Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

domingo, 30 de julho de 2017

Meus amigos do Escotismo.


Meus amigos do Escotismo.

                     Há dias publiquei uma crônica, onde colocava a venda tudo aquilo que me fez ser escoteiro e valeu por uma vida. Foram dezenas de amigos que comentaram e se dizendo emocionado com minhas palavras. Queria poder agradecer a todos em particular. Impossível, pois não posso ficar aqui no Face muito tempo. A saúde ainda bate a minha porta reclamando da postura de me sentar e ver tantas mensagens lindas que me emocionaram.

                   Não poderia deixar em branco estas amizades que tenho a honra de possuir. Através do meu amigo Rodrigo Robleño e sua sensível e fraterna cartinha eu agradeço a ele e a todos que se sensibilizaram com minha oferta cujo valor é difícil de imaginar. Muito obrigado Rodrigo. Suas palavras estão aqui para todos saberem que este velho escoteiro não é um Lobo que nunca Dorme, mas que sabe que um dia vai dormir para sempre em uma estrela qualquer do universo levando em seu coração tantos e tantos que mostraram que amizade não se compra, mas se dá a quem a gente quer bem.

Uma pequena Homenagem - Interesse de Compra.
Por Rodrigo Robleño.

- Compro cada objeto que você tenha a venda, Osvaldo Ferraz. Compro o canivete suíço, a faca mundial e a machadinha, que são apenas algumas das ferramentas que você utilizou para levar a vida dentro dos ideais do Escotismo; Compro a mochila militar e toda essa bagagem escoteira que você carrega por anos. Compro a velha lanterna que iluminou o caminho de tantos jovens e adultos. Compro o velho sapato Vulcabrás, testemunha de que você sempre buscou caminhar com suas próprias pernas.

- Compro a pedra de amolar, que sempre manteve sua palavra afiada, pronta a amolar para provocar reflexão. Compro o bastão, o chapéu, as especialidades e a correia de mateiro, provas de um Escotismo de qualidade, de um Escotismo verdadeiro, que é o que todos queremos possuir. Compro seu cantil, porque a sede de viver em prol do Escotismo é tão grande quanto a sua... E se esse cantil te matou a sede, também saciará a minha. Compro, sim, compro cada passo escoteiro meu querido Osvaldo Ferraz, como compro cada história que viveu e cada história que escreveu.

- Mas qual o preço que se paga a aquilo que não tem preço? Acredito que é o apreço. O preço que posso pagar a cada herança tua é que eles continuarão sendo teus para sempre, do Chefe Osvaldo para todo o sempre, cada um desses objetos continuará levando o Escotismo para jovens de todo o Brasil. Compro sua própria história, suas lembranças de tantos "escotismos" vividos (que são, ao fim, um só), suas palavras, seus sonhos; Compro tudo isso para que eles possam continuar contigo, compro para que continuem sendo você, eternamente. ... Infelizmente, ainda não posso comprar as conversas que tivemos, pois não existiram... Mas, espero, em breve, comprar cada uma delas com um bom trago de café mateiro.

- Chefe compro cada passo escoteiro seu como compro cada historia. O preço que posso pagar é que eles continuarão sendo do Chefe Osvaldo para sempre, continuarão levando o Escotismo para os jovens de todo o Brasil. Compro sua história, suas lembranças, suas palavras e seus sonhos... Compro para que eles possam continuar contigo, compro para que continuem sendo você. Infelizmente ainda não posso comprar as conversas que tivemos, pois elas ainda não existiram. Mas espero em breve, comprar cada uma delas com um trago de café mateiro!


Escrito por Rodrigo Robleño no meu artigo “Negocio de Ocasião” a quem sensibilizado agradeço. 

Apresentação: - O que mais posso dizer? Que meu coração seja grande demais para armazenar tantos amigos que fiz e que ficarão na minha lembrança para sempre! Fraternos abraços e Sempre Alerta!

sábado, 29 de julho de 2017

Gente hoje tem reunião, Vamos sorrir de montão;


Gente hoje tem reunião, Vamos sorrir de montão;
Vá brincar vá lobear, E não esqueça de cantar.

Bom dia amigo escoteiro,
Lá vamos nós escoteirar,
Venham conosco faceiro
Pois hoje vamos brincar...

De ter uma só palavra,
Honrar a terra amada,
Põe a mochila no costado,
Deixe a tristeza de lado!

“Minino” vá vestir seu uniforme,
Fique bem nos seus conformes...
Pois hoje tem reunião
É alegria de montão!

É hora de correr e brincar,
É hora de “escoteirar”!
“Liberta que será tamen”
Vá aprender a ser homem!

Ter caráter será sua sina,
A ética sua obra prima.
Viverás na fraternidade,
Todos são irmãos de verdade...

E quando chegar na bandeira,
No vento desfraldada altaneira,
E no lindo céu cor de anil,
Vai se orgulhar do Brasil!

“Bão” demais ser escoteiro,
Correr mundo ser aventureiro.
“Entonce” corra prá reunião,

Pois hoje tem alegria de montão! 

Ao grupo escoteiro do qual pertence esta linda foto, meu muito obrigado e parabéns a todos que estão muito bem apresentados.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Negócio de ocasião. Vendo lembranças.


Conversa ao pé do fogo.
Negócio de ocasião. Vendo lembranças.

                    Vendo a quem se interessar um canivete Suíço, antigo de mil e uma utilidades nos acampamentos que fiz. A venda também uma mochila verde musgo, presente de um Capitão do Exercito lá pelos idos de 1951 em ótimo estado de conservação. Viajou em meus costados por longas jornadas me levou a lugares incríveis, serras e montanhas encantadas. Vendo um colchão feito de dois sacos de estopa, vazios, ótimo quando colocar o capim ou folha seca para aprumar.

