Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Dolce Amore Mio ou I love you scout.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Dolce Amore Mio ou I love you scout.

              Ah! O amor! Ele aparece sem saber qual a flor do jardim vai escolher para desabrochar. É lindo! Quem ama fica diferente, esquece tudo do futuro do seu passado e passa a viver o presente. Quem diria que um dia iria ver tudo isto no meu amado escotismo? A juventude não tem fronteiras, não escolhe a hora nem o lugar para amar. Pensar que eu poderia amar uma Escoteira na trilha dos Morcegos? Na vertente do Rio Pardo? Na barraca suspensa presa em galhos altos na floresta do Roncador? Never! A gente amava sim, de longe, vendo pela janela, ela sorrindo jogando seus cabelos para um lado e outro e de olhos arregalados dizia: Amo você para sempre. Mas sempre tomando cuidado com o pai ou a mãe dela. Hoje? Hoje é tudo moderno. Tudo palatável, tudo vale na escala do tempo, que não deixa o vento levar os sonhos de um grande amor. É como o belo poema de Drumond: - O Escoteiro amava a Escoteira, que amava o sênior, que amava a guia, que sonhava com o pioneiro; que não amava ninguém.

                Vejo o mundo como vejo os ventos soprando nas histórias que passam sem a gente ver que passou. Tudo mudou. No campo não havia lugar para o amor. Havia lugar para o fogo amigo; para festejar com um amigo querido, para sorrir com ele quando chegava sua primeira classe, sua correia de mateiro, bater de frente para ver o sol nascente, era bom demais. Amor? Sim pelo escotismo. Coração servia para guardá-lo na mente, no abraço apertado, sorrir e fechar a chave o coração com o amor preso nas entranhas do seu ser. Mas quem disse que isto não acontece hoje? A meninada, a moçada ama sim o escotismo como a sí mesmo. Mas tem um lugarzinho para ele ou para ela. Afinal amar não é a maior das distâncias percorridas, capazes de manter o amor que originou uma nova alegria, uma sensação de bem estar de viver, de sonhar? Não é logico como dizia o celebre viajante das estrelas. Mas para eles tudo é logico, tem sentido, não tem como fugir, ir para o campo? Armar sua barraca? Sem ele ou ela não tem razão de ser.

                  Não sei onde me situar, não vivi esta experiência e nem sei até onde os resultados são compensatórios. Quem sabe isto já é real? Sem a gente perceber, lá estão eles de mãos dadas, quando podem um pequeno beijo, um abraço, um suspiro apaixonado. Mas e o escotismo? Calma chefinho, dizem eles, aqui fazemos tudo de mansinho, não precisamos correr. Sobejamente eu sei que nem todos estão assim a amar e ser amado, viver sonhando enamorado, pensando em um futuro feliz. Até antevejo eles no proximo milênio (muito?) vividos na trilha do tempo, amantes para sempre, filhos correndo atrás. Pai, mãe! Quando vou poder entrar? O pequerrucho nem quatro anos tem, mas sua foto com o lenço da Insígnia, com seu chapéu Escoteiro já correu as páginas das redes sociais, já estão no Facebook, em um tal de Instagram e tantos mais. Modernismo é assim. Já pensou ele apaixonado, correndo para todo lado com sua patrulha, no alto da montanha com sua bandeirola vermelha e branca triscando o infinito; manda mensagens através das nuvens distante para ela: - Pensei em te mandar um beijo... Mas achei pouco e resolvi mandar milhões deles! Te amo!

                       São coisas da nova época. Época que não é mais minha. Está na hora de encerrar minhas horas extras aqui na terra. Vem aí à homofobia, a aceitação de direitos. Afinal direitos são para todos. Eles merecem, eles tem que ter seu lugar ao sol e eu aplaudo. Bem vindos os novos irmãos Escoteiros. A UEB custou, mas reconheceu. Nota dez! Mas fico aqui pensando, no acampamento na caverna do urso, dois seniores de mãos dadas, um olhando para o outro, olhar lânguido dizendo: Te amo! E elas? Acharam um cantinho lá na trilha do destino, abraçadas vendo a vermelhidão amarelada do por sol a dizer: - Eu espero que a vida seja o suficiente para te mostrar o quanto te amo. A vida é assim renhida difícil, temos que vivenciar o novo mundo, a nova era. Afinal se você ama não faz a menor ideia de como eu sou feliz ao seu lado. E eu não tenho a menor ideia de como explicar. Eu te amo! Se sofro é por que amo você! Sofrer? Que isto? Não podemos sofrer por amor. Se o amor é lindo, temos a obrigação de ser feliz. Mas lembremos sempre, os sêniores de mãos dadas, as pioneiras abraçadas que BP já dizia: A verdadeira felicidade é fazer o seu amor feliz! Não foi assim? que seja.


                      Preciso bater o cartão do tempo. Minhas horas extras vão se exaurindo. Preciso ir para as estrelas. Estou a pensar BP escondido lá no céu, em uma estrela brilhante, sentado em um foguito amigo, em volta centenas de modernistas, valorosos politicamente corretos, dirigentes abstratos sem mostrar o seu recato, contando pataquadas do que fizeram. E ele BP de olhos fechados, tentando sorrir sem entender os novos chefes chegados, eles sorrindo por todo lado. Ele enruga a testa olha para uma estrela mais distante e fica a pensar: - Deus meu, saudades de Mafeking, dos meus amigos Ashantís, de Olave, da vida em Paxtu minha linda casa no Quênia, de Brownsea, saudades de Gilwell Park, agora isto? É difícil aguentar. Pois é, afinal sofrer faz parte até no além. Melhor não ficar ali, pois humildemente ele poderia dizer: - Santo Gral, onde amarrei minha égua?  

domingo, 28 de junho de 2015

Pensamentos abstratos de um domingo qualquer.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Pensamentos abstratos de um domingo qualquer.

                   Hoje é domingo, dia de descanso, para muitos sair passear, para outros ficar de bem bão, na varanda, esquentando sol de inverno, pensando no futuro sem esquecer seu passado. Hoje estou fazendo um “esculacho”, ou melhor, um inventário dos meus últimos anos de vida. Escoteiramente falando tentei, matematicamente somei e dividi. Lembro como era bacana, sair por aí, com a escoteirada, pé na estrada a acampar em qualquer lugar. É aqui Chefe? Pergunte a patrulha, veja os demais monitores. Vocês decidem! E na sede? Risadas, gargalhadas, programa na mão passando de mãos em mãos. Assistente aqui, Chefe acolá, trombeta tocando, bandeiras faiscando ao sol da tarde de verão. Um jogo amigo, uns caindo outros levantando, mas os sorrisos pagavam qualquer distração. Minha casa era a casa dos Escoteiros. Chefes, monitores, noviços e lobatos lá estavam para tomar um cafezinho, ou uma limonada gelada. O tempo foi passando, a velhice chegando e sem perceber deixei tudo na estrada perdida, presa no meu passado que um dia foi bom demais.

