Historias e estorias que não foram contadas

Historias e estorias que não foram contadas
uma foto, de um passado distante

terça-feira, 4 de julho de 2017

Um curso Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
Um curso Escoteiro.

                       Conheci o Chefe Molusco em um curso que fiz quando as diligências ainda reinavam sobre a terra. Muitos dos alunos riram dele, do seu estilo, do seu sorriso e de seu nome para muitos especial. Foram oito dias acampados em uma floresta perto de uma aldeia indígena onde fizemos muitas amizades. Antes da Cadeia da Fraternidade no encerramento ele bondosamente olhou a cada um de nós e disse: - Chefes lembro ao final do curso que não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la. O entusiasmo é a maior força da alma. Conserva-o e nunca te faltará poder para conseguir o que desejas.

                      - Danado de Chefe! Nunca mais o esqueci. Mas porque estas lembranças? Acho que é pelas fotos que vejo de alguns cursos modernos de hoje. Eu não entendo muito de cursos modernos. Vejo tantos sentadinhos nas cadeiras e um líder formador falando que penso se isto é realmente um curso escoteiro. Até posso estar enganado, mas são tantos chefes que ainda não sabem como formar os jovens em sua sessão que só posso pensar que não aprenderam a técnica e a metodologia escoteira a ser aplicada. 

                       - Sei que a metodologia moderna de ensino ao aplicar conhecimentos no mundo de hoje é totalmente diferente do passado onde o bê-á-bá e a Cartilha ou tabuada da matemática era uma constante. A gente sabia que oito vezes nove é setenta e dois. Hoje? Se não tiver a mão uma calculadora ou um smart fone não teremos a resposta. Mas o moderno de hoje não pode ser discutido. O mundo mudou. As florestas estão sendo dizimadas, as águas se tornaram verdadeiros esgotos a céu aberto. Até mesmo um bom local de acampamento em certas cidades é impossível.

                      - Vez ou outra leio aqui e ali, que estão a alugar locais para acampamentos a preços módicos onde servem quentinhas ou podem montar um restaurante a lá carte ou ao gosto do Chefe ou dirigente escoteiro. Saudades do Chefe Molusco que um dia me disse: - Chefe Vado, estou pensando em montar cursos escoteiros fora da metodologia Uebeana moderna. Será que terei inscrições? – Sorri para ele. Meu caro Chefe Molusco quer saber? Acho que vai ter sim muitos alunos inscritos e quando disser que não tem taxas pode se preparar para uma corrida enorme de dezenas de chefes aos seus cursos.              

 

                               - Verdade, acho que o Chefe Molusco pensou que um curso escoteiro tem de ser de acordo com o método escoteiro. Afinal se a base da nossa formação é o aprender fazendo, porque ficar em uma sala de aula sentadinhos? Porque ver Slides, recursos de audiovisuais ou outras tecnologias que é um procedimento geral, mas que no escotismo não coaduna com nossa maneira de agir e formar? Para que usar computadores, flanelógrafo, CDs, murais, quadros de giz ou eletrônico ou mesmo o famoso PowerPoint que fez sucesso na Lava Jato?


                            - Pode ser que eu e o Chefe Molusco sejamos atrasados, mas participar de um curso, aprendendo escotismo, como fazer, como aplicar em plena natureza, no sistema de patrulhas, acampado, dando o grito e discutindo entre patrulhas como fazer deveria ser o correto. Áudio visual? Ali estão as florestas, as nascentes, o sol a lua as estrelas no firmamento o mar e a natureza. Aprender fazendo? Claro, deveria ser o objetivo de qualquer curso. Muitos dos novos chefes ainda não tem a prática do sistema de patrulhas, não conhecem a técnica e estão em suas sessões ensinando a formação dos seus jovens como se fosse os formadores com quem aprendeu. Os resultados são pífios. São monitores despreparados sem autonomia e programas que não atingem o objetivo da formação que aprendemos. Existem exceções e muitas.


                            - Sei que tem cursos que isto não é possível. Mas por favor, sem essa de um só ser o sabichão, não discutir em grupo, não ouvir opiniões e nem mostrar que sua experiência não vai além do aprendizado junto aos demais. Gritar Lobo, lobo, lobo, ou apitar três vezes chamando a todos qualquer um faz. Passar a vista em uma unidade didática e achar que estar preparado não é o caminho. Mas mostrar que a formação educacional escoteira deve ser nos moldes de aprender fazendo, corrigindo individualmente seus próprios valores, dando oportunidade para que cada um seja responsável pela sua educação com supervisão somente, esta deveria ser a meta de todo curso escoteiro.

                             Sempre achei impossível a um formador que não tivesse a experiência de vida escoteira dar uma sessão sem conhecimento de causa. Brinco em alguns dos meus artigos que se você não sabe fazer a massa não sabe fazer o pão! Muitas vezes não dominamos determinados temas e se tivermos um com este conhecimento é mais que válido convidá-lo. Não sei por que quando publico ou mesmo coloco a disposição apostilas, condensados ou temas relacionados à técnica escoteira existe uma enorme procura. Será que não estão recebendo isto nos cursos realizados? Bem não sei realmente o que se passa. Pelos comentários só posso pensar que o Sistema de Patrulha, o aprender fazendo, a mística da Jângal e outros fatores importantes na formação dos jovens em suas sessões estão deixando a desejar.


                             Mas pensando bem, porque não convidar o Chefe Molusco e outros velhos adestradores e voltar às origens do sonho escoteiro e darmos cursos a moda escoteira antiga? Você faria a inscrição? Fica a pergunta no ar...

nota: -  Os cursos escoteiros estão atingindo seus objetivos? Porque alguns voluntários que participaram de um curso estão saindo do escotismo? Existe uma escala de valores seja técnica ou funcional para demonstrar que os resultados estão sendo alcançados? Temos discutido se o curriculum de um curso atingiu o objetivo proposto? Apenas para pensar.

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