brasa, contar causos e histórias, cantar e espreguiçar gostosamente, deitar na relva para ver as estrelas e ver os cometas passarem. Aprendi a me orientar pelas estrelas. Ensinei aos monitores e eles irão aprender mais com suas patrulhas. E o fogo do conselho? Olhe vai ser típico dos velhos mateiros. Não teremos animador de fogo, cada um senta onde quiser. A patrulha de serviço irá acender e manter o fogo em todo seu tempo. Cada um apresenta o que quiser. As palmas serão criadas na hora. As canções surgirão espontaneamente. Ah! Esqueci-me de dizer, quatro Escoteiros estão treinando há meses como gaitistas. Vai ser um festival de gaitas. Risos.


           - E sabe? Eles agora querem ser chamados com nomes indígenas nos fogos de conselho. Disseram que todos devem ter um nome de guerra. Aqueles que quiserem ou que já tiverem oito especialidades e o cordão verde amarelo será batizado com nome indígena a sua escolha. Irão saltar um pequeno fogo três vezes e a cada salto toda a tropa grita seu novo nome de guerra. Bem isto foi eles que escolheram afinal todo o acampamento foi programado por eles! Programa? Nada escrito, você já viu como vai ser. Cada Monitor se encarregará de uma parte. Esqueci-me de dizer, vamos fazer uma ponte pênsil em um córrego próximo. Estamos programando um jogo nela de rachar! Risos. As bolas de pano já estão prontas para a lança. Mas não vou contar – Pensei comigo acho que vai ser um acampamento inesquecível. Eu sabia que nem tudo daria certo, mas quem não aprende a fazer fazendo não é Escoteiro não é verdade?

sábado, 25 de julho de 2015

Não deixe o vento levar o seu sonho.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Não deixe o vento levar o seu sonho.

                    Lá estava ele, altaneiro, cheio de vida, correndo com o vento amigo que o levava onde ele queria ir. Ele sabia de sua importância, sabia que todos sempre pensavam nele e não queria decepcionar ninguém. Afinal ele era um Sonho e fazer os sonhos dos que pensavam nele realizarem o fazia feliz muito feliz... Ele sabia que nem sempre conseguia seus intentos, sonhar e ele ver o a realização do sonhador. Tinha a experiência de ver tantos sonhos realizados, de ver a força de vontade em fazer lembrando sempre que sem isto nada poderia realizar. Ele gostava muito daquele que dizia gostar de sonhar mesmo sabendo que os sonhos são impossíveis. E quando ele os realizava, um sorriso enorme dava sentando na nuvem branca onde moram os sonhos. Nunca se importou quando o chamavam de utopia, aquele sonho que não existe. Para estes ele deixava que eles pudessem ver o sol sem cor, a lua sem brilho as estrelas tão longe de se tocar.  

                      Ele sabia que o vento não tinha sonhos, nem a brisa da manhã ao nascer o sol. A nuvem branca que o levava para todo lugar agora estava atravessando um enorme oceano. Seus outros amigos sonhos diziam que era o oceano dos grandes amores, onde a felicidade existe e ali navegavam felizes para sempre. Ele se lembrou de Conchita. Linda menina sonhadora. Morava em uma cabana no alto da montanha Azul. Todas as tardes ela sentava em um pequeno banquinho e nem notava a cor púrpura do sol que se punha no horizonte. Sua mente viajava sem destino, ela nem se lembrava de que um dia alguém disse a ela que se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade. È Conchita é bom acreditar, pois naquele dia o Sonho ali passou e ouviu o que ela queria. Não era impossível, não para ele. Ele viu seus olhos cheios de lágrimas por viver sozinha naquele canto da montanha sem ninguém. Tinha sua mãe e seu pai, mas não podia encontrar um príncipe para viver com ele para sempre?

                      Ah! O Sonho pensou que o sonho de Conchita podia se realizar. Não se sabe como uma manhã linda de sol vermelho, subindo a montanha vinha oito Escoteiros alegres e cantantes sob a luz do sol vermelho. Junto Miguelito o Chefe que adorava acampar. Solteiro quando viu Conchita na porta da cabana de madeira vermelha ele disse para si: Vais ser minha princesa, você terá tudo de mim. Farei de você a moça mais feliz do universo, darei a você de presente todas as estrelas no céu. À noite rezarei para você e quando a lua cheia surgir pedirei a ela para sempre iluminar seus caminhos por onde for. O Sonho sabia que meses depois eles se casaram e viveram felizes para sempre. O Sonho agora atravessava a majestosa floresta verde e formosa de um país tropical. O Sonho sentiu que precisava realizar o sonho de alguém, mas pensava o porquê de poucos agora deixavam de sonhar. Ele sabia que um sonho para ser realizado o sonhador tem de acreditar, tem de partir na estrada dos sonhos e alcançá-lo com suas forças e lutar para que ele seja real. Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho impossível só porque não acreditou.  

                       Viu um homem perdido nas matas verdes do pais tropical, tropeçando, caminhando sem rumo, pensando que não ia sobreviver. Ele não sonhava, lutava pela vida, pois sabia que em poucos dias ia morrer. O Sonho sorriu, é hora de trabalhar. O homem que se chamava Molusco fora no passado um Escoteiro. Aprendeu a navegar, aprendeu onde o norte se encontrava com o sul, nunca precisou de bussola para achar o seu caminho. Tinha vivido em florestas, aproveitou muitas vezes quando menino o que ela poderia oferecer. Um brilho passou diante dos seus olhos. Afinal isto é um sonho? Sonho ou não eu posso vencer! – Ele pensou. Olhou para as árvores, as folhas amarelas lhe deram o rumo. Um resga do sol lhe mostrou o caminho a seguir. Enquanto caminhava pensava no seu filhinho que deixou na cidade, de Mariazinha sua amada tão pequenina. Um riacho encontrou, uma jangada ele fez. Dois dias depois uma cidade apareceu na curva do rio das almas perdidas. Molusco um Escoteiro estava salvo. Correu a encontrar seus amores, Picolino e Mariazinha sua amada ele foi abraçar.

