Eu voei nas asas da imaginação e...
Vi que saber envelhecer é uma arte.
Algumas vezes quando faço as
minhas caminhadas diárias, costumo trocar de parques, de ginásios sempre
procurando sentir o cheiro da natureza, onde belas árvores me dão a alegria de
continuar vivendo. Gosto de andar. Ando pouco não tenho mais aquele traquejo do
passado onde caminhar era para mim uma alegria de viver e nunca me cansava.
Mesmo nas subidas mais íngremes nunca desanimei. Eu sou um velho, aceito sem
reclamar. Sei das minhas deficiências e que minha jornada na terra em pouco
tempo vai terminar. Ainda bem que estou lúcido, penso, sei ainda multiplicar e
dividir e isto até distrai meus netos quando me perguntam um pouco do que sei.
Dou belas risadas quando
estou a escrever o que me vem à memória, ainda tenho a agilidade de digitar as
letras do teclado como era antes. Quando estou ligado em uma história ou um
artigo, costumo fechar os olhos e deixar minha mente comandar os meus dedos,
mesmo sabendo que irão faltar vírgulas, ponto e vírgulas e ponto final. Eu sei
que no final será fácil para corrigir. Ainda ontem fui a um parque próximo a
minha casa. Encontrei lá novas mesinhas de cimento, e vários idosos como eu
jogando Pif Paf, damas, e outros jogos de mesa. Eu sabia que ali eles se
sentiam bem, ficavam horas e depois voltavam para suas casas sem nada para
fazer.
Fiquei pensando na velhice. Não
era só ali que os Idosos se reuniam. Eles se divertem assim como eu divirto de
outra forma. Quem sabe a Internet é minha varinha de condão que me faz viver
mais? Tento olhar para eles e sei que ficam horas e horas e alguns se sentem
tristes quando voltam para suas casas. Sempre são Idosos masculinos, pois as
Idosas parece não ter este direito. Ficam em suas casas cuidando do seu idoso.
Isto é certo ou errado?
- Fico pensando se cada um se diverte
e vive como quer. – Tenho um conhecido da minha idade, muito rico, tem uma bela
casa de praia de frente para o mar e um sítio cinematográfico em Ibiúna. Nunca vai
a nenhum deles. Prefere ficar em casa e bebericar uma cerveja na padaria da
esquina. Fica horas lá. Ele gosta assim. Uma escolha. Acho que cada um de nós
da terceira idade fazemos também as nossas escolhas. Não critico.
Quando jovem pensava sempre como
seria quando eu ficasse "Velho". Olhava meus avós e pensava – Este
olhar triste não vai ser o meu. Vou sorrir, vou cantar e terei a felicidade
sempre como companheira. Fiz muitos planos e alguns nunca deram certo. Hoje sou
feliz como sou. Adoro descobertas novas. Tecnologias novas. Leio muito jornais,
revistas e sou assíduo aos programas noticiosos, gosto de uma boa série e vejo
alguns filmes. Aprendo com dificuldade, mas aprendo. Afinal sou apenas um
intelectual que aprendeu na Escola da Vida. Minha saúde tem altos e baixos. Um
dia forte que nem um touro outro fraco que nem o pardal que não tem mais força
para se alimentar. Mesmo assim vivo feliz. Muito. Adoro o que faço. Adoro minha
família, um amor enorme pelos netos e adoro minha Celinha que amo muito.
Portanto sou um "Velho" feliz.
Não faço planos. Não sei até
quando poderei cumpri-los. Mas isto não me preocupa e não me importa. Minha
rotina é minha vida e gosto dela. Se aqueles da terceira idade que fazem o que
gostam e são felizes meus respeitos. Envelhecer dizem os poetas é uma arte. Cada
um de nós escolhemos nosso caminho e devemos aceitar o que nos foi reservado.
Um dia quando tudo chegar ao fim poderemos dizer: Senhor, obrigado, fiz o que queria
fazer. Não tenho direitos de me arrepender. Fui feliz e ainda me sinto assim.
As folhas caem ao chão no parque,
As crianças correm e os idosos conversam.
O vento dança sobre o concreto e balança as árvores.
O jovem no banco da moça rouba um beijo.
Ah! Não sei se já é setembro,
Só sei velhice que te amo e não te odeio!
Nota - Pensei em escrever um conto. Um conto
sonhado, vibrante com escoteiros correndo pelas montanhas atrás da felicidade e
ver no horizonte lindos campos verdes com pássaros esvoaçantes. Olhei-me no
espelho. Ali estava um velho. Um velho feliz. Resolvi escrever sobre a velhice.
Por quê? Deixem para me perguntar quando forem um velho como eu!
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