                      Nossa como acampei como engolia quilômetros de estrada com meu pisante Vulcabrás. Subia encostas “lambidas” dormia nas samambaias amigas, que a chuva caísse que o mundo acabasse, mas lá estávamos nós  varando trilhas, percorrendo o mundo em volta de nós que afinal de contas não era tão grande assim. Não havia um pai que sorria pensando em usar a calça curta como nós. Em um grupo chegaram a trinta e tantos, beleza! Cursos de montão para eles. Vários se tornaram Insígnias, estão por aí alguns na labuta outros deixaram a luta por não concordarem com os homens de então. A verdade verdadeira que é que tentei fazer estradas, pontes, tuneis impossíveis. Peguei de jeito o desvio que pensei ser o certo. Os bons que se diziam irmãos mandando a granel. Mudando, exigindo, batendo o martelo a dizer: - Cumpra-se! Não era minha praia. Adoro praia, mas aquela que vejo os gaviões do mar, as gaivotas com seus bailados dizendo para a gente não se preocupar.

                      Chegou o momento de parar, as pernas não obedeciam como antes. O corpo curvado, a mente firme sim, e pensei: - Porque não continuar? Ofereci meus préstimos, não houve resposta. Os novos tomaram meu lugar e esqueceram que passei o que eles vão passar. Poderia ajudar, mas educadamente se calaram como a dizer – vá viver e lembrar seus tempos. Este agora é meu e farei dele o que quiser. Tomei uma resolução, não me querem vivo e a cores? Faço então meus contos, meus amores abro um pedaço da vida nas histórias, passo a viver o passado, mas trazendo o presente. Foram cinco grupos, ou melhor, são cinco, nunca foram abandonados. Crescendo todos por todo lado. Duas páginas e uma Fanpage. Ali estão minhas histórias, algumas de sonhos de outrora, outras verdades nunca ditas que precisam viver novamente. E quem se importa com os mandantes? Sei que são deles o escotismo delirante que agora estão a fazer. Corto um galho de goiabeira, deixo secar e preparo minha borduna. Que eles sintam na pele os que meus dedos vão transmitir.

                     Tento escrever sonhos sonhados, faço questão de sorrisos por todo lado. Não digo não a ninguém que me procura. Quero fazer amigos e todos são bem vindos às paginas e nos grupos que um dia abracei. Se me escrevem respondo. Não como um chefão Escoteiro. Para mim e faço questão somos todos irmãos. Se entendo de escotismo o outro entende de fato que nem sei em nunca ouvi falar. Assim empatamos. Para aumentar os meus domínios onde serei lido por outros, abri blogs, vários, até um não Escoteiro, com contos da carochinha, do amor da paixão de um homem ou de uma mulher. Espalharam mundo afora, América, Europa, Ásia e o escambal. Como um sertanejo vou vivendo meus sonhos de arco íris. Se possivel mostrar que o escotismo é irmandade, que um sorriso vale mais que um senão, que um abraço é gostoso, que um aperto de mão sincero tem muito mais valor.  Tento ao meu modo falar de honra, de hombridade, de igualdade entre nós.

                    Tenho meus dias chuvosos e quem não tem? Mas quem me lê, quem me escreveu quem me procurou ou mesmo aqueles que tive a honra de apertar a mão sabe que não escondi o que sou. Um amigo, que gosta de um abraço, que ama seu Sempre Alerta, que procura transmitir um escotismo gostoso, jeitoso, cheio de simplicidade, nunca burocrático, quem sabe ensinar a contar estrelas; ver por dentro a natureza, o cantar da passarada; o uivar de um amigo quati, uma onça perdida, ou seja, o que for. Não vai nos fazer mal. Sei por experiência. Não sei até onde vou. Enquanto tiver forças farei o que faço, e se alguém não me der um abraço não irei me importar. Paciência. Um dia ele vai compreender que não é o tal, não é dono da verdade, e esquecerá as excentricidades e vai me considerar um irmão.

                    Bom domingo meus queridos amigos. Que o sol faça sua trilha, e que a estrela olhe para você nas noites dormidas sob o manto do Senhor. Eu te desejo tudo de bom, e como eu acredite, pode não ser hoje, mas um dia todos saberão que o escotismo é bom demais. Um escotismo altaneiro, onde se canta o Rataplã com orgulho, onde se esquece dos inimigos, onde habita um sorriso solto nos lábios e no coração. Escotismo é assim, sem essa de cara amarrada, voz truncada, duvidando do seu irmão. Sorria! É bom demais sorrir, abrace! Você não será desmerecido por abraçar. Um abraço é gostoso demais. Diga Sempre Alerta! Isto significa muito para todos nos e finalmente mostre que somos um movimento de ação e de fraternidade. Não tem aqui ninguém mais que o outro. Seja onde for, somos uma irmandade que um dia vai trazer a paz e o amor entre os homens.

Sempre Alerta!  

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A origem do chapéu Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
A origem do chapéu Escoteiro.

                      Uma das peças do uniforme que mais caracterizaram o escoteiro é, sem dúvida, o seu famoso chapéu de feltro de abas largas e cor marrom. No entanto, a sua história e como ele passou a fazer parte do escotismo mundial poucos conhecem. Inicialmente o chapelão foi conhecido como chapéu "Stetson" em alusão a empresa americana que o fabricava, a John B. Stetson Company. Originalmente o chapéu foi desenvolvido para ser utilizado pelos vaqueiros das pradarias da América do Norte por ser de material leve, o feltro e ter um desenho que protegia completamente o rosto dos vaqueiros devido as suas abas largas.

                      Durante a guerra Anglo/Böer, regimentos de várias colônias foram mobilizadas para defender os interesses do império britânico na África do Sul. O Canadá, que já empregava o chapelão no seu exército, enviou seus soldados para a guerra. A exceção do primeiro contingente que utilizou capacetes, o chapéu "Stetson" foi empregado em todas as unidades canadenses enviadas à África do Sul. Baden-Powell ao observar a artilharia de campo canadense em Mafeking, ficou bastante impressionado com seus chapéus. Como B-P era encarregado de criar a polícia sul-africana, encomendou à empresa americana 10 mil chapéus para equipar aquela polícia.

                            O agrado de Baden-Powell pelo chapelão foi tamanho que anos mais tarde ele o adotou no Movimento Escoteiro. A fama que o chapelão alcançou depois da guerra foi tão grande que vários exércitos passaram a utilizá-lo. O chapelão ainda é muito utilizado hoje em dia por forças policiais no mundo inteiro e na famosa Polícia Montada Canadense, mas é no escotismo que ele continua sendo marca até hoje como imagem característica. O chapelão escoteiro tem uma maneira muito própria de ser usado. Ao contrário do chapéu a cowboy, o chapéu escoteiro se usa com a correia justa e presa atrás da nuca.

                      Nessa correia é feito um nó de pescador ou de cabeça de cotovia, que fica em cima da aba do chapéu, à frente. Esta correia é ajustável, bastando deslizar os dois nós simples que compõem o nó de pescador, afastando-os ou aproximando-os.
Uma insígnia metálica de escotismo, mundial ou não, deve ser usada do lado esquerdo do chapéu, afixada no fecho da correia que rodeia a copa. O chapelão escoteiro tem quatro amolgaduras bem definidas, como usava Baden-Powell, uma à frente, outra atrás e uma de cada lado.

                         Outras origens são contadas de maneiras quase idênticas. Ele em sua época logo após aparecer os primeiros Escoteiros na Inglaterra era também conhecido como “Chapéu Scout” – Aliás, "Chapéu de Baden-Powell" – ou ainda em linguagem mais corrente "Chapéu de Quatro pontas" ou ainda... "quatro dobras". Tem como origem e confecção bem conhecida dos ex-Cowboys, hoje os “cattlemen” (homens do gado), sobre o nome de “Moutain Peak” pela sua semelhança com as montanhas daquele estado americano... Foi escolhido pelo General Robert Baden-Powell para cobrir as cabeças dos garotos reunidos no “Mafeking Cadete Corps” e depois atribuídos aos “South African Constabulary”, criado igualmente por Baden-Powell e escolhidos por “Southern District Scouts” em 1907.