                  Vendo uma marmita de alumínio impecavelmente brilhante sem carvão, que ganhei de um soldado Próximo a Mantena Minas Gerais. Junto segue um garfo e uma colher de pau que fiz quando tirei minha segunda classe lá pelos anos de 1952. A caneca cinza esmaltada não há encontrei no meu baú do tempo. Não posso vender as folhas de bananeira ou de taioba que me serviram de caneca nas minhas jornadas da vida. Vendo um lenço verde amarelo, quadrado da minha promessa como lobo em 1947, ainda em perfeito estado de conservação.

                Vendo uma faca mundial, com bainha em perfeito estado e preservada com talco para não enferrujar. Vai junto uma machadinha de Escoteiro, cabo de aroeira, envernizada, limpa, bem afiada e segue junto uma pedra de amolar que usei por muitos e muitos e muitos anos. A venda também um sapato Vulcabrás, usado, engraxado e pronto para percorrer léguas e léguas nas estradas de terra do meu Brasil. A venda uma bússola Silva, usada quando fiz minha jornada de Primeira Classe em perfeito estado, sem quebras ou riscos. A bússola Prismática desculpe, não vendo. Tenho grandes recordações.

                 Vendo um bastão Escoteiro, duas e meia polegada de diâmetro, um metro e sessenta com ponteira de aço, com marcas a fogo dos acampamentos, dos meus cordões de eficiência e a Correia de Mateiro. Tem várias especialidades não tanto como hoje, mas tem aquelas que não eram fáceis para um escoteiro conquistar. - A de Sinaleiro, Construtor de Pioneirías, Cozinheiro, acampador e Socorrista. No bastão está uma bandeirola Branca que ganhei de uma atividade no Pico da Bandeira presente de um Policial Rural radicado na Serra do Caparaó.

                 Vendo com dor no coração meu cantil francês, que um Escoteiro do Rio ganhou em um Jamboree no Canada e me presenteou. Limpo, capa sem manchas e ainda adornada com o símbolo do exército francês. Vendo cinco meiões já gastos, puídos, mas ainda em perfeito estado de conservação. Guardam belas recordações. Vendo um chapelão Escoteiro, de três bicos, com abas retas sem tortura. Os outros dois não vendo. Valem uma vida que não tem preço que pague.

                  Com tristeza vendo também minhas estrelas de atividade. Algumas com cinco dez ou quinze anos e várias de um ano. Estão em perfeito estado, pois meu Chefe fazia questão delas brilharem. Vendo três penachos, um de escoteiro outro de sênior e um de Chefe. O de pioneiro eu perdi quando acampei nas margens do Rio das Velhas. Vendo um diário escoteiro com paginas e paginas preenchidas, onde anotei minhas noites de acampamentos, fogos de conselhos, jogos noturnos, travessias em rios e balsas incríveis que hoje não existem mais. Não posso vender um sonho escoteiro de menino que dele não esqueceu jamais.

                 Também não vendo minha honra escoteira. Dela não abro mão. Meu caráter seguirá comigo para a estrela que for me receber. Também não vendo minha palavra, minha ética escoteira minha lealdade e meu cavalheirismo aliado à cortesia que nunca abandonei. Não está à venda as recordações nos meus quase setenta anos escoteirando e minha fé em Deus.

                  Vender as estrelas no céu que levei comigo por este mundão sem fim é impossível. Elas não me pertencem. Os fogos de conselho que participei as canções que cantei e os aplausos que recebi e dei não posso vender. Inegociável o sol e a lua espetada no céu. Desculpe não oferecer as tempestades, as noites no campo, o vento passante e a brisa da madrugada. Ah! Ia esquecendo, A coruja buraqueira minha amiga não me autorizou vender. O pardal o bem ti vi e a rolinha que me beijou um dia também não posso dispor. Conversei com o Lobo Guará, sempre desconfiado sorriu e me disse: - Nem pensar Vado Escoteiro, nem pensar...

                  Quem quiser comprar vai ter de esperar o dia que eu for partir. Vai demorar, pois não sei quando vai ser. Ainda estou amarrado no baú do tempo. Ele é difícil de abrir, está amarrado com um cabo trançado de cipó que aprendi a fazer com um índio amigo nas margens do Rio Doce. Não vendo minhas histórias, meus contos minhas lendas. Elas não tem preço, pois elas eu dou com prazer a todos que quiserem ler. Gostaria de fazer um convite para um dia em volta de um fogo contar histórias para meus amigos. Prometo um gostoso café no bule na brasa, papos legais, histórias incríveis acompanhadas de lindas canções escoteiras.


                 Quanto dão? Quanto oferecem? Dou-lhe uma dou-lhe duas vendido tudo para quem der o melhor sorriso, fizer a melhor boa ação e tem preferência quem gosta das minhas histórias. Será que foi um bom negócio? Desculpe não ouvi sua proposta, fica para outra vez, em outra vida que tenho certeza voltarei novamente como escoteiro e terei outras lembranças para dar e não vender.

nota: - Hoje resolvi vender tudo que tenho. Não sei o valor e nem sei quanto dinheiro irei receber. Quem sabe um abraço ou um sorriso podem pagar uma vida escoteira? Venha participar na minha conversa ao pé do fogo. Faça uma oferta, vamos discutir quanto é. Prá nós velhos escoteiros o dinheiro não tem valor. Assim procure algum que pode me chamar à atenção e levar tudo que tenho e sou!

domingo, 23 de julho de 2017

Bom domingo!


Sempre aos domingos eu me lembro dos milhares de amigo que tenho.

