A natureza do
jovem no escotismo ou fora dele.
Por
Baden-Powell.
- À medida que entramos na nossa
carrancuda velhice, temos tendência a esquecermo-nos de que em tempos fomos
jovens. A primeira coisa a fazer é, pois, estudar o próprio rapaz; descobrir os
seus gostos e antipatias, as suas qualidades e defeitos, e orientar por estes a
sua educação. Os rapazes querem variedade. Não fiques surpreendido quando eles
se cansam de uma coisa. Mantém-te alerta, tem já pronta a seguinte. Uma criança
não pode estar quieta durante dez minutos quanto mais horas inteiras, como por
vezes se lhes exige na escola.
- Temos de nos lembrar de que está
atacada mental e fisicamente, do «frenesim do crescimento». O melhor remédio
para isto é mudar de assunto, deixá-lo sair para uma corrida, ou para uma dança
guerreira. Há cinco por cento de bem até no pior dos carácteres. O que é
interessante é descobri-lo, e depois desenvolvê-lo até atingir uns 80 ou 90 por
cento. O rapaz tem em geral absoluta confiança nas próprias forças. Por isso
não gosta de ser tratado como criança nem que o mandem fazer coisas ou lhe
digam como hão-de fazê-las.
- O rapaz é geralmente fino como uma
agulha. O rapaz não é capaz de se apegar a um trabalho durante mais de um ou
dois meses porque precisa de mudança. Quando encontra alguém que se interessa
por ele, o rapaz corresponde e vai para onde o levam. Os rapazes são
ordinariamente amigos leais entre si, e a amizade é quase um sentimento natural
neles. Gosto de comparar o homem que procura levar os rapazes a estarem sob boa
influência a um pescador que pretende apanhar peixe. Se o pescador iscar o
anzol com a comida de que ele próprio gosta, é provável que não apanhe muitos
peixes. Usa, portanto, como isca, o alimento de que os peixes gostam.
- O mesmo se dá com os rapazes, se
tentarmos pregar-lhes aquilo que consideramos coisas elevadas, não os
apanharemos. A única maneira é estender-lhes alguma coisa que realmente atraia
e os interesse. Porque é que a psicologia do rapaz se pode comparar a uma corda
de violino? Porque precisa ser afinada no tom exato, e pode então emitir música
a valer. Em grande parte, o rapaz adquire a correção do espírito através de
ações corretas, na medida em que a ação do homem é inspirada pelo seu espírito.
- É por isso que encorajamos no Lobinho
a seguir no Escoteiro, o hábito de praticar boas ações, e é assim que através
das ações se desenvolve nele o espírito de ser útil; e por último, como Escoteiro
e como homem, é o espírito que o inspira a servir e a sacrificar-se. Se um homem
não consegue entender-se em dez minutos com rapazes que não esperam por outra
coisa, devia ser fuzilado!
Lord Baden-Powell of Gilwell, do seu
livro: - Rastros do fundador!
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