                        Conta-se que o General Baden-Powell por ter sido tornado “Chefe Scout”, (Escoteiro Chefe Mundial) fez dele uma parte importante no uniforme escoteiro. A forma deste chapéu assemelha-se ao do contingente da New Zelândia, os futuros kiwis da Grande Guerra e do contingente canadiano de muito célebre “North-West Mounted Police” (Policia Montada do Canadá) futura R.C.M\P ou Polícia Montada Real do Canadá. Estas três sábias considerações não impedirão ninguém a reconhecer este elegante CHAPÉU como: O Chapéu Scout para todo o sempre ligado a um MOVIMENTO DE JUVENTUDE MUNDIAL nascido da imaginação de um general um pouco que seja observador e malicioso.


                       O Chapéu Scout cai em desuso em 1940 na França com a regulamentação do Escotismo Francês e que neste momento, predomina a boina. Tinha por assim dizer, desaparecido nos anos de 1970 os raros grupos que o usam ainda, como o de Riamont, deviam adquiri-los na Bélgica. Os Scout’s d’Europe não o tinham  e pouco usado. Era pelo desenvolvimento dos Scouts Unitários de França (e a vontade dos rapazes...) que ele ressurge a partir de 1945 em muitos países. As Guias de França usam um chapéu sem dobras, azul marinho. No Brasil ele foi sobejamente usado por muitos anos e por um preço acessível fabricando pela Prada. Infelizmente esta fabrica pelo volume pequeno de vendas deixou de fabricá-lo. Assim devido a dificuldades de aquisição e também desinteresse das lojas Escoteiras em não o ter em estoque, foi aos poucos substituído pelo Boné o que na visão deste Velho Escoteiro não tem muito de Escoteiro. Risos. 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O grito de Patrulha.


Conversa ao pé do fogo.
O grito de Patrulha.

              O escotismo é interessante. À medida que vamos conhecendo seus estilos, seus fatos, suas histórias e tradições mais e mais entregamos nossos corações. Ele nos conquista de tal maneira que para muitos é difícil explicar. A cada dia que vamos prestando atenção a tudo que acontece em volta, uma marca vai ficando e nunca mais sai da nossa mente. E como marca. Hoje me lembrei do grito de minha patrulha. Simples, sem mistérios. Dizem que o grito a gente nunca mais esquece. Sei que vocês também sabem seu valor. Gritos são tradições imutáveis. Existe para dar vida a Patrulha. É como se ela quisesse dizer: - Jovens, se unam como um todo em volta da fraternidade, aqui somos um só. E como é delicioso, agradável quando se vê uma Patrulha orgulhosa dando seu Grito de Patrulha.

             Cada tropa tem seu estilo. Cada uma tem sua história. Tem aquelas que as patrulhas ficam em circulo fechado, ombro a ombro bastão ao meio, todos ali segurando o bastão e o Monitor eleva acima o totem da Patrulha. O grito é dado. Um orgulho danado. Observem que ao terminar todos estão sorrindo.  Tem outras patrulhas  que formam em linha e todos olhando a frente com o Monitor com bastão levantado dão seus gritos sorrindo deliciosamente. Não importa como. O grito de Patrulha não é do Monitor do sub de ninguém. Ele é de todos. Quando ele é feito deve ser escolhido por votação e não por imposição. Todos devem dar suas sugestões. Mas prestem atenção quando do grito. Por ele sabemos se a tropa está firme nos seus ideais, se a Patrulha é unida, se o oitavo artigo está ali presente sempre. Os gritos mostram muito. A valentia amiga e simpática do Monitor e o prazer e alegria do mais novo em participar.

            E quando terminam? Uma apoteose. Vejam o olhar! Vejam o orgulho de pertencer a Patrulha. Só quem esteve lá sabe como é. Não importa se o grito é longo, curto, se é em português, latim, francês, inglês, ou mesmo em linguagem galáctica ou em tupi-guarani. Não importa mesmo. Mas sabem o que é mais importante? Nunca aceitar que troquem o grito. Ele é uma tradição e tradições se mantem firmes no coração de cada um. Alguém que assumiu a monitoria não gosta? O Chefe também? Mas meu amigo, quantos ali passaram e deram este grito? Você está esquecendo que eles um dia junto a outros escoteiros que aí não estão mais gritaram alto, com toda a força dos seus pulmões? Sentiram a vibração da Patrulha? O orgulho de pertencer a ela? Portanto grito não se muda nunca. É eterno. Para sempre. Forever!

           Os gritos são dados quase a todo instante. Uma forma da patrulha dizer: Sempre Alerta Chefe, aqui estamos presentes! Seja no início da reunião, no final de um jogo, terminando uma atividade qualquer. Na bandeira, na inspeção e olhe, já vi patrulhas cansadas, em trilhas longas que paravam e davam o grito. Bom demais. O ânimo voltava. E o grito ao levantar no acampamento? Alvorada, cedo, orvalho caindo, um frio danado e lá estão todos a gritar. Bastão o meio, totem levantado e segura aí amigo, o grito vai sair gostoso. E nas noites escuras, ou de lua cheia, que sono meu Deus! Que frio danado! Mas o grito será dado. Com chuva ou sem chuva lá está a Patrulha a mostrar que tem orgulho, tem união e seu grito nunca pode ser esquecido. Conheci patrulhas que deram seus gritos por montes e vales, em altas montanhas, em diversos estados, dentro de vagões em viagens intermináveis, em ajuris, em ARP, e olhe uma vez eu vi uma Patrulha com orgulho dando o grito orgulhoso quando juntos a um candidato a presidente do Brasil. Depois de eleito foi uma decepção. Mas ele ouviu aquele grito, se assustou sorriu e disse para a patrulha: – Sempre Alerta!

          Eu sei que existem os gritos de tropa, de grupo claro todos são importantes, mas o Grito da Patrulha é único. Ele dá uma comichão no corpo, uma sensação deliciosa de ser mais um. E quando alguém vai embora? Nunca mais volta? Dá-se o grito da despedida. Sem choro, pois dizem que escoteiros e escoteiras não choram. É só uma maneira de homenagear, de mostrar que ele foi importante assim como o foi quando adentrou a Patrulha. Ele se foi, achou melhor ter ido embora. Mas levou consigo o grito e temos certeza que leva também o escotismo em seu coração. O que eu gosto mesmo é ver o olhar de um jovem novato quando do primeiro grito. Não existe nada que possa substituir o olhar, o sorriso a voz ao gritar, o ser a vibrar por dentro e dizer, agora eu sou mais um.


          Que as patrulhas gritem. Alto e em bom tom. Que mostrem a todos sua força, sua vontade seu orgulho em ser Escoteiro. Grito de Patrulha, quem já deu nunca mais vai esquecer!

terça-feira, 23 de junho de 2015

O inesquecível Chefe Bolota, ele sim era o “cara”!


Lendas escoteiras.
O inesquecível Chefe Bolota, ele sim era o “cara”!

