Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Nunca um adeus e sim um até logo. A Canção da Despedida.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Nunca um adeus e sim um até logo.
A Canção da Despedida.

                          Velhos e longos tempos! Era assim chamada e é assim conhecida a Canção da despedida. Em Inglês Auld Lang Syne. Posso estar enganado, mas não existe ninguém que tenha passado pela trilha de Baden-Powell que não tenha cantado e se emocionado com esta linda canção. Ela conta muitas histórias no mundo escoteiro. Histórias que ficaram para trás, e outras que irão acontecer novamente. A lenda é real. Dizem que na virada do ano a humanidade festeja a ida de um e a chegada de outro. Países do mundo inteiro celebram cantando Auld Lang Syne. Orquestras tocam esta melodia de diversas formas, pessoas irão se abraçar alguns terão lágrimas nos olhos a lembrar do ano que se foi. Pessoas se abraçam, desejam dias melhores que poderão acontecer. Dizem que podem ser ruins para alguns e bons para outros. Eu costumo sentar em minha varanda nas tardes mais saudosas e ouvir meu LP de Guy Lombardo a tocar Auld Lang Syne. Nada mais nada menos que a nossa querida canção da despedida. Sem esquecer o nosso querido Trio Irakitan com magnifica interpretação.

                         Conta-se a lenda ou quem sabe a verdadeira historia desta melodia tão popular conhecida no Velho mundo que a letra original é de um poema escocês escrito por Robert Burns em 1788. Dizem que significa “Velho e longo tempo” alguns chamam de “Muito tempo atrás” e tem aqueles que dizem se chamar “Como nos velhos tempos”. Não importa o nome original, para nós escoteiros ela é a Canção da Despedida. A nossa eterna Cadeia da Fraternidade. Não sei quem adaptou nova letra a esta melodia tão maravilhosa que nos marca em todas as ocasiões quando cantamos. Sei que ela ressoa na memória e bate fundo no peito e no coração Escoteiro. É bela demais. Ela nos dá a certeza que nunca vamos nos separar que bem cedo junto ao fogo vamos nos reunir outra vez. Não temos a tradição de cantá-la na virada do ano. No Brasil poucos estados em festas da virada cantam. Temos sim a tradição de cantar no final do Fogo de Conselho, nos encontros escoteiros, em festividades e fins de acampamento.

                           Aprendemos a entrelaçar as mãos, apertar fortemente, cantar se emocionar e muitas vezes chorar. Quem não chora? Dizem que tem escoteiros durões, mas eu não acredito. No fundo do coração bate forte uma saudade uma vontade de dizer “Eu te amo” gritar naquela noite sem lua ou com lua, que o escotismo mora no meu coração para sempre. Nem sempre estamos em uma clareira da floresta, mas na nossa frente tem uma fogueira. Chamas com fagulhas subindo aos céus. Olhares de amigos que já existiam e outros que fizemos rodam o circulo do amor. Sempre nos lembraremos dela em um acampamento em uma atividade escoteira ou até mesmo um acantonamento onde os lobos sempre a cantam pela primeira vez. Dizem que as que marcam mais é no encerramento do Fogo de Conselho. Eu cantei em lugares incríveis. Cantei em florestas virgens, em picos formosos. Cantei a noite, olhando estrelas, cantei durante o dia vendo o sol ou a chuva.

                   Para mim é a mais sublime das canções Escoteiras. Nunca esqueci a primeira vez. Meu primeiro acampamento. Saudades demais. Penúltimo dia, última noite. Um fogo de conselho só da tropa. Fico arrepiado só em lembrar. Foi demais, cantei outras canções, brinquei, fingi ser um padre, aprendi palmas escoteiras, em silencio, no peito, tambor, mexicana, um dedinho, a mão toda caramba! Mas acreditem terminou. Olhamos para o Chefe. Pediu para entrelaçarmos as mãos. Não conhecia a letra, fui ouvindo e aprendendo. Comecei a entender o que ela dizia. A emoção era demais. Tocou-me fundo o coração. Lágrimas começaram a correr pelo meu rosto. Terminou a canção. Fogueira ainda crepitando, estrelas brilhavam maravilhosamente no céu. Vento frio, brisa no rosto, cheiro da terra, do capim meloso, grilos saltitando, vagalumes mostrando seus brilhos. Silencio enorme. Um olhando para o outro. Tentando disfarçar as lágrimas. Trombeta tocando. Final. Reunir, Boa noite escoteiros! É ninguém esquece. Não dá para esquecer.

                      É uma letra conhecida. Não dá para perder as esperanças, pois vamos nos tornar a ver. Neste fogo ou em outras eras nossas mãos de novo iremos entrelaçar. Não é mais que um até logo, não mais que um breve adeus. Foi bom, muito bom te conhecer. Eu sei que o Senhor que nos protege e está sempre a nos abençoar, um dia certamente vai de novo nos juntar. Letra supimpa, linda, maravilhosa, tentei descobrir quem a escreveu, não consegui. Sei que deve ter sido um iluminado quem escreveu a letra como um anjo Escoteiro. De vez em quando penso se ela dói se machuca, se a saudade marca ou se toca silenciosamente em nosso coração. É uma situação inusitada. Se contarmos para amigos eles vão rir de nós. Vão achar que somos tolos, nostálgicos. Eles não sabem o que significa para nós. É linda demais. Sempre lágrimas a cair sobre a terra, nosso chão abençoado quando cantamos.

                     Não sei se conhecem a letra original. Aquela escrita por Robert Burns. É linda, mas não se compara com a nossa. Sei que é uma canção imortal. Hoje, amanhã, no futuro milhões e milhões de pessoas pelo mundo estarão cantando e desejando que não seja mais que um até logo, não seja mais que um breve adeus. Até meus últimos dias na face da terra eu vou cantar Auld Lang Syne e quem sabe chorando. Pensando em minha vida, nos velhos tempos que nunca serão esquecidos. Pelos velhos tempos, ainda tomaremos um cafezinho no fogo de conselho, sei que percorremos colinas, montanhas vales coloridos, mas esta canção nunca será esquecida!

Aos meus amigos, deixo a letra original escrita por Robert Burns de Auld Lang Syne. A nossa não preciso escrever. É conhecida pelos milhões e milhões que um dia foram ou são escoteiros em todos os quadrantes do mundo.

- Os antigos conhecidos deveriam ser esquecido e nunca lembrados?
Os antigos conhecidos deveriam ser esquecidos e os velhos tempos?
- Pelos velhos tempos, minha querida, pelos velhos tempos;
Ainda tomaremos uma xicara de bondade, pelos velhos tempos.
- E certamente, você pagará pela sua e eu pela minha,
Ainda tomaremos uma xicara de bondade, pelos velhos tempos...
- Nós dois já corremos pelas colinas, e colhemos margaridas,
Mas já vagamos cansados por muitos lugares, desde os velhos tempos...
- Nós dois remamos na corrente, do sol da manhã até a noite,
Mas os mares entre nós já bravejaram muito, desde os velhos tempos.
- Pelos velhos tempos, minha querida pelos velhos tempos,

Ainda tomaremos uma chícara de bondade, pelos velhos tempos...

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