Conversa ao
pé do fogo.
A
perseverança – Onde anda ela nos Escoteiros?
“Nada no mundo se compara à persistência. Nem o talento; não há nada
mais comum do que homens malsucedidos e com talento. Nem a genialidade; a
existência de gênios não recompensados é quase um provérbio. Nem a educação; o
mundo está cheio de negligenciados educados. A persistência e determinação são,
por si sós, onipotentes. O slogan "não desista" já salvou e sempre
salvará os problemas da raça humana.”
Hoje levantei com
pensamentos abstratos, tristes, tentei usar meus truques para sorrir. Mudei o
fundo musical e não adiantou. Pensei comigo se havia alguma razão para isto.
Afinal sou um homem que tem outros ideais e na maioria das vezes sou
persistente. Persistente? Pensei com meus botões, quão difícil é ser
persistente. Rebusquei no passado até o presente onde eles estão. Eles? Isto
mesmo, sempre o escotismo em primeiro lugar. Eles são aqueles que se foram e
sempre me pergunto quantos irão ainda? Porque e qual o motivo eles se foram? Os
jovens Escoteiros, os valentes e durões seniores, os pioneiros que tentaram
explorar as adversidades da vida, os chefes que sorriram nas suas lides
Escoteiras, mas que um dia partiram para o ostracismo. Foram tantos e tantos! Quantos
cursos eu dei para esta plêiade de chefes? Mil? Dois ou cinco mil? Quantos eu
apertei a mão e quantos estão hoje na labuta Escoteira?
Dou uma busca na
floresta encantada do Facebook. Eles diziam que amavam o escotismo, o escotismo
estava no sangue e tantas cositas mais. Quantos estiveram comigo desde que aqui
comecei? Onde estão? Quando penso muito me lembro do poema de Ana Jácomo que
dizia: Jogo a minha rede no
mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não
há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr,
vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte,
envenena. O coração marejado, me arrumo como posso, os meus sentimentos. Passo
a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move.
Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.
Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.
Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar”. E eu estarei lá na beira da praia de novo”.
Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.
Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar”. E eu estarei lá na beira da praia de novo”.
Gosto deste poema, me lembra do
Antonio, o Pedro, O Jacob, o Jessé e o Marcos, do Neném, do Luiz, do Geraldo,
Do Romildo, do Aranha, da Martinha, da Neusa, poxa vida, quantos foram? E olhe
nunca esqueci o João e a Lourdinha. Nomes que fincaram pé no meu coração e hoje
não sei onde estão. Lembro-me dos seus sorrisos nas tropas Escoteiras e nas
alcateias da vida. Como se fosse hoje os vejo de bandeira solta ao vento
subindo montanhas em busca das aventuras sem fim. Desistiram? Cansaram? Será
que a perseverança não os atingiram fundo no antes e no depois da lua cheia? Paciência
e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os
obstáculos sumirem. Poetas. Ah! Poetas. Sempre a dizer que a persistência é o
caminho do êxito. Mas porque se foram? Todos nós sabemos que o sucesso nasce do
querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Não dizem
que chama perseverança quando é por uma boa causa e obstinação quando é por uma
coisa ruim?
Dizer que nossa maior
glória não reside no fato de nunca cairmos, mas em levantarmos sempre depois de
cada queda todos dizem. Mas isto é fato? Quão difícil é perseverar, insistir,
permanecer e persistir nas sendas Escoteiras. Se voltar meus olhos ao passado e
vejo quanto jovens se foram me entristeço. Posso culpá-los? Os motivos que os
levaram a outros caminhos não tem significado para mim? Quem sabe eles tem a
razão que eu desconheço. Dez anos, quinze, vinte e quarenta. E depois quantos
continuam? Uns minguados como eu? Eu sei que dizem que boas atividades grandes
jornadas e belos acampamentos amarram nossa vida a esta bela coisa que se chama
escotismo. Mas quantos dizem isto e quantos conseguem fazer por anos a fio? –
Não é fácil. É difícil mesmo que “mormente” façamos cursos e cursos, que
aumentemos nossa biblioteca Escoteira, que nossos amigos fiquem do nosso lado
nos incentivando.
Não é fácil. Os jovens
se vão com muita facilidade, os chefes os seguem com o passar dos anos. E
porque não cantar e dizer que voltar a Gilwell de novo não seria uma motivação?
Mas onde está Gilwell? De novo outro curso, ficar ouvindo alguém ensinar que
nosso caminho nos leva ao sucesso. Mas quantas vezes ouvimos isto? Chega a hora
de partir e não tem volta. Porque eu fiquei? Porque mesmo Velho e cansado sem
poder me alimentar do ar das montanhas do aroma da terra molhada eu ainda
continuo? Eu sei que canto a canção de Gilwell sempre: - Em meus sonhos, volto
sempre a Gilwell. Onde alegre e feliz eu acampei Vejo os fins de semana com
meus velhos amigos, e o campo em que eu treinei. É mais verde a grama lá em
Gilwell, onde o ar do Escotismo eu respirei. E sonhando assim vejo B-P que
sempre viverá ali.
É acho que precisamos levar
nossos amigos chefes Escoteiros a Gilwell. Uma boa dose de ar puro, só eles os
chefes, sorrindo em suas patrulhas, cozinhando, construindo belas pioneiras,
fazendo desafio às outras patrulhas de chefes, sem ter chefões por perto a
fazer discursos, a jogar quando quiserem, a formar se acharem que devem, sem
apitos loucos zunindo nos ouvidos da natureza. Sentir na pele o som maravilhoso
dos pássaros, sem ter de dizer se podem colocar os pés na água fria do riacho.
Olhar para o céu e tentar entender as nuvens brancas que se espalham, a sentir
o vento no rosto, e quando a noite chegar, quando a fumaça da lenha do fogão
dizer que a boia esta pronta, sorrir entre si e contar belos causos. Causos que
se estenderam pela noite no Fogo de Conselho, na conversa ao pé do fogo, sentir
a noite cantar e olhar um céu estrelado para poder melhor compreender a bela
natureza ao seu redor.
Se nos meus sonhos eu volto
sempre a Gilwell, se eu era um bom lobo e não estou mais lobeando, preciso
urgente de voltar a Gilwell. E aí quem sabe, eu e meus amigos motivados iremos
continuar com os pés no chão, junto a esta escoteirada que dependem muito da
gente. Mas penso com meus botões, existem ainda estes acampamentos? Podemos
voltar a Giwell para viver o escotismo que sonhamos?
É mais verde a grama lá em Gilwell
Onde o ar do Escotismo eu respirei
E sonhando assim vejo B-P
Que sempre viverá ali.
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