Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Estou saindo
do Escotismo.
Não sei por que estou escrevendo
esta carta. É uma carta de pedido de demissão. Demissão? Isto mesmo, eu estou
saindo do Escotismo. Não dá mais. Muitas amarguras e descontentamento com estas
trilhas cheias de normas e exigências por parte dos Diretores e Presidentes do
Escotismo. Desculpe meus amigos não dá mais. Sinto que não vou fazer falta, nem
um bom dia os famosos me dão mais. Acho melhor sair. Ficar para que? Assim como
eu tem centenas reclamando da prepotência, dos novos filósofos escoteiros, do
desejo de que para subir tem que pisotear na cabeça de alguém. Isto é
escotismo?
Poderia ter passado um e-mail,
meio mais moderno de se comunicar. Mas quem ia ler? A carta eu xeroquei
(palavra danada eim?) e mandei para muitos que estão no altar das ilusões de
uma corte de nobres que não existe. Sei que não terei respostas. Eles não se
incomodam com o Zé, com o Bastião e eu. Melhor sair do que ficar escrevendo e
dizendo o que penso de nossa liderança tão afoita em mestrado no escotismo brasileiro.
Nunca iria dizer adeus. Nunca. Mas tudo tem seu tempo sua hora e seu lugar.
Estou partindo e não pretendo mais voltar.
Eu sei que não estou sozinho.
Sempre tem um aqui se queixando, pegando seu boné e se mandando para nunca mais
voltar. São queixosos que dizem ter sido perseguidos, admoestados por alguém que
não chega aos seus pés. Vale a pena continuar? Não vale. Se lutei se dei parte
dos meus sonhos e da minha vida não valeu? Vou pegar o primeiro trem para Pasárgada.
Lá eu serei feliz. Bendito Manuel Bandeira que foi antes que eu. Em Pasárgada
terei outros sonhos, terei outra vida. Lá tem gente bonita, tem belas
escoteiras e tem uma praia linda prá namorar.
Não vou escrever muito. Não
adianta explicações. Nem tampouco adianta mostrar minha revolta pelo que fazem
ao escotismo de hoje e o que vai ser no futuro. Futuro? Será que teremos
futuro? Não importa, para mim tudo acabou. Eu sempre disse a mim mesmo que nem
morto eu sairia do escotismo. Afinal serei obrigado a passar no Grande
Acampamento quando partir. Lá eu terei bons momentos com B.P e amigos que devem
estar lá. Mas eu ficar? “nem morta Zé”, “nem morta”. Um abraço uma canção um
Volta a Gilwell e tchau! Pego no rabo do primeiro cometa que passar e Bau, Bau.
Sei que lá nem todos vão apertar a minha mão.
Escreverei poucas palavras. – Povo livre e prisioneiro do Escotismo,
estou partindo, aqui eu não volto mais. Vou-me embora pra Pasárgada Lá serei
Escoteiro do rei, lá vestirei meu caqui querido com o chapéu que escolherei. Lá
farei pioneiras, construirei uma toca na Montanha da Felicidade e ali irei
morar para sempre. Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não posso acampar, lá não tem UEB e burocracia,
Só paisagens para amar. Terei
aventuras mil que Que Baden-Powell sorridente Dirá: Osvaldo felicidades e boa estadia em
Pasárgada.
Escreverei no Facebook comunicando minha saída
aos milhares de amigos do Brasil e do planeta Terra. Ser escoteiro aqui não dá
mais. Chega de exigências, chega de escotismo moderno. Eu sou um escoteiro do
passado, meu escotismo é simples e fácil de fazer. Em Pasárgada armarei minha
barraca no pico do monte feliz. Andarei de bicicleta escalarei mil montanhas subirei
na pedra dos sonhos, tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado deito na
beira do rio, na sombra do abacateiro, pois como bom ex-escoteiro, voltarei de
novo a cantar.
Adeus, portanto meus amigos. Vou me juntar à
turma dos esquecidos. Não chorem com minha partida. Estou indo para Pasárgada,
em Pasárgada tem de tudo é outra civilização. Tem um processo seguro de fazer
escotismo de montão. Vou-me embora pra Pasárgada. Aqui eu não volto mais, adeus
UEB dona de tudo, Adeus amigos queridos, adeus... Não sei quando vou voltar...
Osvaldo! Osvaldo! Acorda de novo estes pesadelos? Pare de gritar que vai
embora do escotismo. Vai nada. Voce sabe que viveu escoteiro morrerá escoteiro
e será escoteiro por toda sua existência. Eita Célia que não me deixa sonhar.
Estava indo para Pasárgada. Lá tem escoteiro feliz. Não tem a Legião dos Esquecidos,
não tem falta de imaginação. Tem sonhos que a gente não quer acordar!
Nota de rodapé: - Estou indo para Pasárgada, lá eu serei
feliz.
Tem escotismo prá pobre, Tem escotismo sem par...
Tem escoteiras bonitas para a gente namorar.
Tem escoteiras bonitas para a gente namorar.
E quando eu estiver mais triste mais
triste que não tem jeito
Na conversa ao pé do fogo ouvirei histórias do peito.
Vou embora para Pasárgada. — Lá sou Escoteiro do rei —
Terei o grupo que eu quero no bairro que escolherei.
Na conversa ao pé do fogo ouvirei histórias do peito.
Vou embora para Pasárgada. — Lá sou Escoteiro do rei —
Terei o grupo que eu quero no bairro que escolherei.
(Baseado no original de Manuel
Bandeira).
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