Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Pontualidade Escoteira.
Pontualidade é um dever até dos
reis.
- Hoje é sábado, dia e que a maioria dos grupos
estarão reunidos. Jovens de todos os lugares, cidades e países estarão juntos
para aprender a ser bons cidadãos. Para você que é um dos voluntários que
estarão com eles colaborando, um pequeno lembrete, mas de suma importância.
Aprender desde cedo a ser pontual. Por quê?
Há dias marquei com um amigo um bate papo para
colocar a prosa em dia. Esperei por meia hora e ele não apareceu. Fui embora,
pois tenho mais o que fazer. Telefone toca. – Não me esperou? Risos. Eu tinha
de esperar por ele. Boa essa. Outro ligou que estava chegando. Meia hora, uma e
fui embora. Dizem que pontualidade é a arte de não desperdiçar o tempo alheio.
Concordo. Acho que é por isto que resolvi escrever sobre pontualidade. Não é um
assunto de adestramento, de técnica, de programas, mas acredito ser da formação
moral escoteira. Não sei se será bem recebido pelos meus amigos leitores que
não são pontuais. Os que se enquadrarem que procurem acertar. Vejam bem, somos
exemplos, somos vistos como perfeitos, muitas vezes pela comunidade, pelos
pais, pelos membros juvenis e estamos a toda hora lançando a semente da
responsabilidade, da amizade e confraternização e do respeito. Na Lei Escoteira
incentivamos as atividades religiosas, escolares e de cidadania. Portanto,
somos responsáveis pela formação de nossos jovens nestes aspectos sem sombra de
dúvida.
Acontece que a falta de pontualidade é sempre um sinal de desrespeito pelo
próximo e pela organização social e está presente em nosso meio. Ela está
presente nas rotinas, nas tarefas que desempenhamos, nos desafios e nos
objetivos que nos propormos realizar. De todos os recursos a que temos acesso,
o tempo é um dos mais relevantes pela sua natureza volátil e, para muitos de
nós, perdermos horas à espera de outros, significa desperdiçar um precioso bem.
E claro ninguém gosta.
Também é importante que devemos perceber e assumir que a forma como lidamos com
o relógio, diz muito sobre a nossa educação e temperamento. Numa sociedade
tão exigente e complexa como a nossa, é uma questão de procurarmos definir
prioridades, sabendo de antemão que nunca iremos ter tempo para fazermos tudo o
que precisamos ou gostaríamos de fazer. Ninguém gosta de ficar à espera. Se nos
pusermos no lugar do outro poderemos vir a constatar que esta atitude não é um
pormenor sem importância, mas constitui de fato uma falta de civismo e
respeito. Vejamos algumas situações no dia a dia das reuniões de seções ou
acampamentos:
- O horário de inicio da reunião é 14h30min
(hipotético) alguns pais trazem os filhos nos horários, outros não. Será que é
devido às falhas anteriores por parte dos escotistas responsáveis que não
cumpriram os horários determinados?
- O tempo de duração da cerimônia de bandeira
(hipotético) é de 10 minutos, mas foram gastos mais de 20 minutos. Isto é
correto? É claro que atrasou os programas feitos pelas seções e muitos itens
não terão a continuidade esperada.
- A inspeção, ou o Grande Uivo era de 10 minutos,
mas se gastou 15 ou mais.
- O jogo inicial era de 10 minutos, mas se gastou
muito mais.
- O adestramento de base ou de patrulha/matilha era
de 15 minutos, mas se gastou muito mais.
- Diversas outras atividades programadas tiveram que
ser canceladas ou substituídas por falta de tempo, já que ele foi gasto em
outras atividades. - E finalmente, o encerramento atrasou e os pais que estavam
à espera ficaram inconformados, pois muitos deles tinham outros compromissos.
Eu posso dizer que vivi muito tal situação. Além das atividades escoteiras nos
grupos, também atividades distritais, regionais ou nacionais não começavam no
horário. Os jogos e atividades programadas se extrapolaram. Chegamos a tal
ponto, que diversos cursos de adestramento que dirigi, tinha alunos que
chegavam atrasados. Mandá-los de volta, recusá-los? Mandei muitos de volta.
Errado eu? Como disse acima, é uma falta de respeito para com aqueles que
chegaram no horário. Isto não pode fazer parte do dia a dia de nossas
atividades escoteiras. Nós adultos somos o exemplo. Temos que manter nossa
fleuma de uma pontualidade “britânica” para mostrar que os outros podem contar
conosco.
Tenho certeza que a maioria de vocês que me leem, pode ter acontecido um
pequeno ou um grande atraso na chegada de um acampamento, de uma excursão, de
um bivaque ou mesmo acantonamento. Coloquem-se no lugar dos pais que estão à
espera, sem nenhuma notícia. (hoje com o celular é mais fácil) Acredito
inclusive que a decepção pode em alguns casos ser superior à alegria e
motivação do jovem no seu retorno. E na saída então, esperamos este, aquele e
no final, saímos com total desrespeito com aqueles que chegaram no horário,
prejudicando todo o programa que havia sido feito. Conheci um executivo
escoteiro profissional, que conseguiu ser recebido por um presidente de uma
multinacional e cujo intuito era de conseguir meios e locais para alojar em
sede própria um Grupo Escoteiro da comunidade. Ele se prontificou em receber e
ouvir e até quem sabe ajudar. Infelizmente ouve um atraso de 30 minutos e a
reunião foi cancelada. Que belo exemplo ele deu. Acredito que daí para frente
aquele Presidente olharia com desconfiança para o Movimento Escoteiro.
Temos diversas situações de escotistas que divergem de tal situação, chegando
mesmo a pedir demissão pela falta dos responsáveis do Grupo Escoteiro em não
tomar providencias. Sei que muitos de vocês leitores não se coadunam com o que
aqui escrevi. Conheço uma centena ou mais de Grupos Escoteiros responsáveis e
acredito que todos lutam para que fatos como este não aconteçam.
Infelizmente ainda passo por convites de escotistas que ainda não se
espelham com os dizeres sagrados da pontualidade. (e francamente, detesto ficar
esperando!).
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