Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Chefes Escoteiros que ficaram na história.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Chefes Escoteiros que ficaram na história.

                 Estamos vivendo uma nova era do escotismo. Lideranças aparecem e desaparecem sem deixar rastro. Alguns permanecem tentando escrever seus nomes nas páginas da história do Escotismo Brasileiro. Ao seu modo estão mudando nosso destino como se eles soubessem onde devemos chegar. São muitos, alguns ficam outros desaparecem e a gente não ouve mais falar. Nas páginas dos novos poetas, pensadores, doutores professores e pedagogos a educação escoteira tem outra forma de fazer e interpretar. As idéias de B-P não servem mais para os tempos do futuro. Dizem que os jovens se preocupam mais com as descobertas da física, da matemática, das descobertas tecnológicas. Assim dizem os novos pedagogos do escotismo. A vida ao ar livre está sendo substituída pela sala de aula, pela sede, por um programa moderno e viver na natureza fazendo aventuras se tornou um empecilho pelas exigências burocráticas que são exigidas.

                      Eu um Velho teimoso e mordaz escrevo o que não devo. Dizem que sou espirituoso e que desconheço a realidade do século XXI. Acho que sou e serei sempre um eterno saudosista dos tempos idos que marcaram uma geração. Homens e mulheres forjados no verdadeiro espírito Escoteiro onde a fraternidade tem seu lugar sem distinção de classe, credo ou mesmo burocracias exigidas para provar que é um Escoteiro do Brasil. Hoje me lembrei de alguns nomes que ficaram na história escoteira. Nomes que dignificaram o Escotismo de Baden-Powell. Nomes que nunca serão esquecidos passe o tempo que passar. Se eles estão lá no Grande Acampamento, se abraçando, confraternizando seja de que pais ou associação for eu não sei. Desculpem-me os que conheceram outros nomes que aqui deixei de citar. Minha única intenção foi de mostrar que já tivemos homens escoteiros que pudemos orgulhar.

                   Quem já ouviu histórias do Velho Lobo? Sim o primeiro a ser chamado assim. Benjamim Sodré, o Almirante famoso que emprestou seu nome para a história escoteira e soube muito bem explorar a metodologia entre os pares que viveu e conheceu. Sua história escoteira é rica em detalhes, em construir felicidades, em dar sem receber e dar um aperto de mão honesto e não só para aquele quem tem o registro na UEB. Vamos pular o grande Velho Lobo e procurar nas páginas da história outro que foi um orgulho para nós. O Ministro Guido Mondin. Ministro? Sim, tivemos um ministro, valoroso, não vaidoso, que fazia questão da flor de lis da lapela onde estivesse. Gostava de dizer que era Escoteiro de coração. Não tinha meias palavras, não gostava de bajulação. Sempre pronto a colaborar com o escotismo brasileiro sem ostentação. Não se colocou em um pedestal, como muitos fazem hoje. Seu poema ficou na história e dizia tudo sobre seu temperamento e do que achava dos novos chefões que hoje pululam por aí.

                         - Escoteiro... - “Despe teu uniforme, interesseiro, Pois não é nele que vive a Disciplina”. Nem por vesti-lo te fazes Escoteiro, Como o exige nossa lúcida doutrina. Que importa a Promessa que te ensina a ser da nossa causa um Cavalheiro, sem a conquista da insígnia peregrina do caráter de um homem verdadeiro? Escotismo é escola de Lealdade, de Amor, de Ação e Inteligência, isenta de arrogância e veleidade. Se não o compreendeste, então importa que o construas primeiro, na consciência. Cumpre a nossa Lei… e depois volta! – Falar mais o que deste homem?

                         Não podemos esquecer-nos do Chefe João Ribeiro dos Santos. Um Escoteiro que preferia o título de Chefe a ser chamado de doutor. Um homem cativante, alegre e conhecer de tantos assuntos que nem podemos imaginar. Seu exemplo foi servir. Servir ao próximo, a comunidade e principalmente o escotismo que era um apaixonado. Suas obras Escoteiras ficaram para sempre marcadas na memória. Suas letras musicais inesquecíveis. Quem não se lembra da divertida “Panelas”? Da “Canção do Lobinho”? E daquela que é cantada até hoje de norte a sul do Brasil? – “Viemos do norte, do sul e do leste, viemos do oeste de todo Brasil”! Demais. Quando milhares de jovens repetiu seu canto dizendo: Lavando as panelas somos todos irmãos? Uma frase que ficou na história. Ele viajava pelo Brasil para dar cursos, foi agraciado na época com os títulos mais desejados de Gilwell Park tais como ADCC (Assistente Deputado Chefe de Campo) e depois DCC (Deputado Chefe de Campo) sabemos que poucos conseguiram ter.

                          E o Chefe Francisco Floriano de Paula? Seus livros foram sucesso e até hoje lembrados. “Para ser Escoteiro” ficou na história. Desmembrado em três partes, Noviço, Segunda Classe e Primeira Classe foram lidos pelos escoteiros de norte a sul do Brasil. Doutor, Professor catedrático, deu sua vida pelo escotismo. Já Velho quase cego estava lá, dirigindo cursos nos campos escola sempre ajudando e colaborando. Tivemos muitos homens escoteiros valorosos, mas não posso me esquecer dele, um exemplo de amor ao próximo, que teve a audácia de conseguir verba estadual para custear cursos a chefes de todo o estado. Tive a honra de tê-lo como Diretor do meu primeiro Curso da Insígnia de Madeira. Tive a honra de apertar sua mão, tive a honra de abraçá-lo como um filho e nunca mais esquecê-lo.

                            Foram muitos os Grandes Chefes que ficaram na história. Discorrer sobre cada um deles seria uma honra, mas precisaria de um livro. Fico aqui algumas pequenas lembranças. O meu amigo Sauro Bartolomei, um sorriso nos lábios, incapaz de uma critica ou uma ofensa. Viajava para onde o convidavam sem nada cobrar. E o meu líder Chefe Darcy Malta, um homem a quem devo tudo na vida escoteira. São tantos meu Deus! Tantos que as lágrimas aparecem só ao lembrar. E hoje? Como são forjados os novos lideres? Tem algum que vai para os anais da história? Que raça temos que não sabe dar a mão sabe ser amigo e dizer que mesmo não sendo da UEB somos todos irmãos? Que raça estamos fabricando onde primeiro se vê brigas, processos condenatórios, exigências burocráticas, corrida atrás de valores financeiros? Aqueles que se arrogam como juiz a dizer que é o dono do nome Escoteiro? Já me perguntei e não reluto em perguntar novamente: - Baden-Powell deu por escrito seus direitos autorais? Disse que o escotismo pertence a algum país? Quem pode se arvorar como dono? Isto é escotismo?


                              Ainda lembro com saudades do nosso passado, do nosso marketing, do proselitismo Escoteiro, de grandes empresas, organizações da mídia que faziam para nós. Hoje? Amigo esqueça. Se vamos ter alguma mídia é melhor não ler. Não vai gostar. Se alguns destes novos lideres que dirigem ao seu modo o escotismo brasileiro vai ficar na história eu não sei. Sei que os resultados não são bons. Falta credibilidade, somos achincalhados e visto pela população como um movimento falido. Falido na apresentação pessoal, no garbo, nas ações, nas palavras e nas suas memórias. Saudades de uma época, de homens dignos que elevaram o nome Escoteiro como orgulho da nação.

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