Como filosofar a lua? O sol? Como filosofar em um domingo onde a graça de sorrir faz parte do dia escolhido para pensar que vale a pena viver? Pois é, sabemos que basta apenas um raio de sol para afastar as sombras do pensamento e quem ainda não pensou que a vida é linda, que ela continua, que uma pequena flor plantada em um canto da rua embeleza o mundo ainda não aprendeu a sorrir.

- Eu não vou rabiscar o sol que a chuva apagou. Hoje é dia de cantar, de dizer aos amigos que podemos viver em paz, dizer aos escoteiros que o mundo é nosso e que temos uma fraternidade incrivelmente bela. Hora de cantar aqui em prosa uma canção fraterna para todos acorrerem a dar seu testemunho. Mais uma semana vai começar. Se você é um escoteiro ou uma escoteira já sabe que quem faz seu dia feliz é você.

- Eu estou sorrindo e dizendo para mim mesmo: Vado Escoteiro não deixes que a tristeza do passado e o medo do futuro te estraguem a alegria de hoje. O Sol vem com o dia, a Lua chega com a noite, você meu amigo escoteiro tão perto ou tão distante está sempre presente no meu coração, na minha mente. Sempre Alerta!

Chefe Osvaldo.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Tempestades em copo d’água e como evitá-las. Por Lord Baden-Powell.


Tempestades em copo d’água e como evitá-las.
Por Lord Baden-Powell.

“Eu não brinco de mais nada em seu quintal”, era o refrão de uma encantadora canção, coisa muito típica de criança que não gosta da maneira que uma brincadeira está se desenvolvendo, e no final das contas, “faz uma cara emburrada” e vai tentar outra brincadeira em outro lugar, ou então vai “contar pra Mamãe”.
Isto faz um expectador adulto sorrir, mas ele mesmo não está livre desse tipo de vaidade egoísta.

Eu frequentemente estive no papel da “Mamãe”, e é quase inacreditável que pessoas adultas ou quase adultas possam tratar coisas insignificantes tão a sério e tão mesquinhamente como fazem alguns. Se eles tivessem um pouco de senso de humor ou uma visão mais abrangente, poderiam ver o outro lado da questão ou o objetivo maior, e também iriam rir da pequenez dessas coisas.

Faz lembrar o quanto sente uma pessoa ao retornar de nosso grande e vasto Império para uma pequena e velha ilha, e encontrar nossos políticos arrancando os olhos uns dos outros por algum problema bairrista! Eles não percebem que a guerrinha deles é somente uma piada para o expectador externo.
Eles provavelmente se sentiriam bastante magoados se não fossem sepultados na Abadia de Westminster como “Estadistas”, mas somente como “Pequenos Políticos”.

Como a “Mamãe”, fui chamado outro dia num caso que era evidentemente considerado de grande importância pelas partes envolvidas na contenda, mas que pareceria ridiculamente simples para alguém de fora que viu ambos os lados e o objetivo maior que supostamente era o objetivo comum deles.

Minha resposta para eles foi a que poderia ser aplicada a muitos casos semelhantes em que os contendores não enxergam o caminho certo a seguir. A resposta foi:
“É curioso para mim que pessoas que professam serem bons cristãos frequentemente se esqueçam de, em uma dificuldade desse tipo, fazer a pergunta simples: ‘O que teria feito Jesus Cristo nestas circunstâncias? ’ e se guiar de acordo.”

Tente isto da próxima vez que estiver em alguma dificuldade ou dúvida de como proceder.

Nos primeiros dias do nosso Movimento havia muitas pequenas disputas locais que eram realmente secundárias na maioria dos comitês, e que nunca ocorreriam se os membros pudessem se lembrar de seus deveres e agir de acordo com eles. Ultimamente, porém, essas sociedades contestadoras parecem ter diminuído, dando lugar para conselhos de mútua cooperação e ajuda, e tudo caminha bem.

Março de 1911.

nota: Quando me dou conta que Baden-Powell lá por volta do século passado escreveu temas cuja validade nunca deixou de acontecer nos tempos de hoje, fico pensando porque muitos dos nossos chefes e dirigentes ainda não se “tocaram” que o escotismo é simples demais para ser complicado.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

O último dos Caqueanos.


Conversa ao pé do fogo.
O último dos Caqueanos.

                   Nada contra de quem gosta da comprida caqui, amarela, cinza, azul, branca, roxa, verde e agora marrom e azul. Desbotada ou não. Nada contra. E olhe nada contra para quem gosta da vestimenta, desde que se apresente com garbo e boa ordem. Afinal somos uma associação cuja sociedade nos cobra sobriedade e apresentação. Já dizia B.P que um escoteiro bem uniformizado é nosso maior Marketing. Eu sou duma estirpe antiga, raça que aos poucos vai se extinguindo. Mesmo sabendo que o uniforme caqui não é uma tradição de centenas de anos, para mim ele é o único que vesti e vestirei em toda minha vida escoteira.

                    Muitos dizem que não somos uma organização militar. E dai? Se apresentar com garbo e boa ordem é militarismo em digo bah para eles. Uns tolos que nem sabem fazer um bom nó de Copenhague debaixo d’água. Risos. Sei que hoje se deu a liberdade de escolher o que quiser. Afinal a vestimenta tem tudo para oferecer aos novos chegados ao escotismo. São dezenove tipos para escolha. Prefiro meu caqui que tem uma só cor, um só estilo e ainda me dá aquela sensação de bem estar quando uso a bermuda curta. Lembro que nas inspeções meu Chefe fazia questão de ver se estávamos apresentáveis. Chapéu de abas retas, lenço bem dobrado, botões abotoados, meiões com frisos retos e sapatos engraxados.

