Eu?
Sou apenas um Velho Chefe Escoteiro!... E nada mais.
Virou um grilo? Ou quem sabe um
beija flor colorido pairando no ar? Velho maniento, cheio de vontades, um
figuraço que se diz Escoteiro e que nem sabe onde foi parar. Vez ou outra é
assim que me sinto, um absinto de erva aromática, composta de muitas ramosas
que atua no sistema nervoso se valendo de suas boas recordações. Fugir como? Um
dia eu serei o escolhido, pois cada vez que leio que um se foi fico a imaginar
quando meu dia irá chegar. Na primavera? No outono, no inverno ou quem sabe no
verão? Qual estação eu vou partir? Cada dia alguém se despede de um amigo saudoso,
dizendo a todos que ele se foi. Eita modernidade que a saudade não tem lugar
para ficar. Lá está o epitáfio: - Ele se foi e com ele todas as honras, foi um
homem honesto e honrado. Partiu sem dizer adeus e deixou entre os seus muita
saudade. Brincando de seguir a trilha no firmamento, sem a ajuda do vento, sabendo
que um dia vai para o grande acampamento.
O tempo sabe que minha vez vai
chegar. Não só para mim para todos. Será que aquele Escoteiro vivente acreditou
que seria imortal? Impossível. Não tem como fugir. Não adianta palavras
formosas, tais como aguente, não tente, acredite Ele está em você e depois de
tantas outras vem aquela: - Faça o que o Doutor mandou. Leporácio um intendente
da Patrulha Quati, me disse certa vez em voz baixa o destino de cada um de nós.
– Vado Escoteiro, aprenda a construir sua estrada do futuro porque o terreno do
amanhã é incerto demais para outros planos. E continuou... O futuro meu amigo
tem o costume de cair em meio ao verão! – Verão? Irei pelas nuvens voando no
sol do meio dia? – Calma Vado Escoteiro, depois de um tempo você aprende que o
sol queima se ficar exposto por muito tempo. E cá prá nós, aprenda que não
importa o quanto você se importa, pois algumas pessoas simplesmente não se
importam. Olho para seu semblante dou um voo rasante e penso que nem sei o que
estou a fazer neste mundo. É tem hora que eu me pergunto se a própria dúvida
não esta me pondo em dúvida.
Dizem que lá no espaço nas
cidades resplandecentes se merecer poderei ler o que alguns disseram a meu
respeito. - Lá foi ele... Não foi brilhante, tentou ao seu modo encapar
felicidade no coração de muitos. Conseguiu? Meu amigo Leporácio acho que sim ou
quem sabe não. Eu tentei apenas fazer o que aprendi e o que me disseram para
fazer. Tentei copiar a paciência dos Deuses, enfrentei consequências, mas
cheguei à conclusão que para ter ela requer muita prática que não tenho.
Leporácio ria as largas de suas próprias palavras. – Ele calmamente continuou a
sussurrar como se eu fosse um menininho para entender tudo que tinha a dizer. –
Vado Escoteiro, não é só sua maturidade, sua larga experiência e nem quantos aniversários
você celebrou. Você achou que sabia mais do que supunha que aprendeu a conviver
com sonhos reais e imaginários. Até mesmo achou que sonhos são bobagens e que
tantas vezes se sentiu humilhado e achou que isto era uma tragédia anunciada.
Quer saber? Não estou nem aí para você!
Pois é, Leporácio foi meu
amigo, do peito, de me dar um olhar sem sentimentos de piedade o que nunca
desejei. Eu tinha medo da minha própria mente. Medo que a morte que acredito
eminente não me tape os ouvidos e a boca. Por quê? Porque metade de mim é o que
eu penso e a outra metade é o silêncio... Nada mais havia há dizer. Eu só peço
aqueles que um dia forem escrever suas despedidas, que não digam que fui um
chefão, um lobo do deserto, ou mesmo um Velho lobo encantador. Por favor, digam
que eu era um amigo, nada mais que isto. Gentileza não me darem tanto crédito e
nem um monumento cheio de elogios. No meu epitáfio terei somente meu nome... Vado
um Escoteiro. Que acreditou ser o que era... E nada mais!
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