                         Era hora de dormir para os humanos do mundo. O Sonho não dormia, mas se recolhia quando as noites quentes não deixavam ninguém sonhar. Ele imaginou que tantos poderiam sonhar sonhos lindos mesmo com aquele calor imenso. Ele sabia que poemas não são feitos para serem entendidos. Isso é utopia. Bastam aos poetas que seus poemas e sonhos sejam sentidos. Tiquinho não tinha dez anos. Insistia com seus pais em ser um escoteiro. Nunca foi e este era seu maior sonho. Dom Casmurro tinha um bigodão que todos temiam. A maior fábrica de tecidos era dele. Funcionários tremiam só em olhar para seus olhos. Tiquinho seu filho sabia que ele nunca iria deixar. Uma noite de verão todos os funcionários foram para casa. Ele mesmo fechou as portas e o portão. Altas horas da noite foram lhe chamar: - A fabrica começou a pegar fogo, mas um menino conseguiu apagar. O menino estava queimado deitado na cama do hospital.

                        - Como foi? Ele perguntou. Senhor ele é Juquinha Escoteiro filho de Filó das Mercês sua funcionária. Ele esperava sua mãe pelo fim do turno. Ela não sabia. Dormiu encostado no Varão da Sala Grande. Quando viu a fumaça, já treinado nos Escoteiros pelos bombeiros ele correu e conseguiu o fogo apagar. Um herói Dom Casmurro. Sem ele o senhor estaria pobre e sem sua fabrica querida. Tiquinho teve seu sonho realizado. Promessado com as vistas de seu pai. Uma alegria sem par. O Sonho ali a lembrar dos tempos dos acampamentos, das alegrias que Tiquinho passou a ter. Ah! Os sonhos. Eles tem um destino, um lugar para ficar, um lugar para realizar todas as vontades de quem acredita neles. O Sonho partiu rumo à além mar. Havia outros lugares para ir, encontrar meninos e meninas Escoteiras que sonham e ele na sua boa vontade, os sonhos deles faria realizar. E aqui encerro o sonho de um
Sonho verdadeiro. Um sonho sonhado, amado por aqueles que um dia acreditaram. Como dizia Augusto dos Anjos a
Esperança não murcha, ela não cansa, também como ela não sucumbe a Crença, Vão-se sonhos nas asas da Descrença, Voltam sonhos nas asas da Esperança.


         Clarisse poetiza dizia: - Tenho cabeça, coração e me respeito. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, eu sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje, amanhã já me reinventei. Sou complexa, sou mistura. Perco-me, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me doo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Não mais que uma Patrulha Escoteira.


Conversa ao pé do fogo.
Não mais que uma Patrulha Escoteira.

                       - Se eles conseguem ficarem juntos anos e anos na rua onde moram, não tem programa escrito, criam da imaginação suas palavras e seus atos porque não fazem o mesmo em uma patrulha Escoteira? – Eram três chefes conversando. Trocando idéias, sugestões, ouvindo a experiência de um e outro. Interessante que muitos ainda não pensaram a respeito. Afinal porque os jovens não permanecem muito tempo no escotismo? A patrulha não seria a extensão dos amigos do bairro? Um filósofo disse que o fato é que o ser humano se diferencia dos outros animais é por ser capaz de interferir conscientemente no mundo. Além disso, ao mesmo tempo em que preserva e deseja manter-se isolado e em sua individualidade, sente-se impelido para o grupo, formando a sociedade humana. E porque a patrulha não tem dado os resultados esperados? Bem cada um tem sua opinião. Todas válidas, mas pouco discutidas e difundidas. O Sistema de Patrulhas é a base fundamental do escotismo. Mas será que estamos realmente no caminho certo?

                        Pensemos com carinho em nossas tropas. Um programa que muitas vezes é feito em grupo, e mesmo que haja jogos por patrulhas é uma competição individual pode não trazer os resultados esperados. Perdemos a cada dia vários jovens que por um motivo ou outro deixam o escotismo em busca de outras escolhas. Quem sabe estamos esquecendo um pouco o que realmente significa a Patrulha? Sei que muitos poderiam me dar aulas teóricas sobre ela, mas mesmo assim eu penso que os objetivos não estão sendo atingidos. Quanto tempo elas tem para conviverem entre si, se conhecendo, jogando, aprendendo conversando? Muitas vezes as reuniões não dão o tempo que elas precisam para se entrosar. Tem tropas que ainda nem pensaram que deveria existir uma área para que eles fizessem seu canto de patrulha. Qualquer área onde em cada reunião se levassem banquinhos pequenos e ali ter seu tempo livre para conversar. O tempo infelizmente não é nosso aliado. Duas três horas por sábado. Uma vez por semana, quatro por mês. Será que podemos tirar mais tempo para isto?

