Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

sábado, 30 de setembro de 2017

Sábado, não fui escoteirar... Fazer o que?


Sábado, não fui escoteirar... Fazer o que?

                     Hoje é sábado. Por experiência sei que se postar alguma história poucos vão ler. Muitos ainda não chegaram da sede. Outros saíram de lá para visitar amigos e parentes. E tem aqueles que vão comer uma pizza ou um churrasco. Certo eles. Eu também fiz muito disto. Hoje não mais. Passei uma tarde modorrenta vendo a chuva cair. Abri meu bate-papo, papeei um pouco. Logo todos desistiram de conversar com o Velho Escoteiro que nem assunto tem. Pensei em ir para a cama. Dormir tão cedo assim?

                      Ligo a TV. Nada de novo a não ser um futebol raquítico da segunda divisão. Ainda bem que meu cruzeiro foi campeão. Não vi o jogo. Não tenho mais paciência para ver um jogo até o final. Voltei ao meu Computador. Pensei em escrever. Uma ideia me veio à mente: - “Porque não dizer a todos que sou candidato a presidente do Brasil”? Mãos na tecla. O tema era interessante. Já tinha reservado quinze reais para minha campanha. Muito? Também achei. Vou fazer ela de ônibus. Direi quais são minhas metas. Velho não paga passagem e Irei de ponto em ponto dizendo que sou candidato. Será que vão me ouvir e votar em mim?

                      Fiquei pensando nos meus quinze merreis. Dinheiro demais. Vai fazer uma falta danada. Se os partidos querem três bi o que eu vou fazer com quinze merreis? Fiquei pensando se fosse eleito. Tudo pode acontecer vocês não acham? Iria morar no Jaburu ou no Alvorada? Duvida cruel. Não sei se sabem, mas Jaburu e Caburé se revezam na feiura. Eu conheço os dois. Tem uma vantagem são calmos e se souber tratá-los com cortesia deixam se acariciar sem reclamar. O presidente Temer adora o Jaburu. Ele encontra com seus comparsas pela madrugada. Tenho pena da Marcela. Sempre dormindo sozinha.  

                     Mas e se for realmente eleito quem vai ser o vice? O Ministro da Fazenda? Da Educação? Será que irei precisar de tantos ministros como hoje? Melhor pensar nos meus amigos aqui da Face. Ou até mesmo os sem Face. Será que eles aceitam meu convite? Irão querer avião da FAB de graça? Passagens internacionais? Será que vão querer ir ao Jamboree sem pagar? E o segundo escalão? Escoteiros? Escoteiras? Seniores e Guias? Ou quem sabe os pioneiros e pioneiros? Difícil ser presidente. Estou quase desistindo.

                     Apago tudo. Não quero ser presidente. Vai dar muito trabalho. Até que andar no Avião Presidencial aquela aeronave Airbus A319CJ deve ser um barato. Irei mudar o nome dela para Escotismo Presidencial. Já pensou? Vou colocar a Flor de Lis antiga. A nova é torta e sem graça. Dizem que é estilizada. Deve ser estigmatizada isto sim! Apaguei tudo. Chega destas bobices de ser Presidente do Brasil. E agora o que vou fazer? Conversar no Bate papo? Com quem? Quem irá gostar de bater um papo com o Escoteiro velho chato maniento que nem assunto tem?

                      Começo a rodopiar no Google. Nada e nada. Tudo sem graça. A chuva continua lá fora. Chove a cântaros. Minha filha e meu genro estão na sala vendo novelas. Um dia fui noveleiro hoje não mais. Pois é... Continuo pensando que posso mudar o Brasil. Mudar? Como? E o Congresso Nacional? Eita turma danada. Ganham os tubos, cada um tem mais de trinta capangas e ainda querem mais. Sabiam que gastam por dia vinte e onze bilhões de reais por ano? E ainda querem se candidatar para roubar de novo. Parando. Se um dos congressistas ler o que escrevo vão mandar me prender.


                       Chega por hoje. O Velho sente saudades dos sábados e das reuniões. Quase não parava na sede. Era bom demais pegar um ônibus um trem e sair por aí sem destino. Será que vou fazer isto novamente na minha nova roupagem quando voltar por aqui? Dizem que demora. Passe-se mais de cem anos para um novo nascimento. Não vai ser mole retornar e encontrar a mesma EB e os mesmos estilos de ser servido. Escotismo, que saudades. Ainda bem que reencarnando não vou lembrar-me do passado. Isto é bom ou ruim? Sei lá, mas não dizem que uma vez escoteiro sempre escoteiro?

Nota de rodapé: - Escrever hoje o que? Assunto? Sábado danadamente modorrento. Quem sabe dizer a todos que resolvi me candidatar a Presidente do Brasil. São quinze mil seguidores e outros tantos nos meus blogs. Trinta mil votos da para começar? Mas será que vão mesmo votar em mim? Boa bisca você Chefe. Lá não é o seu lugar!

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Os Caqueanos estão voltando.


Conversa ao pé do fogo.
Os Caqueanos estão voltando.

                  Urra! Bravoô! Anrê! Os Caqueanos estão voltando às origens. É bom? Para mim é ótimo, para alguns outros tanto faz e para aqueles que instituíram a vestimenta é sinal de contrariedade. Verdade? Nada disto, estou apenas “farreando” um assunto já gasto e que não importa a quase ninguém do escotismo moderno. O Escotismo que a EB está criando e que a maioria aceita sem pestanejar. Mas isto não é o correto? Acho que sim. Li aqui outro dia um comentário de um Escotista já antigo, daqueles que passaram por muitas funções e que é claro nas suas palavras: A disciplina do escoteiro e do Chefe é ponto de honra para o Escotismo Nacional!

                  Um bravoô para ele! (hoje estou dando muitos bravos, tenho que maneirar). Eu não sou assim, sou meio indisciplinado. Bem melhor explicar para todos entenderem. A disciplina em nosso movimento é fantástica. Mas não temos o direito de discordar? Se tudo que se faz, se modifica se ordena fosse democrático, com consultas, com pesquisas e respeitando a individualidade, eu assino em baixo que a disciplina tem que ser respeitada.