                       Nunca esqueci o dia que ele chegou à sede. Todos se assustaram. Eu mais ainda. Quando o Chefe Jamilson o apresentou e disse que o Chefe Bolota seria o novo Chefe da tropa todos arregalaram os olhos. Ali na sua frente um homem baixinho, não mais que um metro e cinquenta e cinco ou menos, gordinho, cabelos crespos amarelados e seu rosto era admirável. Duas bochechas vermelhas gordinhas escondidas por uns olhinhos azuis diminutos. Claro, cheio de sardas. – Deu um belo de um sorriso e disse – Vim para aprender com vocês. Nossa! Onde amarrei minha égua? Eu pensei. – Tropa! Disse o Chefe Jamilson, infelizmente fui transferido para Aguas do Sul.  Não posso mais continuar com vocês. Sei que sabem como levar a frente às atividades. A cada quinze dia voltarei aqui e vamos conversar. Mas a responsabilidade da tropa ficará com o Chefe Bolota!

                       Uma palma mexicana foi dada ao novo Chefe. Aquela que a gente tem uma preguiça enorme. Ficamos assim meios cismados, pois com o Chefe Jamilson nós tínhamos grandes liberdades. Acampávamos quando decidíamos. E reuniões eram quase todos os dias. Será que ele iria mudar? Chefe Jamilson se foi. Chefe Bolota ficou. Sorria, quase não falava. Achamos sua voz um pouco estranha. Porque não o conhecíamos na cidade? Dois meses depois aprendemos a gostar do Chefe Bolota. Mais parecia um de nós. Ia à casa do Pedrinho, na minha, na do Leôncio enfim ia à casa de todo mundo. Os pais o adoravam. Passaram-se quase cinco meses quando ele apareceu com o Padre Werner Braum da Paróquia de Santana. Todos conheciam a fama dele.  O chamávamos de alemão de Hitler. Sem conhecer ele e o Hitler tínhamos um medo danado dele. Foi o Chefe Bolota quem nos apresentou. - Amigos e irmãos escoteiros, vocês não sabiam, mas sou sacristão na Igreja de Santana. Pronto estava explicado.

                     Agora tínhamos de participar da missa do Padre Alemão. Ninguém faltava. Um medo danado do padre alemão. Chefe Bolota sorria de alegria. Pegou alguns de nós e fez um coro. Queria que outros se tornassem coroinhas. Chefe Bolota estava mudando tudo. Não era aquilo que fazíamos. Mas o olhar do Padre Werner era mortal. Ninguém dizia não. Um dia tivemos uma enorme surpresa. Um caminhão do Sexto Batalhão da Policia Militar parou na porta da sede. Um sargento pediu ajuda. – São para vocês! - Meninos! Ficamos espantados! Mais de duzentas mochilas praticamente novas,  quarenta barracas de duas lonas, oito barracas de oficiais, cantis, machadinhas, picaretas nossa! O que era aquilo? – Um pedido do Padre Werner ao comandante para vocês. “Enricamos” estávamos ricos. Por mais de cinco meses não faltamos às atividades da igreja de Santana. Mas nem tudo dura para sempre. As saudades das excursões, dos acampamentos, das atividades volantes, bivaques batia fundo. Agora tudo estava paralisado.

                        Chamamos o Chefe Bolota. Fizemos um Conselho de Tropa. Explicamos. Ele entendeu. Mas não sabia como conciliar com a igreja. O que ele diria para o Padre Werner? – Na semana seguinte ele chegou com o Padre Werner no dia de reunião. Ficamos calados. Esperávamos o pior. – Escoteiros, acho que me enganei com vocês! – Putz! A barra vai pesar pensei. – Enganei mesmo. Vocês são escoteiros e a vida que devem levar é no campo e não na igreja. Vamos fazer um trato. Pelo menos uma vez por semana irão à missa. Uma vez por mês irão se confessar. Portanto nos demais dias, façam o escotismo como ele é. Aventuras, nada mais que isto! – Grande padre Werner.

                       Chefe Bolota estava conosco. Precisavam o ver cantando junto à carrocinha quando íamos para o campo. Sede? Uma vez passamos dois meses sem reunião lá. Foi na época que atravessamos as corredeiras do Rio Doce em Derribadinha. Uma aventura e tanto. Chefe Bolota caiu da jangada. Gritou dizendo não saber nadar. Vários de nós a ajudá-lo até uma grande pedra no meio do rio. Ele contava para todo mundo sua façanha e seus heróis. Não sei se ele se tornou um grande mateiro, não sei. Um ano e meio conosco nos deu a noticia – Fui aceito em um seminário. Sempre desejei ser um homem de Deus. Partiu assim como chegou. Quatro anos depois apareceu na sede. Apresentou-se como um novo padre na cidade. Rezamos com ele ali na sede uma linda missa escoteira.


                       Partiu para uma paróquia no interior de Pernambuco. Nunca mais o vi. A tropa sempre ao redor do fogo lembrava-se dele. Dávamos risadas, contávamos casos que foram repetidos por muitos e muitos anos nos fogos de conselho da vida. Chefe Bolota era figura central nas enquetes, jograis e histórias que por muitos e muitos anos aconteceram em nossos Fogos de Conselho. Sempre é bom ter boas coisas para lembrar. Chefe Bolota foi Chefe escoteiro. Pouco tempo. Mas acreditem, marcou mais que o nosso antigo Chefe Jamilson. Tempos que se foram. Tempos que se dizia – Se tens uma Corte de Honra funcionando e bons monitores, tens uma tropa em ação então mãos a obra, o escotismo ali na dá passo de ganso! Assim éramos nós. Amigos e irmãos uns dos outros. Acampando com a Patrulha ou com todas juntas sempre riamos e dizíamos – “E quem precisa de Chefe”?

domingo, 21 de junho de 2015

A história de Lady Olave Baden Powell.


Conversa ao Pé do fogo.
A história de Lady Olave Baden Powell.

                    Olave St. Clair Soames, que mais tarde se tornaria Lady Olave Baden Powell nasceu em 22 de Fevereiro de 1889, na Inglaterra. Seu pai Harold Soames e sua mãe Katherine Hill tiveram mais dois filhos, um menino chamado Arthur e uma menina chamada Auriol. Quando nasceu Olave, puseram este nome porque esperavam um filho homem que se chamaria Olaf. Apesar de sua saúde precária nos primeiros anos, o contato permanente com a natureza e sua vida ordenada a transformou numa jovem sadia e alegre, forte e com uma incrível energia. Nunca foi para colégios ou centro superiores, mas foi educada por instrutores que eram parte da família.