                   Lembro que minha mãe sorria quando chegava sábado, eu na minha velha rotina ia conferir pela manhã como estava o brilho da fivela do cinto, das estrelas de metal e se o sapato estava bem engraxado. Claro a calça e a camisa deveriam estar bem passadas. E a dobra do lenço? Tinha que ser perfeita. Eram padrões da minha época e hoje a modernidade não se prende mais a estas exigências. Um amigo Chefe me disse que muitos jovens não entravam no escotismo por causa do uniforme. Achavam ridículo a calça curta. Bem já ouvi de alguns que não entram porque esta vestimenta não esta "com nada“. Questão de gosto não é mesmo?

                   Baden-Powell foi nosso exemplo. Quantas vezes me disseram que eu tinha postura militar? Tinha mesmo e sempre me orgulhei dela. Para mim uma base da nossa disciplina. Afinal os sinais manuais, as ordens de comando, o serpentear das patrulhas na formação ou jogos não é também meio militar? Dizem que critico muito a escolha da vestimenta. Eu? Never! Critico como foi idealizada por meia dúzia sem consulta a maioria. Eu sei que escolhas são escolhas e normas mesmo que não vindo do pensamento da maioria devem ser analisadas.

                  Lembro que em 1976 quando surgiu o social hoje vulgarmente chamado de traje estava eu em um curso avançado de calça curta. O dirigente educadamente me perguntou por que não estava como os demais com o traje. Fiquei sem jeito e quando retornei mandei fazer um. Agora só o usava em ocasiões especiais. Tive a honra de conversar quase uma hora com dois Governadores do meu estado e vários prefeitos sempre envergando o meu caqui com orgulho. Calça curta sim senhor! Quando jovem fazia questão de pegar dois ônibus ou ir de bicicleta para a sede devidamente uniformizado. Hoje fico triste ao saber que tem alguns chefes que vestem o uniforme na sede. Péssimo exemplo!

                 Nos velhos tempos era maravilhoso ver dirigentes de bermuda curta e Chapelão. Fiquei admirado quando vi o disco do Trio Irakitan com eles de bermuda curta. Marketing nota 10! E hoje? Temos algum cantor famoso que gravou músicas Escoteiras usando a vestimenta? Sei não. Fico triste quando vejo em uma sessão os jovens vestindo diferente, uns de um jeito outros de outro. A tal da camisa solta não dá para engolir. Já está virando uma preferencia nacional. E a cobertura? É cada um usando o que achar mais lindo. O chapéu de pano, de couro e outros é demais. Já vi até um dirigente usando um chapéu de cowboy.

                  Fico pasmado ao ver fotos de cursos, membros da equipe vestindo suas vestimentas como acreditam estar em uma atividade informal. Será que este é o exemplo atual? Já não discuto mais os tipos que aparecem com seus uniformes e vestimenta. Tem cada tipo de tirar o chapéu! Adianta comentar sobre garbo e a boa ordem? Necas! Tem até chefes que me criticam por isto. Paciência, agradar é difícil e sei que até B.P teve seu dia de tristeza quando lhe disseram que o escotismo não iria durar muito. Disseram-me uma vez que o escotismo tinha dois caminhos. O antes da vestimenta e o depois. Haveria filas enormes de jovens nas portas dos Grupos Escoteiros para se matricularem. Sei não. Vestimenta a quatrocentos paus não é para qualquer um.   

            “Mormente” eu uso a minha bermuda caqui curta dos velhos tempos e digo a ela com um sorriso de Velho babão: - Adoro você! Ainda tenho saudades do social vulgo traje. Sumiram com ele sem ao menos perguntar a plebe escoteira se ela concordava. Não sei se estarei vivo para ver como será o garbo daqui a vinte anos. – Tenho imensas saudades do meu passado, e isto eu sei que muitos não gostam, mas fazer o que? Quantas vezes de calça curta eu tive a honra de estar no Palácio da Liberdade conversando com o Governador Magalhães Pinto de Minas Gerais? O cara entendia “pacas” de escotismo. Cumprimentei o Presidente Juscelino que me convidou a subir no seu palanque em minha cidade com ela.


             Mas o que não esqueço nunca e jamais esquecerei foi quando sênior com minha patrulha cheguei de bicicleta a Malacacheta, na época um pequeno arraial perdido em Minas Gerais, o povo rodeando quando paramos na praça e alguém gritou; - Olhem! São Escoteiros do Brasil! Já ouvi falar deles! E no meio da multidão um gritou bem alto: Sempre Alerta! - E em 1965 descendo o Rio São Francisco em uma “Gaiola” (barco a vapor) quando chegamos a Juazeiro? Alguém nas margens nos viu e gritou: São Escoteiros! Corram todos, pois a Gaiola vai partir! Pai e mãe venham ver! Bão demais! São coisas que a gente nunca mais esquece. Que Deus permita que os vestimenteiros possam um dia lembrar-se das suas aventuras como eu me lembro das minhas. Então o mundo será pequeno demais para eles!

Nota: - Muitos dos modernos chefes de hoje me criticam quando fico aqui a escrever sobre garbo e boa ordem. Pode ser que eles tenham razão. Mas fico encucado em ver que não vejo e não ouço ninguém falando bem do escotismo na imprensa falada, escrita e televisada. Salvo é claro em alguns programas sem nenhum ibope ou de emissora com prestigio menor. Afinal temos ou não respaldo nos meios educacionais e empresariais?

sábado, 15 de julho de 2017

Chefes, porque não acampar?

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Chefes, porque não acampar?