                  Não vou voltar novamente o que penso da vestimenta. Foi imposta e aceita por quase oitenta por cento do nosso efetivo. Ninguém pode confeccionar. Tem de comprar da EB e pronto. Deu-se liberdade para quem quisesse ficar com o caqui e sem pestanejar deram uma guilhotinada no traje. Pobre traje! Mas vá lá que muitos estavam bagunçando o coreto e precisa de uma podada para nos fazer iguais como membros sócios da EB. Sinceramente? Eu até aceito a vestimenta, mas como está sendo usada por alguns, desculpe. Não dá para aceitar. Qualquer um pode ver que a sociedade não nos vê com bons olhos. Porque pelo menos não ter uma norma firme, de apresentação pessoal, sem imitar o que não deve ser imitado?

                 Pois é. Eu fico feliz que os Caqueanos. Eles estão retornando. Muitos orgulhosamente e garbosamente já se apresentam conforme pede o figurino do uniforme. Você não vê camisas fora da calça, não vê meiões caídos, não vê calçado colorido e se orgulha quando um se apresenta na sua melhor pose. Li outro dia um artigo de um entendido em apresentação pessoal que disse: A apresentação pessoal diz muito da nossa personalidade, daí ser tão precioso vestir-se bem. Diz que somos julgados o tempo todo e se não apresentamos conforme a situação pede, podemos ser mal interpretados. Quando você não está corretamente vestido está sendo visto com “maus olhos” pelas pessoas que observam você.

                 Mas vamos parar por aqui. Afinal os “çabios” da EB determinaram como vestir a vestimenta. Abriram mão para a modernidade (?), criaram uma apresentação que foi adotada por muitos e inclusive Velhos Escoteiros como eu. Desculpe, fico triste quando vejo alguém fazendo a promessa, recebendo a IM, liderando um curso escoteiro com a camisa fora da calça, meia curta de várias cores, chapéus ou bonés tirados da imaginação. Ah! Volta a Gilwell? Assim?

                 Mas aí estão eles. Os Caqueanos. Até o chapéu de abas largas está de volta. Estupendamente na molécula craniana. Legal mesmo. Interessante, alguns estados Brasileiros aderiram pouco à vestimenta. Outros ficaram no caqui. Meu estado de origem não se vê nenhum caqueano. Por quê? Ah! Liderança que segue sem pestanejar. E depois me disseram que quem decide é a unidade local. Os grupos. Quantas histórias eu podia contar das imposições, dos elogios dos chefes que já fizeram sua escolha, e os meninos? Sigam o Chefe e sejam felizes.

                 Parabéns a você se veste um caqui ou uma vestimenta com orgulho e boa apresentação. Parabéns a você que se apresenta bem uniformizado. Ainda bem que tem vestimenteiros que sabem usar seu uniforme. Palmas longas e sinceras aos do Mar e do ar que sabem se apresentar bem com suas performances de raízes que nunca perderam. A gente sabe e se não sabe devia saber que a primeira impressão que temos de um escoteiro, é normalmente formada quando você o vê, como ele se apresenta e melhor ainda quando lhe dá um aperto de mão.

                 Eu um Velho Chefe Escoteiro gagá, já mais prá lá do que prá cá, ainda me sinto no direito de dizer: - Sou um caqueano de raízes. Sou um caqueano que ama seu uniforme. Dele nunca irei me separar. Nenhum líder ou Rei irá dizer o que eu devo usar. Ele o caqui fez de mim o que sou. Com ele fui e sou um escoteiro feliz, um acampador emérito, um aventureiro que conquistou o que sempre sonhou para si. Obrigado a Deus e a Baden-Powell por ter me dado o amor escoteiro. Setenta anos escoteirando, setenta e sete vivendo. Ainda bem, pois a felicidade escoteira mora em meu coração.



Nota de rodapé: - O sorriso é fundamental quando nos apresentamos. Cara fechada fecha as portas para o sucesso. Com bom humor e um sorriso você pode conquistar o mundo. A primeira impressão que temos de uma pessoa é quando vemos como está vestida, quando você a cumprimenta, pois este gesto simbólico de satisfação faz parte da nossa maneira de ser. Seja você é um exemplo e mostra a todos que estão a sua volta que sabe se apresentar orgulhosamente quando veste seu uniforme ou vestimenta meus parabéns! 

domingo, 24 de setembro de 2017

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Ser Velho é um barato... Mora!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ser Velho é um barato... Mora!

                  Hoje domingo lá vou a bengalar por aí. Como sempre minha mente passeia olhando a vida como ela é. Divirto-me com muitos amigos e grandes pensadores, pedagogos e aconselhadores quando escrevo artigos de minhas impressões sobre a velhice. São tantos a especificar o que é velhice que acho que eu mesmo ainda não entendi o que é ser velho. Um grande professor escreveu:

                  - Velha é a pessoa que perdeu a vontade de aprender. Velha é a pessoa cheia de verdades e sem disposição para aceitar a diversidade de opiniões, as diferenças individuais. Velha é a pessoa que faz tudo sempre da mesma maneira e que se irrita quando as circunstâncias a obrigam mudar. Velha é a pessoa que não quer mais ler, estudar, participar. Velha é a pessoa que desistiu de olhar para o mundo e para os outros. Velha é a pessoa que sente piedade de sua própria velhice e curte a solidão do abandono, fechada num quarto de espelhos, culpando o mundo pela sua infelicidade. Assim, ser velho ou velha independe da idade cronológica, pois há pessoas de pouca idade que vivem dessa maneira. 

                 Outro grande pensador e pedagogo escreveu assim: - IDOSA é a pessoa que tem muita idade; VELHA é a pessoa que perdeu a jovialidade. A idade causa a degenerescência das células; a velhice causa a degenerescência do espírito. Por isso, nem todo idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso.

                 Caramba! Acho que tenho de mudar meus pensamentos. Ora bolas eu gosto de ser chamado de Velho e nem vem que não tem ser chamado de Idoso. Que os digam os famosos articulistas, os famosos mensageiros do bem, mas não adianta, sou mesmo um Velho e por cima chato, cheio de manias e outro dia um dia me disseram que sou egocêntrico. Fui olhar no dicionário e vi que egocêntrico se refere ao egocentrismo, relativo ao ego (?) e descreve alguém que se considera como o centro de todo o interesse. Seus sinônimos são entre tantos: - Egoísta narcisista e metido. Mama mia! Sou tudo isto?