                         Quem sabe precisamos dar mais tempo aos meninos e meninas Escoteiras vivenciarem-se juntos na patrulha? Qual o papel do Chefe? Claro que sabemos que é um orientador, aquele que não deixa que eles sigam por caminhos escusos, que sempre mostra onde o Escoteiro deve seguir para ter um bom relacionamento com todos. Eu costumo me perguntar: - Quantos tempos às patrulhas convivem juntos em uma reunião, interagindo, vivenciando e aprendendo? Ora se temos menos de três horas de reunião como fazer isto? Pensando bem, não seria melhor dar a eles a oportunidade de estarem juntos nestes períodos, tirando uma pequena parte para as outras atividades da tropa? Será que com isto perderíamos a razão de ser de uma reunião de tropa? Eu não acredito nisto. Formar jovens em grupo ou deixar que eles individualmente se formem com a nossa ajuda é primordial. Se conseguirmos criar um Espírito de Patrulha, onde todos se respeitam, onde todos aprendem a liderar e serem liderados não seria esta a função primordial do método Escoteiro?

                       Falamos muito e comentamos sempre o papel do Monitor. BP foi enfático sobre eles. Suas palavras são lidas até hoje, mas acredito que não compreendidas.  O tempo os transformou em meros lideres para formação dar ordem e carregar os demais contrariamente o que ele pensava. Afinal adianta levar nossos monitores a cursos específicos se ao voltar tudo continua na mesma? Volto ao tópico que iniciei esta Conversa ao Pé do Fogo. Se eles se dão bem com amigos em sua rua, em seu bairro e nas escolas porque na patrulha não está dando certo? Onde erramos? Lembro que no passado as patrulhas conseguiam permanecer juntas por anos e havia um respeito e orgulho próprio de cada um cada vez que se completava um ano de atividade de um patrulheiro. Época que o bastão totem contava a história da patrulha. Afinal naquela época as reuniões eram feitas sempre com as patrulhas em ação, nos seus cantos de patrulha, cantando, conversando, planejando e aprendendo uns com os outros as provas de classe ainda não conhecidas.

                   Um dia um Chefe me perguntou o que seria o “Tempo Livre” que muitos comentam. Pensei comigo que ele era daqueles que fazia sozinho o programa, os acampamentos, as atividades mateiras e não deixava a patrulha sugerir vivenciar e aprender fazendo. Muitos programas de acampamentos são prisões de meninos em grupo e não na patrulha. Seria surpresa em sua Tropa se dissesse aos seus monitores: - Hoje à tarde teremos tempo livre, vocês podem pescar passear, subir em árvores, descobrir pegadas de animais, quem sabe construir uma armadilha para pássaros só para conhecer e depois soltá-los? Ou após uma cerimonia de bandeira no campo ele dizer aos monitores: - Façam tudo para os patrulheiros estarem sempre juntos, não seja o dono das idéias, deixe que cada um caminhe com suas próprias pernas! Sempre dei tempo às patrulhas quando fui Chefe de Tropa. As atividades tempo livre faziam parte do todo. Não determinava quais seriam, sugeria é claro, mas eles tinham liberdade para escolher e fazer.

                     Nas reuniões de tropa precisamos dar a eles também este Tempo Livre para se conhecerem. Os prováveis erros e acertos deveriam ser discutidos em reuniões próprias com os monitores, em acampamentos específicos com eles. Não é fácil a rotina de um Chefe Escoteiro. Ele tem que conhecer seus jovens, um por um, ver como anda a patrulha, como o Monitor está liderando e sendo liderado. Não basta encaminhá-los a cursos, a encontro de monitores e outras atividades especificas. Sempre me pautei que a responsabilidade de um bom Monitor é do chefe e de mais ninguém. Uns dizem que nas cidades pequenas isto e mais fácil e nas maiores não. Acho que não concordo. Tudo é possível se bem estudado e regulamentado. Seja em reuniões de sede, em casa de um deles e porque não um passeio só deles em algum ponto turístico da cidade? Claro com tarefas específicas, mas o melhor, sem a presença dos chefes. Corrija o caminho se preciso, mas não fique interferindo sempre, afinal a melhor maneira de atingir o sucesso é deixar que aprendam a fazer fazendo, e errando se preciso.


                   Pense nisto. Quem sabe pode dar certo e o número de jovens que abandonam o escotismo possa diminuir. Qual Chefe não se orgulha em ver suas patrulhas completas, participando, sorrindo, fazendo, discutindo e a cada reunião ver que elas continuam com os mesmos Escoteiros e Escoteiras? Deixe-os andar, deixe-os pensar e planejar. Se eles fazem isto em seus bairros nas escolas, porque não no escotismo? É assim que surge o espírito da Lei e Promessa de andar com suas próprias pernas e claro provar para si próprio que esta é a melhor maneira para se chegar ao CAMINHO PARA O SUCESSO! 

terça-feira, 21 de julho de 2015

Um Chefe feito na medida.


Conversa ao pé do fogo.
 Um Chefe feito na medida.

Um dia em visita a um Grupo Escoteiro vi esta carta em um quadro de avisos:

Queridos pais.
                           Nosso Chefe Pietro Lando nos disse para nós escrevermos, pois se caso vocês assistirem a inundação na televisão onde estávamos acampados não devem ficar preocupados. Estamos todos bem. Só uma das barracas e dois sacos de dormir é que foram na enxurrada. Felizmente nenhum de nós se afogou. Isto porque estávamos na montanha à procura do Zé, quando aquilo aconteceu. Ah! Por favor, liguem para a mãe do Zé e comentem que ele está bem! Ele não pode escrever por que está engessado nas pernas e nos braços. Andei num dos jipes da Policia Rural a procura dele. Foi Massa! Nunca conseguiríamos encontrar se não fosse a trovoada. O Chefe estava fulo com o Zé por ele ter ido fazer uma excursão sozinho, sem dizer nada a ninguém. O Zé disse que tinha dito ao Chefe, mas como foi durante o incêndio e o Chefe nem prestou atenção.

