Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A natureza do jovem no escotismo ou fora dele. Por Baden-Powell.



A natureza do jovem no escotismo ou fora dele.
Por Baden-Powell.

- À medida que entramos na nossa carrancuda velhice, temos tendência a esquecermo-nos de que em tempos fomos jovens. A primeira coisa a fazer é, pois, estudar o próprio rapaz; descobrir os seus gostos e antipatias, as suas qualidades e defeitos, e orientar por estes a sua educação. Os rapazes querem variedade. Não fiques surpreendido quando eles se cansam de uma coisa. Mantém-te alerta, tem já pronta a seguinte. Uma criança não pode estar quieta durante dez minutos quanto mais horas inteiras, como por vezes se lhes exige na escola.

- Temos de nos lembrar de que está atacada mental e fisicamente, do «frenesim do crescimento». O melhor remédio para isto é mudar de assunto, deixá-lo sair para uma corrida, ou para uma dança guerreira. Há cinco por cento de bem até no pior dos carácteres. O que é interessante é descobri-lo, e depois desenvolvê-lo até atingir uns 80 ou 90 por cento. O rapaz tem em geral absoluta confiança nas próprias forças. Por isso não gosta de ser tratado como criança nem que o mandem fazer coisas ou lhe digam como hão-de fazê-las.

- O rapaz é geralmente fino como uma agulha. O rapaz não é capaz de se apegar a um trabalho durante mais de um ou dois meses porque precisa de mudança. Quando encontra alguém que se interessa por ele, o rapaz corresponde e vai para onde o levam. Os rapazes são ordinariamente amigos leais entre si, e a amizade é quase um sentimento natural neles. Gosto de comparar o homem que procura levar os rapazes a estarem sob boa influência a um pescador que pretende apanhar peixe. Se o pescador iscar o anzol com a comida de que ele próprio gosta, é provável que não apanhe muitos peixes. Usa, portanto, como isca, o alimento de que os peixes gostam.

- O mesmo se dá com os rapazes, se tentarmos pregar-lhes aquilo que consideramos coisas elevadas, não os apanharemos. A única maneira é estender-lhes alguma coisa que realmente atraia e os interesse. Porque é que a psicologia do rapaz se pode comparar a uma corda de violino? Porque precisa ser afinada no tom exato, e pode então emitir música a valer. Em grande parte, o rapaz adquire a correção do espírito através de ações corretas, na medida em que a ação do homem é inspirada pelo seu espírito.

- É por isso que encorajamos no Lobinho a seguir no Escoteiro, o hábito de praticar boas ações, e é assim que através das ações se desenvolve nele o espírito de ser útil; e por último, como Escoteiro e como homem, é o espírito que o inspira a servir e a sacrificar-se. Se um homem não consegue entender-se em dez minutos com rapazes que não esperam por outra coisa, devia ser fuzilado!

Lord Baden-Powell of Gilwell, do seu livro: - Rastros do fundador!

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