                 Tem gente que morre de medo de ficar velho. Dizem com orgulho que estão passando para a terceira idade. Outro dia tentei calcular quem pertence à Primeira idade e a segunda idade. Francamente me perdi em teses matemáticas e fiz tantos cálculos que preferi parar. Mas diacho, com meus setenta tantos anos não tenho direito de ficar velho? Tenho que ficar idoso e passar para a terceira idade? Será que tem a quarta idade? Risos. Não sei e acho que lá não chegarei.

                  Um amigo muito esperto me disse: Vado escoteiro você sabe quando está ficando velho quando começa a ver a coluna dos obituários nos jornais. Sempre olha a idade dos que se foram para o outro lado da vida e comparar com a sua. Bem ainda não cheguei lá, portanto não estou velho, mas presto uma atenção “danada” quantos anos tinha os que se foram desta para a melhor. E necas de reclamar que estou ficando surdo, tusso muito ao falar, minha operação de catarata sempre adiada, minha respiração ofegante e minhas pernas que não me obedecem mais. Mas não sou velho, sou idoso, dos bons, pois mente fervilha para pensar e escrever.

                 Como diz o velho pensador articulista num mundo de mudanças velozes, cuidar da cabeça é fundamental. Temos que ter coragem e decisão para aprender coisas novas e, principalmente, desaprender as que não nos servem mais. E ainda ter sabedoria para distinguir as novidades passageiras, dos valores permanentes que devem ser mantidos e preservados, apesar das mudanças na tecnologia e na ciência. Honestidade, ética, respeito e lealdade são valores permanentes. Da mesma forma são a família e as amizades. 

                E você? Como se sente? Você é velho (a) ou jovem? Putz! Pegou-me de calças curtas. Sou velho ou idoso? Deixa prá lá. A vida é assim, uns tem e não podem outros podem e não tem. Eu agradeço ao Senhor pelo que tive e tenho. E sempre alerta para todo mundo!



Nota de Rodapé: - Acontece com a velhice o mesmo que com a morte. Alguns as enfrentam com indiferença, não porque tenham mais coragem do que os outros, mas porque têm menos imaginação. Marcel Proust.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A tropa escoteira dos meus sonhos. (parte I)


Conversa ao pé do fogo.
A tropa escoteira dos meus sonhos. (parte I)

                  Dos meus sonhos? Uma tropa para que eu possa dizer que é minha? Que fui eu quem a fiz? Não. Está não é a tropa escoteira dos meus sonhos. Se eu pudesse, se voltasse no tempo eu não iria me prender a mania de grandeza, de poder, de superioridade. Nunca iria dizer que sou o melhor Chefe que existe, pois não sou. Faria de minha humildade o sinônimo de servir. Nunca vou esquecer que meus melhores dias foram em tropas escoteiras apesar de que fui Akelá e também um Chefe Sênior do qual muito me orgulho. Nesta tropa dos meus sonhos o sorriso seria obrigatório onde todos aprenderiam a liderar e serem liderados.

                Não seria uma tropa onde todos seriam empurrados e nem ficassem preocupados com o apito do Chefe. Meu programa seria simples, feito com diversas mãos principalmente dos monitores. Teria uma boca para falar, mas dois ouvidos para ouvir. Na sede teria um horário de início e fim, mas o meio não. O horário seria conforme o interesse e o sorriso da tropa. Teria elasticidade para mudar se necessário. O relógio seria um complemento e mais nada. Nesta tropa os escoteiros seriam os donos do programa. Meu julgamento se tudo estava perfeito não iria existir. O perfeito é os jovens que iriam dizer. Somente os resultados seriam importantes em um programa feito por todos.
               
                Nesta tropa dos meus sonhos o respeito e a individualidade seria questão de honra para todos e aceito com dignidade. Haveria uma fila para formação, mas esta não seria como uma escala hierárquica para chegar ao topo. Quem sabe um sorteio, quem sabe determinado em um conselho de Patrulha ou uma escolha pessoal exceto monitores e subs. A importância maior é que todos estivessem satisfeitos e soubessem que eram uma equipe unida e fraterna. O Monitor era mais um e não o único. Eu nunca iria determinar ou indicar quem seriam os monitores. Seus amigos da Patrulha seriam os responsáveis para elegê-lo.

                 Sua formação e adestramento seria realizado pelos demais monitores onde eu seria mais um na Patrulha só nossa. Ali eu teria condições de analisar, coordenar, e deixar que todos pudessem assimilar dentro de seu estilo e personalidade sua liderança. Eu nunca seria um Chefe cheio de obrigações e responsabilidades. Faria minha parte como orientador amigo e aconselhador. Nesta tropa dos meus sonhos os monitores teriam parte importante no seu desenvolvimento. Nesta tropa teríamos como objetivos liderar e sermos liderados.

                  Baden-Powell comentava que o Chefe é o líder de seus monitores, ou melhor, o Monitor dos monitores. Se eles fossem bem formados e adestrados a Patrulha teria um alto grau de conhecimento técnico e as reuniões mais divertidas. Eles teriam tempo para conversar e ensinar aos demais. Eu daria a todas as condições de aprender o respeito, o amor, a vida no campo, como atingir o objetivo da formação escoteira e os monitores seriam partes importantes para a aplicação do método de fazer fazendo.

                  Nesta tropa dos meus sonhos eu seria um amigo, mais que um irmão. Faria questão de conhecer a cada um, ter a oportunidade de conversar a sós ou em dinâmica de grupo, desenvolvendo suas potencialidades, ouvir seus pais, visitá-los, As reuniões de sede iriam existir, mas as atividades de campo teriam prioridade. Seja em um fim de semana, seja em um final de sábado ou domingo. Iria ensinar a eles que a aparência faz parte do nosso crescimento e de nossa apresentação pessoal. Seria exigente com o uniforme, mas iria preparar a todos para que compreendessem sem demonstrar que isto teria um caráter de obrigação.

