Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

domingo, 30 de outubro de 2016

Eu? Sou apenas um Velho Chefe Escoteiro!... E nada mais.


Eu? Sou apenas um Velho Chefe Escoteiro!... E nada mais.

              Virou um grilo? Ou quem sabe um beija flor colorido pairando no ar? Velho maniento, cheio de vontades, um figuraço que se diz Escoteiro e que nem sabe onde foi parar. Vez ou outra é assim que me sinto, um absinto de erva aromática, composta de muitas ramosas que atua no sistema nervoso se valendo de suas boas recordações. Fugir como? Um dia eu serei o escolhido, pois cada vez que leio que um se foi fico a imaginar quando meu dia irá chegar. Na primavera? No outono, no inverno ou quem sabe no verão? Qual estação eu vou partir? Cada dia alguém se despede de um amigo saudoso, dizendo a todos que ele se foi. Eita modernidade que a saudade não tem lugar para ficar. Lá está o epitáfio: - Ele se foi e com ele todas as honras, foi um homem honesto e honrado. Partiu sem dizer adeus e deixou entre os seus muita saudade. Brincando de seguir a trilha no firmamento, sem a ajuda do vento, sabendo que um dia vai para o grande acampamento.

                O tempo sabe que minha vez vai chegar. Não só para mim para todos. Será que aquele Escoteiro vivente acreditou que seria imortal? Impossível. Não tem como fugir. Não adianta palavras formosas, tais como aguente, não tente, acredite Ele está em você e depois de tantas outras vem aquela: - Faça o que o Doutor mandou. Leporácio um intendente da Patrulha Quati, me disse certa vez em voz baixa o destino de cada um de nós. – Vado Escoteiro, aprenda a construir sua estrada do futuro porque o terreno do amanhã é incerto demais para outros planos. E continuou... O futuro meu amigo tem o costume de cair em meio ao verão! – Verão? Irei pelas nuvens voando no sol do meio dia? – Calma Vado Escoteiro, depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E cá prá nós, aprenda que não importa o quanto você se importa, pois algumas pessoas simplesmente não se importam. Olho para seu semblante dou um voo rasante e penso que nem sei o que estou a fazer neste mundo. É tem hora que eu me pergunto se a própria dúvida não esta me pondo em dúvida.

               Dizem que lá no espaço nas cidades resplandecentes se merecer poderei ler o que alguns disseram a meu respeito. - Lá foi ele... Não foi brilhante, tentou ao seu modo encapar felicidade no coração de muitos. Conseguiu? Meu amigo Leporácio acho que sim ou quem sabe não. Eu tentei apenas fazer o que aprendi e o que me disseram para fazer. Tentei copiar a paciência dos Deuses, enfrentei consequências, mas cheguei à conclusão que para ter ela requer muita prática que não tenho. Leporácio ria as largas de suas próprias palavras. – Ele calmamente continuou a sussurrar como se eu fosse um menininho para entender tudo que tinha a dizer. – Vado Escoteiro, não é só sua maturidade, sua larga experiência e nem quantos aniversários você celebrou. Você achou que sabia mais do que supunha que aprendeu a conviver com sonhos reais e imaginários. Até mesmo achou que sonhos são bobagens e que tantas vezes se sentiu humilhado e achou que isto era uma tragédia anunciada. Quer saber? Não estou nem aí para você!


                Pois é, Leporácio foi meu amigo, do peito, de me dar um olhar sem sentimentos de piedade o que nunca desejei. Eu tinha medo da minha própria mente. Medo que a morte que acredito eminente não me tape os ouvidos e a boca. Por quê? Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é o silêncio... Nada mais havia há dizer. Eu só peço aqueles que um dia forem escrever suas despedidas, que não digam que fui um chefão, um lobo do deserto, ou mesmo um Velho lobo encantador. Por favor, digam que eu era um amigo, nada mais que isto. Gentileza não me darem tanto crédito e nem um monumento cheio de elogios. No meu epitáfio terei somente meu nome... Vado um Escoteiro. Que acreditou ser o que era... E nada mais! 

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