Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quarta-feira, 11 de maio de 2016

A vida como ela é.


A vida como ela é.

                Estava eu com os olhos fechados, pensando na vida, sentado no meu amado vaso do meu banheiro onde tenho tranquilidade e descanso e eis que o telefone toca. Maldito telefone. Detesto. Sempre tocando nas horas mais sublimes e deliciosas da vida. E agora fazer o que? Usei dos meus truques escoteiros quando fugia de alguma cascavel ou uma onça nos acampamentos e conseguir ir até minha sala e segurar aquele aparelho incrivelmente chato. Não tenho mais sossego em minha casa com este horrível aparelho que no passado Alexander Graham Bell inventou. Já o maldisse muitas vezes por ele não nos deixar em paz. Por isto adoro acampamentos. O meu comprei na telefônica e hoje é da vivo. Nem sei mais a quem reclamar. Tentam me vender de tudo e esquecem que sou aposentado e hoje dia 11 do mês já estou duro. Alias fiquei duro desde o dia 30 passado. Rarará! – Mas vamos lá, rouco, sem voz, pois ela não colabora com minha bela figura de Escoteiro Chefe da UEB (Putz grila, estou louco? Logo eu?) disse: - Alô! Uma voz estridente do outro lado da linha. Já ia dizer alguns palavrões, pois pensei que era o Moacir Franco com uma gravação de Marketing. O cara além de chato fala como se fosse meu amigo.

             Mas não era ele. Era voz de mulher. Ora bolas se fossem alguma das minhas amigas Escoteiras tinha a obrigação de atender. – Do outro lado ela disse: - Chefe Osvaldo, é golpe! – Prestei mais atenção. Ela repetiu – É golpe! Vão me crucificar hoje no Senado Federal! – Mama mia! Agora sabia quem era. Nada mais nada menos que a Dilma Presidenta. - Senhora Presidenta, o que posso ajudar? Ela quase chorando, pois é metida a durona disse: - Lembra-se do acampamento na serra da Bocaina que fizemos juntos? Lembra como me tratou como uma rainha? Montou minha barraca, fez minha refeição, me deu café na cama, construiu uma bela pioneiria de uma cadeira de balanço para mim descansar e apreciar a natureza? E os poemas que fez para mim naquela noite de lua cheia a beira do fogo? Voltei no passado longínquo. Quanto tempo. Convidei por convidar e ela prontamente aceitou. Ainda era uma remanescente dos porões da ditadura e com pena levei-a para ver a natureza em flor no pico da Bocaina.

             - Pois não Senhora Presidenta. Hoje nada posso fazer, agora sou um Velho desdentado, senil, dizem que sou chato de galocha e gagá. Mal ando e mal falo e já vou começar a tossir! – Ela insistiu. – Chefe Preciso do senhor. Alguém tem de alertar o Senado, alguém precisa gritar com o Teori Zavaschki, alguém precisa alertar o Ricardo Lesandowski que é golpe. Só o senhor pode fazer isto. Todos acreditam na sua honestidade, na sua lealdade, e no seu critério ético. Dei um sorrisinho maroto. Nunca me convidou para nada em seu governo. Nunca me apresentou aos presidentes da Petrobrás, nem falou com as empreiteiras para dar uma ajudazinha a este Chefe duro que não tem onde cair morto e agora vem me pedir ajuda? Ouvi uma voz próxima ao telefone. Quem seria? Alguém falava com ela para desligar. Ele já entrou com mandato no supremo. – Descobri quem era. A voz conhecida parecida com os vilões de Indiana Jones que no final sempre levavam a pior. Era o Moço da AGU, não confundam AGU com angu. Nada menos que o Doutor José Eduardo Cardozo.

Lembrei-me dele aqui na capital. Tentou tudo para ser da Equipe Nacional de Adestramento e eu o chefão não aceitei. Muitos chefões ficaram PDV comigo. Paciência. Politica só lá em Curitiba com os chefões da UEB comigo não Cara Pálida! Dona Presidenta Dilma gritou com ele: - Deixe eu falar com o Chefe Osvaldo, você vem escrevendo fazendo processos parece a UEB que só quer ver pelas costas as outras associações Escoteiras? Ele pelo menos sempre foi bem recomendado! – Comecei a ficar envaidecido. Pensei até em vestir meu lindo e esplendoroso caqui que sempre está bem passado e sem vincos colocar meu lenço da IM que ganhei em 1966, meu chapéu de abas largas e partir para Brasília. Lembrei que não tinha como ir. Nem minha bicicleta funcionava. Pneu furado e não tinha Money para arrumar. Avião nem pensar. O que fazer?

                  Um barulho enorme na minha rua. Fui até a varanda e vi um helicóptero "Pave Hawk", destes grandes pairando no ar. Vinte Marines desceram com suas cordas, devidamente camuflados com mascaras e armados até os dentes. Algemaram-me. – Ordens do Presidente Obama! Disseram. Ele não quer que o senhor se meta na politica brasileira. Que a Presidente Dilma vá plantar batatas em Porto Alegre! Alguém me amarrou e me içou no ar. A bordo pensei em usar a velha tática do Caça ao Soldado um jogo Escoteiro que quando menino era bom e ganhei muitas medalhas. Nem deu tempo. O helicóptero partiu zumbindo rumo a Cumbica. Lá me esperavam toda a cúpula das forças armadas brasileiras e americanas. Um jato Raptor, o caça mais poderoso que o F-35, atingindo a velocidade de Mack 1.6 me esperava. – Levem-no para o Pentágono gritou um general. De lá que ele passe uma boa temporada em Guantánamo para ver o que é bom.


                    Gritei. Falei três veze o grito de guerra da UEB. Anrê, Anrê e Anré. Não adiantou. Dedurei toda a direção da UEB. Disse que eles eram culpados e nada. Lembrei-me quando fui aprisionado pelos Corvos, uma patrulha de Conselheiro Pena em um grande jogo no Vale do Rio Doce. Não consegui me safar. Fiquei duas horas preso e a escoteirada se aproveitou para me glosar. Fiquei engasgado, apoplético, a voz saiu gritada e alguém me socorreu. Era a minha adorada e amada esposa. A Célia sempre minha heroína para me salvar. – Acorda Osvaldo, acorda, chega destes pesadelos infernais. – Olhei para ela ainda vermelho e sem voz. Obrigado meu amor. Mais uma vez me safei. Quero ajudar o Brasil, mas assim não dá, não dá mesmo! Ufa!  

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