                 Não teríamos a pretensão de ser o melhor. De ser uma tropa padrão. De ganhar tudo nas competições realizadas internamente ou externamente. Faria sim questão da amizade, do sorriso, da educação e cortesia e de ajudar ao mais fraco. A lei seria lembrada constantemente. Eu confiaria em todos eles na minha presença ou fora dela. Eu faria questão de ter sempre a mão uma carta prego, uma jornada no bairro com um propósito definido. Faria questão que cada um dentro de suas possibilidades fossem exemplos na sua escola, na sua rua e no seu bairro e principalmente com o respeito aos seus pais.

                   E os acampamentos? Seriam incríveis. Deixaria que eles depois de treinados e adestrados, acampassem em um sítio próximo ou de um pai ou conhecido sem a presença dos chefes. Viveriam independente e aprendendo que um dia eles seriam donos de sí próprio ou quando formassem uma família. Nos acampamentos com a participação de todas as patrulhas seriam perfeitos. Se possível em local ermo, com matas, com aguadas maravilhosas, com possibilidades de bambus ou eucaliptos para fazerem suas pioneirías e que cada um deles construíssem sem minha presença seus campos de patrulhas com todas as regalias que pudessem idealizar como espelho de suas moradas.

                   Nesta tropa dos meus sonhos, eu faria tudo para dar a eles um pouco de cidadania, de caráter, de honra e de ética. Não iria nunca obrigá-los a fazer atividades que eles não quisessem. A tropa seria deles e de mais ninguém. E eu faria tudo para isto acontecer, para que eles ficassem por muitos e muitos anos, que eles aprendessem e forjassem um caráter escoteiro para que no futuro pudessem se orgulhar do seu tempo de escotismo. Se alguém um dia saísse ele seria ouvido e suas razões anotadas e discutidas com quem ficou na tropa. Seria para mim ponto de honra manter todos fazendo escotismo não só por um ano, mas sim por muitos e muitos anos.

                   Eu teria muito mais para contar se pudesse voltar no tempo e fazer a tropa escoteira dos meus sonhos. Eu daria um belo sorriso quando recebesse um lobo da jângal, pois iria fazer dele mais um da irmandade e fraternidade da tropa. E quando um dos escoteiros atingissem a idade da rota sênior teria a preocupação dobrada. Enfim, iria fazer tudo para que o escotismo de cada um deles fosse também o sonho que tiveram quando um dia entraram para os escoteiros.        

Breve mais relatos da tropa escoteira dos meus sonhos.

Nota de rodapé; - Quem não gostaria de ter uma tropa ou uma alcateia dos seus sonhos? Voce tem o seu? Conseguiu realizá-lo? Sorriu quando viu seu jovem passar para escoteiro ou sênior? Cantou aleluia quando o acantonamento ou acampamento foi festejado por eles e não por você? Pois é, assim somos nós chefes. Todos tem um sonho e tem a liberdade de realizá-los... Se quiserem! 
  

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Conversa ao pé do fogo. Falando por falar...


Conversa ao pé do fogo.
Falando por falar...

-Sobre a promessa.
É fato e repetido que a promessa é no escotismo uma das solenidades mais importante na vida do jovem e do adulto. Ela marca e fica para sempre. Eu não comungo uma renovação de promessa, mas aceito que outros a façam. Afinal minha promessa foi e é para sempre! Não dizemos assim? Sempre achei que o dia da promessa de um jovem ou adulto seria um dia especial. Dia só dele e de mais ninguém. Sem entrega de distintivos, certificados nada. Dois ou mais fazendo a promessa? Sei não. Tenho minhas dúvidas. Se o Chefe da tropa ou alcateia preparou o jovem ou a jovem para este dia, conversou com ele, ouviu dele suas opiniões sobre este dia, então, o dia é só dele. Que este dia seja revestido de solenidades, de tradições de místicas e simbolismo que a sessão tenha criado.

Sobre vestir ou não vestir o uniforme ou vestimenta.
Pensando bem... Temos uma reunião por semana, três ou quatro por mês caso não tenha nenhuma atividade extra. Some isto por um ano, considerando férias e impedimentos. Quantos dias temos para estarmos uniformizados? Poucos muito poucos. Agora usar outra peça que não uniforme fica bem em quem ainda não fez a promessa. Mas os promessados? Dizem alguns que precisamos economizar. Economizar? Uma vez por semana? Quatro por mês? No campo a camiseta tem validade, mas nas inspeções, nos cerimoniais usar outra peça que não uniforme não dá para entender. Já somos tão pouco vistos fora dos muros da sede que nem sei se justifica ir para a reunião de camiseta e sem uniforme. E olhe mesmo na sede com grandes atividades eu não tiraria meu uniforme. É como disse um vizinho meu quando me viu uniformizado: - Uai! Voce é escoteiro? Ainda existem?

Sobre qualidade e quantidade.
Baden-Powell comentou que admitia até 28 ou 32 escoteiros em uma tropa ou mesmo 20 ou 24 lobinhos em uma alcateia. Ele dizia que podia haver gente mais capaz que ele e conseguir formar o que ele não iria conseguir. Sabemos que o nosso movimento é uma fraternidade livremente aceita, não tem caráter de obrigação e onde os chefes atuam com supervisão. Sabemos que nosso método é feito de uma sequência de atividades, adaptadas conforme a idade, exercitadas principalmente ao ar livre, onde ensinamos a ajuda recíproca, confiando a eles responsabilidades pensando que seu caráter se afirme. Sabemos que a prática da demonstração e da descoberta, do aprender fazendo faz parte do nosso método. Sabemos que temos uma responsabilidade enorme para desenvolver o método escoteiro. A preocupação deve ser com a qualidade e não quantidade. Confiar no rapaz para que ele seja responsável pela sua própria educação e disciplina, dar liberdade ao espírito de competição e da aventura é parte importante do nosso programa. Nossa preocupação única deve ser com o jovem em especial.

