Conversa ao pé do fogo.
Os jogos de Kim – A
origem.
Kimball O´Hara,
conhecido simplesmente como Kim, era filho de um sargento de um regimento
irlandês na Índia. Seu pai e sua mãe morreram quando ele era uma criança, e foi
então entregue aos cuidados de uma tia. Seus companheiros de brincadeira e de
jogos eram todos meninos hindus, e assim aprendeu a língua e os costumes deles.
Tornou-se um grande amigo de um sacerdote que andava em peregrinação, e com ele
viajou por todo o norte da Índia.
Um dia encontrou por
acaso, em marcha, o antigo regimento do seu pai, mas, depois, ao visitar o
acampamento, foi preso, sob suspeita de ser ladrão. Encontrada a sua certidão
de nascimento e outros papéis que trazia consigo, o regimento vendo que o rapaz
lhe pertencia, resolveu então tomar conta dele e começar a educá-lo. Mas sempre
que, nas férias, podia sair da escola, Kim vestia-se com roupas hindus e vivia
entre os naturais da terra, como se fosse um deles.
Depois de algum tempo Kim
conheceu um tal senhor Lurgan, que mercadejava em joias antigas e curiosidades,
e que devido ao conhecimento que tinha dos habitantes locais, era também um
membro do Serviço Secreto do Governo. Este homem, vendo o conhecimento incomum
dos hábitos e costumes locais que Kim possuía, achou que ele poderia vir a ser
um agente muito útil. Passou então a dar-lhe lições sobre como notar e
lembrar-se de pequenos detalhes. Lurgan começou por mostrar a Kim uma bandeja
cheia de pedras preciosas de diferentes qualidades.
Deixou que este o contemplasse
por um minuto, e então a cobriu com um pano, perguntando-lhe depois quantas
pedras havia e de que qualidades. Inicialmente Kim só lembrou-se de umas
poucas, sem poder, entretanto descrevê-las em detalhes, mas depois de adquirir
um pouco de prática, passou logo a se lembrar perfeitamente de todas. E o mesmo
sucedeu com muitos outros objetos que lhe foram mostrados da mesma maneira.
Afinal, depois de muitas
outras formas de adestramento, Kim se tornou membro do Serviço Secreto,
deram-lhe um medalhão para usar em torno do pescoço e uma determinada frase,
que enunciada de uma certa forma, indicaria sua afiliação ao Serviço. As
aventuras de Kim valem a pena ser lidas, pois ilustram bem o tipo de trabalho
valioso que em épocas de emergência um Escoteiro pode empreender em benefício
de seu País se estiver bem preparado e se for suficientemente inteligente.
Notando os Indícios
Indícios
é a palavra usada para significar quaisquer pequenos vestígios, tais como
pegadas, pequenos galhos quebrados, mato pisado, migalhas de comida, uma gota
de sangue, um cabelo, etc. – qualquer coisa que possa ajudar como chave do
problema, dando a informação que estejam procurando descobrir.
Uma das
coisas mais importantes que se deve aprender é não deixar que nada escape à sua
atenção. Deve notar as coisas mais insignificantes e depois descobrir o seu
significado. É preciso uma boa dose de prática antes que se habitue realmente a
notar tudo, nada deixando escapar aos seus olhos. Pode-se aprender isto tão bem
na cidade como no campo. E da mesma forma, você deve prestar atenção a qualquer
ruído estranho ou qualquer cheiro característico, e pensar no seu possível
significado.
Notas
sobre o livro do Kim:
- Em 1998, a Modern Library
colocou Kim na 78 a. posição em sua "Lista das 100
Melhores Novelas do século 20". Em
2003 o livro foi listado na enquete "The Big Read" da BBC UK como "romance mais amado."
- Kim faz amizade com um idoso Lama tibetano que está a tentar libertar-se da Roda de coisas necessitando encontrar o lendário Rio da Seta. Kim torna-se seu discípulo e acompanha-o na sua
busca. No caminho, Kim, aprende algo sobre o Grande Jogo e é recrutado por Mahbub Ali para
levar uma mensagem ao chefe dos serviços secretos britânicos em Umballa. A viagem de Kim com o lama ao longo da Grand Trunk Road é
a primeira grande aventura do romance.
Considerada por
muitos a obra-prima de Kipling, existem opiniões diversas sobre se deve ser
tida como literatura infantil. Roger
Sale, na sua história da literatura infantil, conclui que “Kim é a apoteose do culto vitoriano da
infância, mas agora brilha tão resplandecente como nunca, muito depois do
colapso do Império...”.
Numa reedição
do romance em 1959 pela Macmillan, o revisor opina "Kim é um livro
elaborado em três níveis. É uma história de aventura... É o drama de um menino
que pode contar apenas com os seus recursos como adolescente... e é a exegese
mística deste padrão de comportamento..." Este crítico conclui que “Kim vai perdurar, porque é um começo como
todos os finais magistrais...".
Baden-Powell
comentava: - “Um bom exemplo daquilo que um Escoteiro pode fazer encontra-se na
história do Kim, da autoria de Rudyard Kipling”.
Um jogo de Kim muito conhecido.
Extraído do livro "Escotismo para
Rapazes", de Lord Baden-Powell - Palestra de Bivaque Nº11.
Colocam-se vinte ou trinta objetos
pequenos em cima de uma mesa ou até no chão, tais como dois ou três tipos de
botões diferentes, lápis, rolhas, farrapos, nozes, pedras, facas, cordel, fotografias
– o que se puder encontrar – e cobrem-se com um pano ou casaco. Faça-se um
lista destas coisas e uma coluna em frente desta lista para as respostas de
cada rapaz. Depois descobrem-se os objetos durante um minuto marcado pelo
relógio, ou enquanto se conta lentamente até sessenta. A seguir cobrem-se outra
vez.
O árbitro retira-se depois com um rapaz
de cada vez, que lhe enumera em voz baixa os objetos de que se lembra – ou
manda-o escrever os nomes – que se apontam na folha do registo. O rapaz que se
lembrar de mais sai vencedor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
obrigado pelos seus comentários