Crônica de um
Velho Escoteiro.
Tempo “bão”
tempos que não voltam mais.
Prefácio: Resolvi fazer
uma crônica uma pequena crônica como uma homenagem aos Antigos Escoteiros.
Temos muitos deles aqui. Sempre lendo e comentando lembrando com saudades seus
velhos tempos. Isto é uma forma de resistir à passagem do tempo. Como escreveu
Mário Quintana, o tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais Velho
que a gente...
- Ouve um tempo que foi há
tanto tempo que nem sei se esse tempo ainda pode de novo voltar... Nem que seja
em saudades, em pensamentos, em vontades daquela que faz a gente sonhar,
tremer, tempo que a gente lembra e vive a se orgulhar. Tempo “bão” de bastão a
caminhar, bandeirolas soltas no ar. Chapelão do sol do quente do poente de tudo
que ele guardava a chuva, na caminhada, patrulha danada que saia por aí a
acampar. Tempo de ver tanta gente, olhando a gente sorridente, a dizer baixinho
com orgulho a que ao seu lado estava: - É escoteiro, valente caminheiro que vão
mudar a nação. Traz no peito o orgulho de um brasileiro sonhador, que acredita
no futuro um futuro promissor. Tempo, por favor, traga de novo ao vivo o tempo
que eu vivo a sonhar...
Patrulha sedenta por
descobrir uma trilha verde jeitosa, de encontrar uma árvore frondosa e sem
discutir ou falar, todos iam se sentar! Respirar a natureza em toda sua realeza
olhar ao redor e pensar: - Terra bonita, terra do boi valente, da onça que
aparece de repente, do Pica Pau espantado, olhando por todo lado, a patrulha
que parou, parou na sombra da árvore, naquela tão bela tarde um suspiro para
voltar a caminhar. Quem já viu uma patrulha, andando pela colina, correndo pelas
campinas, nas costas mochilas encantadas e tudo ali eram levadas, para uma
refeição, um bom café mateiro, coisa de bom Escoteiro? Tempo da descoberta, do
rio para pular, da jangada tão perfeita que nas águas tão travessas era um vai
e vem para atravessar.
Tempo do feijão na
brasa, da carne no carretel, do sal do sarapatel, do olhar do cozinheiro, ao
lado os escoteiros, esperando a boia terminar. Sons gostosos de quem ouviu o
bater nos pratos como a dizer; - Turma amiga da onça é hora de encher a pança;
e cantar que hoje a boia é boa, tem arroz queimado, o feijão está bichado e a
carne estragada. Sorrisos em profusão, mas tudo sendo consumido, na panela de
feijão e o arroz cozido, faziam sorrir valentões. E a noite escurecendo, o
tempo que foi passando, hora dos ventos noturnos, hora de limpar o coturno,
hora de um belo jantar. Jantar feito na moita, bebendo uma bela sopa de tomate,
ou de abacate você já viu? “Bão” demais meu amigo. Coisa de bons mateiros,
valentes escoteiros na clareira da floresta, pois esta noite vai ter festa.
Apenas uma patrulha?
Podem ser uma duas ou três não importa. O Chefe confiava, na turma acreditava
que tudo ia nos conformes, nada daria errado. Monitor um companheiro, um bom
líder Escoteiro, a contar causos sem fim. Sempre tinha o gaiteiro, nas estradas
nos atoleiros ele tocava: - £ “Em uma montanha bem perto do céu, existe uma
lagoa azul”. E a gente acompanhava todo mundo só cantava lembrando a família
que muito longe ficou. Mamãe papai cofiava. Sabia que só valentes escoteiros de
repente iriam um dia ser homem honrado, com todo mundo apalavrado, orgulho de
uma era, que nunca mais irá voltar. Hã chapéu que representava, por onde a
gente passava, ali estão os escoteiros do Brasil.
Será que ainda
verei mochileiros escoteiros, correndo por aí nas montanhas, acampando em vales
enormes, dormindo sob o céu estrelado fazendo um escotismo gostoso, onde o
Chefe confia e deixa acontecer? Será que verei no horizonte, bandeiras do
Brasil tremulando, nas mãos de um Escoteiro de hoje, altaneiro viageiro,
mostrando a sua raça, deixando a vida sem graça do moderno que nada tem? Ainda
fico pensando onde anda os patrulheiros, que dão a vida pela patrulha, que seguram
o seu bastão como se fosse sua alma seu coração? Quem sabe eles trarão as
respostas, quando os chefes acreditarem que o escotismo deles e de mais
ninguém. Quem sabe seguirão o líder, que um dia disse na Jângal: “Quem ao crepúsculo já
sentiu o cheiro da fumaça de lenha”? Quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo?
Quem é rápido em entender os ruídos da noite. E lá foi o vento levando o tempo
que ninguém esquece ao lembrar...
Se isto acontecer
irei para a terra dos meus ancestrais sorrindo, já pensei em deixar de sonhar,
mas isto não pode acontecer. Quero ainda ver os novos remanescentes, fazendo
com que de repente, nem que seja de improviso, aquele belo escotismo, que um
dia irão orgulhar. Sei que o chapéu é ultrapassado, que mesmo não sendo amado
pode trazer o calor, de sentar em volta do fogo, uma chaleira fumacenta, um
café brasileiro esquenta um papo aqui outro ali, menino vai ser bom demais. Sei
que é difícil de ver, afinal sou Velho ultrapassado o meu escotismo sonhado já
deixou de existir. Mas me provem que um dia poderei ver e lá eles partirão
sorrindo nas trilhas, sem ter a sua chefia para tudo atrapalhar. Mostrem que
não há tempo, seja em qualquer momento existem bons escoteiros, com seu monitor
gritante avante, patrulhas! Sigam-me, pois agora é nossa hora, partiremos sem
demora ao nosso acampamento final.
Uma pequena crônica feita para os antigos escoteiros
lembrar que tudo foi bom mesmo que a saudade aperta que a vontade de voltar
seja grande demais para acontecer. Lembra-me B-P dizendo: Antigo Escoteiro
arregace as mangas e tome iniciativa, olhe longe e depois olhe ainda mais
longe... Não importa sua idade, e, por favor, não viva de saudades. Pé na taboa
meu amigo, parta com um sorriso e vá em um grupo acampar!
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