                       Sabiam que se puserem uma botija de gás no fogo à botija explode? Com o chefe fizemos a experiência. A madeira molhada perto queimou e uma das barracas também. Claro perdemos boa parte das nossas roupas. O pior vai ser o João. Ficará esquisito do jeito que está. Só vai melhorar quando o cabelo dele crescer novamente.  Só conseguimos chegar ao acampamento no sábado, pois só neste dia o chefe conseguiu consertar o carro. A culpa não foi dele. Os freios não funcionavam quando saímos daí. O Chefe diz que em um carro "Velho" é natural essas coisas acontecerem. Acho que é por isso que ele não fez seguro. Mas nós curtimos muito o carro. Não importava que ficassem todos sujos e suados. Quando ficava muito quente, o Chefe nos deixava ir em cima do para-lamas, e vocês sabem dez pessoas lá dentro fica muito quente. Ele nos deixou ir também em cima do capô. A Policia Rodoviária não gostou e multou o Chefe de novo. Só porque estávamos em cinco no capô. O nosso Chefe é muito valente. Discutiu com os policiais e quase saiu no braço com eles.

    Mas fiquem tranquilos, nem fiquem preocupados. Ele dirige bem. Está até ensinando o Miguel como se conduz o carro naquelas estradas de montanha, cheias de buracos, ribanceiras enormes, onde só passa um carro e com aqueles caminhões cheios de madeira indo para a fábrica de papel era uma diversão. Hoje de manhã, fomos mergulhar lá de cima das rochas para o lago. Mais de trinta metros de altura. O Chefe não me deixou porque eu não sabia nadar, e não deixou o Zé porque ele está com gesso nas pernas e no braço. O Chefe achou que nós poderíamos nos afogar. Assim fomos de canoa. Foi um espetáculo. Ainda se conseguiu ver muitas árvores apesar da inundação.

    O Chefe é durão. Não é rabugento como os outros chefes. Nem se queixou por não estarmos usando coletes salva vidas. Ele tem passado muito tempo tentando consertar o carro, por isso estamos sempre procurando lugares novos, mas quando estamos próximos dele obedecendo ele em tudo. Conseguimos as especialidades de Socorrista! Com o corte no braço que o David fez ao mergulhar no lago, aprendemos a usar o torniquete para estancar uma grande quantidade de sangue que saia. Também a torção no joelho que o Jairo fez ao cair em cima de uma pedra. Eu e o Luís vomitamos muito, mas o Chefe disse que era uma pequena intoxicação alimentar dos restos do frango de ontem que comemos. Ele disse que isso acontecia muito com a comida que eles comiam na cadeia. Acho muito bom que ele tenha saído de lá e vindo ser nosso chefe. Porreta!

   Bem tenho que terminar. Vamos a cidade mandar as cartas e comprar facas de mato, facão e balas. Ainda não usamos os fuzis e as metralhadoras que o Chefe levou.
Muitos beijos
Nelinho

P.S – Quando foi á ultima vez que tomei vacina contra o tétano?

domingo, 19 de julho de 2015

Devolvam-me a minha Primeira Classe!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Devolvam-me a minha Primeira Classe!

                     Era um sonho. Um sonho difícil, mas realizável. Não era para qualquer um não, a gente tinha de ralar. Sem a Segunda Classe que já era uma pedreira para receber e sem a jornada ela era impossível de conquistar. Sem esquecer as especialidades, várias delas que eram obrigatórias. Mas perguntem aos que conseguiram, vejam seus sorrisos, eles dentro de si sabem que são vitoriosos. Não eram muitos, mas também não eram poucos. Um Primeira Classe era um bamba. Você sabia que podia confiar. Sabia que era um campeiro, o explorador, um conhecedor nato da natureza e da floresta. Era um expert em tudo que você pode imaginar. Fazia o que todos julgavam impossíveis. Tinha noites de acampamento para esbanjar. Montava de olhos fechados um campo de patrulha, podia ser um monitor, mas resolvia tudo sem pestanejar. Sabia cozinhar, sabia nós incríveis, fazia amarras de dar inveja. E a técnica de uma costura de arremate?

                  Para ser um tinha de ser um grande mateiro. Era um mestre lenhador, um mestre explorador, um mestre em navegação pelas estrelas na floresta imensa que ele sem medo se embrenhava. Brincava com papel fazendo mil Percursos de Gilwell, tirava de letra uma Silva ou uma Prismática, lia com perfeição um mapa seja ele qual for. Um Primeira Classe explorava com destreza um ninho de águia, Uma passagem do Macaco, fazia com perfeição uma ponte pênsil, mesas para ele era brinquedo de lobinhos. Seguia pistas, sabia diferenciar as pegadas de pássaros, bichos seja o que for. Os melhores tiravam sonecas em cima de altos galhos esperando um grande jogo terminar. Afinal ele era um super Escoteiro? Podia até dizer que sim. Pergunte a um deles. Conhece alguém que foi?

                 Hoje me lembrei de alguns. Na minha vida conheci centenas, ou melhor, dizer milhares. Todos eles tinham um respeito enorme pela nossa pátria, amavam a Deus pela sua promessa, sabiam do valor de uma lei que sempre foi levada a sério. Notava-se em cada um o crescimento do caráter, da palavra, da honra do orgulho em ser Escoteiro. Um Primeira Classe sabia de seu valor para dar exemplo. Era um orgulho para a patrulha e a Tropa, via seu amor pelo seu uniforme. Educado, prestativo um verdadeiro gentleman Escoteiro. Achas muito? Pode ser que tenha alguns que não se enquadrem nestes comentários, mas a maioria a gente se orgulhava e muito. Dizem que os melhores não se pode ver nem tocar. Muitas vezes a gente sente isto no coração. O orgulho do Chefe em saber que fez parte no crescimento do rapaz é muito grande.