Sobre democracia.
Vejamos o que Baden-Powell comentou sobre a democracia: - “A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar em linha reta”. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Eles não querem pensar, desejam apenas ir para frente, seguindo a ponta do nariz através da vida. E geralmente, estes, alguém os guia puxando-os pelo nariz! - Saia da sua estreita rotina se quer alargar sua mente. – Nada mais a dizer sobre a democracia escoteira.

Tradições.
Temos? Não só aquelas tão explicitadas e comentadas. Mas veja bem, repare o destro e sua maneira peculiar de colocar o chapéu e segurar o seu bastão.  Preste atenção e tente entrar na mente do lobinho quando é autorizado a participar pela primeira vez do grande uivo. Olhe com atenção o Monitor ao levar seu bastão, formar e dar o grito da Patrulha. Tente entender um antigo escoteiro que retorna a sede para dar um alô ou um Sempre Alerta. Veja como ele sorri no cerimonial, na oração, na inspeção veja como ele está se sentindo das doces recordações do seu passado. Ele se sente feliz em ver que nada mudou... Isto não seria tradição? E aquela tropa que faz sua promessa em uma caverna? Em uma gruta? E os fogos de conselho cheios de tradições? Sabemos que o que fazemos são meios para atingirmos os fins. Qual? A formação do caráter e do jovem. Quando se cria não se descontrói. Isto chamamos de tradições. A forma mais antiga de se conhecer histórias é através da oralidade. A história contada pelo seu pai, pela sua avó, seu bisavô. Muitas vezes não precisamos de um registro escrito, mas não podemos nunc esquecer nossos mitos, contos ritos e ensinamentos que vieram do passado.

Uma ótima reunião neste sábado. Meu melhor possível, meu sempre alerta e meu servir a todos que estarão reunidos outra vez procurando aprender mais e mais do escotismo Badeniano.
Sempre Alerta.


Nota de rodapé: Um pequeno comentário sobre temas que podem influenciar aos jovens no escotismo: - A promessa Escoteira – Sobre vestir ou não a vestimenta ou o uniforme escoteiro – Sobre a Democracia – Sobre qualidade e quantidade e sobre tradições. Uma pequena pincelada. Nada novo para muitos dos chefes atuantes. Fraternos abraços e Sempre Alerta.

domingo, 10 de setembro de 2017

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Raízes ou uma vã filosofia?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Raízes ou uma vã filosofia?

               Outro dia li em algum lugar que devemos tomar cuidado com nosso sonho de voltar às nossas raízes. Escoteiras é claro. O que seria voltar às raízes? Seria lembrar-se dos tempos maravilhosos da nossa vida escoteira apesar das dificuldades? Lembrar-se de quando estávamos próximos de pessoas essenciais e que por algum motivo tivemos de nos afastar? Lembrar-se com saudades daqueles amigos escoteiros, dos tempos de acampamento, e quando a noite chegava ficávamos jogando conversa fora em volta de uma fogueira? Sei não acho que voltar às raízes é voltar para o essencial da vida.

                Vez ou outra martelo em minha mente sobre a vã filosofia que discorreu William Shakespeare. Ainda bem que guardo bem que o tempo e a distância não afastam almas, aproximam-se corações. Sei que Deus é natureza, Terra, universo, tempo, equilíbrio... E acreditem ele é físico, não podemos vê-lo, mas sentimos sua presença no coração. Não discuto se filosofia é doutrina, ciência, credo disciplina escola filosófica, religião, rito ou seita ou se é somente uma teoria um costume metódico de processar o regime, o teor e o uso do pensamento ou ideologia.

                 Cada dia me pergunto: - Porque o jovem ou a jovem procura o movimento Escoteiro nos dias de hoje? Sonhos de ser diferente? De aprender o que não vê nos seus ideários modernos? Seria o Acampamento? Seria o Fogo de Conselho? Seria as canções as jornadas, o aprendizado da Jângal do menino Mowgly e seus tantos amigos que fez? Ou seria o uniforme que poucos tem levado a serio como vesti-lo? E a pergunta que não quer calar: E porque ele fica tão pouco tempo? Seria porque seus sonhos não se materializaram? Porque pensou em encontrar aventuras e não encontrou? Porque pensava em uma vida ao ar livre e só encontrou o mesmo da vida escolar?

                  Dizem os arautos do escotismo e da pedagogia moderna que precisamos ser mais objetivos, mais pragmáticos no trato com a nova geração. É proibido sonhar? Minhas raízes dizem que não. Quem não sonha com o acampamento que será realizado? Noites e noites de insônia imaginando o que vai acontecer e o que ele vai fazer? Seria melhor que voltássemos as nossas raízes filosóficas e dar a ele o jovem o que ele sonha e quer? – Dizem que não podemos. O modernismo educacional deve ser praticado de forma diferente. Os pais de hoje não são os pais de outrora. São muito mais exigentes, querem estar junto na vida do filho, querem fazer por ele o que ele um dia deveria fazer.

                  Não sei se isto é verdade e nem sei se a aplicação da metodologia Badeniana cabe neste novo “affer” de mudanças que muitos insistem em ser um novo caminho para o escotismo moderno. Não posso juramentar, não posso dizer que este não é o caminho. Yan Hislop, no seu vídeo Escotismo para rapazes começa com os meninos ingleses se aventurando em matas, em florestas em bosques e montanhas seguindo a trilha que aprenderam nos Fascículos Scouting for Boys de Lord Baden-Powell. Afirmam-se que este foi o motivo principal de BP dar vida ao Escotismo.

                    Antes os meninos faziam e viram que ele precisava de um adulto para realizar seus sonhos. Um amigo, um irmão mais velho e não um professor escolar. Voltar às raízes não é mudar tudo que acontece nos modernos meios de educação. Dizem que o jovem do futuro não é o mesmo do passado. Pode ser. Gostaria de fazer uma grande pesquisa nacional e perguntar a cada um destes jovens que está chegando o porquê ele entrou para o escotismo. Seria um sonho? Seria de ser um herói de sí mesmo? Seria a vida nos campos e na camaradagem de uma Patrulha escoteira? Ou como os lobinhos sonham com seu Mowgly, na vivência de uma Jângal e ser eles mesmos um herói contra o malvado Shery Khan?