                         Sempre se interessou por música e tocava violão muito bem. Durante anos praticou rodeada de seu esposo e seus filhos, mas seu trabalho não lhe deu tempo para aperfeiçoar. Olave foi uma grande interessada em esportes, praticou tênis, remo, patinação, montava a cavalo, andava de bicicleta e quando estava cansada conduzia carruagem e automóvel. Quando jovem apesar de sua vida cheia de atividades, repleta de afazeres; sentia um grande vazio, queria ser útil e poder servir aos demais. Por ser muito jovem não a aceitaram na escola de enfermagem o que a fez desistir de seguir alguma carreira.
Olave achou que a vida da sociedade de sua época era bastante monótona e, por isso, resolveu dedicar-se aos meninos inválidos, que ela recolhia em Bornemouth, onde cuidava deles. Em 1912, embarcou com seu pai no navio "Arcadiam", rumo às Índias Ocidentais. Neste navio também viajava Lord Baden Powell, que mesmo com seus 55 anos, não impediu de descobrirem diversas afinidades, eram as mesmas ideias e aspirações. Quando deixaram a Jamaica, Olave e Robert estavam noivos e em Outubro de 1912 casaram-se. Foram passar sua Lua-de-Mel na África, iniciando uma vida comum, enriquecida por 3 filhos: Peter que nasceu em 1913, Heather em 1915 e Betty em 1917. Entre todas as tarefas de casa, educação dos filhos e ajuda pessoal ao marido, Lady transformou-se em sua secretária.
                      Neste ano, já havia Grupos Bandeirantes, na Inglaterra, e sua Presidente era Agnes Baden Powell, irmã de BP. O Movimento Bandeirante tinha uma grande necessidade de dirigentes e coordenadores, e por isso Lady Olave ingressou no Movimento, em 1914. Em 1916, devido aos seus grandes esforços, foi nomeada Comissária-Chefe. Nesta época a Inglaterra atravessava uma época difícil, pois a guerra impedia que fossem realizadas muitas atividades Bandeirantes, havia muita preocupação. Os poucos grupos ativos de Bandeirantes dedicavam-se aos primeiros socorros, emergências e serviços. Em 1918, foi nomeada Chefe-Bandeirante da Grã-Bretanha, neste mesmo ano foi impresso o primeiro exemplar Bandeirante, dirigido às meninas (Girl Guiding).
A carta de Olave Baden-Powell atravessa o Atlântico.
                         Logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, Olave Baden-Powell enviou uma carta ao Brasil, propondo a fundação do Movimento das Girl Guides no país. Sr. Barclay, amigo de Olave que viajava para o Rio de Janeiro a negócios, se responsabilizou pela correspondência, e a entregou nas mãos da família Lynch. No dia 30 de maio de 1919, a senhora Adéle Lynch promoveu uma reunião em sua casa com autoridades e senhoras interessadas no movimento das Girl Guides. Entre os convidados estava May Mackenzie, canadense residente no Brasil que já havia participado do movimento na Inglaterra, e Jerônyma Mesquita, cunhada do Sr. Lynch e conhecida por trabalhos educacionais e sociais.

                         O Movimento Bandeirante se apresentava como uma proposta de educação pioneira, por acreditar na importância da mulher em assumir um papel mais atuante nas mudanças da sociedade. Essa característica cativou as pessoas que estavam na casa da Sra. Lynch, como Jerônyma, que dedicou sua vida ao Bandeirantismo e foi homenageada com o título de Chefe Fundadora do Movimento Bandeirante brasileiro. Surgia ali a Associação das Girl Guides do Brasil (primeiro nome da Federação de Bandeirantes do Brasil). Em 13 de agosto de 1919, realizou-se a cerimônia de promessa das 11 primeiras bandeirantes brasileiras – data oficial de fundação do Movimento Bandeirante no Brasil.

Os primeiros passos do Movimento Bandeirante
                          Mulheres como Maria de Lourdes Lima Rocha foram importantes para que o Bandeirantismo se tornasse forte e se firmasse no Brasil. Conhecida por todos como Chefe Lourdes, Maria de Lourdes era professora e pedagoga, e fundou a Companhia do Sagrado Coração de Jesus, em Botafogo. A primeira sede exclusivamente do Movimento Bandeirante foi inaugurada em setembro de 1927, construída na Matriz do Sagrado Coração de Jesus, onde funcionava também a companhia. Neste mesmo ano é iniciada a publicação do jornal “Bandeirantes”, editado até a década de 1990.

                              O Movimento Bandeirante, no ano de 1928, rompe barreiras sociais e comportamentais para as mulheres da época, em especial para as que compunham a elite da sociedade brasileira, classe da qual todas as bandeirantes do período pertenciam. Foi realizado o primeiro acantonamento para chefes na cidade de Itaipava, no Rio de Janeiro, que levou as moças para longe de seus cotidianos domésticos. Além disso, o campo de atuação das bandeirantes se estendeu para escolas municipais, favelas e bairros proletários, um escândalo na década de 1920. O Brasil, em 1930, torna-se membro oficial da Associação Mundial de Bandeirantes (World Association of Girl Guides and Girl Scouts), criada em 1928 em Londres, na Inglaterra.

                             O Movimento Bandeirante foi se solidificando e se expandindo, e chegou a outros Estados do Brasil, assim como a outros grupos sociais. Em 1937, por exemplo, é organizado pela Chefe Lourdes uma companhia bandeirante no Instituto Benjamin Constant, primeira e única companhia bandeirante para meninas cegas. A década de 1940 é marcada pela integração e intercâmbio entre as Regiões (hoje chamadas Estados). As bandeirantes começam a viajar pelo Brasil e criar uma unidade nacional entre as meninas. Ao mesmo tempo, o Movimento Bandeirante se organizava. A ideia de criar uma sede-central era reflexo da necessidade de oferecer uma situação mais sólida à Federação de Bandeirantes do Brasil (FBB), e de permitir o crescimento do Movimento, que ainda encontrava dificuldades para que isso acontecesse.


A existência das Bandeirantes do Brasil devem-se à dedicação, persistência e amor ao bandeirantismo dos seus personagens. Uma história que começou em 1919, com a chegada da carta de Olave Baden-Powell, e é construída todos os dias pelas crianças, adolescentes, jovens. Esse é o verdadeiro espírito bandeirante.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

E a escoteirada foi às compras! (Uma história quase real).


Conversa ao pé do fogo.
E a escoteirada foi às compras!
(Uma história quase real).

                     Outro dia vi uma Chefe comentando que foi fazer compras na Loja Escoteira. Na minha época era cantina, mas tudo mudou. Ela contou que abriu o SIGUE, retirou seu Cartão de Crédito e de uma só vez comprou um cinto e alguns distintivos. Vi em sua foto que ela tinha um sorriso lindo. Desejei sorte a ela. Foi então que me lembrei de quando também fui às compras na Cantina Escoteira. Coisa de louco comparado com hoje. Éramos vinte e nove Escoteiros na tropa. Minha Patrulha a Lobo em sua reunião semanal de patrulha na casa do sub Monitor (sem formalidades, entravamos e saímos como se fosse a nossa casa) conversávamos e olhe nem me lembro do que era. No mínimo era alguma atividade Escoteira fora da sede. Era comum quando isto acontecia, quando a Corte de Honra autorizava e o Chefe João Soldado sacramentava. Potoca daqui, potoca dali e nem sei como surgiu de alguém ir comprar alguns trecos e coisas e tal na Cantina Escoteira. O papo foi bom, passava das dez da noite quando dona Noêmia nos mandou embora. – Está tarde cambada. Hora de dormir! Gente boa, boníssima!

                    No dia seguinte o tema se espalhou. A lobada procurando a gente para fazer a encomenda. Eu quero isto eu quero aquilo. Tens dinheiro? Dou um adiantamento! No grupo só tinha “duros” quando precisavam de uns trocados o negócio era botar a cuca para funcional. Durante uma semana foi feito uma lista enorme, tinha de tudo. Chapéus, anéis, cintos, distintivos flor de lis de lapela, o livro do Velho Lobo e o escambal. Até o disco do Trio Irakitan. Avisamos a todos que não sabíamos o preço. Que cada um juntasse o máximo que podiam. Nunca vi tanta caixa de engraxate voando prá cima e prá baixo na Avenida Minas Gerais. Na pracinha os lobos chamavam alto: Aqui mais barato! Apenas dois reis! Nenhuma casa próxima a um Escoteiro escapou. Pintar muro, limpar quintal e se precisar diziam me avise que virei correndo fazer suas compras! Eu não entendia nada de lista de preços e nunca vi uma. O Chefe João Soldado riu e disse: - Se virem, não foi vocês quem deram a ideia? Danado de Chefe!