               No escotismo sabemos que para ensinarmos a um Escoteiro a se desenvolver e a se inventar novamente, precisamos mostrar-lhe que ele já possui a capacidade de descobrir e isto é fácil, aprender a fazer fazendo. Como já dizia BP um bom Chefe tem sempre esta preocupação: Ensinar o Escoteiro a desenvencilhar-se sozinho. Se puderem um dia conversarem com os pais dos Primeiras Classe iriam ver uma pontada de orgulho em saber que o filho aprendeu a andar com suas próprias pernas. Sabia onde pisava e eles os pais sabiam que quando crescessem iriam dar significativos exemplos por serem responsável por si e pelos seus atos. Nas patrulhas o Primeira Classe era respeitado. Quando havia mais de um então a patrulha sorria de orgulho.

                   Você conhecia o valor de um primeira classe na sede com jogos, com o tratamento aos demais e nos acampamentos. Bom demais vê-los nos acampamentos. Os campos de Patrulha eram perfeitos. As fossas, o fogão, os toldos, a mesa, as fossas, as construções rústicas, o pórtico as engenhocas eram orgulho de qualquer Chefe Escoteiro. Este não se aproximava. O campo de patrulha era deles. Os chefes ficavam a observar de longe e esperando o convite para uma visita. Eles sabiam o que estava acontecendo, afinal junto aos monitores e subs eles fizeram tudo isto, ensinaram e aprenderam. E as especialidades? Não era fácil conseguir alguma. Entre eles havia uma maneira de dizer que ali ninguém pregou na camisa alguma com “cuspe”. As mais procuradas eram as de acampador, construtor de pioneirías, cozinheiro, sinaleiro, bombeiro, observador, Técnico em orientação, socorrista e as mais comuns sempre vinham por último.

                    Não era fácil mesmo conseguir uma. Mas quando a gente duvidava perguntava: Esta especialidade Escoteiro, você está pronto a nos ensinar? Ele sorria e dizia: - Só for agora, depois não posso. Cada Tropa tinha seus instrutores de especialidades. Seu Joaquim pai do Jovi era bombeiro e era convidado. Seu Nelson era telegrafista e era convidado e assim por diante. Todos se compraziam em ajudar. Eles mesmo marcavam horas seja na sede ou em suas casas para adestrarem os escoteiros. A Primeira Classe era tudo, até me pergunto se não era mais que o Lis de Ouro. Sei que esta era o ápice de um Escoteiro, mas foi mais fácil conquistar. Claro que nenhum Lis de Ouro receberia sem ser um Primeira Classe. Mas entre todos os adestramentos escoteiros, não se podia esconder a jornada. Era demais. Já pensou? Você e um amigo seu fazer uma jornada de 24 horas sozinhos?

                    Época boa, não se via um pai ali com medo, duvidando do próprio filho, da sua força, do seu conhecimento. Não se via um pai ou uma mãe na sede na hora da saída dando instruções ao filho. Eles sabiam que ali estava um Escoteiro preparado e eles confiavam. Na chegada, o sorriso, o abraço e a pergunta rotineira: Como foi meu filho? Mas tudo isto acabou. Acabaram com os distintivos de Classe. Não pesquisaram, não perguntaram as tropas aos escoteiros, pelo menos ouvir a opinião de uma Corte de Honra. Disseram que era para melhor. Vieram novos programas, mudaram tudo. Sei que naquela época a maioria dos escoteiros ficavam na patrulha por longo e longo tempo. Hoje nem tanto. Naquela época havia orgulho da Lei da Promessa havia orgulho da Bandeira do Brasil da Pátria, havia uma motivação enorme para um acampamento de Gilwell perfeito.


                     Se hoje é assim também eu parabenizo. Mas desculpe qualquer prova de hoje, sem ser saudosista, sem ser um que foi e hoje relembra com saudades, minha Primeira Classe eu nunca vou esquecer. Pergunte a qualquer um daquela época, mesmo a Segunda Classe sonho para usar a faca escoteira, até mesmo o noviço, que ficava meses sem uniforme até estar devidamente preparado para fazer sua promessa escoteira. – À noite no acampamento, a fogueira acesa, as chamas altas e o Chefe pede atenção: - Escoteiros! Sentido! Hoje é dia de orgulho, dia que o Antônio Pedro vai receber sua Primeira Classe! Ele saltava a fogueira três vezes e sempre dizendo alto o seu novo nome escolhido índios brasileiros. Sua vida agora se transformava, ele sabia que seria para sempre um verdadeiro Escoteiro Primeira Classe por toda sua vida.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

De ilusão também se vive.


Conversa ao pé do fogo.
De ilusão também se vive.

           Nas minhas historias eu faço questão de colocar como devia ser o escotismo que acredito. Não falta a aventura, a natureza o sorriso e o companheirismo entre os jovens. Muitos dizem que o hoje não vai ser o ontem e o amanhã será tudo diferente. Pode ser verdade, mas o nosso Movimento Escoteiro não é feito de sonhos? De sonhar em ser um cavaleiro andante? De montar em uma águia e partir em busca da terra do nunca? Quantos ainda ficam dias sonhando para o próximo acampamento? Sonhando em viver na floresta, em subir em árvores, em construir um ninho de águia ou uma ponte pênsil? E cantar? Sim isto mesmo, cantar ao redor de uma fogueira contando “causos” rindo das piadas alegres, deixar os olhos seguir as fagulhas que brilhantes se dirigem para o céu? – Mas Chefe, isto ainda existe, de maneira diferente, pois hoje os jovens nem pensam como se pensava no passado. Será mesmo? Não seria nossa culpa? Aceitamos ou quem sabe impomos um programa que achamos bom por não acreditar que outros poderiam ser melhores? Afinal acabou a era dos Escoteiros sonhadores?

