Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Eu tive um sonho!


Conversa ao pé do fogo.
Eu tive um sonho!

             Eu tive um sonho. Um lindo sonho. Fiquei exultante, toda a minha tristeza desapareceu. Sonhei algum parecido com o que disse Martin Luther King Jr, que dizia que mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma nova vida. Eu sonhei algum análogo, equivalente, onde vi um Escotismo grande, forte e tão intenso, que fiquei mesmo exultante acreditando que enfim, seriamos muito mais no nosso querido Brasil. Cantei aleluia, um júbilo enorme tomou conta de mim. Vi em cada escola, em cada igreja, em cada templo, fabricas e em tantos outros lugares, milhares de Grupos Escoteiros, com moças e rapazes praticando um escotismo autêntico, cheio de aventuras.

                       Eu tive um sonho. Onde nele se dizia que o amor é a única força capaz de transformar um inimigo num amigo. Meu sonho foi real. Eu vi com meus próprios olhos, todos os membros dirigentes dos nossos órgãos escoteiros em nosso país, sorrindo, abraçando, sem “turmas importantes”, sem se considerarem divos, nem mestres e esculápio, falando e ouvindo a todos que ali estavam participando e votando nas decisões. Incrível! Eles uniam os arredios, procurando os desiludidos, abraçando-os e chamando de volta os que se foram. Não era uma utopia era uma realidade. Neste sonho, a altivez, a autoestima, o orgulho, a presunção, a soberba, a ufania não faziam parte de nós chefes escoteiros. A fleuma da importância se transformava em calor humano, fazendo um magnífico conceito de si próprio e olhando a todos como verdadeiros irmãos, ajudando sem receber, sem pensar em granjear fama em ser o chefão, pensando e agindo somente na sua missão de servir.

                 Sonhei sim, onde num mundo fantástico do escotismo eu via todos escotistas participando das decisões juntos com os dirigentes. Todos sem exceção sendo consultados, indagados, inquiridos, dando sugestões, procurando o melhor caminho sem empáfias. Neste sonho tínhamos novas normas, novos estatutos, com todos eles tendo direito a voz e voto do Oiapoque ao Chuí, procurando o melhor caminho para o nosso crescimento. Que lindo sonho. Onde a busca da perfeição através da Insígnia da Madeira era uma constante, e que cada adulto visava única e exclusivamente aprender mais para ser o melhor amigo dos jovens, sem pensar em ascensão, em influência, em posição, evidência. Lá estavam milhares de chefes nas suas sessões fazendo um escotismo autêntico, de valor era um fato consumado.

                    Nos meus sonhos impossíveis, como dizia o poeta, o que é a vida sem um sonho? Sonhei que nossos órgãos regionais e nacionais, cobravam taxas irrisórias, onde todos seriam aceitos sem precisar explicar ou provar que são pobres para ficar isentos. Onde a palavra honra bastaria para dizer como eram, onde não haveria riqueza e todos os jovens seriam considerados iguais tendo as mesmas regalias daqueles que podem pagar. Vi ainda em meus sonhos todos os jovens, rapazes ou moças que atingissem o Lis de Ouro ou o Escoteiro da Pátria, teriam suas despesas pagas no próximo Jamboree Mundial após a sua ortoga. Não havia taxas em cursos, nos encontros nacionais e regionais elas eram acessíveis e do mais rico ao mais humilde podiam ali se abraçar.

              Nos meus sonhos teríamos uma ONG (Organização não Governamental que independente da ideologia, recebe todos os anos subvenções) onde teríamos o direito também de receber subvenções governamentais, estaduais e municipais. Meu sonho dizia que elas as ONG poderiam ser a redenção do escotismo brasileiro. Que sonho! Do mais humilde Grupo Escoteiro, ninguém seria jogado ao ostracismo. Neste meu sonho vi que não teríamos mais a preocupação de pagar taxas de cursos de formação, de encontros nacionais e regionais. Tudo agora seria remunerado pelos órgãos regionais e nacionais, facilitado pelas subvenções que estávamos recebendo anualmente. Neste meu sonho, centenas de Profissionais Escoteiros bem formados, estavam dirigindo, colaborando ajudando o nosso movimento de maneira ética e honrada conforme preceitua a nossa Promessa e nossa Lei Escoteira.

             Nos meus sonhos eu via não um, mas milhares de Grupos Escoteiros em todas as cidades brasileiras. Desde Boa Vista onde tenho orgulho de ter um leitor até Uruguaiana e Pelotas onde também sou lido pelos amigos e irmãos escoteiros. Todos estes Grupos estavam contentes, felizes, pois tinham sua sede, com uma sala ou mais, almoxarifado onde todo material seria guardado para suas atividades de sede e de campo. Neste meu sonho, as lideranças regionais e nacionais não deixavam nenhum grupo à deriva, sem uma resposta, sem uma visita, sem uma palavra de carinho. Toda a comunidade, a sociedade brasileira, nossos políticos, nossa classe dirigente, desde o presidente ou a presidente, até o mais simples vereador, conheciam e davam o valor devido ao Movimento Escoteiro. Eram eles que se lembravam de nós e não o contrário. Neste meu sonho eu vi adultos importantes no seu setor profissional, oriundos do movimento escoteiro, eleitos por nós para nos representar e fazendo um grande merchandising do que somos e por que existimos.

              Que sonho meu Deus! Que sonho. Nele eu via toda a sociedade brasileira aprovando e apoiando o Movimento Escoteiro. Ela sabia do nosso valor através de grandes campanhas de marketing, ela, esta sociedade não iria esquecer, pois a maioria em sua juventude vivenciaram nosso método e puderam abancar e passar pelas trilhas do mais lindo caminho percorrido de nosso programa, que tão bem foi explicitado por Baden Powell. Como é bom sonhar. Sonhar que todos os jovens podem ter uma vida cheia de alegrias, nas sendas do escotismo. Podem viver e respirar o ar puro da floresta e da montanha. Podem andar pelas campinas, ver o nascer e o por do sol do alto de uma colina. Podem explorar as serras distantes. Podem ver os rios caudalosos, os pequenos regatos de águas cintilantes, as cascatas, as cachoeiras cobertas da bruma do orvalho da manhã. Podem parar para ver os arroios, os córregos onde os peixes pulam como a saudar aqueles que ali estão. Podem descansar depois de uma longa jornada debaixo de uma árvore frondosa, colocar seus pés descalços na água límpida da pequena nascente, que de mansinho vai levando a pequena pétala que se soltou de uma rosa e é conduzida para o mar.


             Este seria um sonho lindo. Um sonho de todos nós Escoteiros. Mas isto só será possível quando tivermos a certeza que ao despertar, estaremos unidos dando as mãos e partir para o trabalho que as gerações futuras irão se orgulhar. Vamos dar as mãos, fazer deste sonho realidade. Não vamos deixar que o vento leve este sonho. Agarre-os com toda força! Acredite neles! Quando estamos sós não somos nada, mas unidos somos uma força colossal. Lute pelos seus ideais! Lute pelos seus sonhos!

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