Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Escotismo florestal. Uma realidade?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Escotismo florestal. Uma realidade?

                      Tenho a União dos Escoteiros do Brasil no meu coração. Não tenho registro, pois não quero dar satisfação dos meus atos ao sistema de normas que ela mantém em seus estatutos. Tive oportunidade de organizar minha própria associação e na época vários IMs, Formadores e até mesmo Presidentes de Regiões queriam serrar fileira comigo. Não achei correto e nunca faria isto. Acredito que todos tem o direito escolher e fazer um escotismo conforme a metodologia do fundador. Já disse que BP não deu procuração a ninguém para fazer escotismo. Ele mesmo na sua velha Inglaterra viu os jovens sem tutores, sem diretores e sem chefes a correrem pelas matas e bosques tentando fazer o que seus fascículos do Escotismo para Rapazes (no original inglês «Scouting for Boys») ensinavam. Claro que ele sabia que precisavam de um adulto e o que ele fez foi dar um irmão mais Velho, um Chefe para orientar ouvindo sempre seus rapazes.

                        No Brasil a UEB sempre teve a primazia de ter em suas fileiras todos que faziam escotismo em seus estados. Em lugar de dar as mãos aqueles que faziam outra escolha, mas ainda tendo o escotismo no coração, pois nossa lei é clara, somos amigos e irmãos Escoteiros ela se esqueceu da lei que existe entre nós. Preferiu cercear os que iniciavam sua jornada e em muitos casos abrindo processos civis como se só ela tivesse a primazia de poder agir, falar e fazer o escotismo de Baden-Powell. Pelo que vejo não deu em nada. A justiça brasileira não aceitou suas razões. Tudo bem que seus distintivos e uniformes ou mesmo alguma literatura ela tem direitos, mas os demais fizeram também os seus. Se muitos países as associações vivem como irmãos aqui no Brasil não. Seus processos andam de mal a pior. Nenhum juiz até hoje deu ganho de causa a ela. Mas não é isto que quero comentar aqui. Quero falar de uma organização em especial. Hoje ela pode provar que os jovens que passaram em suas fileiras, são adultos formados na escola badeniana com o melhor cabedal dos princípios que norteiam o método Escoteiro. Não tem como discutir que a finalidade que um dia propôs Baden-Powell foi alcançada pelos Escoteiros Florestais.

                     Seu líder, o Chefe Luiz Fidelis eu não tive ainda a honra de apertar sua mão pessoalmente. Conversamos muito por e-mail, pelo Skype e pelo Facebook. Em várias ocasiões me pôs a par de sua organização. Praticamente criou uma associação que não deixa nada a desejar de um movimento que se propõe a formar bons cidadãos nas cidades que residem. Manteve sim muito do escotismo de BP. Adaptou para não entrar em choque várias outras modalidades e programas Escoteiros. Criou um novo lobinho, um novo Escoteiro e assim por diante. Todos tem o mesmo esquema de crescimento na arte de aprender a fazer fazendo. Criou distintivos, literatura, uniformes e eu posso dizer de cátedra que ele é um vencedor. Nos florestais não tem aqueles donos da verdade. Não existe a prepotência, o Chefão, a sede de ter uma Insígnia e de ser um dirigente nacional. Existem peculiaridades que eu gosto muito. Uma irmandade que ajuda sempre um ao outro dentro de sua associação.

                    Chefe Fidelis criou tudo isto lá no norte, no Ceará, mais precisamente em 19 de novembro de 1996. Dezenove anos se passaram e ela mantem firme sua meta desejada. Mostrar que no escotismo somos todos irmãos, que a finalidade pode ser alcançada em qualquer organização. Hoje seus grupos se espalharam por vários estados e cidades do Brasil. Nos Escoteiros Florestais não vemos ideologias, discussões inúteis e os considero verdadeiros irmãos dos demais Escoteiros. Chefe Fidelis é para mim um verdadeiro Gentleman. Educado, conversa com um sorriso nos lábios, incapaz de ofender a quem quer que seja. Eu tive prova disto quando criaram fatos inverídicos a seu respeito e o atacaram de maneira torpe. Ele calmo e ponderado esperou o vento passar e mostrar que seu ideal Escoteiro era superior a estes ataques infundados.

                     Sempre conversamos muito, ele me pediu muitas vezes sugestões para montar sua estrutura de programa e eu vendo o seu entusiasmo dei todo meu apoio. Fui honrado com um Certificado de Merecimento ao Grau Mestre de Honra dos Escoteiros Florestais. Admito que não seria o escotismo que um dia poderia fazer, mas se lá tivesse iniciado minha saga Escoteira junto a eles, seria hoje um orgulhoso Escoteiro Florestal. Precisamos reconhecer que muitos estão trabalhando na formação dos jovens. Nós temos que mostrar que somos irmãos Escoteiros seja de que organização for. Quantas vezes disse isto aqui e sempre os politicamente corretos a defenderem nossa associação como se a UEB fosse a nunca a ter a primazia de ter recebido em suas mãos um documento qualquer de Baden-Powell dando a ela exclusividade de fazer escotismo no Brasil. Escotismo pertence aos rapazes. Pertence aqueles que acreditam na metodologia badeniana.

                      Chefe Fidelis é um oficial militar, mas sua candura, sua bondade, seu estilo alegre mais parece um Professor amigo, um religioso que acredita no que faz. Sei que muitas vezes recebeu telefonema, e-mail e até ofícios da UEB o chamando para conversar. Claro que sua concorrência de formar homens e mulheres nas sendas do método Escoteiro não agrada a muitos. Ele, no entanto não diz não a um dialogo, mas tem suas ideias e a leva adiante e não costuma voltar atrás no seu idealismo. A nossa associação é centenária. Deveria apresentar em suas fileiras o respeito que as outras associações que não querem se unir a ela merecem. Elas devem ter o seu direito de escolha. Precisamos olhar para dentro de nós e tentar mudar o rumo da prepotência, do querer ser mais que o outro e olhar estados que diretores e presidentes estão se engalfinhando por posições e poder. Estes sim devem ser olhados.

                       Acredito que um dia seremos considerados todos irmãos. Acredito que podemos ter um só pensamento uma só palavra e uma só ação. Podemos sim ajudar um ao outro para melhor aceitação no escotismo nacional. Experiências existem as certas e as erradas. Reconhecer o erro e aprender com o outro faz parte da formação Escoteira. Não precisamos ser únicos e aprender um com o outro faz parte da boa cidadania Escoteira. Ao Chefe Fidelis, aos Escoteiros Florestais eu tiro meu chapéu. Reconheço neles um futuro Escoteiro promissor. Quero um dia estar com eles e abraçar um a um e dizer o que sempre digo a todos amigos das associações Escoteiras no Brasil:

- Não pode existir fronteiras entre nós, pois somos todos irmãos e adeptos do Escotismo de Baden-Powell.

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