             Podemos analisar que nós os adultos falamos por eles sem consultá-los dos seus sonhos? É fácil levar meninos para o campo, ficar horas falando disto e daquilo, esticar uma corda para que um por um passe sob os olhos atentos do Chefe. Se for assim o tempo passou e o sonho desmoronou. Pergunto-me se um dia na hora certa, no lugar certo, em uma sombra de uma grande árvore quem sabe ouvindo os sons da floresta ou do bosque tão perto, ou o doce cantar de um regato ao lado, dizer a eles de supetão: Se preparem, pois vamos viajar pelas estrelas no céu azul! Fora do tempo? Eles estão proibidos de sonhar? Alguém pode pensar que não se cria sonhos com dezenas em sua volta, mas você e eu podemos sem sombra de dúvida começar com poucos. Quem sabe os monitores? Pense, continue pensando que você está com eles subindo uma montanha deixando que eles recebam o vento no rosto, que vejam ao longe o ribombar de um trovão e eles assustados não pensaram em se defender da chuva? Chuva? Bendita chuva que se cair irá criar na mente de cada um a vontade de se tornarem aventureiros audazes, e então por que não parar e contar uma pequena história? Criar em suas mentes que eles podem se safar com aquela chuva que os aventureiros de outrora souberam se safar?

      Tudo é tão simples quando pensamos que os jovens querem acreditar, querem ver, querem sentir, querem fazer e você meu amigo ou minha amiga é o espelho deles. O espelho que eles seguirão. Se meu conselho prevalecer não faça nada para estragar esta visão tão bonita. Deixe que eles viagem na imaginação. Acredite que a vida é um processo de maturidade e está só existirá se deixá-los subir a montanha e ver o que existe do outro lado. Tudo que você faz para criar a fantástica ilusão do sublime sonho mudará completamente a razão da existência dos jovens. Deixe-os sonhar, mas sonhar os pés no chão, fazendo, agindo e vivendo o que puderam criar. Faça exatamente como o Código Samurai – A perfeição é uma montanha impossível de escalar e ela deve ser escalada um pouco a cada dia. Sem perceber estamos discordando sempre destes sonhos em achar que eles são impossíveis de realizar.

             Ninguém vive sem ilusões, sem uma bela imaginação, sem criar uma fantasia ou devaneio. Que eles façam desta miragem a realidade que podem e devem criar. Aquele poeta não disse que a vida é feita de ilusões, mas não é das ilusões que saem os melhores momentos da vida? Não diga não aos sonhos deles e se eles não têm sonhos crie um para eles copiarem e aprenderem a fazer os seus. Todos os jovens querem viver o sonho de ser herói. Tiraram isto dele e nós podemos devolver este sonho mostrando a ele como fazer um escotismo aventureiro. Não aquele de uma fila interminável por uma estrada com você determinando aonde ir. Não tenha medo do que vai acontecer. Haja sim com cautela, mas sem tirar o espírito aventureiro. Lembre-se ali são eles os donos dos sonhos, os donos da aventura, você é um mero coadjuvante que tenta a sua maneira passar para eles o que um dia viveu. Agora o momento é único e você deve aplaudir isto.

            Ninguém gosta de sonhar e ficar acordando vendo o tempo passar. Ver o vento vir e ir sem ter ao menos possibilidade de tocá-lo. Sem saber o som da floresta, sem saber como é o orvalho da madrugada a cair suavemente no rosto. Sem saber o que os pássaros dizem sem sequer reconhecer o cantar do regato que lhe forneceu a água para sobreviver. Deixe-os ver o vento balançar as árvores, deixe que eles descubram o caminho a seguir, deixe-os descobrirem como podem viver sonhando com os pés no chão. Esqueça a modernidade por alguns minutos e sim pode se preocupar com as adversidades dos novos tempos, mas faça tudo para que eles andem sozinhos. Eles um dia não terão de fazer isto? Belas são as palavras de Kipling que escreveu um dia quem sabe para nós chefes – Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite... Deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos de desejo provado e do encanto reconhecido!

            Não vamos mais além, mas precisamos retornar aos sonhos que um dia os jovens tiveram, precisamos pensar que o mundo é como um acampamento em que montamos nossa tenda, e se podemos apreciar a natureza, e depois voltamos para a nossa casa que é a eternidade valeu a pena viver. Um dia li um comentário de alguém que nunca ouvi falar. Osho. Quem foi não importa, mas uma coisa eu garanto é um criador de ilusões a nos mostrar que o caminho para prosseguir é sonhar e acreditar em seus sonhos:

- Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece. Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.


Assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar. Coragem! Avance firme e torne-se Oceano!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Os tempos de Mowgly na Selva. Era uma vez... A embriaguez da primavera.


Conversa ao pé do fogo.
Os tempos de Mowgly na Selva.
Era uma vez... A embriaguez da primavera.

Pontos e contrapontos da Historia de Mowgly.

                    - Porque não morri nas garras dos dholes? Gemeu Mowgly. Minha força esvaiu-se e não foi veneno. Dia e noite ouço um passo duplo no meu caminho. Quando volto à cabeça sinto que alguém se esconde atrás de mim. Procuro por toda parte atrás dos troncos, atrás das pedras, e não encontro ninguém. Chamo e não tenho resposta, mas sinto que alguém me ouve e se guarda de responder.

