Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 16 de junho de 2015

Pioneirias? Supimpa! É bom demais!


Crônicas de um Velho  Chefe Escoteiro.
Pioneirias? Supimpa! É bom demais!

             Não existe maior alegria para um Escoteiro ou uma Escoteira quando ao terminar de fazer uma pioneiria dar uns passos atrás e olhar com carinho sua obra. Um sorriso brota, os olhos brilham e dá uma vontade de tirar foto, filmar e mostrar para todo mundo. – Fui eu quem fez! Fui eu quem fez! Pode alguém aparecer e dizer que está mal feita, podem dizer o que quiser, mas ele ou ela estão ali orgulhosos pela construção que dedicaram horas, calos nas mãos, suor e mosquitos a enlouquecer qualquer um. Nesta hora é que todo o escotismo brota no coração. Bate aquela chama que nos dá orgulho em pertencer ao movimento.

             Todos jovens que entram no escotismo logo ouvem falar nesta palavra mágica. “Pioneirias”. O que é isto? Perguntam. Construções rusticas feitas com nós e amarras diz o Monitor. E ele fica com aquilo na cabeça. Doido para acampar e fazer uma. Depois não importa se o vento sul a jogou ao chão, se a tempestade da tarde a destruiu. Ele sempre vai ter “causos” e muitos para contar. De um simples banco que fez, vai contar um dia aos seus netos que construiu uma linda poltrona reclinável e que bastava fechar os olhos e ela balançava ao sabor do vento. Os netos irão ouvir com orgulho e sonhar também em fazer o que seu avô fazia.

             Dizem e contam por aí que pioneiria tem técnica. Já vi artigos, livros, desenhos todos escritos. Eu mesmo publiquei vários. – Técnicas de Pioneiras. Tenho lá minhas dúvidas. Quando as fiz não tinha livros nem desenhos. Eram criadas da imaginação. Um pau ou bambu aqui, outro ali, umas amarras com sisal ou cipó e elas iam brotando conforme as necessidades. De vez em quando vejo fotos de algumas, lindas, esplêndidas, algumas obras de carpinteiros/engenheiros e não de jovens escoteiros. Dias e dias para fazer. Não sei se tem graça. A graça meus amigos é o Escoteiro ou Escoteira fazer. Só ele sem o Chefe por perto. Se você é assim fique longe, Não fale, não fique ai olhando. Não dê palpites. Deixa-os crescerem! Faz parte do nosso método!

             Para mim vale mais uma pequena amarra dada por um jovem que uma casa em cima de uma árvore que não tem finalidade no adestramento progressivo e que foi feita pelo Chefe/engenheiro. Ao dar a Amarra ou um nozinho do volta da ribeira para o acabamento ou fazer um simples Volta do Fiel é o inicio de tudo. E a Costura de Arremate? Simplesmente maravilhosa! Quando visitava acampamentos escoteiros no passado, ficava orgulhoso em ver no campo de Patrulha, como um simples sisal ou cipó cercava o campo. Ninguém pulava ou entrava por ali. A entrada era pelo pórtico. Rústico, simples sem aquelas belezas que vemos em fotos ou em grandes acampamentos escoteiros e sempre feitas pelos chefes. – Sempre Alerta Patrulha! Licença para entrar? Todos respeitavam.

              E durante a inspeção de campo pela manhã? Ver uma mesa simples, um toldo mesmo que enrugado, bancos para sentar nas refeições, um fogãozinho de barro suspenso, um lenheiro, um porta ferramentas, fossas de líquidos e detritos com tampas; e mais ao fundo um WC bem feito ou mal feito, um tripé para o lampião, chapéus, um porta bastão um porta treco qualquer para copos e pratos, e por aí afora eu me orgulhava. Nunca gostei de chefes que em vez de ajudar prejudicavam a Patrulha quando da inspeção. Tudo limpo alguns levavam no bolso palitos, papeis para jogar ao chão e dizer: Não estava tão limpo. É correto? O que dirá a Patrulha? – Não dizem que somos exemplos? Devemos isto sim parabenizar o trabalho. Hoje nem tão bom mas o amanhã ser melhor. E o sorriso de quem recebe um elogio? Bom demais!

              E quando o cerimonial de bandeira terminava, todos formados esperando os comentários da inspeção, de olho no totem de eficiência, e lá vinham os chefes, um por comentando: - Há Pantera hoje se superou! E a Touro foi demais! Entregar a bandeirola de eficiência, cumprimentar o Monitor e toda a Patrulha, ver o orgulho de cada um e saber que pensavam o mesmo: - Eu fiz parte, eu ajudei. Era bom demais! Que orgulho! Vê-los sorrindo! Pioneirias! Ah! Como são belas quando feitas por eles. Mas meu amigo Chefe se você gosta, faça a sua no seu canto da chefia. Eles tenham certeza irão orgulhar de você. Lembrem-se sempre que treinar e formar os monitores é o caminho correto. Orientem-nos a ter ideias, mas deixe que eles façam, deixe que eles criem e um dia, um belo dia eles dirão: - Chefe vamos fazer um acampamento de dois ou três dias só para grandes pioneirias? Já pensou? Eles dizendo isto e não você?

             Pioneirias! Quem já fez nunca esquece. Mesmo aquelas que o vento malvado jogou ao chão. Mesmo aquelas que umas vacas perdidas invadiram o campo e pisaram em tudo. Mesmo aquelas que um dia passamos uma noite sentados nos bancos sobre a proteção do toldo, pois a chuva torrencial encheu de água e barro as barracas. Quem já fez não esquece nunca. Fazer pioneirias é uma arte tão simples que se deixarmos elas brotarão facilmente na mente do escoteiro. Trazer água de um córrego próximo usando bambus, fazer uma ponte, Jangada de piteiras, Pórtico de três metros ou mais, estrado para barracas suspensa, escadas de cordas ou cipó, o caminho do Tarzan, um ninho de águia, uma passagem suspensa de bambus ou madeira de lei e até um elevador rústico. Tantas e tantas que começaram com um simples volta do fiel e em seguida uma simpática amarra quadrada.! Isto meus amigos, isto é escotismo!


“Deixai-os fazer, deixai-os seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido!” (Kipling). 

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