Crônicas de
um Velho Escoteiro
Você vai ao
Jamboree?
Há alegria no ar. Comentários
do norte ao sul. Estou embarcando! Natal me espere! Sorrisos mil. Alguns já
estão lá se refrescando nas maravilhosas praias do Rio Grande do Norte – Fotos
de jovens e adultos, ops, a maioria adultos sorrindo em ônibus, aviões,
automóveis e até motos. Soube de uns que estão indo a pé. Desta turma eu gosto.
Escotismo é assim, ou vai ou racha. Alguns me escreveram comentando o trabalho
que deu para conseguir os meios financeiros para a viagens. Quermesses, rifas,
fila de espera para falar com autoridades sem contar as eternas ”vaquinhas”
entre chefes. Como se diz por aí, Escoteiro se vira, ele não é quadrado nem
redondo. Para ele a palavra impossível não existe. Outros um dia me disseram
que quem quer anda e não manda. Cada um tendo na ponta da língua sua explicação
para tudo. Um deles me garantiu que vai com toda a tropa e olhe Chefe disse ele
– A maioria classe média sem dinheiro sobrando. Eu acredito. Afinal são chefes
Escoteiros do mais alto gabarito.
- Chefe! Qualquer um pode ir! Dizem-me
por aí. Verdade. Qualquer um, mas precisamos ensinar os demais que não vão.
Afinal somos quase 85.000 membros da UEB. Ela não admite a presença das outras
associações – Ela é daquelas que dizem façam o que eu mando e não o que faço – Sexto
artigo da lei? Dizem que o mundo é assim, quem pode, pode que não pode se
sacode. Verdade? Eu já escrevi muitas histórias de meninos e meninas que
sonhavam em participar de um e nunca puderam ir a um Jamboree. – Chefe!
Disse-me um deles. A UEB não poderia facilitar mais? Ajudar aqueles que se
esforçaram para ser um Lis de Ouro, uma Escoteira da Pátria? – Não sei digo a
eles. Cada um com seus “pobremas”! Sempre me bati em defesa de quem não tem.
Afinal não aceito que fazer escotismo é só para ricos. Quando escrevo artigos
assim dezenas de chefes se sentem magoados. Acham que me dirijo a eles. Never!
Eu sempre pensei assim, fui de outra época, fui ao Rio em um Ajuri de
bicicleta. Quase 800 quilômetros de distancia e cheguei lá duro sem “Money”.
Eu sei que não existe almoço grátis.
Tem um Chefe que sempre fica me dizendo isto. Ele tem razão. Grátis só mesmo
rezar na igreja e pedir a Deus uma passagem e o dinheiro da taxa. Mas cuidado quando pedirem a você o dízimo do
dia. Como não entendo da estrutura, dos gastos, do corre, corre para se montar
um “bicho” destes, melhor é me calar. Eu precisava saber quanto deu de lucro,
isto se deu e claro. Mas e o marketing? Dos refrigerantes, dos picolés, das
lembranças, das fotos de empresas A e B. Se a UEB pode gastar com processos
aqui e ali contra os que de lança em punho se erguem em seus cavalos brancos
contra ela, este rico dinheirinho não podia ser canalizado para isto? Quando
terminou o Jamboree do Rio de Janeiro me martelei a procura da prestação de
contas. Nunca vi. Uns dizem que deu um rio de dinheiro e outros que deu prejuízos.
Prejuízos? Interessante, depois deste jamboree cada estado queria tirar sua casquinha.
Cada um fez o que pode para seu Jamborizinho. Contaram-me e não posso provar
que o caixa aumentou e muito em todos eles.