            Hoje sábado, no horário que escrevo esta crônica, sei que a maioria dos chefes está em atividade escoteira, pois afinal ninguém é de ferro para ficar longe de seus meninos com seus sorrisos, cantigas, gritos e saudações afetuosas. Tivemos nos últimos anos uma mudança enorme na arregimentação de adultos voluntários para ombrearem conosco no escotismo. Muitos chegando pela primeira vez, aprendendo, vendo e amando. Nossas caraterísticas são as mesmas, mas a nossa verbalização mudou do escoteiro de campo para o escoteiro da cidade. Parece que a civilização venceu o desejo da vida ao ar livre das técnicas de campo e o de dormir sob as estrelas.

             Vez ou outra um ou outro comenta a vontade de voltar às origens. Origens? Bem campismo é sinônimo de escotismo Badeniano. Se isto não acontece é porque as diretrizes apontam em direção contrária. Porque não acampar? São perguntas constantes. A falta da técnica, a falta de normas campeiras nos moldes de Gilwell, a falta de fazer fazendo, está empurrando muitos voluntários escoteiros para um escotismo diversamente contrário ao que apregoamos. O desejo sobe a tona quando o Chefe toma ciência destas técnicas e da vivencia na natureza. – Porque não acampar?

             Sei que a civilização moderna nos empurra para a tecnologia e muito do que os escoteiros faziam se tornaram obsoletos. Verdade? Eu não troco um GPS por uma bússola, uma conversa feita em um celular pela realizada no Morse ou Semáforas. Isto é bom demais!. Medir distancias, previsão do tempo, leitura de mapas, percurso de Gilwell e tantos que não troco por nada moderno. Sei que muitos não tem conhecimento de campo, de barracas, de tempestades imprevistas, sei que muitos desconhecem o cheiro da terra molhada em uma floresta, o aroma das flores das árvores frondosas, da nascente de águas cristalinas. Não sabem distinguir o canto de um Sabiá de um Inhambu, e se forem dar uma quadrada ou diagonal precisam ligar o celular para ver como fazer.

               Porque acampar? Para levar uma quentinha, uma caminha, uma empregada para arrumar a tralha? Melhor não ir. Fique em casa. Agora se quer aprender como fazer um fogão de barro, um estrela, um lavrador, um caçador ou um Fogo Refletor e o mais banal o fogão Tropeiro tá na hora. Já pensou você receber um palito de fósforo e acender um fogo de conselho? São muitas técnicas mas você sabe, ninguém nasce sabendo. Está é a hora de sair por aí, uma floresta, um cerrado, uma serra altaneira, e pé na tabua. Não sabe? Melhor ainda é fazer fazendo. Quantos fogões suspenso eu vi cair? E alguém desistiu? Nunca. Quantas mesas com nós e amarras frouxas eu vi desmanchar?

              Agora uma coisa deve ser dita. Ir e ficar reclamando não dá. Se fores para o campo se prepare para a intempérie, do frio, da chuva dos insetos que conspiram contra você, das pedras no caminho e dos calos que vão aparecer quando começar suas construções de pioneiras. Quer acampar? Então abrace a vida aventureira. Esta de acampar perto da civilização, em um campinho de futebol em um sítio ou próximo a uma fazenda cheia de coisas gostosas a venda nas lojinhas não dá. Não dá mesmo.

               Olhe, eu já passei mais de mil noites no campo. Aprendi a dormir o sono dos justos em barracas, em baixo de árvores, em cima de árvores, em trilhas barrentas, e vi um relâmpago derrubar uma barraca suspensa que dormíamos a sono solto. Para mim quem não acampa não deve participar do escotismo. Se você não se adapta, melhor ficar como um membro da diretoria. Agora se quer acampar faça acontecer. Seu grupo não tem outros chefes? Porque não duas ou mais vezes ao ano saírem por aí em uma atividade aventureira? Sem essa de ter um dirigente mandão ou um chefão que sabe tudo com um programa na mão. Como dizem os velhos lobos, deixe o vento te levar...

                Programa? Tem sim, está cheio de tempo livre para você fazer e aprender técnicas aprendendo com um outro Chefe amigo seu. Vá pescar, vá aprender a subir e descer uma árvore em um nó de evasão. Aprenda a fazer um Ninho de Águia, faça uma escada de cordas, tente montar um elevador de campo. Porque não uma ponte Levadiça? Que tal atravessar um córrego em uma ponte pênsil? Ou então fazendo um comando Crow? Mas não esqueça sua Poltrona do Astronauta. Sem ela não dá. Isto mesmo. Meu amigo quer acampar não fique reclamando. Mochila nos costados, comida no bornal, barraca de uma lona ou vá aproveitar a barraca de Deus pois o céu é seu!

                 Ninguém quer ir? Então não reclame, vá sozinho. O que? Meu amigo eu acampei sozinho tantas vezes que foram os meus melhores acampamentos. Sem vozes humanas, sem chamadas, sem reclamações e ter a oportunidade de olhar o viajar das estrelas no céu. Elas parecem andar e seus brilhos mudam de cor. E um cometa com um enorme rabo colorido? E os objetos voadores que vão por um lado a outro? Bom demais. Dormir e acordar não tem hora marcada. Deu fome? Asse um pão do caçador, ou quem sabe frite um ovo no espeto e se vire meu amigo.


                  Lembre-se, há dois tipos de acampamentos para nós os chefes. Com os jovens sendo você o responsável e com seus outros amigos chefes onde a responsabilidade são de todos. Se acampar com os meninos, faça seu campo. Monte sua barraca, sua cozinha, faça seus bancos para uma noitada de conversa ao pé do fogo. Acampar? Claro, isto sim é escotismo feito na sua raiz. Bom campo, boa atividade e pelas barbas do profeta, que mil morcegos e mil pernilongos cantem para você todas as noites! E olhe fique amigo deles e vai sorrir para sempre nos acampamentos.

