Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Nunca um adeus e sim um até logo.
A Canção da Despedida.
Velhos e longos
tempos! Era assim chamada e é assim conhecida a Canção da despedida. Em Inglês
Auld Lang Syne. Posso estar enganado, mas não existe ninguém que tenha passado
pela trilha de Baden-Powell que não tenha cantado e se emocionado com esta
linda canção. Ela conta muitas histórias no mundo escoteiro. Histórias que
ficaram para trás, e outras que irão acontecer novamente. A lenda é real. Dizem
que na virada do ano a humanidade festeja a ida de um e a chegada de outro. Países
do mundo inteiro celebram cantando Auld Lang Syne. Orquestras tocam esta
melodia de diversas formas, pessoas irão se abraçar alguns terão lágrimas nos
olhos a lembrar do ano que se foi. Pessoas se abraçam, desejam dias melhores
que poderão acontecer. Dizem que podem ser ruins para alguns e bons para outros.
Eu costumo sentar em minha varanda nas tardes mais saudosas e ouvir meu LP de
Guy Lombardo a tocar Auld Lang Syne. Nada mais nada menos que a nossa querida
canção da despedida. Sem esquecer o nosso querido Trio Irakitan com magnifica
interpretação.
Conta-se a lenda ou
quem sabe a verdadeira historia desta melodia tão popular conhecida no Velho
mundo que a letra original é de um poema escocês escrito por Robert Burns em
1788. Dizem que significa “Velho e longo tempo” alguns chamam de “Muito tempo
atrás” e tem aqueles que dizem se chamar “Como nos velhos tempos”. Não importa
o nome original, para nós escoteiros ela é a Canção da Despedida. A nossa eterna
Cadeia da Fraternidade. Não sei quem adaptou nova letra a esta melodia tão
maravilhosa que nos marca em todas as ocasiões quando cantamos. Sei que ela ressoa
na memória e bate fundo no peito e no coração Escoteiro. É bela demais. Ela nos
dá a certeza que nunca vamos nos separar que bem cedo junto ao fogo vamos nos
reunir outra vez. Não temos a tradição de cantá-la na virada do ano. No Brasil
poucos estados em festas da virada cantam. Temos sim a tradição de cantar no
final do Fogo de Conselho, nos encontros escoteiros, em festividades e fins de
acampamento.
Aprendemos a
entrelaçar as mãos, apertar fortemente, cantar se emocionar e muitas vezes
chorar. Quem não chora? Dizem que tem escoteiros durões, mas eu não acredito.
No fundo do coração bate forte uma saudade uma vontade de dizer “Eu te amo”
gritar naquela noite sem lua ou com lua, que o escotismo mora no meu coração
para sempre. Nem sempre estamos em uma clareira da floresta, mas na nossa
frente tem uma fogueira. Chamas com fagulhas subindo aos céus. Olhares de
amigos que já existiam e outros que fizemos rodam o circulo do amor. Sempre nos
lembraremos dela em um acampamento em uma atividade escoteira ou até mesmo um
acantonamento onde os lobos sempre a cantam pela primeira vez. Dizem que as que
marcam mais é no encerramento do Fogo de Conselho. Eu cantei em lugares
incríveis. Cantei em florestas virgens, em picos formosos. Cantei a noite,
olhando estrelas, cantei durante o dia vendo o sol ou a chuva.
Para mim é a mais sublime das canções Escoteiras. Nunca esqueci a
primeira vez. Meu primeiro acampamento. Saudades demais. Penúltimo dia, última
noite. Um fogo de conselho só da tropa. Fico arrepiado só em lembrar. Foi
demais, cantei outras canções, brinquei, fingi ser um padre, aprendi palmas escoteiras,
em silencio, no peito, tambor, mexicana, um dedinho, a mão toda caramba! Mas
acreditem terminou. Olhamos para o Chefe. Pediu para entrelaçarmos as mãos. Não
conhecia a letra, fui ouvindo e aprendendo. Comecei a entender o que ela dizia.
A emoção era demais. Tocou-me fundo o coração. Lágrimas começaram a correr pelo
meu rosto. Terminou a canção. Fogueira ainda crepitando, estrelas brilhavam
maravilhosamente no céu. Vento frio, brisa no rosto, cheiro da terra, do capim
meloso, grilos saltitando, vagalumes mostrando seus brilhos. Silencio enorme.
Um olhando para o outro. Tentando disfarçar as lágrimas. Trombeta tocando.
Final. Reunir, Boa noite escoteiros! É ninguém esquece. Não dá para esquecer.
É uma letra conhecida. Não
dá para perder as esperanças, pois vamos nos tornar a ver. Neste fogo ou em
outras eras nossas mãos de novo iremos entrelaçar. Não é mais que um até logo,
não mais que um breve adeus. Foi bom, muito bom te conhecer. Eu sei que o
Senhor que nos protege e está sempre a nos abençoar, um dia certamente vai de
novo nos juntar. Letra supimpa, linda, maravilhosa, tentei descobrir quem a
escreveu, não consegui. Sei que deve ter sido um iluminado quem escreveu a
letra como um anjo Escoteiro. De vez em quando penso se ela dói se machuca, se
a saudade marca ou se toca silenciosamente em nosso coração. É uma situação
inusitada. Se contarmos para amigos eles vão rir de nós. Vão achar que somos
tolos, nostálgicos. Eles não sabem o que significa para nós. É linda demais. Sempre
lágrimas a cair sobre a terra, nosso chão abençoado quando cantamos.
Não sei se conhecem a letra original. Aquela escrita por Robert Burns. É
linda, mas não se compara com a nossa. Sei que é uma canção imortal. Hoje, amanhã,
no futuro milhões e milhões de pessoas pelo mundo estarão cantando e desejando
que não seja mais que um até logo, não seja mais que um breve adeus. Até meus últimos
dias na face da terra eu vou cantar Auld Lang Syne e quem sabe chorando.
Pensando em minha vida, nos velhos tempos que nunca serão esquecidos. Pelos velhos
tempos, ainda tomaremos um cafezinho no fogo de conselho, sei que percorremos
colinas, montanhas vales coloridos, mas esta canção nunca será esquecida!
Aos meus amigos, deixo a letra original escrita por
Robert Burns de Auld Lang Syne. A nossa não preciso escrever. É conhecida pelos
milhões e milhões que um dia foram ou são escoteiros em todos os quadrantes do
mundo.
- Os antigos conhecidos deveriam ser esquecido e
nunca lembrados?
Os antigos conhecidos deveriam ser esquecidos e os
velhos tempos?
- Pelos velhos tempos, minha querida, pelos velhos
tempos;
Ainda tomaremos uma xicara de bondade, pelos velhos
tempos.
- E certamente, você pagará pela sua e eu pela
minha,
Ainda tomaremos uma xicara de bondade, pelos velhos
tempos...
- Nós dois já corremos pelas colinas, e colhemos
margaridas,
Mas já vagamos cansados por muitos lugares, desde
os velhos tempos...
- Nós dois remamos na corrente, do sol da manhã até
a noite,
Mas os mares entre nós já bravejaram muito, desde
os velhos tempos.
- Pelos velhos tempos, minha querida pelos velhos
tempos,
Ainda tomaremos uma chícara de bondade, pelos
velhos tempos...
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