Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Escotismo
florestal. Uma realidade?
Tenho a União dos Escoteiros
do Brasil no meu coração. Não tenho registro, pois não quero dar satisfação dos
meus atos ao sistema de normas que ela mantém em seus estatutos. Tive
oportunidade de organizar minha própria associação e na época vários IMs,
Formadores e até mesmo Presidentes de Regiões queriam serrar fileira comigo.
Não achei correto e nunca faria isto. Acredito que todos tem o direito escolher
e fazer um escotismo conforme a metodologia do fundador. Já disse que BP não
deu procuração a ninguém para fazer escotismo. Ele mesmo na sua velha
Inglaterra viu os jovens sem tutores, sem diretores e sem chefes a correrem
pelas matas e bosques tentando fazer o que seus fascículos do Escotismo para
Rapazes (no original inglês
«Scouting for Boys») ensinavam. Claro que ele sabia que precisavam de um adulto
e o que ele fez foi dar um irmão mais Velho, um Chefe para orientar ouvindo
sempre seus rapazes.
No Brasil a
UEB sempre teve a primazia de ter em suas fileiras todos que faziam escotismo
em seus estados. Em lugar de dar as mãos aqueles que faziam outra escolha, mas
ainda tendo o escotismo no coração, pois nossa lei é clara, somos amigos e
irmãos Escoteiros ela se esqueceu da lei que existe entre nós. Preferiu cercear
os que iniciavam sua jornada e em muitos casos abrindo processos civis como se
só ela tivesse a primazia de poder agir, falar e fazer o escotismo de
Baden-Powell. Pelo que vejo não deu em nada. A justiça brasileira não aceitou
suas razões. Tudo bem que seus distintivos e uniformes ou mesmo alguma
literatura ela tem direitos, mas os demais fizeram também os seus. Se muitos países
as associações vivem como irmãos aqui no Brasil não. Seus processos andam de
mal a pior. Nenhum juiz até hoje deu ganho de causa a ela. Mas não é isto que
quero comentar aqui. Quero falar de uma organização em especial. Hoje ela pode
provar que os jovens que passaram em suas fileiras, são adultos formados na
escola badeniana com o melhor cabedal dos princípios que norteiam o método Escoteiro.
Não tem como discutir que a finalidade que um dia propôs Baden-Powell foi alcançada
pelos Escoteiros Florestais.
Seu líder, o Chefe Luiz Fidelis eu não tive
ainda a honra de apertar sua mão pessoalmente. Conversamos muito por e-mail,
pelo Skype e pelo Facebook. Em várias ocasiões me pôs a par de sua organização.
Praticamente criou uma associação que não deixa nada a desejar de um movimento
que se propõe a formar bons cidadãos nas cidades que residem. Manteve sim muito
do escotismo de BP. Adaptou para não entrar em choque várias outras modalidades
e programas Escoteiros. Criou um novo lobinho, um novo Escoteiro e assim por
diante. Todos tem o mesmo esquema de crescimento na arte de aprender a fazer
fazendo. Criou distintivos, literatura, uniformes e eu posso dizer de cátedra
que ele é um vencedor. Nos florestais não tem aqueles donos da verdade. Não
existe a prepotência, o Chefão, a sede de ter uma Insígnia e de ser um
dirigente nacional. Existem peculiaridades que eu gosto muito. Uma irmandade
que ajuda sempre um ao outro dentro de sua associação.
Chefe Fidelis
criou tudo isto lá no norte, no Ceará, mais precisamente em 19 de novembro de
1996. Dezenove anos se passaram e ela mantem firme sua meta desejada. Mostrar
que no escotismo somos todos irmãos, que a finalidade pode ser alcançada em
qualquer organização. Hoje seus grupos se espalharam por vários estados e
cidades do Brasil. Nos Escoteiros Florestais não vemos ideologias, discussões inúteis
e os considero verdadeiros irmãos dos demais Escoteiros. Chefe Fidelis é para
mim um verdadeiro Gentleman. Educado, conversa com um sorriso nos lábios,
incapaz de ofender a quem quer que seja. Eu tive prova disto quando criaram
fatos inverídicos a seu respeito e o atacaram de maneira torpe. Ele calmo e
ponderado esperou o vento passar e mostrar que seu ideal Escoteiro era superior
a estes ataques infundados.
Sempre
conversamos muito, ele me pediu muitas vezes sugestões para montar sua estrutura
de programa e eu vendo o seu entusiasmo dei todo meu apoio. Fui honrado com um
Certificado de Merecimento ao Grau Mestre de Honra dos Escoteiros Florestais.
Admito que não seria o escotismo que um dia poderia fazer, mas se lá tivesse iniciado
minha saga Escoteira junto a eles, seria hoje um orgulhoso Escoteiro Florestal.
Precisamos reconhecer que muitos estão trabalhando na formação dos jovens. Nós
temos que mostrar que somos irmãos Escoteiros seja de que organização for.
Quantas vezes disse isto aqui e sempre os politicamente corretos a defenderem nossa
associação como se a UEB fosse a nunca a ter a primazia de ter recebido em suas
mãos um documento qualquer de Baden-Powell dando a ela exclusividade de fazer
escotismo no Brasil. Escotismo pertence aos rapazes. Pertence aqueles que
acreditam na metodologia badeniana.
Chefe Fidelis
é um oficial militar, mas sua candura, sua bondade, seu estilo alegre mais
parece um Professor amigo, um religioso que acredita no que faz. Sei que muitas
vezes recebeu telefonema, e-mail e até ofícios da UEB o chamando para conversar.
Claro que sua concorrência de formar homens e mulheres nas sendas do método Escoteiro
não agrada a muitos. Ele, no entanto não diz não a um dialogo, mas tem suas
ideias e a leva adiante e não costuma voltar atrás no seu idealismo. A nossa associação
é centenária. Deveria apresentar em suas fileiras o respeito que as outras
associações que não querem se unir a ela merecem. Elas devem ter o seu direito
de escolha. Precisamos olhar para dentro de nós e tentar mudar o rumo da
prepotência, do querer ser mais que o outro e olhar estados que diretores e
presidentes estão se engalfinhando por posições e poder. Estes sim devem ser
olhados.
Acredito
que um dia seremos considerados todos irmãos. Acredito que podemos ter um só
pensamento uma só palavra e uma só ação. Podemos sim ajudar um ao outro para
melhor aceitação no escotismo nacional. Experiências existem as certas e as
erradas. Reconhecer o erro e aprender com o outro faz parte da formação Escoteira.
Não precisamos ser únicos e aprender um com o outro faz parte da boa cidadania Escoteira.
Ao Chefe Fidelis, aos Escoteiros Florestais eu tiro meu chapéu. Reconheço neles
um futuro Escoteiro promissor. Quero um dia estar com eles e abraçar um a um e
dizer o que sempre digo a todos amigos das associações Escoteiras no Brasil:
- Não pode existir fronteiras entre nós, pois somos todos irmãos e
adeptos do Escotismo de Baden-Powell.
Gratissimo Mestre Osvaldo. Sempre alerta
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