As
Fantásticas místicas da Insígnia de Madeira e suas contas.
Há uma profusão enorme de
membros por todo o Brasil e no mundo de dirigentes de cursos da Insígnia da
madeira. Hoje classificados em DCB (Diretor de Curso Básico) e DCIM (Diretor de
curso da Insígnia de Madeira) tem uma escola própria oriunda de Gilwell Park
para chegarem a tal honraria. Honraria? Claro que sim. A uma boa gama de
escotistas interessados a atingir o patamar de Dirigente de Curso e aqueles que
conseguem o Titulo máximo se sentem honrados com tal distinção. No passado os
DCC (deputado Chefe de Campo) e AKL (Akela Líder) eram considerados os mestres
escoteiros e muitos chamados de Velho Lobo, uma terminologia oferecida aos
grandes navegadores e homens do mar, tal qual o Lobo do Mar. O Almirante
Benjamim Sodré foi um dos precursores a receber este título. Já escrevi sobre
ele em outro artigo. Com a implantação em Gilwell Park de cursos escoteiros,
foram adicionadas contas para designar o grau de formação do Chefe portador da
Insígnia. Interessante notar que as contas originais não eram simétricas,
variando de tamanho e espessura, o que é natural vez que o Colar de Dinizulu (o
IziQu) foi feito a mão.
Nota-se que as
contas originais que serviram de base para a produção das réplicas eram menores
do que aquelas utilizadas atualmente. De todo modo a Insígnia de Madeira padrão
possui duas contas. À medida que o Chefe participa de uma série de cursos e é
escolhido por um dirigente máximo ele passa a ter três contas tais como os DCB
(diretor de Curso Básico). A Insígnia do Chefe Diretor de Curso da Insígnia de
Madeira possui quatro contas. Conta-se que só existem duas Insígnias de seis
contas. A primeira usada pelo próprio Baden-Powell. Além dele foi seu amigo
próximo desde o tempo do Acampamento de Brownsea Sir Percy Everett que recebeu
a honraria pelo próprio B-P como um presente de reconhecimento pelos bons
serviços prestados à causa. A Insígnia de
Madeira com seis contas de Sir Percy Everett, foi doada ao Movimento Escoteiro
para ser usada pelo Escotista que exercesse o cargo de Diretor de Campo de
Gilwell Park.
Existe uma dúvida que muitos
perguntam. - Se temos uma Insígnia de quatro e seis contas não deveria haver
uma de cinco contas? Ela existiu sim, era dada exclusivamente para os chefes
Escoteiros especialmente designados para levarem o Curso da Insígnia de Madeira
para seu respectivo país. Recebia o título de “Deputy Chief of Gilwell Park”
sendo considerado um representante de Gilwell naquele país. Segundo Peter Ford,
do Departamento de Arquivos de Gilwell Park, não existe um registro fidedigno
de quais chefes tiveram o direito de usar a IM com seis contas. Francis Gidney
o primeiro Chefe de Campo de Gilwell Park de 1919 a 1923 e diretor do primeiro
curso da Insígnia de Madeira em setembro de 1919 não deixou nenhuma anotação
dos seus cursos. Durante a gestão de Francis Gidney fizeram o curso em Gilwell
os seguintes escotistas de destaque: o Padre Jacques Sevin, fundador da Scouts
de France (percursora da atual Scouts et Guides de France), e que dirigiu o
primeiro Curso de Insígnia de Madeira da França, em 1923, em Chamarande nas
proximidades de Paris; o chefe C. Miegl, que dirigiu o primeiro Curso de
Insígnia de Madeira da Áustria, entre 8 e 17 de setembro de 1922; e por fim, o
chefe Jan Schaap que dirigiu o primeiro Curso de Insígnia de Madeira da
Holanda, em julho de 1923.
