Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A tropa escoteira dos meus sonhos. (parte I)


Conversa ao pé do fogo.
A tropa escoteira dos meus sonhos. (parte I)

                  Dos meus sonhos? Uma tropa para que eu possa dizer que é minha? Que fui eu quem a fiz? Não. Está não é a tropa escoteira dos meus sonhos. Se eu pudesse, se voltasse no tempo eu não iria me prender a mania de grandeza, de poder, de superioridade. Nunca iria dizer que sou o melhor Chefe que existe, pois não sou. Faria de minha humildade o sinônimo de servir. Nunca vou esquecer que meus melhores dias foram em tropas escoteiras apesar de que fui Akelá e também um Chefe Sênior do qual muito me orgulho. Nesta tropa dos meus sonhos o sorriso seria obrigatório onde todos aprenderiam a liderar e serem liderados.

                Não seria uma tropa onde todos seriam empurrados e nem ficassem preocupados com o apito do Chefe. Meu programa seria simples, feito com diversas mãos principalmente dos monitores. Teria uma boca para falar, mas dois ouvidos para ouvir. Na sede teria um horário de início e fim, mas o meio não. O horário seria conforme o interesse e o sorriso da tropa. Teria elasticidade para mudar se necessário. O relógio seria um complemento e mais nada. Nesta tropa os escoteiros seriam os donos do programa. Meu julgamento se tudo estava perfeito não iria existir. O perfeito é os jovens que iriam dizer. Somente os resultados seriam importantes em um programa feito por todos.
               
                Nesta tropa dos meus sonhos o respeito e a individualidade seria questão de honra para todos e aceito com dignidade. Haveria uma fila para formação, mas esta não seria como uma escala hierárquica para chegar ao topo. Quem sabe um sorteio, quem sabe determinado em um conselho de Patrulha ou uma escolha pessoal exceto monitores e subs. A importância maior é que todos estivessem satisfeitos e soubessem que eram uma equipe unida e fraterna. O Monitor era mais um e não o único. Eu nunca iria determinar ou indicar quem seriam os monitores. Seus amigos da Patrulha seriam os responsáveis para elegê-lo.

                 Sua formação e adestramento seria realizado pelos demais monitores onde eu seria mais um na Patrulha só nossa. Ali eu teria condições de analisar, coordenar, e deixar que todos pudessem assimilar dentro de seu estilo e personalidade sua liderança. Eu nunca seria um Chefe cheio de obrigações e responsabilidades. Faria minha parte como orientador amigo e aconselhador. Nesta tropa dos meus sonhos os monitores teriam parte importante no seu desenvolvimento. Nesta tropa teríamos como objetivos liderar e sermos liderados.

                  Baden-Powell comentava que o Chefe é o líder de seus monitores, ou melhor, o Monitor dos monitores. Se eles fossem bem formados e adestrados a Patrulha teria um alto grau de conhecimento técnico e as reuniões mais divertidas. Eles teriam tempo para conversar e ensinar aos demais. Eu daria a todas as condições de aprender o respeito, o amor, a vida no campo, como atingir o objetivo da formação escoteira e os monitores seriam partes importantes para a aplicação do método de fazer fazendo.

                  Nesta tropa dos meus sonhos eu seria um amigo, mais que um irmão. Faria questão de conhecer a cada um, ter a oportunidade de conversar a sós ou em dinâmica de grupo, desenvolvendo suas potencialidades, ouvir seus pais, visitá-los, As reuniões de sede iriam existir, mas as atividades de campo teriam prioridade. Seja em um fim de semana, seja em um final de sábado ou domingo. Iria ensinar a eles que a aparência faz parte do nosso crescimento e de nossa apresentação pessoal. Seria exigente com o uniforme, mas iria preparar a todos para que compreendessem sem demonstrar que isto teria um caráter de obrigação.

                 Não teríamos a pretensão de ser o melhor. De ser uma tropa padrão. De ganhar tudo nas competições realizadas internamente ou externamente. Faria sim questão da amizade, do sorriso, da educação e cortesia e de ajudar ao mais fraco. A lei seria lembrada constantemente. Eu confiaria em todos eles na minha presença ou fora dela. Eu faria questão de ter sempre a mão uma carta prego, uma jornada no bairro com um propósito definido. Faria questão que cada um dentro de suas possibilidades fossem exemplos na sua escola, na sua rua e no seu bairro e principalmente com o respeito aos seus pais.

                   E os acampamentos? Seriam incríveis. Deixaria que eles depois de treinados e adestrados, acampassem em um sítio próximo ou de um pai ou conhecido sem a presença dos chefes. Viveriam independente e aprendendo que um dia eles seriam donos de sí próprio ou quando formassem uma família. Nos acampamentos com a participação de todas as patrulhas seriam perfeitos. Se possível em local ermo, com matas, com aguadas maravilhosas, com possibilidades de bambus ou eucaliptos para fazerem suas pioneirías e que cada um deles construíssem sem minha presença seus campos de patrulhas com todas as regalias que pudessem idealizar como espelho de suas moradas.

                   Nesta tropa dos meus sonhos, eu faria tudo para dar a eles um pouco de cidadania, de caráter, de honra e de ética. Não iria nunca obrigá-los a fazer atividades que eles não quisessem. A tropa seria deles e de mais ninguém. E eu faria tudo para isto acontecer, para que eles ficassem por muitos e muitos anos, que eles aprendessem e forjassem um caráter escoteiro para que no futuro pudessem se orgulhar do seu tempo de escotismo. Se alguém um dia saísse ele seria ouvido e suas razões anotadas e discutidas com quem ficou na tropa. Seria para mim ponto de honra manter todos fazendo escotismo não só por um ano, mas sim por muitos e muitos anos.

                   Eu teria muito mais para contar se pudesse voltar no tempo e fazer a tropa escoteira dos meus sonhos. Eu daria um belo sorriso quando recebesse um lobo da jângal, pois iria fazer dele mais um da irmandade e fraternidade da tropa. E quando um dos escoteiros atingissem a idade da rota sênior teria a preocupação dobrada. Enfim, iria fazer tudo para que o escotismo de cada um deles fosse também o sonho que tiveram quando um dia entraram para os escoteiros.        

Breve mais relatos da tropa escoteira dos meus sonhos.

Nota de rodapé; - Quem não gostaria de ter uma tropa ou uma alcateia dos seus sonhos? Voce tem o seu? Conseguiu realizá-lo? Sorriu quando viu seu jovem passar para escoteiro ou sênior? Cantou aleluia quando o acantonamento ou acampamento foi festejado por eles e não por você? Pois é, assim somos nós chefes. Todos tem um sonho e tem a liberdade de realizá-los... Se quiserem! 
  

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