                    Volta às raízes. Filosofia escoteira. Afinal nossas origens iniciaram onde? Nas salas de aulas? Nas palestras e nas pequenas brincadeiras feitas em reunião de sede? Uma pergunta a fazer por todos que praticam o escotismo. De uma coisa eu sei, precisamos ouvir e nos adequar aos meninos que procuram o escotismo. Somos uma associação diferente. Não somos nada se não voltarmos para saber o que os jovens pensam e querem. Enquanto mantermos nossos métodos tão conhecidos que nos deixou BP é possível ainda fazer do escotismo uma fonte inesgotável de formação do caráter, disciplina e facilmente inserido na metodologia escoteira.


                      É um tema vasto. Filosofia e raízes. Merece uma conversa ao Pé do Fogo para analisarmos melhor sua significação. Yan Hislop no seu comentário sobre Baden-Powell e as raízes escoteiras mostra muito o que o fundador pensava a respeito. Se tiverem um tempo, procurem no you tube e analisem o que ele escreveu: - https://www.youtube.com/watch?v=2bA1njbv-lo.

Nota de rodapé: - Muitos dizem que devemos voltar as nossas origens. Não podemos perder nossas raízes escoteiras. Ela seria nossa fonte, nosso principio, nossa mãe de criação, e quem sabe um fato gerador das nossas raízes. É um tema vasto. A filosofia escoteira tem sido discutida estudada e poucas vezes vista como uma maneira real de dar ao jovem o que sempre sonhamos para o seu futuro.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Perguntar não ofende!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Perguntar não ofende!

                      Estou perguntando a você. Você mesmo, você quem disse que o escoteiro não marcha caminha. É mesmo? E quem disse isto para você? Os meninos, os jovens? Você viu quantos desfilaram por todo o Brasil marchando sendo aplaudidos, os pais ali sorrindo e se orgulhando dos seus filhos? Mas você disse que escoteiro não marcha, caminha. Obrigou a uma plêiade de bons meninos e jovens a caminhar sem saber se era isto que queriam. Perguntou para eles? Está escrito onde? Tentou saber o que os que assistiam o desfile pensaram sobre isto? Será que eles concordaram com você? Analisou por acaso quanto de marketing você criou para o movimento escoteiro com sua intransigência? Valeu então caminhar, andar como se estivesse em passeio no parque, como se a camisa fora da calça, à meia caída, o calçado de qualquer cor foi sua invenção?

                    É isto, você é autoridade, manda e a disciplina escoteira manda calar e obedecer. É isto mesmo? Nunca pensou nas origens, nas tradições de um passado que marcaram o escotismo no Brasil? Seria bom você ler o Poema do Ministro Guido Mondim onde ele diz: - Despe teu uniforme, interesseiro, pois não é nele que vive a disciplina. Nem por vesti-lo te fazes escoteiro, como o exige nossa lúcida doutrina. Que importa a promessa que te ensina, a ser da nossa causa um Cavalheiro, sem a conquista da insígnia peregrina, do caráter de um homem verdadeiro? – E ele o grande Ministro escoteiro completa: Escotismo é escola de lealdade, de amor, de ação e inteligência, isenta de arrogância e veleidade. Bonito não? E finaliza: Se não o compreendeste, então importa, que o construas, primeiro, na consciência. Cumpre a nossa Lei... E depois volta!

                     Pois meu amigo ditador. Já não se fazem escotismo como antigamente. O ontem se foi o presente você faz dele o que quer. Sabia que em cada cinco meninos seis sonham em desfilar marchando? Sabias que a maioria deles adoram o uniforme do nosso Exército brasileiro? Sabia que a ordem unida sempre fez parte de nós e nos orgulhamos da nossa disciplina aceita e não imposta? Meu amigo dirigente, você não é o dono da verdade. Você acredito eu não viveu o que muitos sonharam e viveram. Em nome de uma modernidade que você mesmo criou, desfigura, adultera, deforma e deturpa o nosso passado tão glorioso.

                   Por favor, não me venha com a metáfora que a norma é assim. A norma foi você quem fez. Perguntou aos 80.000 membros registrados? Alguns deles foram consultados? Seria engraçado você chegar junto a cinco, dez ou vinte meninos e perguntar: - Vocês querem marchar ou andar no desfile? Qual a resposta? Você só a terá se perguntar. Mas você acha que não precisa. Afinal você vem mudando tudo. Acabou com sonhos de muitos, está criando um escotismo de ricos, de famosos, de elite, de gente endinheirada porque é assim que se diz não? Afinal não é você quem disse que não pode levar prejuízos? Que não existe almoço grátis?

                   Eu meu amigo intransigente, não comungo sua ideia e seus ideais. Não são os meus. Você está destruindo e pisando em sonhos, está sendo aquele que faz do escotismo não uma sublime filosofia, mas um concreto monstro de pedra feito de cimento e aço. Escoteiro desfila, marcha, treina ordem unida sim senhor. Sei que você se acha dono das leis, da verdade, que é o maioral, mas está fazendo um escotismo seu. Não o de BP, não daqueles que viveram anos sorrindo, acampando, sentindo o ar puro do campo, correndo atrás das borboletas, ouvindo o cantar das matas e aprendendo com os pássaros a ouvir o silêncio  como os das estrelas do céu.

                   Sabe meu amigo intransigente, onipotente, que se diz dono da verdade, o escotismo não é seu. Não é. Você não pode se arvorar só porque uns insignificantes escreveram normas e estatutos que não foram aprovados por BP e por uma legião de esquecidos que já se foram. Espero mesmo que você esteja aí para ver o que está criando, que você acredita sem mesmo saber se os demais escoteiros da terra comungam com você! 



Nota de rodapé: - Sinto pena dos que me dizem: - Não concorda? Vá à assembleia, escreva e peça informações aos donos do escotismo. Será quem tem alguém que acredita nisto? É eles compraram todas as ações. Está nas mãos de poucos. Será que BP sabe disto? Ele deu procuração de sua cria para alguém? Democracia escoteira? Não é, democracia de uma meia dúzia que se apoderou do poder e do escotismo.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A Faca do Escoteiro.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
A Faca do Escoteiro.

