Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Raízes ou uma vã filosofia?
Outro dia li em algum lugar que
devemos tomar cuidado com nosso sonho de voltar às nossas raízes. Escoteiras é
claro. O que seria voltar às raízes? Seria lembrar-se dos tempos maravilhosos
da nossa vida escoteira apesar das dificuldades? Lembrar-se de quando estávamos
próximos de pessoas essenciais e que por algum motivo tivemos de nos afastar? Lembrar-se
com saudades daqueles amigos escoteiros, dos tempos de acampamento, e quando a
noite chegava ficávamos jogando conversa fora em volta de uma fogueira? Sei não
acho que voltar às raízes é voltar para o essencial da vida.
Vez ou outra martelo em minha
mente sobre a vã filosofia que discorreu William Shakespeare. Ainda bem que
guardo bem que o tempo e a distância não afastam almas, aproximam-se corações. Sei
que Deus é natureza, Terra, universo, tempo, equilíbrio... E acreditem ele é
físico, não podemos vê-lo, mas sentimos sua presença no coração. Não discuto se
filosofia é doutrina, ciência, credo disciplina escola filosófica, religião,
rito ou seita ou se é somente uma teoria um costume metódico de processar o
regime, o teor e o uso do pensamento ou ideologia.
Cada dia me pergunto: - Porque
o jovem ou a jovem procura o movimento Escoteiro nos dias de hoje? Sonhos de
ser diferente? De aprender o que não vê nos seus ideários modernos? Seria o
Acampamento? Seria o Fogo de Conselho? Seria as canções as jornadas, o
aprendizado da Jângal do menino Mowgly e seus tantos amigos que fez? Ou seria o
uniforme que poucos tem levado a serio como vesti-lo? E a pergunta que não quer
calar: E porque ele fica tão pouco tempo? Seria porque seus sonhos não se
materializaram? Porque pensou em encontrar aventuras e não encontrou? Porque
pensava em uma vida ao ar livre e só encontrou o mesmo da vida escolar?
Dizem os arautos do escotismo
e da pedagogia moderna que precisamos ser mais objetivos, mais pragmáticos no
trato com a nova geração. É proibido sonhar? Minhas raízes dizem que não. Quem
não sonha com o acampamento que será realizado? Noites e noites de insônia
imaginando o que vai acontecer e o que ele vai fazer? Seria melhor que
voltássemos as nossas raízes filosóficas e dar a ele o jovem o que ele sonha e
quer? – Dizem que não podemos. O modernismo educacional deve ser praticado de
forma diferente. Os pais de hoje não são os pais de outrora. São muito mais
exigentes, querem estar junto na vida do filho, querem fazer por ele o que ele
um dia deveria fazer.
Não sei se isto é verdade e
nem sei se a aplicação da metodologia Badeniana cabe neste novo “affer” de
mudanças que muitos insistem em ser um novo caminho para o escotismo moderno.
Não posso juramentar, não posso dizer que este não é o caminho. Yan Hislop, no
seu vídeo Escotismo para rapazes começa com os meninos ingleses se aventurando
em matas, em florestas em bosques e montanhas seguindo a trilha que aprenderam
nos Fascículos Scouting for Boys de Lord Baden-Powell. Afirmam-se que este foi
o motivo principal de BP dar vida ao Escotismo.
Antes os meninos faziam e
viram que ele precisava de um adulto para realizar seus sonhos. Um amigo, um
irmão mais velho e não um professor escolar. Voltar às raízes não é mudar tudo
que acontece nos modernos meios de educação. Dizem que o jovem do futuro não é
o mesmo do passado. Pode ser. Gostaria de fazer uma grande pesquisa nacional e
perguntar a cada um destes jovens que está chegando o porquê ele entrou para o
escotismo. Seria um sonho? Seria de ser um herói de sí mesmo? Seria a vida nos
campos e na camaradagem de uma Patrulha escoteira? Ou como os lobinhos sonham
com seu Mowgly, na vivência de uma Jângal e ser eles mesmos um herói contra o
malvado Shery Khan?
Volta às raízes. Filosofia escoteira.
Afinal nossas origens iniciaram onde? Nas salas de aulas? Nas palestras e nas
pequenas brincadeiras feitas em reunião de sede? Uma pergunta a fazer por todos
que praticam o escotismo. De uma coisa eu sei, precisamos ouvir e nos adequar
aos meninos que procuram o escotismo. Somos uma associação diferente. Não somos
nada se não voltarmos para saber o que os jovens pensam e querem. Enquanto mantermos
nossos métodos tão conhecidos que nos deixou BP é possível ainda fazer do
escotismo uma fonte inesgotável de formação do caráter, disciplina e facilmente
inserido na metodologia escoteira.
É um tema vasto.
Filosofia e raízes. Merece uma conversa ao Pé do Fogo para analisarmos melhor
sua significação. Yan Hislop no seu comentário sobre Baden-Powell e as raízes escoteiras
mostra muito o que o fundador pensava a respeito. Se tiverem um tempo, procurem
no you tube e analisem o que ele escreveu: - https://www.youtube.com/watch?v=2bA1njbv-lo.
Nota de rodapé: - Muitos dizem que
devemos voltar as nossas origens. Não podemos perder nossas raízes escoteiras.
Ela seria nossa fonte, nosso principio, nossa mãe de criação, e quem sabe um
fato gerador das nossas raízes. É um tema vasto. A filosofia escoteira tem sido
discutida estudada e poucas vezes vista como uma maneira real de dar ao jovem o
que sempre sonhamos para o seu futuro.
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