Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

domingo, 9 de julho de 2017

Eu voei nas asas da imaginação e... Vi que saber envelhecer é uma arte.


Eu voei nas asas da imaginação e...
Vi que saber envelhecer é uma arte.

                   Algumas vezes quando faço as minhas caminhadas diárias, costumo trocar de parques, de ginásios sempre procurando sentir o cheiro da natureza, onde belas árvores me dão a alegria de continuar vivendo. Gosto de andar. Ando pouco não tenho mais aquele traquejo do passado onde caminhar era para mim uma alegria de viver e nunca me cansava. Mesmo nas subidas mais íngremes nunca desanimei. Eu sou um velho, aceito sem reclamar. Sei das minhas deficiências e que minha jornada na terra em pouco tempo vai terminar. Ainda bem que estou lúcido, penso, sei ainda multiplicar e dividir e isto até distrai meus netos quando me perguntam um pouco do que sei.

                   Dou belas risadas quando estou a escrever o que me vem à memória, ainda tenho a agilidade de digitar as letras do teclado como era antes. Quando estou ligado em uma história ou um artigo, costumo fechar os olhos e deixar minha mente comandar os meus dedos, mesmo sabendo que irão faltar vírgulas, ponto e vírgulas e ponto final. Eu sei que no final será fácil para corrigir. Ainda ontem fui a um parque próximo a minha casa. Encontrei lá novas mesinhas de cimento, e vários idosos como eu jogando Pif Paf, damas, e outros jogos de mesa. Eu sabia que ali eles se sentiam bem, ficavam horas e depois voltavam para suas casas sem nada para fazer.

                Fiquei pensando na velhice. Não era só ali que os Idosos se reuniam. Eles se divertem assim como eu divirto de outra forma. Quem sabe a Internet é minha varinha de condão que me faz viver mais? Tento olhar para eles e sei que ficam horas e horas e alguns se sentem tristes quando voltam para suas casas. Sempre são Idosos masculinos, pois as Idosas parece não ter este direito. Ficam em suas casas cuidando do seu idoso. Isto é certo ou errado?

                - Fico pensando se cada um se diverte e vive como quer. – Tenho um conhecido da minha idade, muito rico, tem uma bela casa de praia de frente para o mar e um sítio cinematográfico em Ibiúna. Nunca vai a nenhum deles. Prefere ficar em casa e bebericar uma cerveja na padaria da esquina. Fica horas lá. Ele gosta assim. Uma escolha. Acho que cada um de nós da terceira idade fazemos também as nossas escolhas. Não critico.

               Quando jovem pensava sempre como seria quando eu ficasse "Velho". Olhava meus avós e pensava – Este olhar triste não vai ser o meu. Vou sorrir, vou cantar e terei a felicidade sempre como companheira. Fiz muitos planos e alguns nunca deram certo. Hoje sou feliz como sou. Adoro descobertas novas. Tecnologias novas. Leio muito jornais, revistas e sou assíduo aos programas noticiosos, gosto de uma boa série e vejo alguns filmes. Aprendo com dificuldade, mas aprendo. Afinal sou apenas um intelectual que aprendeu na Escola da Vida. Minha saúde tem altos e baixos. Um dia forte que nem um touro outro fraco que nem o pardal que não tem mais força para se alimentar. Mesmo assim vivo feliz. Muito. Adoro o que faço. Adoro minha família, um amor enorme pelos netos e adoro minha Celinha que amo muito. Portanto sou um "Velho" feliz.

               Não faço planos. Não sei até quando poderei cumpri-los. Mas isto não me preocupa e não me importa. Minha rotina é minha vida e gosto dela. Se aqueles da terceira idade que fazem o que gostam e são felizes meus respeitos. Envelhecer dizem os poetas é uma arte. Cada um de nós escolhemos nosso caminho e devemos aceitar o que nos foi reservado. Um dia quando tudo chegar ao fim poderemos dizer: Senhor, obrigado, fiz o que queria fazer. Não tenho direitos de me arrepender. Fui feliz e ainda me sinto assim.

As folhas caem ao chão no parque,
As crianças correm e os idosos conversam.
O vento dança sobre o concreto e balança as árvores.
O jovem no banco da moça rouba um beijo.
Ah! Não sei se já é setembro,

Só sei velhice que te amo e não te odeio!

Nota - Pensei em escrever um conto. Um conto sonhado, vibrante com escoteiros correndo pelas montanhas atrás da felicidade e ver no horizonte lindos campos verdes com pássaros esvoaçantes. Olhei-me no espelho. Ali estava um velho. Um velho feliz. Resolvi escrever sobre a velhice. Por quê? Deixem para me perguntar quando forem um velho como eu!

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