O duro mesmo é ver alguns
grupos aonde uns poucos da tropa vão e os demais não. Explicações? Sei não,
podem me dar milhares, mas para mim é difícil entender. Sou meio “burro” para
isto. Hoje temos muitos colaboradores voluntários que tem condições para ir a
qualquer ponto do Brasil. Tem até aqueles que vão para o Jamboree Mundial. Um
sonho para o escoteirinho de Brejo Seco? “Pobrema” dele irmão, dirão. Mas
caramba, ele não acreditou um dia que somos todos irmãos? Ai aparece aquele
sabido a dizer – Irmãos sim, mas quem mandou ele ser pobre? Não vou dizer que
estão derramando lágrimas porque não estarão em Natal. Natal? Onde Jesus
nasceu? Nada disto meu amigo, é aonde vai se realizar o Jamboree. Lá dos 5.000
teremos quase 2.300 só de adultos. Muitos vão para ser “Staff” pagam uma
pequena parcela para ajudar. Espírito Escoteiro é assim. Afinal os chefes
sempre pagam nos grupos. Mensalidades, taxas de curso, taxas mensais e tem
aqueles que esquecem suas famílias e estão sempre a ajudar um escoteirinho ou
uma escoteirinha mais pobre.
O sonho de todo Escoteiro e
Escoteira é estar em um Jamboree. Sonhos de uma noite de verão? Mas
convenhamos, já pensou Dona Dilma dizendo: - Que a Força aérea leve todo mundo
para natal. – Ela complementa: Doutor Joaquim Levy, separe uma verba para todos
os jovens Escoteiros do Brasil ir participar. Será que o Congresso Nacional não
iria pedir para ir também? Uma boquinha desta ninguém despreza, ainda mais
alguns deles que não perdem uma na Petrobrás. “Moço o petróleo é nosso”! Kkkkk.
Melhor rir. Mas cá prá nós, temos estrutura e know-how para fazer um Jamboree
com 55.000 mil Escoteiros? E se por um acaso sem acaso os “home” da UEB
resolvessem convidar as demais associações Escoteiras do Brasil? Afinal nem as
bandeirantes são convidadas, ou são? Mas isto são estrelas brilhantes. Só dá
para ver e não pisar em estrelas espalhadas pelo céu nesta fantástica via
láctea.
Putz grila! Que tema danado
de espinhoso. Alegria para uns tristezas para outros. O duro é ver um ou outro
aparecendo aqui e ali e dizendo: Amanhã eu vou! Amanhã? Não Chefe, no próximo! –
Boa viagem. Isto me faz lembrar um pássaro que quando eu era pequeno a gente
acampado na mata o ouvia cantar – “Amanhã eu vou”. E não parava de dizer “Amanhã
eu vou”. Tentei me lembrar do nome mas me disseram ser o Curiango quem canta
assim. Zé Ramalho escreveu uma musiquinha com o título - Amanhã eu vou. Para ele o pássaro era uma Carimbamba. Como
não sou um expert nisto, melhor é dizer que meu Jamboree é meu sonho de ver dezenas
de milhares, bandeiras ao vento, de Chapelão ou bolsões na camisa solta,
chegando para o acampamento dos Escoteiros do Brasil é um eterno Amanhã eu Vou!
Puxa! Seria batuta de lá estivesse a AEBP, a FET, as Bandeirantes, Os
tradicionais, os Florestais e porque não os Desbravadores? – Chefe! Calma! O senhor
está querendo muito! Fique na sua. Lembre-se sonhar é bom mas por favor,
mantenha os pés no chão! E não encha a paciência, ora pois, pois!
Amanhã eu Vou - Zé Ramalho
Era uma
certa vez um lago mal assombrado, a noite sempre se ouvia a carimbamba cantando
assim: Amanhã eu vou, amanhã eu vou, amanhã eu vou, amanhã eu vou.
A carimbamba, ave da noite cantava triste lá na lagoa amanhã eu vou, amanhã eu vou
A carimbamba, ave da noite cantava triste lá na lagoa amanhã eu vou, amanhã eu vou
E
Rosabela, linda donzela ouviu seu canto e foi pra lagoa a taboa laçou a donzela,
caboclo d'água ela levou, A carimbamba vive cantando Mas Rosabela nunca mais voltou.
Amanhã eu vou amanhã eu vou Amanhã eu vou, amanhã eu vou
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