Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

domingo, 10 de setembro de 2017

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Raízes ou uma vã filosofia?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Raízes ou uma vã filosofia?

               Outro dia li em algum lugar que devemos tomar cuidado com nosso sonho de voltar às nossas raízes. Escoteiras é claro. O que seria voltar às raízes? Seria lembrar-se dos tempos maravilhosos da nossa vida escoteira apesar das dificuldades? Lembrar-se de quando estávamos próximos de pessoas essenciais e que por algum motivo tivemos de nos afastar? Lembrar-se com saudades daqueles amigos escoteiros, dos tempos de acampamento, e quando a noite chegava ficávamos jogando conversa fora em volta de uma fogueira? Sei não acho que voltar às raízes é voltar para o essencial da vida.

                Vez ou outra martelo em minha mente sobre a vã filosofia que discorreu William Shakespeare. Ainda bem que guardo bem que o tempo e a distância não afastam almas, aproximam-se corações. Sei que Deus é natureza, Terra, universo, tempo, equilíbrio... E acreditem ele é físico, não podemos vê-lo, mas sentimos sua presença no coração. Não discuto se filosofia é doutrina, ciência, credo disciplina escola filosófica, religião, rito ou seita ou se é somente uma teoria um costume metódico de processar o regime, o teor e o uso do pensamento ou ideologia.

                 Cada dia me pergunto: - Porque o jovem ou a jovem procura o movimento Escoteiro nos dias de hoje? Sonhos de ser diferente? De aprender o que não vê nos seus ideários modernos? Seria o Acampamento? Seria o Fogo de Conselho? Seria as canções as jornadas, o aprendizado da Jângal do menino Mowgly e seus tantos amigos que fez? Ou seria o uniforme que poucos tem levado a serio como vesti-lo? E a pergunta que não quer calar: E porque ele fica tão pouco tempo? Seria porque seus sonhos não se materializaram? Porque pensou em encontrar aventuras e não encontrou? Porque pensava em uma vida ao ar livre e só encontrou o mesmo da vida escolar?

                  Dizem os arautos do escotismo e da pedagogia moderna que precisamos ser mais objetivos, mais pragmáticos no trato com a nova geração. É proibido sonhar? Minhas raízes dizem que não. Quem não sonha com o acampamento que será realizado? Noites e noites de insônia imaginando o que vai acontecer e o que ele vai fazer? Seria melhor que voltássemos as nossas raízes filosóficas e dar a ele o jovem o que ele sonha e quer? – Dizem que não podemos. O modernismo educacional deve ser praticado de forma diferente. Os pais de hoje não são os pais de outrora. São muito mais exigentes, querem estar junto na vida do filho, querem fazer por ele o que ele um dia deveria fazer.

                  Não sei se isto é verdade e nem sei se a aplicação da metodologia Badeniana cabe neste novo “affer” de mudanças que muitos insistem em ser um novo caminho para o escotismo moderno. Não posso juramentar, não posso dizer que este não é o caminho. Yan Hislop, no seu vídeo Escotismo para rapazes começa com os meninos ingleses se aventurando em matas, em florestas em bosques e montanhas seguindo a trilha que aprenderam nos Fascículos Scouting for Boys de Lord Baden-Powell. Afirmam-se que este foi o motivo principal de BP dar vida ao Escotismo.

                    Antes os meninos faziam e viram que ele precisava de um adulto para realizar seus sonhos. Um amigo, um irmão mais velho e não um professor escolar. Voltar às raízes não é mudar tudo que acontece nos modernos meios de educação. Dizem que o jovem do futuro não é o mesmo do passado. Pode ser. Gostaria de fazer uma grande pesquisa nacional e perguntar a cada um destes jovens que está chegando o porquê ele entrou para o escotismo. Seria um sonho? Seria de ser um herói de sí mesmo? Seria a vida nos campos e na camaradagem de uma Patrulha escoteira? Ou como os lobinhos sonham com seu Mowgly, na vivência de uma Jângal e ser eles mesmos um herói contra o malvado Shery Khan?

                    Volta às raízes. Filosofia escoteira. Afinal nossas origens iniciaram onde? Nas salas de aulas? Nas palestras e nas pequenas brincadeiras feitas em reunião de sede? Uma pergunta a fazer por todos que praticam o escotismo. De uma coisa eu sei, precisamos ouvir e nos adequar aos meninos que procuram o escotismo. Somos uma associação diferente. Não somos nada se não voltarmos para saber o que os jovens pensam e querem. Enquanto mantermos nossos métodos tão conhecidos que nos deixou BP é possível ainda fazer do escotismo uma fonte inesgotável de formação do caráter, disciplina e facilmente inserido na metodologia escoteira.


                      É um tema vasto. Filosofia e raízes. Merece uma conversa ao Pé do Fogo para analisarmos melhor sua significação. Yan Hislop no seu comentário sobre Baden-Powell e as raízes escoteiras mostra muito o que o fundador pensava a respeito. Se tiverem um tempo, procurem no you tube e analisem o que ele escreveu: - https://www.youtube.com/watch?v=2bA1njbv-lo.

Nota de rodapé: - Muitos dizem que devemos voltar as nossas origens. Não podemos perder nossas raízes escoteiras. Ela seria nossa fonte, nosso principio, nossa mãe de criação, e quem sabe um fato gerador das nossas raízes. É um tema vasto. A filosofia escoteira tem sido discutida estudada e poucas vezes vista como uma maneira real de dar ao jovem o que sempre sonhamos para o seu futuro.

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