                   Calango dos correios tinha sido sênior e agora trabalhava lá. Dizia ser um alto burocrata das cartas que enviava para o Brasil e para o Mundo. Akelá Batista não podia ajudar. Era ascensorista no Edifício do Banco da Lavoura e começava as seis até às oito da noite. Meu pai me olhou de esguelha e disse que não entendia nada de lista de preços e anotações de quem pagou ou não. Passou um mês. Pascoalino o Monitor se encarregou de guardar a bolada recebida. Chamamos os monitores da Touro, da Morcego, da Onça e do Pica Pau. Ficamos horas discutido quando daria para comprar com os quinhentos e sessenta mil reis ajuntado. E quem vai? Cada um deu uma opinião. Devia se o Chefe João Soldado (ele era sargento). Nem pensar ele disse. Ausentar-me do quartel por dois dias agora com a Zona do Contestado pegando fogo não posso mesmo. A Zona do Contestado foi uma pré-guerra entre Minas e Espírito Santo. A politicada de Minas queria um trecho para o mar. Minas tem que ter o mar eles diziam!

                   Vado, eu soube que foi suspenso por uma semana do Colégio Dom Bosco. Porque você não vai? É o padre Astholfo achou que eu era culpado por jogar a lata de lixo no Corredor. Não fui eu, mas paciência. Dizer para ele que o Escoteiro tem uma só palavra não ia resolver. Basta o sermão que ele me deu como era o escotismo na Espanha. – Lá sim Seu Vado, lá se faz escotismo de coração! Pensei comigo que um dia ia lá para ver. Bem fui o escolhido. Tremia igual vara verde. Uma dinheirada no bornal, uma lista de sumir de tanta gente, e uma viagem de desesseis horas de ônibus até o Rio de Janeiro. 1954, uma chuva torrencial caiu por toda semana. A passagem já comprada não podia perder. Pensei em gastar um pouco e telefonar para eles no Rio. Se fosse barato é claro. Dona Lourdinha da Telefônica me desanimou. Demora quase quatro horas para completar a ligação e ela com esta chuvarada só cai!

                     Quatro da tarde. Meu pai ao meu lado e em volta a escoteirada e lobada me vendo partir em frente ao Bar do Norberto. O ônibus estava lá. Meu pai me orientando, cuidado lá tem muito ladrão na rodoviária, não fale com ninguém só converse com um policial. O motorista já estava de saco cheio com tanta solicitação do meu pai. Parti coração apertado. Tremendo de medo. Claro de uniforme com meu Chapelão. Uma mulher gorda sentada ao meu lado implicou logo com ele. Rio Bahia sem asfalto. Buraco de todo tamanho. A noite luz apagada eu só lia lá na frente – Carrocerias CAIO. Nunca esqueci. Cochilava, acordava e nas paradas corria fazendo um xixi às pressas. Medo de perder o ônibus. Chegamos ao Rio de Janeiro ao meio dia. O motorista disse que o retorno era ás onze da noite. Eu tinha o endereço da Cantina. O motorista me ensinou como chegar lá. Passei próximo a Candelária. Pensei comigo se der tempo vou ver o mar. Nunca tinha visto. Mas onde ele ficava? Um prédio simples tinha elevador, mas Subi a escada. A porta aberta, uma linda cantina, fiquei boquiaberto. Tinha de tudo.

                      Dei a lista para a mocinha simpática. Ela se assustou quando me viu de uniforme. Claro dei um enorme Sempre Alerta e logo em posição de sentido disse: Terceiro Escoteiro Escriba da Patrulha Lobo se apresentando! Deu uma enorme risada. Pegou minha lista e começou a separar tudo. Quanto? Setecentos oitenta mil reis!  Só tinha quinhentos e sessenta. Ela me olhou e disse: - Confio em você. Manda-me pelo correio o saldo em um mês? Balancei a cabeça concordando. Ela escreveu o endereço e o nome dela. Quase não aguentava o embrulho que ela fez. – O Mar é longe? – Nem tanto, uns mil e duzentos metros, mas longe da Rodoviária. Você com este embrulho ir e voltar é cansativo! – Mar, não foi daquela vez. Só conheci quando estava com dezessete anos. Lindo de morrer!


                         Na rodoviária amarrei a ponta do meu cadarço no embrulho. Se cochilasse e alguém quisesse me roubar teria que puxar meu pé. O ônibus encostou-se à plataforma no horário. Entrei. O motorista me olhou sorrindo: - Ainda vivo? Partimos, eu de olho nas carrocerias CAIO. Na chegada ao bar do Norberto nunca vi tanto Escoteiros, seniores e lobos. Até o Chefe João Soldado estava lá. Senti-me importante. Nada como uma suspensão escolar para fazer uma viagem de sonhos. Quase três dias em uma poltrona. Escoteiro se vira! Trinta e duas horas ida e volta. Na minha lapela do uniforme meu distintivo da flor de lis. Nunca mais o deixei de lado. Ninguém reclamou. Durante muito tempo uma penca de Escoteiros sempre ao meu lado para contar a viagem. Viu o Mar? Com é lá? A cantina é grande? Um mês depois lá estava eu com Calango nos correios. O dinheiro todo que faltava estava lá. A turma toda fez a vaquinha para pagar. Não faltou um tostão. Dois meses depois Calango me disse que chegou uma correspondência; fui ver. Era da moça da cantina – Dizia: - Eu sabia que podia confiar em você. Sempre Alerta! Nada mais foi escrito nada mais foi dito nada mais foi falado!     

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Escotismo... Uma filosofia de vida!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Escotismo... Uma filosofia de vida!

                     É bom, é gostoso, é agradável, um contentamento incrível, é mais que atraente, pois insinua na gente um bem estar simpático e tentador. Você se sente outro. É como se o mundo lhe mostrasse um novo caminho que você ainda não tinha conhecido. Uma fraternidade. Milhões como nós espalhados pelo mundo. É assim mesmo? Claro, a maioria de nós tem o escotismo no coração. Fazemos coisas incríveis, nunca antes pensadas e agora uma realidade em nossa vida.  Alguém por acaso sentiu o prazer de um acampamento, de um Fogo de Conselho, de um alvorecer com o sol vermelho aparecendo em uma montanha distante? Pense veja e diga, uma bandeira te atrai? Uma turma cantante e sorridente em volta dela não marca? E sua promessa? Já pensou um dia em fazer uma? Prometer... Eu prometo, pela minha honra! Isto marca. Vai fundo na gente.

                 Dizem os doutores que filosofia de vida é a expressão que serve para descrever um conjunto de ideias ou atitudes que fazem parte da vida de um indivíduo ou grupo. A filosofia de vida também pode ser definida por uma conduta que rege a forma de viver de uma pessoa. Muitas vezes essas normas são marcadas por uma religião, como por exemplo: filosofia de vida budista, filosofia de vida cristã, e em nosso caso o escotismo. Muitos de nós quando sente toda a força filosófica do escotismo parece que transformamos nossa maneira de ser. Os amigos, os parentes nos vêem com outros olhos. A grande filosofia da vida nos conscientiza de que não somos melhores que ninguém, estamos aqui neste mundo aprendendo... Nada sabemos... Somos apenas aprendizes e viajantes do tempo.

