Crônicas de
um Chefe escoteiro.
Hinos,
marchas e contra marchas.
Por que devemos ensinar civismo e
cidadania aos nossos jovens? Afinal o significado de patriotismo faz ou não
parte do vocabulário Escoteiro? Li não sei onde que a cidadania se constrói com
convivência e esta praticada sempre se torna um hábito de comportamento. Um
poeta disse que não existe sucesso ou felicidade sem o exercício pleno da
cidadania, da ética e do patriotismo. Falaram-me que o decreto lei 5.700 de
setembro de 1971 e mantida pela constituição de 1988 obriga as escolas do
ensino fundamental e médio a hastear a bandeira e cantar o hino uma vez por
semana durante o ano letivo. Será que isto acontece? Dizem alguns que isto nos
faz voltar ao passado do governo militar e a lembrança deste regime assusta
ainda a muitos. Sei de um politico que defende estas práticas com o seguinte
argumento: - A pratica de tais ações podem nos lembrar das diretas-já, a Ayrton
Senna que sempre teve consigo uma bandeira do Brasil e isto encerra em si mesmo
o amor à pátria, encontra nesse amor o seu maior significado.
No escotismo a prática de cidadania
e civismo ainda não foi esquecida. Apesar do medo constante de alguns pela
prática de ordem unida os jovens ainda tem o orgulho de se formar em uma
atividade escoteira, aprendem que descansar e sentido faz parte da disciplina
escoteira. A Cerimonia de Bandeira é em qualquer grupo um orgulho de todos os
participantes. Esta é uma pratica que ainda se mantem viva no espírito
Escoteiro e isto nos dá o sentimento patriótico, nos amplia e reforça a visão
de família unida em favor de um bem comum. Afinal a pátria não é mais que uma
agregação de famílias sustentada por um tronco comum a todos. Nos falta, porém
a prática de cantar e se orgulhar de nossos hinos. Tomemos como exemplo o Hino
dos Escoteiros do Brasil o Rataplã. Lembro bem que nos tempos idos ninguém
recebia a Segunda Classe ou a Segunda Estrela sem saber cantar o nosso hino.
Não sei como isto hoje é interpretado. E o Hino Nacional? E o Hino a Bandeira?
Não esquecendo o hino da Proclamação da República e hino da Independia do
Brasil. Já cantaram o hino do marinheiro? O Cisne Branco é um dos mais belos
hinos militares de nossa pátria. Mas temos tantos. O hino do exercito – Nos
somos da pátria a guarda, fieis soldados... E assim poderia enfileirar outros
tantos lindos hinos aqui.
Mas voltemos ao nosso hino. Antes era obrigatório
para se conquistar uma eficiência, classe ou especialidade isto ainda existe?
Nem sei mesmo se nos cursos Escoteiros que são aplicados pela União dos
Escoteiros do Brasil se canta os hinos ou mesmo o Hino Alerta. Cantam? Eu
gostaria de imaginar no final ou meio de um jamboree, com mais de 5.000
participantes e o apresentador dizer – Estamos premiando com taxa gratuita, dois
uniformes, uma barraca, material de campo e sapa, uma bandeira Nacional se
tivermos aqui um Escoteiro ou escoteira (não vale Chefe) que saiba cantar nosso
hino sem errar, dizer quem foi o autor, qual a data que ele escreveu e quando a
UEB considerou-o como nosso hino. Quantos iriam ganhar o prêmio? Isto sem
contar sobre o Hino Nacional e o Hino a Bandeira. Quantos sabem quem escreveu e
as datas? Risos. Se aparecer alguém eu ficarei surpreso. Mas se isto não
acontece não temos culpa? Estamos preocupados com tantas outras coisas que
consideramos importantes e quem sabe estas são esquecidas.
Eu sei que os jovens não só de hoje, mas
no passado também são meio avoados com estes hinos. São atividades para eles
cansativas e sem graça. Se não aprendermos a criar meios alegres e motivados
dificilmente eles irão aprender ou cantar. Mas lembremo-nos que nem sempre nós
chefes temos uma voz agradável. Isto tira toda a expectativa e interesse.
Conheci um Chefe que tinha um amigo com uma linda voz e ele como Instrutor de
especialidade dava um toque especial quando cantavam os hinos. Outro fez um
concurso por patrulhas onde era vencedora a que cantasse completa dois ou três
hinos. Agora em muitos grupos era obrigatório em todas os cerimoniais que se
cantasse um hino. E olhe se premiava a patrulha que melhor se apresentasse. Que
as canções e hinos sejam cantadas e não gritadas. Que um instrumento musical
seja usado e isto vai dar outra visão e audição de quem canta.
Uma vez perguntei a uma patrulha o que é
musica. Quase cai e costas quando um menino respondeu – A música é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar
sons e ritmo seguindo uma pré-organização ao longo do tempo. É considerada por
diversos autores como uma prática cultural e humana... Depois fui saber que sua
família fazia questão de levá-lo a consertos de grandes orquestras e em sua
casa se ouvia muito musicas diferenciadas. A escolha musical é privilégio de
cada um, mas a concepção de musica no seu verdadeiro sentido deve ser motivo de
seguir para se tornar um habito de comportamento. Escotismo tem outras portas
que devemos entrar e ver se lá dentro encontramos uma maneira de educar sem
substituir os pais e a escola. Certos valores devem ser adquiridos com a
participação não só espontânea como frequente. Os deveres fundamentais para uma
vida coletiva visando preservar a sua harmonia e melhorar o bem estar de todos
não se adquire só com a experiência. O Chefe Escoteiro tem uma parte
fundamental em tais práticas.
Encerrando lembro que deixar que os
outros o façam é uma forma de não assumir algumas responsabilidades que cabe a
nós voluntários. O civismo consiste no respeito aos valores às instituições e
as práticas especificamente políticas de um país. Não podemos fugir destas
responsabilidade onde pretendemos dar ao jovem noções de comportamento dentro
da sociedade em que vai permanecer. Hinos, bandeiras, atitudes se traduzem em
ética e valores morais. Que cada um de nós pense a respeito e possamos olhar o
futuro como a dizer as palavras de BP – O que importa é o resultado.
E
VOCÊ? SABE CANTAR DO INICIO AO FIM O NOSSO HINO ESCOTEIRO?
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