Nota: -  Você é Chefe? Gosta de acampar? Se já fez mais de cem noites de campo parabéns se não meu amigo engrene a primeira marcha e faça acontecer. Tu és ainda um Pata Tenra. Não dá? É difícil? Nem sei o que dizer. Mas olhe se ama a vida escoteira não existe nada neste mundo que fará você deixar de viver a natureza, acampando e vivendo o que o escotismo nos deu. Boa atividade e bom campo!

quinta-feira, 13 de julho de 2017


Coisas do escotismo.

Foi o Chefe Japeri que um dia visitando a Tropa do Chefe Nonato, o viu reclamando, dizendo que era melhor deixar a tropa, pois via que seu esforço não estava dando resultado. O Chefe Japeri o olhou, bateu no seu ombro e disse:
- Não vou dizer isto ao lobinho. Ele não vai entender, mas você meu caro Chefe não é uma criança. Já deve saber bem o que é o sucesso e o fracasso. Deve saber que não se deixa para trás o que acreditou não ter mais forças para fazer. Você precisa continuar acreditando e não pensar que não é capaz de fazer. Se fracassar, ao menos que fracasse ousando grandes feitos, de modo que a sua postura não seja nunca a dessas almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota. O sucesso da vida meu caro chefe significa unicamente de insistência e ação. E não esqueça, as falhas são o combustível do seu sucesso!

- Olhe, o Chefe Nonato aceitou tudo calado e hoje sua tropa é motivo de orgulho para muitos que nunca desistem e sabem que o sucesso vem de onde menos se espera! 

domingo, 9 de julho de 2017

Eu voei nas asas da imaginação e... Vi que saber envelhecer é uma arte.


Eu voei nas asas da imaginação e...
Vi que saber envelhecer é uma arte.

                   Algumas vezes quando faço as minhas caminhadas diárias, costumo trocar de parques, de ginásios sempre procurando sentir o cheiro da natureza, onde belas árvores me dão a alegria de continuar vivendo. Gosto de andar. Ando pouco não tenho mais aquele traquejo do passado onde caminhar era para mim uma alegria de viver e nunca me cansava. Mesmo nas subidas mais íngremes nunca desanimei. Eu sou um velho, aceito sem reclamar. Sei das minhas deficiências e que minha jornada na terra em pouco tempo vai terminar. Ainda bem que estou lúcido, penso, sei ainda multiplicar e dividir e isto até distrai meus netos quando me perguntam um pouco do que sei.

                   Dou belas risadas quando estou a escrever o que me vem à memória, ainda tenho a agilidade de digitar as letras do teclado como era antes. Quando estou ligado em uma história ou um artigo, costumo fechar os olhos e deixar minha mente comandar os meus dedos, mesmo sabendo que irão faltar vírgulas, ponto e vírgulas e ponto final. Eu sei que no final será fácil para corrigir. Ainda ontem fui a um parque próximo a minha casa. Encontrei lá novas mesinhas de cimento, e vários idosos como eu jogando Pif Paf, damas, e outros jogos de mesa. Eu sabia que ali eles se sentiam bem, ficavam horas e depois voltavam para suas casas sem nada para fazer.

                Fiquei pensando na velhice. Não era só ali que os Idosos se reuniam. Eles se divertem assim como eu divirto de outra forma. Quem sabe a Internet é minha varinha de condão que me faz viver mais? Tento olhar para eles e sei que ficam horas e horas e alguns se sentem tristes quando voltam para suas casas. Sempre são Idosos masculinos, pois as Idosas parece não ter este direito. Ficam em suas casas cuidando do seu idoso. Isto é certo ou errado?

                - Fico pensando se cada um se diverte e vive como quer. – Tenho um conhecido da minha idade, muito rico, tem uma bela casa de praia de frente para o mar e um sítio cinematográfico em Ibiúna. Nunca vai a nenhum deles. Prefere ficar em casa e bebericar uma cerveja na padaria da esquina. Fica horas lá. Ele gosta assim. Uma escolha. Acho que cada um de nós da terceira idade fazemos também as nossas escolhas. Não critico.

               Quando jovem pensava sempre como seria quando eu ficasse "Velho". Olhava meus avós e pensava – Este olhar triste não vai ser o meu. Vou sorrir, vou cantar e terei a felicidade sempre como companheira. Fiz muitos planos e alguns nunca deram certo. Hoje sou feliz como sou. Adoro descobertas novas. Tecnologias novas. Leio muito jornais, revistas e sou assíduo aos programas noticiosos, gosto de uma boa série e vejo alguns filmes. Aprendo com dificuldade, mas aprendo. Afinal sou apenas um intelectual que aprendeu na Escola da Vida. Minha saúde tem altos e baixos. Um dia forte que nem um touro outro fraco que nem o pardal que não tem mais força para se alimentar. Mesmo assim vivo feliz. Muito. Adoro o que faço. Adoro minha família, um amor enorme pelos netos e adoro minha Celinha que amo muito. Portanto sou um "Velho" feliz.

               Não faço planos. Não sei até quando poderei cumpri-los. Mas isto não me preocupa e não me importa. Minha rotina é minha vida e gosto dela. Se aqueles da terceira idade que fazem o que gostam e são felizes meus respeitos. Envelhecer dizem os poetas é uma arte. Cada um de nós escolhemos nosso caminho e devemos aceitar o que nos foi reservado. Um dia quando tudo chegar ao fim poderemos dizer: Senhor, obrigado, fiz o que queria fazer. Não tenho direitos de me arrepender. Fui feliz e ainda me sinto assim.

As folhas caem ao chão no parque,
As crianças correm e os idosos conversam.
O vento dança sobre o concreto e balança as árvores.
O jovem no banco da moça rouba um beijo.
Ah! Não sei se já é setembro,

Só sei velhice que te amo e não te odeio!