                    Se me deito, não consigo descanso. Corri a corrida da primavera e não sosseguei. Banho-me e não me refresco. O caçar enfada-me. A flor vermelha está a ferver em meu sangue. Meus ossos viraram água. Não sei o que...
- Para que falar? Observou Baloo. Akelá disse que Mowgly levaria Mowgly para a alcatéia dos homens outra vez. Também eu o disse, mas que ouve Baloo? Bagheera, onde está Bagheera? Esta noite se foi? Ela também sabe disso, é da lei.
- Quando nos encontramos nas Tocas Frias, homenzinho, eu já o sabia acrescentou Kaa. Homem vai para homens, embora a Jângal não o expulse.
- A Jângal não me expulsa, então? Sussurrou Mowgly.
- Os irmãos Gris e os outros três uivaram furiosamente: - Enquanto vivermos ninguém, ninguém ousará...

                     – Mowgly lembrava quando se mudou da Alcatéia de Seone. É hora de parar de correr. Ele viu uma pequena cabana onde via uma luz. Cães latiram. Ele emitiu um profundo uivo de lobo, que fez os cães calarem e tremerem. Escondido nos arbustos Mowgly também tremeu. Por outro motivo. Conhecia aquela voz. Entendeu o que ela dizia. Lembrava bem. Quem está aí? Quem está aí? Mowgly gritou baixinho: - Messua! Messua! – Quem chama? Respondeu a mulher com voz trêmula. – Nathoo! Respondeu Mowgly. – Vem meu filho. Ela se lembrou. O acolheu, deu-lhe de beber e comer. Cansado Mowgly deitou-se e dormiu sono profundo. 

                     – Mowgly acordou e ouviu o irmão Gris chamando-o lá fora. Messua olhou para ele. Era um Deus da Jângal, reconheceu. Quando o viu sair abraçou-o. Volte sempre disse. A garganta de Mowgly apertou-se. Disse quase chorando – Voltarei – sim voltarei. Ele gritou com lobo Gris – porque não vieste quando o chamei? – Não foi tanto tempo assim, ainda ontem estávamos junto respondeu. Você sabe, o tempo das Falas Novas chegou não te lembras?

                    - Irmãozinho, que aconteceu? Porque estás comendo e dormindo na Alcatéia dos Homens? – Se tivesse vindo quando o chamei isto não teria acontecido. – disse Mowgly - E agora como será? Perguntou o lobo Gris – Ele ia responder quando viu uma mocinha trajada de branco em direção à alcatéia dos homens. Mowgly a seguiu com os olhos até ela ser perder ao longe. E agora? Perguntou de novo o Lobo Gris. Agora não sei... Respondeu suspirando. Lobo Gris calou-se. Mowgly também. Quando abriu a boca foi para dizer a si próprio: - A Pantera Negra falou a verdade. Disse que o homem sempre volta para o homem.

                       - Raksha, nossa mãe também disse. E Akelá na noite do ataque dos Dholes, e também Kaa, a serpente da rocha. - completou Mowgly. E tu irmão Gris, que disse tu? – Eles te expulsaram uma vez. Disse o Lobo Gris. Eles queriam te lançar na flor vermelha. Mandaram Buldeu te matar. São maus, insensatos. Foste admitido na Jângal por causa deles. - Para! Que estás dizendo? - - Lobo Gris respondeu - Filhote de homem, senhor da Jângal, filho de Raksha, meu irmão de caverna – O teu caminho é o meu caminho. A tua caça é a minha caça e tua luta de morte é a minha luta de morte.

                       Mowgly já tinha resolvido o que fazer. – Vá, disse – Reúne o Conselho na Aroca, irei dizer a todos o que tenho no meu coração.   
Em qualquer outra estação aquela novidade teria reunido na Roca o povo inteiro do Jângal; - Lobo Gris saiu pelas planícies chamando a todos. O Senhor da Jângal volta para os homens. Vamos à Roca do Conselho. Todos respondiam – Só no verão, venha você e ele cantar conosco! – Quando Mowgly chegou a Roca, encontrou apenas lobos irmãos. Baloo que estava quase cego e a pesada Kaa. – Termina aqui o teu caminho, homenzinho? Disse Kaa – Grita o teu grito! Somos do mesmo sangue, eu e tu, homens e serpentes!

                           Lembra-te que Bagheera te ama, disse ela por fim, retirando-se num salto. No sopé da colina entreparou e gritou: Boas caçadas em teu novo caminho, senhor da Jângal! Lembra-te sempre que Bagheera te ama. Tu a ouviste murmurou Baloo. Nada mais há a dizer. Vai agora, mas antes vem a mim. Vem a mim, ó sábia rãzinha! - É difícil arrancar a pele, murmurou Kaa, enquanto Mowgly rompia em soluços com a cabeça junto ao coração do urso cego, que tentava lamber-lhe os pés.


- As estrelas desmaiam, concluiu o lobo Gris, de olhos erguidos para o céu. Onde me aninharei doravante? Por agora os caminhos são novos...

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O terceiro Escoteiro escriba da Patrulha Lobo.


Conversa ao pé do fogo.
O terceiro Escoteiro escriba da Patrulha Lobo.

                  Um dia eu escrevi aqui dizendo que fui o Terceiro Escoteiro Escriba da Patrulha Lobo. Era assim no passado, pelo menos em nosso grupo o São Jorge. Um amigo passou a me chamar assim. Sinceramente gostei. Até me orgulhei. Fiquei pensando no passado quando todos nós apresentávamos a quem quer fosse dizendo sua posição na Patrulha. Era bom, era sadio, um orgulho danado e olhe não importava se fosse o primeiro ou o sétimo Escoteiro. O primeiro era o monitor, ainda indicado pelo Chefe, mas prevalecendo a antiguidade. O segundo era o sub monitor. O terceiro tinha seu tempo na patrulha e assim o quarto, o quinto o sexto e o sétimo. A formatura não se modificou. O Monitor à frente e o sub por último. Soube por fontes fidedignas que a maioria dos países onde tem o movimento Escoteiro se formam assim também. Nossa apresentação pessoal a chamado do Chefe era supimpa. Posição de sentido, olhando os olhos do Chefe, meia saudação e gritante a dizer: Chefe, o terceiro Escoteiro escriba da Patrulha Lobo se apresentando!