Apesar do pioneirismo de cada um,
conforme dito anteriormente, não há registro de que eles tenham recebido o
título de Deputy Camp Chief, nem que tenham usado a Insígnia de Madeira com
cinco contas. Talvez o caso mais famoso envolvendo a Insígnia de Madeira com
cinco contas seja o de William “Green Bar Bill” Hillcourt, da Boy Scout of
America (BSA). O que ocorreu foi que demorou muito tempo para que o Curso de
Insígnia de Madeira fosse adotado pela BSA. As primeiras tentativas, tanto por
Francis Gidney quanto por John Skinner Wilson, de implantar o curso nos Estados
Unidos, não lograram êxito como nos demais países. O próprio William Hillcourt
só recebeu a sua Insígnia de Madeira quando fez o curso em 1936, dirigido por
John Skinner Wilson no Schiff Scout Reservation, em Nova Jersey, USA. Nessa
época a Insígnia de Madeira com cinco contas já não era mais utilizada, e o
cargo de Deputy Camp Chief (D.C.C.) já havia sido extinto.
Após isso, demorou mais
de uma década para que ocorresse, o primeiro Curso de Insígnia de Madeira da
BSA. Isso não só por conta da eclosão da Segunda Guerra Mundial, mas
principalmente devido a dificuldades de adaptação. Por fim, o curso acabou
acontecendo em 1948, quase 30 anos depois dos primeiros cursos de Gilwell Park.
Todavia, apesar do uso da Insígnia de Madeira com cinco contas ter terminado
quase vinte anos antes, William Hillcourt, sempre alegou que deveria tê-la
recebido, por ter sido o diretor desse primeiro curso promovido pela BSA. Importante
lembrar além das contas do Anel de Gilwell. Pergunta-se muito quem foi o autor
deste Anel. Dizem que foi Bill Shankley, que com 18 anos era um dos dois
funcionários permanentes de Gilwell Park. Utilizou o nó “cabeça de turco” da
época que os marinheiros faziam formas decorativas com cordas como hobby.
Empregou originalmente uma correia de couro de máquina de costura. Apresentou
sua ideia ao Chefe de Campo que a aprovou. Isto tudo no início da década de
1920.
Não podemos deixar de
ressaltar também o pioneirismo dos Chefes George Edward Fox, que era inglês, e
que foi o primeiro portador da Insígnia de Madeira a atuar no país (ele fez o
curso em Gilwell Park e recebeu a Insígnia entre 1921 e 1924), e do Chefe David
Mesquita de Barros, que era português, e que fez o curso de Insígnia de Madeira
em 1929, em Capý na França. Atualmente
há uma orientação de que o uso de mais de duas contas na Insígnia de Madeira
deve estar vinculado à realização do curso correspondente naquele ano, e assim
mesmo, apenas pelo chefe diretor desse curso. Por outro lado, existe ainda uma
forte tendência em Gilwell Park no sentido de se utilizar a Insígnia de Madeira
com apenas duas contas, inclusive para os chefes que venham a dirigir algum
curso de formação.
Apesar disso é
sempre bom recordar o ensinamento de Baden-Powell no sentido de que a Insígnia
de Madeira é o grau de formação mínimo para que um chefe escoteiro possa
exercer um trabalho de qualidade à frente de uma tropa escoteira. Mas muito
mais importante do que o objeto em si, que é apenas um símbolo, é o que ele
representa, ou seja, a qualidade da formação do seu portador, bem como a busca
constante pelo aprimoramento por parte do Escotista. No escotismo as tradições e místicas são pródigas em tudo que temos e
fazemos para desenvolver o escotismo junto aos jovens. Perder tudo isto sem
informar a todos os novos chefes que chegaram ou estão chegando seria um
desserviço prestado a memoria escoteira.
Místicas e tradições fazem parte do
nosso Histórico Escoteiro Mundial. Baden-Powell foi feliz em deixar para nós
uma “pitada” de nossas tradições, onde sempre em uma escala de valores nos
mostrou que podemos aprender ensinar e como viver entusiasticamente grandes
valores e princípios de ideais. Aqui uma pequena parte de tradições e místicas que
nunca serão esquecidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
obrigado pelos seus comentários