Nota - Pensei em escrever um conto. Um conto sonhado, vibrante com escoteiros correndo pelas montanhas atrás da felicidade e ver no horizonte lindos campos verdes com pássaros esvoaçantes. Olhei-me no espelho. Ali estava um velho. Um velho feliz. Resolvi escrever sobre a velhice. Por quê? Deixem para me perguntar quando forem um velho como eu!

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Para meditar...


Para meditar...

- Nonato Cozinheiro da Falcão se orgulhava da boa ação. Sempre o primeiro a dizer e contar como fez. Na Patrulha ninguém mais interessava nos seus causos onde contava para quem e qual a boa ação fez. - Martinho o sub monitor comentou comigo: - Chefe, não será jactância? Devemos deixá-lo falar e não interromper? – Olhei para ele e disse: - Martinho é necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos, nem os desejos de razão. – Devemos acreditar sempre até que se prove em contrário. Afinal para que temos o primeiro artigo da Lei do Escoteiro? - Meu amigo o importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver. Martinho me olhou como a pedir desculpas. – Olhe Martinho se você pode ajudar, em auxilio de alguém, faça isso agora. Enriqueça o seu vocabulário com boas palavras. Aprendendo a escutar, você saberá compreender.

Uma linda e ótima tarde para todos!

terça-feira, 4 de julho de 2017

Um curso Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
Um curso Escoteiro.

                       Conheci o Chefe Molusco em um curso que fiz quando as diligências ainda reinavam sobre a terra. Muitos dos alunos riram dele, do seu estilo, do seu sorriso e de seu nome para muitos especial. Foram oito dias acampados em uma floresta perto de uma aldeia indígena onde fizemos muitas amizades. Antes da Cadeia da Fraternidade no encerramento ele bondosamente olhou a cada um de nós e disse: - Chefes lembro ao final do curso que não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la. O entusiasmo é a maior força da alma. Conserva-o e nunca te faltará poder para conseguir o que desejas.

                      - Danado de Chefe! Nunca mais o esqueci. Mas porque estas lembranças? Acho que é pelas fotos que vejo de alguns cursos modernos de hoje. Eu não entendo muito de cursos modernos. Vejo tantos sentadinhos nas cadeiras e um líder formador falando que penso se isto é realmente um curso escoteiro. Até posso estar enganado, mas são tantos chefes que ainda não sabem como formar os jovens em sua sessão que só posso pensar que não aprenderam a técnica e a metodologia escoteira a ser aplicada. 

                       - Sei que a metodologia moderna de ensino ao aplicar conhecimentos no mundo de hoje é totalmente diferente do passado onde o bê-á-bá e a Cartilha ou tabuada da matemática era uma constante. A gente sabia que oito vezes nove é setenta e dois. Hoje? Se não tiver a mão uma calculadora ou um smart fone não teremos a resposta. Mas o moderno de hoje não pode ser discutido. O mundo mudou. As florestas estão sendo dizimadas, as águas se tornaram verdadeiros esgotos a céu aberto. Até mesmo um bom local de acampamento em certas cidades é impossível.

                      - Vez ou outra leio aqui e ali, que estão a alugar locais para acampamentos a preços módicos onde servem quentinhas ou podem montar um restaurante a lá carte ou ao gosto do Chefe ou dirigente escoteiro. Saudades do Chefe Molusco que um dia me disse: - Chefe Vado, estou pensando em montar cursos escoteiros fora da metodologia Uebeana moderna. Será que terei inscrições? – Sorri para ele. Meu caro Chefe Molusco quer saber? Acho que vai ter sim muitos alunos inscritos e quando disser que não tem taxas pode se preparar para uma corrida enorme de dezenas de chefes aos seus cursos.              

 

                               - Verdade, acho que o Chefe Molusco pensou que um curso escoteiro tem de ser de acordo com o método escoteiro. Afinal se a base da nossa formação é o aprender fazendo, porque ficar em uma sala de aula sentadinhos? Porque ver Slides, recursos de audiovisuais ou outras tecnologias que é um procedimento geral, mas que no escotismo não coaduna com nossa maneira de agir e formar? Para que usar computadores, flanelógrafo, CDs, murais, quadros de giz ou eletrônico ou mesmo o famoso PowerPoint que fez sucesso na Lava Jato?


                            - Pode ser que eu e o Chefe Molusco sejamos atrasados, mas participar de um curso, aprendendo escotismo, como fazer, como aplicar em plena natureza, no sistema de patrulhas, acampado, dando o grito e discutindo entre patrulhas como fazer deveria ser o correto. Áudio visual? Ali estão as florestas, as nascentes, o sol a lua as estrelas no firmamento o mar e a natureza. Aprender fazendo? Claro, deveria ser o objetivo de qualquer curso. Muitos dos novos chefes ainda não tem a prática do sistema de patrulhas, não conhecem a técnica e estão em suas sessões ensinando a formação dos seus jovens como se fosse os formadores com quem aprendeu. Os resultados são pífios. São monitores despreparados sem autonomia e programas que não atingem o objetivo da formação que aprendemos. Existem exceções e muitas.


                            - Sei que tem cursos que isto não é possível. Mas por favor, sem essa de um só ser o sabichão, não discutir em grupo, não ouvir opiniões e nem mostrar que sua experiência não vai além do aprendizado junto aos demais. Gritar Lobo, lobo, lobo, ou apitar três vezes chamando a todos qualquer um faz. Passar a vista em uma unidade didática e achar que estar preparado não é o caminho. Mas mostrar que a formação educacional escoteira deve ser nos moldes de aprender fazendo, corrigindo individualmente seus próprios valores, dando oportunidade para que cada um seja responsável pela sua educação com supervisão somente, esta deveria ser a meta de todo curso escoteiro.

