Crônica de um
Velho Chefe Escoteiro.
“Porca lá miséria”
Não me levem a mal, nada que em português
significasse “miséria vagabunda”. Mas isto faz parte da mente de um Velho Chefe
Escoteiro? “Necas de catibiriba”. Nos meus percalços da vida não deixo a vida
me levar, eu a levo aonde quero ir. Neste fim de semana que dizem ser o meu
dia, assim quiseram os comerciantes para faturar me lembrei da lei de BP no seu
original. Não me prendi no primeiro artigo que dizia que a Honra, para os escoteiros,
é ser digno de confiança. Nem no segundo, pois não temos reis nem rainha para
jurar lealdade. Aos nossos grandiosos políticos a gente nem pensa nisto. Gosto
do quarto que diz que o escoteiro tem o dever de ser útil e ajudar o próximo.
Mas deixemos de lado que o
escoteiro é amigo e irmão de todos ou que o escoteiro é cortês. Claro que
sabemos que ele tem a obrigação de ser amigo dos animais e das plantas e que
obedece as ordens dos seus pais, do seu Monitor ou do seu Chefe escoteiro. Mas fiquemos
presos ao oitavo. Gosto dele. BP achou que a gente iria assoviar quando nos
defrontássemos com qualquer dificuldade. Bom isto. Às vezes fico pensando se o
escoteiro não é humano. Se ele não pode chorar, reclamar e nem maldizer uma
maldita pedra que tropeçou no caminho.
Eu ando por “aqui” com muitas
coisas que vem acontecendo em minha vida. Uns amigos que não estão perto são
mestre em escrever para mim e dizer que sorrir é o melhor remédio. Eles tem
culpa? Não tem afinal eu sou mestre em dizer que a felicidade é fazer os outros
felizes. (Eita BP que não sai da minha mente). Sou um escoteiro sortudo, graças
a Deus. Fiquei alguns meses atrás doze dias em uma enfermaria lá pras bandas de
Purgatório. Passei a andar de bengala, aumentou as doses de inalação e
remédios. Bom demais! Foi duro subir no pé de jaca para pegar uma Jaca. Olhe
não sou muito fã de Jaca, mas sei que tem gente que gosta.
Continuando minhas contestações
do sorrir sempre, ontem voltando da casa da minha filha no meu velho e
sistemático carrinho, eis que aconteceu uma fantástica maravilha. Ele começou a
cuspir água, fervendo o motor e só por um milagre consegui estacionar na Marginal
do Tietê. Celular para pedir socorro? Não tinha. – Célia, vou atravessar as
diversas fases da marginal. Ela me olhou de olhos arregalados! Precisamos
Célia. E lá fui eu de bengala e tudo pedido aos carros para parar depois de
saltar três obstáculos o valente Chefe conseguiu pedir socorro a um motorista
de uma ambulância que gentilmente me emprestou seu celular. Graças a Deus que
não precisei usar a dita.
Voltei e esperei meu filho vir
me rebocar. Enquanto isto fiquei praguejando em vez de cantar o Rataplã e
gritar viva BP e seu oitavo artigo. Tentei assoviar e não consegui. Pensei
comigo mesmo se não assovio o artigo não vale! Risos. Eram mais ou menos quatro
da tarde e lá pelas oito da noite estava em casa bufando. Afinal mudei minha
rotina de aspirar meu medicamento do pulmão e fazer a “danada” da inalação. Ai
eu pensei com meus botões (faltam dois na minha blusa de frio). – E agora? Duro
sem tostão e sem carro o que fazer?
Hoje cedo peguei minha bengala,
eterna companheira de subidas na minha rua e lá fui eu na padaria comprar pão.
Meditava... Lia e relia em pensamento a lei escoteira de cima para baixo e de
baixo para cima. – Parei no que BP disse que o escoteiro é sóbrio econômico e
respeita o bem alheio. Este era fácil de seguir, pois roubar um carro não
estava no meu programa. Nunca tive uma poupança. Meu carrinho me dava uma mão
para correr até Purgatório ou levar a Célia que também não anda nada bem. Pensei
com meus botões (de novo?): E daí! Não é bom caminhar? Quem sabe caminhando
refresco meu pensamento da revolta de políticos ladrões que só roubam milhões.
Resolvi parar de pensar. Afinal eu sei
que amanhã é outro dia. Ainda estou igual ao dono do carrão que quando furou o pneu
viu que não tinha macaco. Praguejou porque um carro como aquele não tinha macaco.
Praguejando sem parar viu uma casa e quando abriram à porta ele gritou: -
Macaco dos infernos! E falou um palavrão. Eu? Não vou praguejar. Vou esperar o mecânico
aqui em minha casa. Quem sabe ele vendo minha carinha de “tristeza” vai consertar
meu carrinho de graça? Pois é, a vida é cheio de altos e baixos, montanhas e
vales, o jeito é assoviar como diz BP. Preciso treinar de novo meu assovio!
Engraçado, depois de velho não
consigo mais assoviar. Nada como ser persistente, alegre, um perfeito escoteiro
feliz com a vida, vai chegando uma brisa em forma de vento sopra no meu rosto e
eu dou uma bela gargalhada! SAPS BANDEN-POWELL! - SAPS? Cacilda! - Logo eu? Danado
de SAPS! Vá sapear nos raios que o parta! Risos. E eis que começo a ouvir uma
canção de anjos e querubins e pipoca um enorme clarão no céu e em uma nuvem lá esta
ele. - Garboso no seu uniforme e dizendo para mim: - Vado Escoteiro, o
Escoteiro é limpo no pensamento, na palavra e na ação. Ímpio BP! Sempre a me
perseguir!
Nota de rodapé: - Apenas uma crônica quase real para
passar o tempo. Afinal somos ou não somos sublimes e corajosos escoteiros? As
dificuldades a gente tira de letra. – risos, boa essa! – Bom falar, mas difícil
de realizar. Agora é pé na taboa e partir sem reclamar viajando na Empresa de
Viação Vulcabrás. Meu carrinho se foi e sorrindo vou esperar ele voltar. Risos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
obrigado pelos seus comentários