                Sabemos que nem toda estrada é feita de grama verde, macia, que nos transporta para o paraíso. Nesta estrada existem espinhos, pedras no caminho, mas nossa vontade é tão grande em acertamos que pulamos o obstáculo e seguimos em frente. Sempre procuramos espalhar boas vibrações por onde passamos. Isto faz um grande bem para quem, as emana espontaneamente. Como também para que as recebe. Em verdade, quem faz o bem; o recebe em dobro. Sentimos felizes em fazer o bem. Nosso Fundador sempre disse que a felicidade existe quando fazemos alguém feliz. Não foi Mario Quintana quem versou melhor e disse que trazemos ao nascer, nossa filosofia? As razões? Essas vêm posteriormente, tal como escolhemos na chapelaria a forma que mais nos assente! Gritamos aos quatro ventos que temos o escotismo na mente, junto de nós e em nossos corações. Muitos dizem que o escotismo é tudo é uma forma saudável para ser feliz.


                   Outro poeta dizia que o truque da filosofia Escoteira é começar por algo tão simples que ninguém ache digno de nota e terminar por algo tão complexo que ninguém entenda. Será isto mesmo? Eu acho que sim. Afinal quem presa e vive a natureza não está mais proximo de Deus? Ou somos aqueles que ainda não sentimos Ele no coração? Não importa, sabemos que existe a filosofia e mesmo sem vida, não existe vida sem filosofia. Imaginar, compreender a essência e crer em algo é acreditar em nós mesmos. Parafraseando outro poeta, cremos que a verdade perfeita da filosofia Escoteira serve para a matemática, a química, mas não para a vida. Ele disse que na vida contam mais a ilusão, a imaginação, o desejo e a esperança. Mas e daí? Não seria isto tudo uma filosofia de vida? Eu, você e os outros sabemos que esta filosofia muitas vezes não dura para sempre. Não sei, sei sim que se houver um amanhã tudo poderá mudar. Mas lá no fundo, bem no fundo de nós mesmos, a filosofia Escoteira nunca vai nos deixar.  

terça-feira, 16 de junho de 2015

Pioneirias? Supimpa! É bom demais!


Crônicas de um Velho  Chefe Escoteiro.
Pioneirias? Supimpa! É bom demais!

             Não existe maior alegria para um Escoteiro ou uma Escoteira quando ao terminar de fazer uma pioneiria dar uns passos atrás e olhar com carinho sua obra. Um sorriso brota, os olhos brilham e dá uma vontade de tirar foto, filmar e mostrar para todo mundo. – Fui eu quem fez! Fui eu quem fez! Pode alguém aparecer e dizer que está mal feita, podem dizer o que quiser, mas ele ou ela estão ali orgulhosos pela construção que dedicaram horas, calos nas mãos, suor e mosquitos a enlouquecer qualquer um. Nesta hora é que todo o escotismo brota no coração. Bate aquela chama que nos dá orgulho em pertencer ao movimento.

             Todos jovens que entram no escotismo logo ouvem falar nesta palavra mágica. “Pioneirias”. O que é isto? Perguntam. Construções rusticas feitas com nós e amarras diz o Monitor. E ele fica com aquilo na cabeça. Doido para acampar e fazer uma. Depois não importa se o vento sul a jogou ao chão, se a tempestade da tarde a destruiu. Ele sempre vai ter “causos” e muitos para contar. De um simples banco que fez, vai contar um dia aos seus netos que construiu uma linda poltrona reclinável e que bastava fechar os olhos e ela balançava ao sabor do vento. Os netos irão ouvir com orgulho e sonhar também em fazer o que seu avô fazia.

             Dizem e contam por aí que pioneiria tem técnica. Já vi artigos, livros, desenhos todos escritos. Eu mesmo publiquei vários. – Técnicas de Pioneiras. Tenho lá minhas dúvidas. Quando as fiz não tinha livros nem desenhos. Eram criadas da imaginação. Um pau ou bambu aqui, outro ali, umas amarras com sisal ou cipó e elas iam brotando conforme as necessidades. De vez em quando vejo fotos de algumas, lindas, esplêndidas, algumas obras de carpinteiros/engenheiros e não de jovens escoteiros. Dias e dias para fazer. Não sei se tem graça. A graça meus amigos é o Escoteiro ou Escoteira fazer. Só ele sem o Chefe por perto. Se você é assim fique longe, Não fale, não fique ai olhando. Não dê palpites. Deixa-os crescerem! Faz parte do nosso método!

             Para mim vale mais uma pequena amarra dada por um jovem que uma casa em cima de uma árvore que não tem finalidade no adestramento progressivo e que foi feita pelo Chefe/engenheiro. Ao dar a Amarra ou um nozinho do volta da ribeira para o acabamento ou fazer um simples Volta do Fiel é o inicio de tudo. E a Costura de Arremate? Simplesmente maravilhosa! Quando visitava acampamentos escoteiros no passado, ficava orgulhoso em ver no campo de Patrulha, como um simples sisal ou cipó cercava o campo. Ninguém pulava ou entrava por ali. A entrada era pelo pórtico. Rústico, simples sem aquelas belezas que vemos em fotos ou em grandes acampamentos escoteiros e sempre feitas pelos chefes. – Sempre Alerta Patrulha! Licença para entrar? Todos respeitavam.

              E durante a inspeção de campo pela manhã? Ver uma mesa simples, um toldo mesmo que enrugado, bancos para sentar nas refeições, um fogãozinho de barro suspenso, um lenheiro, um porta ferramentas, fossas de líquidos e detritos com tampas; e mais ao fundo um WC bem feito ou mal feito, um tripé para o lampião, chapéus, um porta bastão um porta treco qualquer para copos e pratos, e por aí afora eu me orgulhava. Nunca gostei de chefes que em vez de ajudar prejudicavam a Patrulha quando da inspeção. Tudo limpo alguns levavam no bolso palitos, papeis para jogar ao chão e dizer: Não estava tão limpo. É correto? O que dirá a Patrulha? – Não dizem que somos exemplos? Devemos isto sim parabenizar o trabalho. Hoje nem tão bom mas o amanhã ser melhor. E o sorriso de quem recebe um elogio? Bom demais!

              E quando o cerimonial de bandeira terminava, todos formados esperando os comentários da inspeção, de olho no totem de eficiência, e lá vinham os chefes, um por comentando: - Há Pantera hoje se superou! E a Touro foi demais! Entregar a bandeirola de eficiência, cumprimentar o Monitor e toda a Patrulha, ver o orgulho de cada um e saber que pensavam o mesmo: - Eu fiz parte, eu ajudei. Era bom demais! Que orgulho! Vê-los sorrindo! Pioneirias! Ah! Como são belas quando feitas por eles. Mas meu amigo Chefe se você gosta, faça a sua no seu canto da chefia. Eles tenham certeza irão orgulhar de você. Lembrem-se sempre que treinar e formar os monitores é o caminho correto. Orientem-nos a ter ideias, mas deixe que eles façam, deixe que eles criem e um dia, um belo dia eles dirão: - Chefe vamos fazer um acampamento de dois ou três dias só para grandes pioneirias? Já pensou? Eles dizendo isto e não você?