                             Sempre achei impossível a um formador que não tivesse a experiência de vida escoteira dar uma sessão sem conhecimento de causa. Brinco em alguns dos meus artigos que se você não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão! Muitas vezes não dominamos determinados temas e se tivermos um com este conhecimento é mais que válido convidá-lo. Não sei por que quando publico ou mesmo coloco a disposição apostilas, condensados ou temas relacionados à técnica escoteira existe uma enorme procura. Será que não estão recebendo isto nos cursos realizados? Bem não sei realmente o que se passa. Pelos comentários só posso pensar que o Sistema de Patrulha, o aprender fazendo, a mística da Jângal e outros fatores importantes na formação dos jovens em suas sessões estão deixando a desejar.


                             Mas pensando bem, porque não convidar o Chefe Molusco e outros velhos adestradores e voltar às origens do sonho escoteiro e darmos cursos a moda escoteira antiga? Você faria a inscrição? Fica a pergunta no ar...

nota: -  Os cursos escoteiros estão atingindo seus objetivos? Porque alguns voluntários que participaram de um curso estão saindo do escotismo? Existe uma escala de valores seja técnica ou funcional para demonstrar que os resultados estão sendo alcançados? Temos discutido se o curriculum de um curso atingiu o objetivo proposto? Apenas para pensar.

domingo, 2 de julho de 2017

O “Chefe”.


Conversa ao pé do fogo.
O “Chefe”.

                  Eu me acostumei desde quando assumi a chefia de uma tropa ser chamado de Chefe. Existem críticos dizendo que devemos ter outra denominação. Eu gosto e fico feliz quando sou chamado de Chefe. Claro que o título para mim não tem muita importância, mas considero como uma tradição no escotismo. Do inglês “leader” podemos considerar como guia ou líder. Dizem que o termo Chefe é pelas qualidades de autoridade, competência e poder de decisão. Não concordo muito. Penso mais na impressão que causamos e transmitimos as pessoas o valor da camaradagem, do respeito e da vontade em colaborar sem ser autoritário e se considerar o maioral. Principalmente com crianças.

                 Ser Chefe no bom sentido tem aspectos positivos. Podemos dizer das virtudes, da integridade, da imparcialidade e de atitudes com princípios morais. Baden-Powell fundador do escotismo escreveu que o Chefe não precisa ser um “super-homem” ou um doutor Sabe-tudo. Ele precisa sim ser um adulto criança, ter a mentalidade jovial e ser capaz de se colocar num nível adequado aos jovens. O Chefe deverá compreender as necessidades, aspirações e desejos dos jovens nas suas diversas idades. O Chefe deve se preocupar com a individualidade e não com o conjunto. Isso acontecendo ele deve pensar em criar o espírito de grupo entre todos seus jovens.

                 O Chefe Escoteiro não deve agir nem como professor nem como comandante militar, nem como líder religioso ou como instrutor. O que ele deve é ter a aptidão necessária para gostar da vida ao ar livre, participar das ambições dos jovens para encontrar outras pessoas que dêem a necessária orientação e instrução. Quem sabe substituir sendo o irmão mais velho, isto é, ver as coisas pela mesmo prisma que os jovens e conduzi-los e guia-los entusiasticamente pelo caminho adequado. Como irmão mais velho, ele deverá interpretar as tradições da Família Escoteira e fazê-las respeitar.

- Vejamos o que Baden-Powell escreveu sobre este tema.

- A ideia do Escotismo quando surgiu parecia caminhar bem. Sabia-se que o menino estava preocupado, mas ansioso por fazer tudo àquilo que acreditava. Embora ele tivesse uma ideia de como realizá-lo, havia a pergunta mais importante da necessidade de obter a liderança adulta para organizar a sua administração na prática. De uma forma muito considerável essa questão foi resolvida pelos próprios meninos. Eles tiveram o bom senso de reconhecer que os oficiais crescidos eram necessários, e procuraram os seus lideres em seus respectivos bairros até que encontrassem aqueles dispostos a se tornar seus chefes.

- Pessoalmente, eu tinha visto um trabalho dedicado e esplêndido dos voluntários e dos funcionários da Boys 'Brigade, e então eu percebi que havia em nossa população um número considerável de homens patriotas que estariam dispostos a fazer o sacrifício de tempo para ajudar.  Mas eu nunca previ a resposta surpreendente que foi dado por tais homens à chamada do Movimento Escoteiro.

- Para eles, é devido o crescimento notável e os resultados alcançados até o momento. Eu tinha estipulado que a posição dos Chefes Escoteiros não seria nem a de um professor, nem de um oficial comandante, mas sim a de um irmão mais velho entre os seus meninos. O importante era juntar as suas atividades e compartilhar seu entusiasmo, e, assim, estar na posição de conhecê-los individualmente, capaz de inspirar os seus esforços e para sugerir novas diversões quando seu dedo sobre o pulso lhe disse que a atração de qualquer mania atual fosse se desatualizando.


                        O termo Chefe Escoteiro não era novo. Era um título antigo Inglês usado por Cromwell, que tinha "Chefes Escoteiros" em seu exército, e seu ramo de Inteligência estava sob a direção de um "Chefe Escoteiro-Geral”.

anexo: - Procurei uma denominação que me desse um parecer perfeito sobre o significava ser Chefe. A de Franklin Roosevelt atingiu em cheio o que pensava. – Dizia ele: - As pessoas perguntam qual é a diferença entre um líder e um chefe. O líder trabalha a descoberto, o chefe trabalha encapotado. O líder lidera, o chefe guia. Dizer mais o que? Afinal Os chefes são líderes mais através do exemplo do que através do poder.