Conversa ao
pé do fogo.
Um curso
Escoteiro.
Conheci o Chefe Molusco
em um curso que fiz quando as diligências ainda reinavam sobre a terra. Muitos
dos alunos riram dele, do seu estilo, do seu sorriso e de seu nome para muitos
especial. Foram oito dias acampados em uma floresta perto de uma aldeia
indígena onde fizemos muitas amizades. Antes da Cadeia da Fraternidade no
encerramento ele bondosamente olhou a cada um de nós e disse: - Chefes lembro
ao final do curso que não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la. O
entusiasmo é a maior força da alma. Conserva-o e nunca te faltará poder para
conseguir o que desejas.
- Danado de Chefe! Nunca
mais o esqueci. Mas porque estas lembranças? Acho que é pelas fotos que vejo de
alguns cursos modernos de hoje. Eu não entendo muito de cursos modernos. Vejo
tantos sentadinhos nas cadeiras e um líder formador falando que penso se isto é
realmente um curso escoteiro. Até posso estar enganado, mas são tantos chefes
que ainda não sabem como formar os jovens em sua sessão que só posso pensar que
não aprenderam a técnica e a metodologia escoteira a ser aplicada.
- Sei que a metodologia
moderna de ensino ao aplicar conhecimentos no mundo de hoje é totalmente
diferente do passado onde o bê-á-bá e a Cartilha ou tabuada da matemática era
uma constante. A gente sabia que oito vezes nove é setenta e dois. Hoje? Se não
tiver a mão uma calculadora ou um smart fone não teremos a resposta. Mas o
moderno de hoje não pode ser discutido. O mundo mudou. As florestas estão sendo
dizimadas, as águas se tornaram verdadeiros esgotos a céu aberto. Até mesmo um
bom local de acampamento em certas cidades é impossível.
- Vez ou outra leio aqui
e ali, que estão a alugar locais para acampamentos a preços módicos onde servem
quentinhas ou podem montar um restaurante a lá carte ou ao gosto do Chefe ou
dirigente escoteiro. Saudades do Chefe Molusco que um dia me disse: - Chefe
Vado, estou pensando em montar cursos escoteiros fora da metodologia Uebeana
moderna. Será que terei inscrições? – Sorri para ele. Meu caro Chefe Molusco
quer saber? Acho que vai ter sim muitos alunos inscritos e quando disser que
não tem taxas pode se preparar para uma corrida enorme de dezenas de chefes aos
seus cursos.
- Verdade, acho que o Chefe Molusco pensou
que um curso escoteiro tem de ser de acordo com o método escoteiro. Afinal se a
base da nossa formação é o aprender fazendo, porque ficar em uma sala de aula
sentadinhos? Porque ver Slides, recursos de audiovisuais ou outras tecnologias
que é um procedimento geral, mas que no escotismo não coaduna com nossa maneira
de agir e formar? Para que usar computadores, flanelógrafo, CDs, murais,
quadros de giz ou eletrônico ou mesmo o famoso PowerPoint que fez sucesso na
Lava Jato?
- Pode ser que eu e
o Chefe Molusco sejamos atrasados, mas participar de um curso, aprendendo
escotismo, como fazer, como aplicar em plena natureza, no sistema de patrulhas,
acampado, dando o grito e discutindo entre patrulhas como fazer deveria ser o
correto. Áudio visual? Ali estão as florestas, as nascentes, o sol a lua as
estrelas no firmamento o mar e a natureza. Aprender fazendo? Claro, deveria ser
o objetivo de qualquer curso. Muitos dos novos chefes ainda não tem a prática
do sistema de patrulhas, não conhecem a técnica e estão em suas sessões
ensinando a formação dos seus jovens como se fosse os formadores com quem
aprendeu. Os resultados são pífios. São monitores despreparados sem autonomia e
programas que não atingem o objetivo da formação que aprendemos. Existem
exceções e muitas.
- Sei que tem
cursos que isto não é possível. Mas por favor, sem essa de um só ser o sabichão,
não discutir em grupo, não ouvir opiniões e nem mostrar que sua experiência não
vai além do aprendizado junto aos demais. Gritar Lobo, lobo, lobo, ou apitar
três vezes chamando a todos qualquer um faz. Passar a vista em uma unidade
didática e achar que estar preparado não é o caminho. Mas mostrar que a
formação educacional escoteira deve ser nos moldes de aprender fazendo,
corrigindo individualmente seus próprios valores, dando oportunidade para que
cada um seja responsável pela sua educação com supervisão somente, esta deveria
ser a meta de todo curso escoteiro.
Sempre achei
impossível a um formador que não tivesse a experiência de vida escoteira dar
uma sessão sem conhecimento de causa. Brinco em alguns dos meus artigos que se
você não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão! Muitas vezes não dominamos
determinados temas e se tivermos um com este conhecimento é mais que válido
convidá-lo. Não sei por que quando publico ou mesmo coloco a disposição
apostilas, condensados ou temas relacionados à técnica escoteira existe uma
enorme procura. Será que não estão recebendo isto nos cursos realizados? Bem
não sei realmente o que se passa. Pelos comentários só posso pensar que o
Sistema de Patrulha, o aprender fazendo, a mística da Jângal e outros fatores
importantes na formação dos jovens em suas sessões estão deixando a desejar.
Mas pensando bem,
porque não convidar o Chefe Molusco e outros velhos adestradores e voltar às
origens do sonho escoteiro e darmos cursos a moda escoteira antiga? Você faria
a inscrição? Fica a pergunta no ar...
nota: - Os cursos escoteiros estão atingindo
seus objetivos? Porque alguns voluntários que participaram de um curso estão
saindo do escotismo? Existe uma escala de valores seja técnica ou funcional
para demonstrar que os resultados estão sendo alcançados? Temos discutido se o
curriculum de um curso atingiu o objetivo proposto? Apenas para pensar.
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