                  Outro dia alguns amigos comentaram sobre o uso da faca escoteira. Não sei se existe ainda a prova exigida para seu uso. Antigamente se usava do lado direito preso ao cinto. Eu usei muito. Orgulhava da minha, uma brasileirinha da mundial. Era um orgulho em estar com uma e me sentia bem, pois achava que completava a indumentária. Na Tropa ninguém usava sem ser segunda classe e ter passado nas provas exigidas. Sabíamos que eram para uso em atividades mateiras, cortes simples de cordas, preparar um espeque, uma vara de pescar, uso na confecção de artimanhas e engenhocas e muito mais. O canivete completava para descascar frutas ou fazer um pontal.

                   Quando fui Chefe de Tropa e depois Chefe Sênior era exigente quanto a isso. Sempre fui a favor do uso desde que o jovem estivesse bem preparado e se esforçou para ter este direito. Porque não usar? Existe por parte de muitos a ilusão de que é uma arma. Pode influenciar no futuro. O público não vê com bons olhos. Será? Durante anos e anos eu usei, autorizei jovens a usarem nos acampamentos, ah! Nos acampamentos. Eles andavam aqui e ali soberbos com suas facas mateiras. E olhem, nunca soube de nenhum deles até hoje, já homens feitos com a ilusão de andar armado. E o público? Muitos deste “público” me perguntam onde andam os escoteiros e sua faquinha?

                É gostoso no campo portar uma faca. Dá-nos uma sensação de segurança. Eu tinha uma mundial simples. Já vi relatos de cada uma de tirar o sono. Dizem que são lindas. Nunca vi principalmente as importadas, mas quem era eu para ter uma delas? A minha eu engraxei muito sapato para comprar. Tratava-a com carinho. A capa de couro, ou melhor, a bainha sempre engraxada, por dentro talco de bebê para proteger a lamina e não deixar enferrujar. Usou? Primeiro limpar antes de colocar na capa.

              Sabíamos que faca não é para cortar madeira grossa quiçá poderiam servir para cortar uns gravetos para o fogo. Saber entregar e carregar assim como o machado simples ou do lenhador, ou mesmo o facão mateiro era uma arte. E a cerimonia de entregar a ferramenta a outro Escoteiro era um espetáculo principalmente a faca e a machadinha. Saber afiar era outra. Quem não tinha a técnica não podia usar. Quando jovem tivemos um campeonato de lançamento de facas. Tínhamos facas especiais e feitas por nós mesmos com os cabos de contrapeso com a lâmina. Facas do escoteiro não foram preparadas para impacto.

              Disseram-me que para fabricar uma boa faca consiste em modelar a lâmina, através do processo de forja ou de desbaste, aplicar um tratamento químico conhecido como têmpera que confere a dureza ao fio da lâmina. Costumava proteger o cabo com um protetor plástico que esticava quando colocado e depois se firmava. Lembro-me do meu Chefe e eu mesmo dizendo aos escoteiros e seniores sobre a faca. Explicava sobre a lâmina, sobre o cabo ou empunhadura, a ponta ou ponteira, o fio ou gume, o desbaste, onde era o dorso, o ricaço, a guarda, o pomo e o cordão. Para ser sincero eu mesmo não dava muita importância às estas nomenclaturas. Para mim o mais importante sempre foi o saber conservar, limpar, usar e manusear. Feito isto que os escoteiros usassem suas facas. Acho e poderia dizer com certeza que sempre foi e pode ser uma forma de motivar os jovens na senda Escoteira. E tenho certeza qualquer um sonha em poder ter uma faca e colocá-la na cintura.

                  Até mesmo nas reuniões de sede, (na sede e não na rua) nas atividades ao ar livre e principalmente nos acampamentos aprovo o uso desde é claro que o portador esteja bem ciente e preparado. Se ele é um bom Escoteiro, se foi adestrado suficientemente tenho certeza que ele sentirá orgulho no uso da faca. Irá olhar para os outros e dizer – Façam como eu. E um dia também usarão a sua. Mas olhe, respeito os chefes que são contra. Não vou dizer a eles que nunca usaram e, portanto não sabem a importância de uma faca presa no cinto do lado direito de um Escoteiro ou Escoteiro, bem uniformizado e responsável.

                 A faca e o cabo de dois a cinco metros não pode faltar no uniforme. Bem enrolado a moda Escoteira. O que? Isto é passado? Amado passado! Porque não voltas novamente? – Ainda lembro na sede ou no campo das inspeções rotineiras – Escoteiro? Sim Chefe! – Me mostre sua faca! – Eu a pegava pelo cabo, entregava conforme padrões de segurança e deixava o Chefe ver o talco protetor, pegava com carinho no dorso e dava para ele o cabo. Ensinou-me assim. Segurança! E ali ficava a sorrir de orgulho!

                  Minha faca Escoteira está guardada até hoje. Não a uso mais a não ser se for a um acampamento ou uma excursão. Acampamento eu? Claro meu amigo, em sonhos! Mas gostaria de ver os escoteiros e as escoteiras como outrora. Respeitosos! Disciplinados! Vigilantes! Sempre Alertas! Boas ações feitas! Sorriso no rosto! Uniforme impecável! Treinados e prontos a demonstrarem suas aptidões e suas faquinhas do lado. Sei que existem muitos por aí neste mundo de Deus que ainda usam.


                 Mas as facas, humm! As facas estão sumindo. E atrás delas muitos jovens cujos sonhos de serem heróis se perderam na modernidade. Minha faca Escoteira quem sabe hoje está se tornando um acessório proibido. Ontem liberado. Hoje? Nem pensar. Precaução? Bem cada um sabe onde o calo aperta, mas se pudesse ser um Chefe Escoteiro elas voltariam. Sem sombra de dúvida! Meus amigos e amigas, que saudade da faca Escoteira!

Nota de rodapé: - Ouve uma época que o jovem se esforçava ao máximo para passar nas provas de segurança para usar a faca escoteira. Só quando tivesse sua Segunda Classe e desde que estivesse bem preparado teria como pleitear. A exigência era muita não só no uso como sua manutenção. Quando conseguia ter autorização, era como se tivesse conquistado uma alta insígnia escoteira. A Faca Escoteira sempre foi desejos de muitos jovens. Usá-la na cintura, mantê-la limpa e asseada, usar com segurança foi orgulho para muitos.   

