Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Oba! Oba! Aconteceu... Chefe Osvaldo foi ao Jamboree do Brasil.


Oba! Oba! Aconteceu...
Chefe Osvaldo foi ao Jamboree do Brasil.

        Beleza! Avistei do alto do morro a entrada do Jamboree. Sorri de orelha a orelha. Quanto tempo eim? Pensei. É, fazia tempo que não ia em uma atividade assim. Já estava “aperreado” de tanto ficar em casa. Precisava escoteirar, andar por aí, abraçar alguém dizer Sempre Alerta, Melhor Possivel ou Servir. Sempre recebi muitos convites, mas sempre num cantinho estava escrito: - Taxa 20 paus. Pagando com antecedência 15 paus. Como um Velho duro e aposentado como eu podia ir? De graça? E o Chefe na portaria me cobrando? – Pendure meu amigo. O Chefe tá duro! Valha-me Deus. Estava mesmo difícil fazer escotismo hoje em dia. Sem tostão sua vida escoteira não vale um vintém. Mas vamos voltar a minha chegada ao Jamboree. Eu sabia que seria fantástico. Impossível imaginar quanta gente presente. Quem sabe encontraria amigos meus que fiz e nunca vi pessoalmente? Garbosamente marchei na trilha que me levava à entrada do campo. – Cantarolava uma velha canção do passado: ♫♫♫Onde vais tu, oh Escoteiro, com teu bastão lesto a marchar! Candência certa passo certeiro, aonde vais tu a acampar?

         Era ônibus, caminhão, automóveis e vi muitos helicópteros sobrevoando. Escoteiro rico é outra coisa. Nada como enricar, pensei. Duas patrulhas de jovens lindas da Suécia passou sorrindo. Deram-me um tchauzinho. Beleza! Escoteirada bonita, alegre cheia de espírito de B-P para acampar. No portão fui entrando seguindo a turma que chegava rumo ao local de campo. Meu caqui estava soberbo. Bem passado, botões abotoados. Lenço de Insígnia bem dobrado, nem Dom Casmurro na sua gravata soberba se comparava ao meu lenço bem colocado. Minha botina preta brilhava. Só de raiva coloquei minhas jarreteiras verde e amarela. Pensei em colocar meu distintivo de Primeira classe e meus cordões de eficiência. Não podia, Chefe não usa.  Não faltou meu penacho verde e amarelo de Chefe de grupo. Chefe de Grupo? Boa Vado escoteiro, isto não existe mais. Agora é Diretor Técnico. Puxa! Nome pomposo, garboso supimpa! – A minha mochila verde garrafa do exército Inglês ainda estava no ponto. Minha faca John Rambo à direita, minha machadinha Mundial fazia jus a sua fama. Meu cantil Guepardo Western da última guerra estava cheio. Não levei nele água, levei o puro uísque Chivas 18 anos. Afinal água se achava em qualquer lugar, uísque não.

           Marchando soberbamente na entrada do campo eu ia junto a uma patrulha escocesa, todos tinindo de uniformização com seus saiotes Kilt coloridos. Lembravam-me o famoso tartan do Clã dos Maclaren. Eu estava adorando. Finalmente ia acampar. Na cancela alguém gritou: - Ei velhote! Aonde vai? Respondi cantando: ♫Prá longe eu vou, a pátria ordena, sigo contente meu monitor... Ele fechou a cara. Não tinha jeito para cumprir o oitavo artigo. Moço Chefe! Eu disse. Vou acampar, será só uma noite, pois logo devo partir. Vim aqui matar as saudades de um tempo que não volta mais! – Ele me olhou enviesado: - Fez a inscrição? – Eu? Eu não moço Escoteiro. Pensei que ficar só um dia não precisava. Precisa sim. Sem ela não entra nem com suas medalhas fajutas. Poxa! Fajuta minhas medalhas? Ganhei há tanto tempo e nunca mais me deram outra. – Moço Escoteiro, me deixa ficar algumas horas somente. Logo vou embora! – Nem pensar, sem pagar a taxa aqui não entra, nem se fosse Baden-Powell não entraria de graça! – Coitado do velhinho até hoje é amaldiçoado pelos grandões que não dão o mínimo valor de seus métodos.

