Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Os jogos de Kim – A origem.


Conversa ao pé do fogo.
Os jogos de Kim – A origem.

                       Kimball O´Hara, conhecido simplesmente como Kim, era filho de um sargento de um regimento irlandês na Índia. Seu pai e sua mãe morreram quando ele era uma criança, e foi então entregue aos cuidados de uma tia. Seus companheiros de brincadeira e de jogos eram todos meninos hindus, e assim aprendeu a língua e os costumes deles. Tornou-se um grande amigo de um sacerdote que andava em peregrinação, e com ele viajou por todo o norte da Índia.

                     Um dia encontrou por acaso, em marcha, o antigo regimento do seu pai, mas, depois, ao visitar o acampamento, foi preso, sob suspeita de ser ladrão. Encontrada a sua certidão de nascimento e outros papéis que trazia consigo, o regimento vendo que o rapaz lhe pertencia, resolveu então tomar conta dele e começar a educá-lo. Mas sempre que, nas férias, podia sair da escola, Kim vestia-se com roupas hindus e vivia entre os naturais da terra, como se fosse um deles.

                     Depois de algum tempo Kim conheceu um tal senhor Lurgan, que mercadejava em joias antigas e curiosidades, e que devido ao conhecimento que tinha dos habitantes locais, era também um membro do Serviço Secreto do Governo. Este homem, vendo o conhecimento incomum dos hábitos e costumes locais que Kim possuía, achou que ele poderia vir a ser um agente muito útil. Passou então a dar-lhe lições sobre como notar e lembrar-se de pequenos detalhes. Lurgan começou por mostrar a Kim uma bandeja cheia de pedras preciosas de diferentes qualidades.

                  Deixou que este o contemplasse por um minuto, e então a cobriu com um pano, perguntando-lhe depois quantas pedras havia e de que qualidades. Inicialmente Kim só lembrou-se de umas poucas, sem poder, entretanto descrevê-las em detalhes, mas depois de adquirir um pouco de prática, passou logo a se lembrar perfeitamente de todas. E o mesmo sucedeu com muitos outros objetos que lhe foram mostrados da mesma maneira.

                 Afinal, depois de muitas outras formas de adestramento, Kim se tornou membro do Serviço Secreto, deram-lhe um medalhão para usar em torno do pescoço e uma determinada frase, que enunciada de uma certa forma, indicaria sua afiliação ao Serviço. As aventuras de Kim valem a pena ser lidas, pois ilustram bem o tipo de trabalho valioso que em épocas de emergência um Escoteiro pode empreender em benefício de seu País se estiver bem preparado e se for suficientemente inteligente.

Notando os Indícios

Indícios é a palavra usada para significar quaisquer pequenos vestígios, tais como pegadas, pequenos galhos quebrados, mato pisado, migalhas de comida, uma gota de sangue, um cabelo, etc. – qualquer coisa que possa ajudar como chave do problema, dando a informação que estejam procurando descobrir.

Uma das coisas mais importantes que se deve aprender é não deixar que nada escape à sua atenção. Deve notar as coisas mais insignificantes e depois descobrir o seu significado. É preciso uma boa dose de prática antes que se habitue realmente a notar tudo, nada deixando escapar aos seus olhos. Pode-se aprender isto tão bem na cidade como no campo. E da mesma forma, você deve prestar atenção a qualquer ruído estranho ou qualquer cheiro característico, e pensar no seu possível significado.

Notas sobre o livro do Kim:
- Em 1998, a Modern Library colocou Kim na 78 a. posição em sua "Lista das 100 Melhores Novelas do século 20". Em 2003 o livro foi listado na enquete "The Big Read" da BBC UK como "romance mais amado."

- Kim faz amizade com um idoso Lama tibetano que está a tentar libertar-se da Roda de coisas necessitando encontrar o lendário Rio da Seta. Kim torna-se seu discípulo e acompanha-o na sua busca. No caminho, Kim, aprende algo sobre o Grande Jogo e é recrutado por Mahbub Ali para levar uma mensagem ao chefe dos serviços secretos britânicos em Umballa. A viagem de Kim com o lama ao longo da Grand Trunk Road é a primeira grande aventura do romance.

Considerada por muitos a obra-prima de Kipling, existem opiniões diversas sobre se deve ser tida como literatura infantil. Roger Sale, na sua história da literatura infantil, conclui que “Kim é a apoteose do culto vitoriano da infância, mas agora brilha tão resplandecente como nunca, muito depois do colapso do Império...”.
Numa reedição do romance em 1959 pela Macmillan, o revisor opina "Kim é um livro elaborado em três níveis. É uma história de aventura... É o drama de um menino que pode contar apenas com os seus recursos como adolescente... e é a exegese mística deste padrão de comportamento..." Este crítico conclui que “Kim vai perdurar, porque é um começo como todos os finais magistrais...".

 Baden-Powell comentava: - “Um bom exemplo daquilo que um Escoteiro pode fazer encontra-se na história do Kim, da autoria de Rudyard Kipling”.

Um jogo de Kim muito conhecido.
Extraído do livro "Escotismo para Rapazes", de Lord Baden-Powell - Palestra de Bivaque Nº11.
Colocam-se vinte ou trinta objetos pequenos em cima de uma mesa ou até no chão, tais como dois ou três tipos de botões diferentes, lápis, rolhas, farrapos, nozes, pedras, facas, cordel, fotografias – o que se puder encontrar – e cobrem-se com um pano ou casaco. Faça-se um lista destas coisas e uma coluna em frente desta lista para as respostas de cada rapaz. Depois descobrem-se os objetos durante um minuto marcado pelo relógio, ou enquanto se conta lentamente até sessenta. A seguir cobrem-se outra vez.

O árbitro retira-se depois com um rapaz de cada vez, que lhe enumera em voz baixa os objetos de que se lembra – ou manda-o escrever os nomes – que se apontam na folha do registo. O rapaz que se lembrar de mais sai vencedor.

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