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

História do Escotismo. O Major Kenneth McLaren, o menino que estava perdido... (1860-1924).


História do Escotismo.
O Major Kenneth McLaren, o menino que estava perdido...
 (1860-1924).

                  Muitos dos amigos de Baden-Powell que ajudaram a movimentar a fantástica organização Escoteira não são muito conhecidos. Foram eles que ombrearam nos primórdios onde o escotismo começou. Um artigo sobre Capitão Roland Philipps que escreveu o estupendo Sistema de Patrulhas já publiquei. Hoje vamos comentar sobre o Major Kenneth McLaren, grande amigo de Baden-Powell cuja importância maior foi ser o auxiliar de BP em Brownsea, onde o escotismo começou. Vejamos:

- Kenneth McLaren foi uma figura-chave na vida de Robert Baden Powell e o desenvolvimento inicial do movimento Escoteiro em seus primeiros anos. Um amigo íntimo por mais de vinte anos - "Meu melhor amigo em todo o mundo" disse um dia. Ele participou do primeiro campo escoteiro na ilha Brownsea em 1907 e foi o primeiro gerente dos Boy Scouts. McLaren deslocou-se silenciosamente para a obscuridade para uma discussão sobre a natureza de seu relacionamento com Baden Powell pelo autor Tim Jeal na década de 1990.

McLaren e BP se encontraram por volta de 1881 no Afeganistão como membros do 13º Hússar, onde atingiu a aparência juvenil e foi chamado de "o menino McLaren". A movimentada amizade na Índia, juntos marcou uma estreita amizade. Eles caçaram javali juntos, descritos por BP como "pigsticking".

McLaren tinha sido educado em Harrow, depois passando por Sandhurst antes de sua postagem com o 13º Hussars. Ele era um excelente jogador de polo e representava os Hussars em inúmeras competições. Quando os hussares retornaram à Grã-Bretanha em 1886, BP viajou com McLaren para a Escócia em licença. BP fez inúmeras viagens importantes para a Escócia durante o desenvolvimento inicial do Escotismo, mas também nos últimos anos - É válido considerar se algum desses cálculos foi iniciado por seu amigo.

Imagem
 McLaren casou-se com Leila Evelyn Landon, filha de um oficial do exército em 1898, mas deixou sua esposa grávida em 1899 para fazer campanha na África a pedido de seu amigo. Com BP em Mafeking, ele foi gravemente ferido e no hospital Boer durante as últimas seis semanas do seige. Sua filha Eilean nasceu em outubro de 1899 e BP tornou-se seu padrinho. Ele trabalhou para a BP novamente em 1901 como seu oficial de recrutamento em Londres para a Polícia Sul-Africana. Sua esposa morreu aos 29 anos em 1904 e a BP apoiou seu amigo enquanto ele se ajustou à vida.

Quando BP planejou seu acampamento experimental na Ilha Brownsea pediu ajuda a McLaren. Em dezembro desse ano, ele se tornou o primeiro secretário dos Boy Scouts, mas apenas por um curto período de três meses, incapaz de se dar bem com a administração Pearsons, a editora e o patrocinador da BP nesta fase. BP não interviu, possivelmente quando McLaren havia anunciado sua intenção de voltar a casar.

BP estava preocupado com o desenvolvimento da relação entre McLaren e a ex-enfermeira de sua esposa, Ethel Mary Wilson, logo após a morte de Leila. BP em principio não aprovou o casamento de McLaren. Eventualmente casado em 1910, BP não participou do casamento e os dois começaram a se afastar. BP casou-se com Olave Soames em 1912, McLaren não foi convidado e sua nova esposa era propensa a ser altamente ciumenta das antigas amizades de BP.

Em 1914, McLaren se ofereceu para estar na França em um papel administrativo e, em 1910, foi diagnosticado com um "amaciamento do cérebro", traduzindo para a depressão crônica que ele sofreu ao longo de sua vida. Antes de morrer em 1924, McLaren passou seis anos entre Camberwel House Asylum e um hospital mental privado em Herefordshire. BP não participou do funeral.

Ethel manteve a casa de McLaren em Argyll e depois comprou uma casa menor na mesma aldeia. Os papéis de McLaren e as centenas de cartas trocadas pelos dois amigos foram aparentemente destruídos pelas esposas após a morte. Em 1965, um baú de chá em um leilão de Glasgow encontrou-se as cartas de BP para McLaren enquanto ele estava ferido em Mafeking. Estas cartas estão agora em um arquivo scout escocês. Ethel morreu em 1967, sobrevivendo a sua filha Eilean por dez anos morrendo de câncer em Creaton uma década antes.

McLaren estava perturbado com a morte de sua mãe e foi essa dor que originalmente o trouxe a BP. Ele foi deitado ao lado da mãe, Elizabeth McLaren, numa encosta de Argyll, num local magnífico, olhando para o mar.

Em um compartimento murado coberto com um trilho e um portão de ferro forjado, sua sepultura se ergue sob uma cruz celta de granito. O recinto não foi gerenciado (a família McLaren parece desaparecer inteiramente da área) e as árvores de teixo assumiram o local, destruindo os muros fronteiriços ameaçando e prejudicando a lápide de Kenneth McLaren. É um legado desesperado para o homem tão importante na criação de um movimento global de escoteiros de 38 milhões.


Existe uma fundação que procura subsídios para dar uma lapide e um tratamento melhor em sua sepultura. Não consegui saber se isto de fato aconteceu.

Nota de Rodapé: - A história do Major Kenneth McLaren, amigo de Baden-Powell e um dos participantes no primeiro acampamento em Brownsea, não foi coroado de atos heroicos. Não pude me furtar a pesquisar sua vida e em pequenas pinceladas contar como tudo aconteceu e o porquê sua amizade com Baden-Powell foi abalada.  Sim ou não, nunca se furtou a ajudar BP em todas suas novas atividades que estava desenvolvendo.