                   Um pouco militarizado? E daí? Isto dava um certo ar de importância para nós. Fico pensando os novos pensadores, os novos doutores em pedagogia, filosofia e tantos outros que abominam o regime militar. – Escoteiros? Nunca eles dizem. Eles tem experiência no tema? Vivenciaram? Fizeram pesquisas dos que assim procederam se deu ou não certo? Bobagem, eles só imaginam. Por causa de uma ditadura que também sou contra criaram raízes negativando o pseudo militarismo Escoteiro. Tudo bem podem dizer passado é passado, mas o que foram fazer os escoteiros no desfile olhe bem a palavra desfile no Ibirapuera este ano e em todos os anos anteriores? Escoteiros não marcham, andam com orgulho e cabeça em pé, não fazem ordem unida. Pamonha de chefia que não sabe o que diz. Desculpe o termo. Eu fui com orgulho o terceiro Escoteiro escriba da Patrulha Lobo. Gostava de juntar os cascos e me apresentar.

                   Era assim mesmo, nos orgulhávamos do que fazíamos. O intendente, o cozinheiro, o bombeiro lenhador, o construtor de pioneirías o aguadeiro o lenhador e tantos cargos criados da imaginação. Sempre tínhamos dois ou mais cargos na patrulha no campo e na sede. Havia um certo respeito entre nós. A patrulha tinha união. Éramos mais que irmãos. Pudera ficávamos anos quase sempre com a mesma função e ninguém reclamava. Sair? Nunca ninguém pensou ou pensava em fazer. Quando o monitor passava para seniores a gente até chorava. Havia reuniões na sede, em casa de cada um para tratar de todos os assuntos que uma patrulha deve tratar. Havia Conselhos de Patrulha, Conselho de Tropa e Corte de Honra. Só participei de uma quando fui a Sub Monitor e o monitor faltou. Fazíamos atas e eu me orgulhava da que fazia da patrulha. Onde você via um logo tinha outro e outro. Sete meninos metidos a homens como disse um pafúncio escritor ou cantor.

                    Uma vez recebemos uma visita de um Grupo Escoteiro de Nova Lima, cidade próxima a Belo Horizonte. Comandado pelo Chefe Dedé. Um parrudo Chefe do interior que foi anos mais tarde exonerado. Os motivos não vou dizer aqui. Que bonito quando chegaram mais de cem meninos, uniforme caqui, chapelão, uma banda de fazer inveja. O desfile deles e nós na cidade encantou todo mundo. Nos demos as mãos, acampamos na Ilha dos Araujos, local ermo arborizado hoje uma pequena cidade. Eles sempre sorrindo e nós também. Chefe João Soldado me chamou para fazer um relatório. Junto o Chefe Dedé. Melhor lembrar que ele naquela época já era Insígnia. Estiquei-me todo, juntei os cascos. – Chefe! Terceiro Escoteiro escriba da patrulha Lobo se apresentando. O Chefe Dedé me olhou, não se assustou. Ficou em posição de sentido e me saudou – Prazer Escoteiro, Chefe Dedé do Grupo Escoteiro Nova Lima. Orgulhoso em te conhecer! Fez uma continência, me deu a mão esquerda apertou, sorriu de tal maneira que nunca mais esqueci aquele momento.

                    Era uma patrulha de escol, nem melhor nem pior do que muitas que ficaram marcadas na mente dos velhos escoteiros de outrora e quem sabe dos novos de hoje também. Não sou militar, mas tenho admiração por eles. Erros todos cometem, sejam eles ou chefes escoteiros. Sinto que esta vazia tomada de posição, onde nada se pode fazer sem um ou outro a criticar, deviam primeiro analisar, ver o que deu certo ou não. Não fazer como hoje, muito palavrório, muita explicação, mas escotismo mesmo daqueles de BP quase nada. Escotismo é movimento, é campo, é acampamento. É perguntar a escoteirada o que eles querem fazer e orientar mostrando o melhor caminho a seguir. Não como muitos que postam em todo lugar: Escoteiros! Amanhã vamos plantar, vamos limpar a praça e mostrar que podemos ajudar. Sem críticas, mas perguntem primeiro e expliquem depois.


                    Apenas uma pequena história, do terceiro Escoteiro escriba da Patrulha Lobo. Fiz minha passagem e depois minha rota para os seniores. Até hoje estou dando meu Sempre Alerta. Orgulho de ser um como todos vocês. Se ainda pudesse pegava meu tarol ou meu tambor, engatava uma terceira e saia a marchar por aí. Ver o povo batendo palmas se orgulhando, ver os foguetes no ar saudado a marcha ou o tocar de um clarim. Mas por favor, não critiquem, pois em termos de acampamentos de grandes atividades aventureiras, de ter uma mente sã, amor no coração e orgulho de sua lei, não fico a dever nada a ninguém que foi ou é Escoteiro. Eu faço de tudo para que os jovens de hoje também tenham orgulho, pelo menos fiquem dois anos em uma patrulha não um só, pois tem aqueles que sabemos que nunca irão sair. Mas não seria tão bom que daqui a sessenta anos, eles ou elas orgulhosamente também pudessem dizer: - Eu sou o quarto Escoteiro Cozinheiro da Patrulha Águia. Com muito orgulho!