FRATERNIDADE fasc. especial
Os homens devem ser boníssimos para as mulheres, porque a natureza deu a elas o lado mais pesado do tronco para levantar e pouquíssimas forças com que fazê-lo” ABRAHAM LINCOLN
“Aquele que achou uma boa esposa, achou bem, e receberá do Senhor um manancial de alegrias”.
PROVÉRBIOS - 18.22
“Um Cavalheiro” é um cara que mantém limpas ate as unhas do pé.”
“PARA AQUELES QUE SABEM DISTINGUIR UMA BOA AMIZADE”
Minha mente ia acompanhando o desenrolar dos assuntos e simultaneamente admitia que o destino é infalível e nos prega boas peças. Buscando no passado até onde nossa lembrança pode ir, verificamos que tudo parece ter sido “bolado” matematicamente para que os milésimos de segundos tenham a sua importância em tudo aquilo que tem uma razão de ser.
“Ora meu “velho”, você não é assim, quer mostrar uma carranca de durão, mas no fundo é um sentimental como todos nós”- falou a vovó.
- Hum - Hum ! fungou o “Velho” - “ Amizade se conquista”.
- Certo, continuou a vovó , - “quantas e quantas pessoas você conheceu e como eles trouxeram infinitas alegrias para você!
- “Nem tanto mar , nem tanto terra”- continuou o "Velho".
- Deixe disto, - abra o seu coração e procure lembrar-se de todos que de uma maneira ou de outra foram seus amigos. continuou a vovó. - “Amizade não é do jeito que queremos e sim da maneira com que a aceitamos”.
- Vovó sorria com ternura e quando ela sorria uma áurea brilhante clareava a sala, já na penumbra do lusco fusco da tarde, naquele final de inverno frio e chuvoso.
- “Velho”- disse eu, - quase não vejo ninguém em sua casa. Fica sentado em sua poltrona, fumando seu cachimbo esperando e esperando. O que espera? Você não acha que seus amigos também tem seus problemas e como você não dá o ar da graça, também não retribuem. Pensam que você os esqueceu! - Levanta e vá procurá-los. Verá a alegria deles em recebê-lo.
O “Velho” piscou, deu “mil baforadas” piscou outras vezes , desprezando o que eu disse e falou para a vovó como seu eu não estive ali.
- Ela faz aniversario nesta semana.
Não entendi nada. Vovó sorriu matreiramente e me explicou: - “É um casal maravilhoso. Se conheceram no movimento e é um dos poucos com que o “velho” ainda se preocupa.
- “Não venha com fantasias, pois para mim são todos iguais, rosnou o “Velho”.
- Deixe disto, - falou a vovó - Você sabe que não é bem assim. E vovó passou a contar a historia de uma grande amizade dele e como ele mantinha uma ternura toda especial com aquele casal.
- O marido ele conheceu quando passou a colaborar no Grupo há muitos e muitos anos atrás. Jovem ainda, tinha um sorriso simpático e radiante. Participou em alguns cursos dirigidos pelo “Velho” e juntos trabalharam no desenvolvimento daquele grupo que capengava das pernas. Foi uma luta árdua mas satisfatória. O crescimento veio com qualidade e quantidade.
- Ela - continuou a vovó - Apareceu numa tarde de sábado, irradiando alegria e vontade em participar do movimento escoteiro. O “Velho” a recebeu bem, mas desconfiando como sempre desconfia dos novatos no movimento. Em pouco tempo, ela demonstrou qualidades e virtudes, encontradas em grande parcela no universo das participantes femininas que atuavam nas alcatéias. Conquistou a amizade do “Velho” de pronto. Inclusive necessitando de uma secretária na sua empresa a convidou e assim se tornaram grandes amigos.
- “Nem tanto assim, falou o “velho” - querendo demonstrar que a amizade era igual a todas que achava possuir”.
- Ambos jovens, não demorou muito para o enlace. Se encontraram como “almas gêmeas” e o casamento foi uma questão de tempo. Continuou a vovó - O “velho” abençoou aquela união. Logo veio o primeiro filho e visitamos algumas vezes o casal, o que agora acontece muito raramente ou para dizer a verdade, quase nunca!.
- Meu tempo é curto - Falou o "Velho".
- Curto? "Velho" você não faz nada. Fica de um lado para outro e nem se toca que os outros também sentem sua falta!. - comentou a vovó.
- Não é só eles com quem o “velho” tem uma grande amizade. Existem outros. Vovó ficou séria e continuou. - Fraternidade, amizade e outros adjetivos são bonitos na palavra dos outros, mas nunca quando sentimos que estamos falhando com elas. Quantas vezes o “velho” falou em seus cursos, em suas idas e vindas na “Grande Fraternidade Escoteira”. Isso existe? - Claro que existe! - Mas não da maneira com que queremos ver. Os outros também tem suas necessidades, seus tempos corridos e a vida é uma labuta que nos empenhamos a cada minuto. Quem quer “anda” quem não quer “manda”!. - Vovó era um pouco radical com o “Velho" mas acho que ele tinha que ouvir.
O “velho” ficou calado e cabisbaixo. Talvez a lembrar do seu passado e quantas pessoas ele conheceu e conviveu. Até a alguns anos atrás ele recebia muitos amigos e correspondências. Mas estas rarearam até desaparecer de vez.
Fiquei pensando como falamos tanto em fraternidade no Escotismo. Será que ela existe mesmo? ou é algo de momento? - Poderia até imaginar quando não estivesse mais de uniforme e comparecesse em uma atividade qualquer, se seria recebido da mesma maneira. Seria? - Não sei não.
Vovó parecendo adivinhar meus pensamentos, falou: - Não só no Escotismo a palavra Fraternidade é comentada constantemente. Para alguns significa muito e para outros significa pouco. O importante é o que sentimos diante dela. Ser fraterno é dar sem receber, esperar que os outros façam primeiro não significa que sou fraterno. Fraternidade é sentida e usada em todas as situações com todos que querem ser fraternos. Podem ser poucos, mas são verdadeiros. Existe ainda grande numero de pessoas fraternas. O Escotismo é um meio de chegar-mos até elas e sermos como elas, meios repito e não o fim. Como dizia o “Velho” qualquer um pode entrar no Movimento Escoteiro, mas ser escoteiro não é para qualquer um.
Vovó acertou no alvo. Até o “Velho” sentiu fundo suas palavras. Ele sabia como ninguém que fraternidade é para ser sentida e usada, não para ser comentada!. Amizade não se acha mas se conquista.
E no final daquela tarde, onde o frio e a chuva fina que caia dava um ar especial aos meus pensamentos sentia que era como uma benção ter amigos e saber conservá-los. Meu ser , minha mente buscava em todos os pontos os sonhos de ser feliz. Me dei ao luxo de lembrar-se de uma oração conhecidíssima dos escoteiros, e que nem sei porque me veio a mente para recitá-la:
Senhor, ensinai-me a ser generoso, a servir-vos como mereceis, a dar sem contar, a trabalhar sem descanso, a sacrificar-me sem esperar outra recompensa, que faço segundo a sua vontade...
O... PATA...TENRA
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