            Olhei para ele. Merecia uma bastonada na cuca. Tentei ser Cortez. Afinal sou educado prá xuxú. – Ele gritou com seu companheiro: - Leandro Staff vá chamar vinte chefes do Staff e os donos do poder. Este velhote precisa de uma lição. Não demorou e logo chegou uma turma de chefes de fazer inveja. Cada um mais horroroso que o outro. Os donos do poder chegaram logo. Eu já os conhecia de nome. Eram quatro. Alguns estupendamente bem uniformizados, outros daquele jeito que todos conhecemos. Camisa solta, sandália, lenço amarrado nas pontas, cabeludo e barbudo. Bem cada um veste como quer quem sou eu para condenar! Kkkkkk. – Então é você? Um gritou. – Eu? Eu sou um pobre Velho Chefe Escoteiro, que não tem onde cair morto excelência. Melhor mostrar respeito. Afinal eram os donos da EB e eu não podia abusar. – Ele continuou: Aqui não entra, nem pagando. – Nem pagando doutor? Tem fiado? Tem caderneta para pagar no fim do mês? – Necas, aqui gente da tua espécie não acampa! – Mas Eminência, que espécie sou eu? – Outro respondeu: - Espécie naftalina. Só vive no passado e acha que seu tempo era melhor que o nosso!

         Ah! Ah! – Então era assim? Escorraçado do Jamboree só porque sou um Chefe naftalina? Desta vez não ia deixar de barato. Chega de ser marido da barata. Agora era usar minha força de Ulisses, do tronco de Stallone, do sorriso brejeiro de Schwarzenegger. Fiz a velha pose de Shaolin. Lembrei de Jackie Chan, Bruce Lee e Jet li. Afinal não fui campeão de Briga de Galo quando era um raquítico Escoteiro? Não entrei na caverna do Morcego e enfrentei a morcegada só de cueca? Essa turma do CAN e do DEN iam ver quem era eu. – Um deles apitou. Sempre o danado do apito. Gostam demais dele. Vieram correndo dezenas de chefes armados até os dentes. – Agora você vai enfrentar o Staff da UEB. Só chefes sem curso, sem Tropa, sem Alcatéia e verdadeiros carniceiros escoteiros. Puxa vida! Ia falar um palavrão, mas não sou disto.


       Que seja! Não posso entrar? Tudo bem, mas vocês vão conhecer a força de um Velho Chefe Escoteiro, conhecido como Vado Escoteiro, que foi o III Escoteiro escriba da Patrulha Lobo. – Lembrei da pose de Daniel San, o famoso lutador de Karaté. Que “Pat” Morita, o Senhor Miyagi me socorra. A luta foi “braba” peguei um membro do CAN pelo “cangote”. Notei que a sua camisa era verde. Turma danada gostam de mudar. Antes era preta depois azul escuro agora é verde. O que mais que vão inventar? Levei um sopapo na testa outro na “zoreia” e tudo começou a rodopiar. O chão era pequeno demais para mim. Acordei caindo da cama e a Célia como sempre correndo para me socorrer. – Mulher! Gemi. Apanhei prá xuxú. Esta turma do CAN não é mole. Agarram no cargo e não querem sair e nem me deixaram entrar no Jamboree! – Ela sorriu. Sabia que eu estava ficando senil. Pois é mulher, seu marido não está com nada. Ela deu uma gargalhada. – Porque não vai para a varanda ver o sol se por atrás das montanhas? Montanhas? Hummm! Ela também estava como eu. Ali não tinha mais montanhas. Sumiram na modernidade da vida!

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