             Pioneirias! Quem já fez nunca esquece. Mesmo aquelas que o vento malvado jogou ao chão. Mesmo aquelas que umas vacas perdidas invadiram o campo e pisaram em tudo. Mesmo aquelas que um dia passamos uma noite sentados nos bancos sobre a proteção do toldo, pois a chuva torrencial encheu de água e barro as barracas. Quem já fez não esquece nunca. Fazer pioneirias é uma arte tão simples que se deixarmos elas brotarão facilmente na mente do escoteiro. Trazer água de um córrego próximo usando bambus, fazer uma ponte, Jangada de piteiras, Pórtico de três metros ou mais, estrado para barracas suspensa, escadas de cordas ou cipó, o caminho do Tarzan, um ninho de águia, uma passagem suspensa de bambus ou madeira de lei e até um elevador rústico. Tantas e tantas que começaram com um simples volta do fiel e em seguida uma simpática amarra quadrada.! Isto meus amigos, isto é escotismo!


“Deixai-os fazer, deixai-os seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido!” (Kipling). 

domingo, 14 de junho de 2015

O Escotismo e a Juventude Hitlerista.


Conversa ao pé do fogo.
O Escotismo e a Juventude Hitlerista.

                   Outro dia um jovem escoteiro perguntou-me se Baden-Powell teve alguma ligação com Hitler para que o escotismo e a Juventude Hitlerista tivessem a mesma composição e atuação do escotismo no mundo. É um tema espinhoso, pois muitos dos nossos jovens de hoje desconhecem sobre a verdade da segunda guerra mundial e do holocausto dos judeus pelos nazistas. Não sou um estudioso do tema, e peco por vezes em ter conhecimentos que não tenho. Nunca entrei nesta seara e o que li guardei só para mim e achava melhor não discutir ou mesmo comentar o que os arquivos contam. Hoje pela manhã vi na TV um documentário sobre o que Hitler e seus comandados acreditavam e o que fizeram junto à juventude de diversos países inclusive o Brasil. Vide a ficção do filme Os meninos do Brasil. Tocou-me muito o documentário, pois desconhecia quase tudo que se narrava ali. Vejamos algumas notícias sobre o que realmente aconteceu entre Baden-Powell e Hitler, nos anos que antecederam a segunda guerra mundial.

Criador do escotismo discutiu alianças com emissário de Hitler

O criador do escotismo, Lord Baden-Powell, teve contatos com representantes de Adolf Hitler dois anos antes do início da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de discutir uma possível aliança com a Juventude Hitlerista. Segundo publica hoje a imprensa britânica, documentos desclassificados pelo MI5, a agência de contra-espionagem do Reino Unido, indicam que os encontros entre o criador dos escoteiros e o então embaixador alemão em Londres, Joachim von Ribberntrop, deixaram as autoridades em alerta. Enquanto ocorriam as reuniões, as autoridades tinham detectado um repentino aumento de excursões ao Reino Unido da Juventude Hitlerista (Hitlerjugend), que tinham lições sobre antissemitismo e pregavam a supremacia da 'raça ariana'. Os documentos secretos mostram que Baden-Powell não escondia sua admiração pela ideologia nazista e o movimento juvenil alemão, como aponta, por exemplo, uma nota interna que escreveu após uma visita em 1937 do alto dirigente Hartmann Lauterbacher.

Em outra ocasião, após jantar com o embaixador Von Ribberntrop, considerado o arquiteto da política externa de Hitler, refletiu em uma carta sua intenção de aproximar as duas organizações para manter a paz entre os dois países. "O (embaixador) vê o escotismo como uma poderosa agência para alcançá-lo se pudermos manter laços estreitos com o Movimento Jugend da Alemanha. Disse a ele que estava totalmente a favor de qualquer medida que favorecesse o entendimento entre nossos países", escreveu. Baden-Powell, que considerava "Mein Kampf" ("Minha Luta", de Adolf Hitler) um "livro maravilhoso", confirmou mais adiante que o diplomata o tinha convidado a viajar para Berlim para ter um encontro com o próprio Hitler.
No entanto, os relatórios do MI5 revelam que o criador dos escoteiros foi, na realidade, uma vítima do jogo duplo dos alemães.

A Juventude Hitlerista.

A Juventude Hitlerista  era uma instituição obrigatória da Alemanha Nazista para treinar os mais jovens de acordo com seus interesses. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha sofreu severas punições internacionais por ser considerada a responsável pelo conflito e por sua longevidade. Em meio a um cenário de pobreza e ausência de esperança, o jovem Adolf Hitler conquistou muitos seguidores com seu discurso enérgico, renovando as esperanças de um povo e fazendo-o acreditar na sua superioridade sobre os demais. Hitler assumiu o comando da Alemanha em 1933 e oficializou um programa de limpeza étnica e de expansionismo da raça que chamava de ariana. Assim, o Nazismo tomou conta do Estado. A Alemanha Nazista e as ambições de Adolf Hitler foram marcadas por várias práticas e instituições encarregadas da promoção da raça ariana. Uma dessas instituições foi à chamada Juventude Hitlerista. Hitler não acreditava que as escolas públicas fossem capazes de doutrinar os mais jovens da maneira adequada, criando uma instituição própria para isso.

O comando da Juventude Hitlerista foi dado a Baldur von Schirach e, pouco tempo depois, Hitler extinguiu todas as organizações de jovens que não fossem nazistas. A organização pulou de cerca de 100 mil membros em 1932 para quase oito milhões de membros em 1938. Com a crescente militarização e as pretensões de guerra cada vez mais evidentes por parte da Alemanha, uma lei obrigou a convocação de todos os jovens alemães para integrarem a Juventude Hitlerista. Os pais que se recusavam estavam sujeitos à prisão e seus filhos eram enviados para orfanatos ou qualquer outro local determinado pelos nazistas.

A Juventude Hitlerista promovia intensa doutrinação dos jovens alemães. Entre seis e dez anos de idade, as crianças estavam submetidas ao aprendizado nazista, que era avaliado e o desempenho registrado em livro. Aos dez anos de idade, as crianças faziam testes de atletismo, de acampamento e de história nazificada, fazendo juramento de devoção a Adolf Hitler e à pátria. Essas duas etapas A superioridade da dita raça ariana e o desprezo pelos indesejáveis eram os principais ensinamentos da Juventude Hitlerista, com ódio especial atribuído aos judeus. A Juventude Hitlerista terminava aos 18 anos para os meninos, quando eram transferidos para a Cooperação pelo Trabalho ou para a Wehrmacht (Forças Armadas), e aos 21 anos para as meninas, quando já haviam recebido o treinamento necessário da maternidade e dos afazeres domésticos segundo o nazismo.

                     Finalmente, ao ver quais os propósitos de Adolf Hitler, BP se afastou completamente de suas idéias e quando se iniciou a guerra fez de tudo para ser um oficial britânico na linha de frente. Não aceito devido ao seu trabalho com os Escoteiros conforme já narrei em artigo anterior. Lembro que centenas de Escoteiros do mar e outros deram excelente colaboração na retirada dos soldados aliados em Dunquerque (França) e muitos foram condecorados por atos de bravura. Existem centenas de relatos sobre estes fatos que podem ser facilmente pesquisados nos dias de hoje.

Obs. A Evacuação de Dunquerque, ou Operação Dínamo, entre 26 de maio a 4 de junho foi uma notável operação militar na Segunda Guerra Mundial com a retirada por mar sob intenso bombardeiro alemão de quase trezentos e quarenta mil soldados aliados. Os Escoteiros Britânicos deram enorme contribuição reconhecida até hoje pelas autoridades Inglesas.